Meninas são mais espertas que meninos?

As meninas ganhavam a maioria das competições sexistas do Xou da Xuxa. Sempre desconfiei de fraude, embora precise reconhecer que a humilhante situação da TV se repetia no pátio do meu prédio, onde eu, pobre menino, sofria com as peças pregadas pelas meninas, que eram em maioria. Sofria também com as comparações com as vizinhas. “Minha filha tirou mais um dez! E você, quando vai tirar um?”

As meninas parecem responder melhor e mais cedo que os meninos às exigências da família e da sociedade. Elas percebem mais rápido o que precisam fazer para serem aceitas e recompensadas pelos adultos. Nesse sentido, elas são realmente mais espertas.

“Desde pequenas, as meninas fixam mais o olhar em outras pessoas, sorriem mais, são mais empáticas. Bebês meninas, por exemplo, choram mais quando veêm outros bebês chorando, do que meninos”, diz a psicóloga Maria Emília Yamamoto, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Uma explicação evolutiva para o fato das meninas serem mais responsivas socialmente é que geralmente eram as mulheres que saiam de seu grupo [de caçadores coletores, na pré-história da espécie humana] para acompanhar seu parceiro. Ela tinha que formar novas relações sociais. As habilidades sociais eram mais importantes para as mulheres que para os homens e dai elas desenvolveram um cérebro que é mais social e interativo que o cérebro masculino.”

Yamamoto e seus colaboradores investigaram como grupos de crianças de escolas públicas em Natal (RN) compartilhavam chocolates. No início, cada membro de uma turma de 6 a 24 crianças recebia três chocolates. Depois, cada um depositava quantos chocolates quisesse em uma urna, atrás de um biombo. “Depois que todas as crianças passavam pelo biombo, nós abríamos a urna na frente delas, contávamos os chocolates doados e, para cada chocolate doado, acrescentávamos mais dois”, explica Yamamoto. O total era dividido entre o grupo.
Assim, todas as crianças recebiam sua parte do “fundo público” de chocolates, que era tanto maior quanto mais crianças doassem mais de seus “bens privados”. A melhor situação para a criança era não doar nada, enquanto todos os outros fossem generosos. Era esse tipo de coisa que o grupo tentava controlar”, ela explica.

Os pesquisadores estudaram como o tamanho do grupo, o número de vezes que se brincava o jogo e o sexo das crianças influenciava os resultados. O tamanho do grupo foi o fator mais importante e não o sexo das crianças, como esperavam. “A gente imaginava que as meninas seriam mais cooperativas e no entanto, isso não apareceu”, disse Yamamoto. Ela explica o resultado pelo fato do ato de depositar chocolates na urna ter sido anônimo. “Meninas são mais influenciadas pelas opiniões que outros tem delas, do que meninos.”

“Estamos começando um novo trabalho onde observamos o efeito de um elogio ou repreensão no resultado desse experimento”, conta Yamamoto. “Depois de contarmos os chocolates da urna a gente comenta que a turma foi muito generosa ou que foram pouco generosos. A gente acha que as meninas vão ser mais sensíveis a essa consequência social.”

Será que dessa vez elas também vão ganhar?

Discussão - 1 comentário

  1. Ricardo Joris disse:

    Na natureza as fêmeas em geral são mais espertas. Acredito que na espécie humana o mesmo se mantém.
    Maiores explicações aqui:
    http://gatosepapos.blogspot.com/2011/03/doce-garotas-sao-mais-espertas.html

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