#Divã da pós – Ritmos de trabalho.

Passadinha rápida para compartilhar mais uma verdade transformada em quadrinho por Jorge Cham!

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Eu alterno entre “Robô” e “OK, talvez você defenda sua tese”, e vocês?


Adaptação do sempre ótimo PhD Comics.

ps: favor desconsiderar minha inaptidão para com editores de imagem.

Mais Lady Gaga: Bad Project.

Como era de se esperar, apareceu mais uma paródia da argh Lady Gaga!

Eu sei como quem fez o vídeo se sente, não tem nada como ganhar um projeto-mico de presente e ficar batendo cabeça por meses a fio… Prá não falar de quando trabalhei num laboratório em que o pós-doc que coordenava o projeto identificava suas amostras principais em árabe!

Ê vidinha mais ou menos…

Rafael_RNAm diz:

Esse é o maior viral científico desde a bactéria de arsênio!!!Eu recebi isso de DEZENAS de pessoas, via twitter, orkut, Facebook, email, fax, pager e sinais de fumaça. 

Parabéns por pessoal do lab da Hui Zheng que produziu o vídeo. Esse tipo de material é muito bom para mostrar para nós, cientistas brasileiros, que lá no EUA e aqui os problemas são os mesmos (maldito Western!!!). 

É bom também para fazer a sua mãe entender que fazer ciência não é sempre a coisa mais honrada e divertida do mundo. E no final o que todos os pós-graduandos gritam é isso mesmo: “EU NÃO QUERO SER POBRE!!!!”

Se você não viu o outro vídeo que postamos aqui, acesse Lady Gaga no laboratório: Lab Romance!

Dica de curso de especialização

Suas promessas para 2011 incluem “tenho que estudar mais” ou “preciso me atualizar em minha área”? A dica é não perder mais tempo e cuidar do seu futuro com Cursos de Especialização que te destacarão no mercado!

Quem acessa o RNAm sabe da importância que a Educação tem e que conhecimento nunca é demais. Além disso, com uma competitividade tão grande é cada vez mais importante ter um trunfo para progredir profissionalmente. Muitas pessoas fazem cursos, workshops e pós-graduação, mas a dificuldade em encontrar cursos interessantes pode ser desanimadora até para o mais decidido dos futuros estudantes.

clip_image002Com a premissa de facilitar o acesso a esse tipo de informação nasceu o EducaEdu, uma iniciativa fundada na Espanha em 2001. Presente no Brasil desde 2008, hoje são mais de 100 mil cursos de todos os tipos e em diversas áreas de conhecimento nos 20 países atendidos.

Só no EducaEdu Brasil, que agrega mais de 12 mil cursos no país e no exterior, quem busca novas oportunidades e crescimento profissional encontra um portal totalmente direcionado àquela incrementada no currículo!

Se você acha que saiu da graduação despreparado para desempenhar determinado cargo, se formou há muito tempo e quer uma reciclagem, ou tem em vista mudar sua área de atuação, os cursos de especialização podem ser o caminho a seguir. Essa modalidade de pós-graduação tem como foco a atualização profissional e serve muito bem gente interessada em novos conhecimentos, mas que tem pouco tempo disponível ou não.

Por exemplo: você é biólogo e quer trabalhar em um laboratório clínico, mas não se sente seguro só com o conteúdo da graduação? Especialize-se em Análises Clínicas, Hematologia ou Microbiologia! Se você prefere a parte ambiental e quer aproveitar todo o hype do mercado, torne-se um especialista em sustentabilidade ou em gestão ambiental!

Interessou? Aproveite que essas e muitas outras opções estão a apenas um link de distância!

Esse texto é um publieditorial aprovado pelo RNAm por ser realmente interessante.

Aprenda genética e garanta um emprego no C.S.I.

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C.S.I. Diadema: alta tecnologia do material

Claro que chama atenção a manchete “Genética é promissora” na coluna de mercado de trabalho do Jornal Metro (veja matéria aqui).
Afinal sempre achamos que estamos no pior dos mundos, e ver uma matéria dizendo o contrário é instigante.
Mas a besteira começa quando se começa a matéria falando do seriado CSI. Então a genética está promissora para os seriados de TV, mas e no mercado real? Não há nenhum dado concreto na reportagem. No máximo duas frases de um futurólogo da FIA dizendo o que ele acha, mas como parei de aceitar credenciais sem argumentos sólidos isso não fez muita diferença pra mim.
Achar que a genética forense vai absorver o tanto de biólogo e biomédico que tem se formado por aí é uma ilusão. Aliás, por que sempre vejo muito, mas muito mais reportagens falando de carreiras promissoras do que de carreiras fadadas ao fracasso? Só surgem atividades e nenhuma delas morre? Por que esta preferência em mostrar só o promissor?
A única mostra de realidade da reportagem é a foto dos materiais usados na identificação por DNA, que não tem simplesmente nada a ver com a tecnologia alienígena mostrada em CSI.

Cientistas fora da universidade: existe vida lá fora. Mas e no Brasil?

embo 2010 logo.JPGEstive no almoço sobre carreiras do congresso EMBO Meeting (um dos motivos deste blog estar às traças). Foi ok, mas podia ter sido melhor. O tempo é curto, não se come, não se bebe, e o barulho das mesas complica a conversa. Mas o problema ficou só com o formato. Os convidados pareceram interessantes e interessados. Participei de três mesas de 35min de conversa com uma pessoa que fez doutorado em alguma área da ciência mas saiu da vida acadêmica.

Seguem aqui as áreas, os nomes e alguns comentários:

  • Política científica

Rochana Wickramasinghe, Royal Society Policy Centre. Basicamente ele liga grupos de cientistas ao governo em temas de interesse social. Como exemplo, o que ele está fazendo agora é colocar conceitos de neurociências na educação. Não para ensinar neuro aos alunos na escola, mas aplicar conceitos de neuro para melhorar o sistema de ensino. O papel do centro de política científica da Royal Society é juntar material de seus cientistas associados,  e monta um relatório de fácil entendimento para legisladores não-cientistas, além de manter contato com grandes personalidades do mundo político e científico.

  • Comunicação científica:

Rosina Malagrida i Escalas, Director, Science Communication, Barcelona Science Park.
Uma espécie de relações públicas(RP) de um grupo científico. O trabalho é bem de RP mesmo, mas exige um conhecimento de ciência para traduzir a produção da instituição para montar press-release e contatar a mídia. O papel principal desse tipo de RP é aumentar a visibilidade da instituição no seu contexto de interesse, usando a mídia, montando eventos, feiras e outras iniciativas. No caso de Rosina a instituição é mais local, dentro da Catalunia, assim é essa mídia e população que serão seu alvo. Claro que a posição de diretoria é interessante, pois ela pode utilizar mais a criatividade para inventar os projetos de divulgação, mas você vai começar escrevendo press-release e organizando eventos por um bom tempo pelo visto.

 

  • Pesquisa e desenvolvimento na indústria

Philippe Cronet, Chief Scientific Officer, Eurogentec S.A.
Sim, é possível fazer pesquisa na indústria (aquelas malditas capitalistas comedoras de criancinhas). E segundo Cronet, pesquisa na indústria é até mais livre que nas universidades por não haver a pressão de publicação ou prazos de bolsas e pós-graduação. O que ocorre é que os prazos são mais curtos na indústria, mas os objetivos são bem calculados e divididos por um time de diferentes áreas trabalhando juntos, o que pode trazer mais resultados e maior satisfação em vê-los atingidos mais rapidamente em comparação com os 3 ou 4 anos de uma pós. Assim, não há um projeto individual, e eventualmente seu chefe pode dizer “A concorrência já está fazendo isso, cancelem este projeto”. Mas calma, isto não quer dizer que você será demitido – só que vai trocar de projeto.

Muito empolgantes as carreiras em política científica e comunicação, mas percebi as imensas dificuldades para se seguir estas carreiras no Brasil, e ambas pelo mesmo motivo: falta de cultura científica que acaba levando à falta de estrutura.

Afinal, onde está a nossa Royal Society para patrocinar um escritório de política científica? A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ou a Academia Brasileira de Ciências (ABC) cumprem este papel? Quem deveria cumprir?

Lembro-me de um professor que durante a votação de células-tronco foi chamado para uma palestra na Câmara dos Deputados, e apenas UM (1) deputado apareceu, justamente o que o convidou para a palestra (pelo menos isso). E será que esta foi a única tentativa de explicar célula-tronco para nossos legisladores?

E o mesmo ocorre para a comunicação científica. No Brasil não há o costume de se contratar relações públicas nem mesmo em grandes empresas, quanto mais em institutos de pesquisa. Há iniciativas, mas muito fracas, e nenhuma estruturalmente robusta e duradoura. No jornalismo parece que estamos avançando – vide às agências de notícias de universidades e instituições de fomento – mas a comunicação científica vai além do jornalismo, e é neste ponto que não vejo iniciativas brasileiras.

Quanto à indústria, me espantou a quantidade de estudantes de doutorado ou pós-doutorado europeus que não tinham nenhum conhecido trabalhando na indústria. E eu, pobre criatura de um país em desenvolvimento, conheço pelo menos uma dezena de colegas que estão pesquisando ou em outras áreas em empresas ligadas a pesquisa.
Mas isso pode ser um problema meu de amostragem, já que estes colegas se formaram nas universidades mais bem conceituadas do Brasil, o que faz que sejam muito cobiçados por um mercado que é pequeno mas está crescendo, enquanto que talvez o mercado europeu esteja saturado.

Bom, segue o congresso. E mãe, to comendo direitinho, viu! [economizando DDI mode ON]

Para seguir o twitter do congresso: #EMBOmtg

Bônus:
Sugiro fortemente que você leia este relatório da Royal Society. Aliás o site é bem legal também.

Doutoradices…

Eu e o Rafael, hoje, via GTalk:

eu: vou clonar 2 enzimas e fazer o possível para conseguir os cristais

Rafael: vixi, mas cristalizar demora anos, nao?

eu: depende, de qualquer modo, a clonagem e expressão já me garantem; se o cristal não sair, paciência

Rafael: ah tah, era isso q tinham me dito… ninguem baseia um doc em cristalização de prot, pq é meio loteria

eu: se eu der sorte…

Rafael: como sorte nao é o forte de cientistas, melhor ter um plano B

eu: eu tenho B e até C, se tudo der errado consigo 2 papers hahahahahahahahahhahaa
se der 2 papers prá eu pegar os diplomas de mestre e de doutor já fico feliz… VDM

Rafael: vdm? é, eu vou sair no máximo com 3

eu: (vida de m#r%a)

Rafael: falta interação aqui no laboratório, pelo menos artigo um ja saiu

eu: ainda tenho 3 anos e muita coisa pode acontecer, pode vir mais colaboração, por exemplo, ou algumas coisas podem dar mais certo, sei lá… é muito cedo
mas o plano mínimo é esse que te falei agora… eu não devia dizer isso, mas não é possível que dê TUDO errado né

Rafael: tudo nao, mas comigo deu quase tudo errado hehehe… mas isso sou eu

eu: mas vc tem uma publicação, tá valendo… eu não tô nem perto ainda (por mais que minha chefe diga que estou)

Rafael: hahahah, que f$da essas historinhas

eu: ela fica pedindo “e o teu paper, escreveu? fica o dia inteiro no computador, deve ter escrito uns 3 já, cadê ele?” e eu respondo “profa. ainda estou terminando os experimentos que a senhora pediu”

Rafael: hahahaha

eu: aí diz “quero mandar o artigo em fevereiro/março/abril/maio/junho/julho/agosto quando eu sair da correria”, “a gente tem que mandar seu trabalho, tem que mandar, mandar, mandar”
e eu respondo “não tá prontooooooo”
hahahahah
o dia a dia é mais ou menos esse
daí ela viaja e na volta fala “cadê teu paper?”, daí eu respondo “sabe aquele experimento que a senhora pediu? fiz e não deu em nada”
“vamos mandar com esses resultados mesmo então, cadê o paper?”
“professora, ainda faltam os resultados, disso, disso e disso aqui…” hahahaha, é f#da

Rafael: hahahahaha
publica esse diálogo, tá muito engraçado…

Pois é, e esse diálogo engraçado pode ser resumido em uma imagem:

DoubleFacePalm.jpg

Tem coisa que só o doutorado faz por você…

A doce vida na academia.

Não me contive, o quadrinho abaixo me fez rir por muito tempo por trazer à tona várias situações parecidas que já vivenciei em meus poucos anos de pesquisa.

Quem também está (ou esteve) na pós-graduação vai saber exatamente do que estou falando. Quem não souber e pensar em fazer parte desse meio, prepare-se para o que virá. A tradução do quadrinho está logo abaixo da imagem:

phd_rnam1.png

Professor: “Processe os dados usando o método X.”

Aluno: “Ahn, isso não vai funcionar, nós tentamos ano passado.”

Prof: “Verdade?”

Aluno: “É, lembra? Eu levei semanas nisso porque você insistiu que ia funcionar.”

Prof: “Humm…”

Aluno: “Devo tentar de novo?”

Prof: “Não,não. Isso seria um desperdício de esforço. Vou pedir para outro estudante fazer o que mandei.”

Aluno: “Eu… estou tranquilo em relação à isso, na verdade.”

Isso que é confiança, não acham?

E assim segue a maravilhosa vida acadêmica. Como diria o Átila, “podem entrar que a água da piscina está quentinha…”

Tem uma história parecida? Mande nos comentários!

Imagem: PHD Comics, do excelente Jorge Cham!

RNAm no “I Foro Iberoamericano de Comunicación y Divulgación Científica” – Quantificando a Divulgação Científica.

Faz tempo que eu e o Rafael (ele muito antes, certamente) temos vontade de extrair informações sobre os nossos textos, em especial, sobre os comentários que aparecem em alguns deles.
Aliando esse pensamento ao fato de sermos dois nerds inveterados, nos enfiamos de cabeça em áreas de pesquisa dominadas pelas Ciências Humanas, as Análises de Discurso e de Conteúdo, e tentamos analisar alguns dos comentários presentes no texto que é o ‘carro-chefe’ do RNAm: Bicarbonato de sódio NÃO cura o câncer. Esse texto, publicado em 25 de Novembro de 2008, sempre rende muitos acessos diários, e já está ultrapassando a barreira dos 400 comentários.
Como resultado inicial, apresentamos para vocês o trabalho ‘Argumentação em blogs científicos: uma análise dos comentários’, que foi apresentado na primeira edição do Foro Iberoamericano de Comunicação e Divulgação Científica, que está sendo sediado pela UNICAMP entre os dias 23 e 25 de Novembro de 2009.
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Deixo para vocês partes do trabalho apresentado. A versão final do poster será disponibilizada pelo Rafael (que está perdido por Campinas ainda) em breve.
Considerações Iniciais
Weblogs (blogs) vêm sendo usados cada vez mais por divulgadores de ciência. Uma das características mais interessantes desta ferramenta é a possibilidade de leitores deixarem comentários sobre o texto publicado na rede. Esses comentários permitem entender melhor como o leitor recebe, entende, e sua opinião sobre um determinado assunto.
Objetos de Análise
Neste trabalho, analisamos o conteúdo dos comentários de um texto de blog de divulgação científica que gerou grande discussão.
O texto em questão trata de uma crítica à falta de embasamento científico de um tratamento alternativo de câncer, usando bicarbonato de sódio, que circulou pela internet como um “spam”. A crítica do texto ao tratamento levantou nos comentários várias críticas aos tratamentos usuais baseados em evidência científica, creditando tratamentos alternativos não comprovados.
Principais Argumentos Idenfiticados
Desconfiança da ciência e da medicina atual:
“Quimioterapia é um tratamento cruel. Acaba com a qualidade de vida da pessoa.” “Quantas pessoas morrem deste mal com os ‘tratamentos’ disponíveis.”
“A maior causa de morte nos EUA são causadas pelo uso de medicações.”
Resistência da ciência a idéias novas:
“(…) a teoria da relatividade foi ridicularizada no início e só depois respeitada (…).”
“O meio acadêmico tem seus vícios (…) e nem sempre aceita novidades”.
“Tudo que é simplista é discriminado”
Confiança em tratamentos alternativos:
“A medicina chinesa tem sido testada e comprovada há mais de 5 mil anos” “Enema de café também cura câncer”
“Se o bicarbonato não traz males, bem ele trará”
Confiança em tratamentos alternativos:
“A medicina chinesa tem sido testada e comprovada há mais de 5 mil anos” “Enema de café também cura câncer”
“Se o bicarbonato não traz males, bem ele trará”
Lobby de indústrias farmacêuticas:
“Organizações não querem perder recursos e idéias que surgem fora de suas castas acabam por ser ceifadas”
“Estão mais preocupados com as cifras do que com a saúde pública”
“Industrias farmacêuticas ganham muito dinheiro com outros tipos de tratamento”
Inversão do ônus da prova:
“Quem tem agora que provar que o bicarbonato não cura cânceres são aqueles que contradizem a idéia.”
“Não tem coragem de colocar a cara a risco pra testar a nova idéia e fica criticando”
“Por que não faz alguns testes em laboratório e tente descobrir algo mais profundo[?]”
Além dos argumentos contrários à critica do texto, contabilizamos também pedidos de ajuda, como receitas do tal tratamento, por exemplo.
“Você poderia me fornecer o telefone deste médico?”
“Posso tomar bicarbonato com água?”
“(…) qual a quantidade em gotas a usar por cada copo?”
Os Resultados
Vou deixar por aqui os dois gráficos originados dessa análise, e, em breve, completaremos esse texto com as nossas conclusões.
Graf2Foro.jpg
GrafForo.jpg
Enquanto isso, gostaria de lançar um desafio aos nossos leitores: quais seriam as conclusões que VOCÊS tirariam de uma análise que trouxesse esses resultados? (cliquem nos gráficos para vê-los em tamanho maior)
Aguardamos suas respostas nos comentários!

 

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RNAm no Prêmio ABC de Blogs Científicos!

Ontem, ao voltar de um churrasco em Rio Claro que provavelmente terá consequências desastrosas para o meu fígado (como sempre…), fui dar uma olhada no Twitter e descobri que tinha saído o resultado da votação do Prêmio ABC para Blogs Científicos, organizado pelo Laboratório de Divulgação Científica da USP de Ribeirão Preto.

Fui ver os ganhadores no Blog Sem Ciência do Prof. Osame Kinouchi e, para minha surpresa, descobri que o RNAm ficou em terceiro lugar na categoria Ciências da Vida!

O que é mais legal sobre esse prêmio: somente quem pertence ao Anel de Blogs Científicos pôde votar, ou seja: são os eleitores mais críticos que se pode arrumar numa votação. Praticamente um Oscar dos blogs científicos (OK, agora forcei) já que foi uma “votação por pares”, nos melhores moldes da Ciência atual 😉

Foi realmente muito bom saber que muitos dos nossos colegas de trabalho gostam do conteúdo que produzimos aqui no RNAm. Ainda mais quando vemos que o Anel de Blogs Científicos tem tantos blogs bons em várias categorias, que foi outra coisa que gostei muito em relação a essa iniciativa: descobri muita coisa legal prá acompanhar (adeus Google Reader zerado).

No próximo final de semana vai acontecer a premiação… lá em Arraial do Cabo, onde ocorrerá o II EWCLiPo (Encontro de Weblogs Científicos em Língua Portuguesa). Essa viagem continua ficando cada vez mais interessante.

Nota do Rafael_RNAm:

Eu como fundador deste blog estou muito feliz. Primeiro a colocação entre os cem no TopBlogs, onde quem escolhia eram os leitores, e agora este terceirão do Anel de Blogs Científicos. É isso que chamam de sucesso de público e crítica?

Alguém pode dizer que nós estamos festejando demais estes prêmios. Mas escrever este blog é querer um mínimo de visibilidade para temas científicos urgentes a todos hoje em dia. Ele é a nossa pequena ação social. E os prêmios são atestados de que estamos no caminho certo.

Agradeço aos leitores, colegas e (antes que o Kanye me interrompa) ao Gabriel que deu um novo gás ao blog.

Que o RNAm continue se expressando!

Mulheres, testosterona e ousadia profissional: mulher-macho, sim senhor!

ResearchBlogging.orgPor favor, não me interpretem mal por causa do título desse post, tudo será explicado ao longo do texto.

De modo geral, as mulheres são mais “conservadoras” em relação às operações financeiras. É o que diz um estudo publicado em 1999 que analisou os resultados de 150 estudos que avaliaram a tendência de homens e mulheres em relação à tomada de decisões que envolviam riscos financeiros.

Your-Ultimate-Savings-Guide_full_article_vertical.jpgEssas diferenças entre homens e mulheres em evitar operações financeiras de maior risco podem também ser associadas às diferenças observadas nas escolhas de carreira. Nas instituições de ensino analisadas 37% das mulheres estudantes de MBA escolheram carreiras que tinham maior risco associado (como bancos de investimento ou mercado de ações) contra 57% dos estudantes homens. Apesar de se considerar sempre os fatores sociais e culturais, se acredita que as diferenças biológicas entre os sexos podem desempenhar um papel importante nessas diferenças comportamentais.

Dentre essas diferenças biológicas a testosterona, ou “hormônio masculino”, se destaca. Níveis mais altos de testosterona em homens podem resultar em diferenças comportamentais e de aprendizado, e já foi demonstrado em outros trabalhos que a testosterona aumenta a motivação para competição e dominância, diminui a sensação de medo e altera o equilíbrio entre a sensibilidade entre punição e recompensa. Prá completar a testosterona também já foi associada a comportamentos tidos como de alto risco, como jogatina e abuso de álcool.

O fato de esse hormônio influenciar as decisões de risco no mundo financeiro ou em outros aspectos econômicos que envolvam tomada de riscos ainda é controverso no mundo atual e um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences traz mais alguns dados referentes à essa questão.

Cientistas da Universidade de Chicago investigaram diferenças entre homens e mulheres em relação à aversão a riscos financeiros verificando as concentrações salivares de testosterona em mais de 500 estudantes de MBA.

flew_1124_p056_f1.jpgApesar de não terem encontrado nenhuma variação entre os homens (nós homens realmente não temos graça nenhuma), no caso das mulheres os níveis mais altos de testosterona circulante foram associados a uma menor aversão ao risco financeiro. Ainda nesse estudo, os níveis de testosterona e a aversão ao risco foram bons indicadores para se predizer as escolhas de carreira dentro da área financeira.

Ou seja, de acordo com os dados desse estudo norte-americano podemos concluir que as mulheres que têm mais testosterona (por isso a brincadeira com o “mulher-macho”) adquirem uma abordagem mais agressiva em relação à condução de sua carreira, algo que ainda é visto como característico dos homens (e que eu acho que vai cair por terra logo logo).

Aguardem mais textos falando sobre as maravilhas (ou não) que a testosterona pode fazer por você, seja homem, seja mulher!

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ps: Esse deve ter sido o texto mais curto que já escrevi até hoje. Achei tão estranho quanto vocês, mas não reparem, a causa é simples: são 4h da manhã e escrevi logo depois de entregar (FINALMENTE!) minha tese de Mestrado!

Byrnes, J., Miller, D., & Schafer, W. (1999). Gender differences in risk taking: A meta-analysis. Psychological Bulletin, 125 (3), 367-383 DOI: 10.1037/0033-2909.125.3.367

Sapienza, P., Zingales, L., & Maestripieri, D. (2009). Gender differences in financial risk aversion and career choices are affected by testosterone Proceedings of the National Academy of Sciences DOI: 10.1073/pnas.0907352106