O blog está de mudança
Antes que você pense algo errado: não! eu não estou de saída do Science Blogs! De doido, afinal, eu só tenho a cara! E a profissão. E alguns comportamentos. E… deixa pra lá. Mas eu não sou doido! “My mother had me tested!”
Na prática, quem se muda sou eu, o blog permanece onde está. Estou voltando pro Brasil nos próximos dias e, por isso, o blog vai ficar meio mambembe até eu me estabelecer minimamente.
A repatriação de cientistas ainda é, a meu ver, um dos maiores problemas que enfrentamos na ciência brasileira. Não que seja meu caso, mas é isso que vejo aqui e ali: cientistas jovens e com potencial trocando a chance de sair para uma experiência enriquecedora no exterior por um emprego seguro onde quer que ele exista, simplesmente pelo fato de não saberem se este existirá em alguns anos. Ou pesquisadores muito bons se estabelecendo permanentemente no exterior pela falta de oportunidades claras no nosso país. Adicione a tudo isso o fato de que, se você decidiu ir pro exterior, provavelmente está resolvido a seguir carreira acadêmica e o “plano B” de abandonar a Academia e seguir para fazer pesquisa na indústria é essencialmente inviável no nosso país.
Não sei qual a melhor forma de resolver esse problema, mas, definitivamente, um “censo” permanente de quem está no exterior, fazendo o quê e onde, de forma a mapear e manter contato com esses profissionais, apresentando-lhes oportunidades e/ou mesmo atraindo-os explicitamente de volta já seria um bom começo. De fato, se tivéssemos nas Universidades brasileiras algumas vagas, mesmo que apenas quase-permanentes, que pudessem ser preenchidas sem grandes burocracias por pesquisadores de ponta, a fim de repatriá-los, já seria um ótimo passo. Um sistema parecido existe aqui na Alemanha a fim de manter/trazer pessoas que sejam de interesse dos institutos de pesquisa. Hoje, se você não tiver bons contatos antes de sair, voltar pode ser (se tornar) bem complicado.
Daqui da Alemanha, levo uma experiência maravilhosa: cientifica e culturalmente, a estada aqui valeu cada segundo. Se você é jovem, pensa em seguir carreira científica e quer sair do Brasil para um tempo no exterior, eu só posso recomendar fortemente que você o faça. Mesmo que não valha a pena cientificamente, o crescimento cultural é incomparável.
A Alemanha, em especial, foi certamente uma boa escolha para mim: um país de economia e cultura fortes, muito diferente da nossa, centro (geográfico e político) da Europa e um lugar bacana pra se viver. Como físico, foi igualmente uma experiência especial: viver e trabalhar no país que nos deu tantos grandes cientistas é inspirador. Pois veja só, são alemães, de nascimento ou culturalmente: Planck, Einstein, Schrödinger, Heisenberg, Hertz, Hänsch, Hund (o das regras), Sommerfeld, Stern e Gerlach, Beth, Born, Drude, Fahrenheit, Gauss, Röntgen, Helmholtz, …. . E ainda temos, fora da física, Kant, Goethe, Humboldt, Bach, Beethoven, Haydn, Mozart, Wagner, Strauss, Händel, Marx, Nietzsche (aquele que chorou), Kafka, Benz e Daimler (os inventores do carro), … e (ufa!) muitos e muitos outros que contribuíram decisivamente de alguma forma para o mundo moderno. É pouco ou quer mais?
À Alemanha só posso dizer “até mais, e obrigado pelos peixes!” 😉
Vejo vocês no Brasil. Até logo.