Astrônomos reconstituem explosão estelar vista no século 16
O perfil de uma explosão de supernova vista por Tycho Brahe em 1572 foi reconstruído a partir de “ecos de luz” gravados em nuvens interestelares, relata uma equipe de astrônomos alemães e japoneses hoje na revista Nature.
Em 1572, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe notou que uma nova estrela surgiu no céu. De início mais brilhante que Vênus, a nova estrela foi mingüando até desaparecer. A observação marcou o fim da idéia da esfera celeste perfeita e imutável.
Apontando telescópios modernos de luz visível, infravermelho e raios X na direção do objeto observado por Brahe, os astrônomos hoje enxergam isto:
Imagem composta do que sobrou da supernova vista por Tycho Brahe. Em
vermelho, radiação infravermelha. Em azul, verde e amarelo, raios X de
várias intensidades. O remanescente tem 25 anos-luz de diâmetro e está a
7.500 anos-luz distante da Terra.
Já estava claro a partir dessas imagens que Brahe havia testemunhado a explosão que marca o fim de uma estrela–uma supernova. Mas qual tipo de supernova? Uma supernova dos tipos II, Ib ou Ic, gerada pelo colapso de uma estrela muito massiva e a subsequente explosão de suas camadas externas, ou uma supernova do tipo Ia, gerada pela explosão de uma anã branca, após sugar material demais de uma estrela gigante muito próxima?
Em 2004, outra equipe de pesquisadores encontrou uma estrela gigante que poderia ser a companheira da anã branca, cuja explosão teria sido vista na Terra em 1572. A descoberta sugeria que a supernova era do tipo Ia, mas não conclusivamente.
É como uma história de detetive. As evidências na cena do crime que Tycho Brahe testemunhou, 436 anos atrás, não eram suficientes para determinar o que realmente acontecera. A solução foi olhar mais além, em volta da cena, em busca de pistas adicionais. Foi assim que os pesquisadores descobriram os “ecos de luz”.
Observando as nuvens interestelates de poeira ao redor do remanescente da supernova, acharam a frente de uma onda de luz que havia emanado da explosão e sido refletida. Esse “eco de luz” chegou na Terra apenas agora. Fica mais fácil de entender na figura abaixo.
Parte da luz de uma explosão estelar que veio diretamente da supernova
chegou na Terra em 1572. Outra parte da luz foi parar em uma nuvem de
poeira interestelar onde foi refletida em direção a Terra. Comparando
observações feitas nos dias 23 de agosto, 9 e 24 de setembro deste ano,
astrônomos determinaram a natureza dessa onda de luz .
Crédito: adaptado de diagrama fornecido pela equipe do Telescópio Subaru
A equipe de astrônomos comparou imagens obtidas com o telescópio de Calar Alto, Espanha, nos dias 23 de agosto e 2 de setembro e com o telescópio Subaru, em Mauna Kea, Havaí, dia 24 de setembro. As imagens permitiram estimar o movimento da onda de luz e partir dai deduzir características da supernova que a originou. A partir da luz emitida ou absorvida por certos elementos químicos, puderam reconstituir o perfil da luz da supernova:
O espectro da supernova é a linha escura. As linhas coloridas são espectros médios que caracterizam alguns tipos de supernovas Ia. Note que o melhor ajuste é com o tipo de Ia no meio da figura, o tipo “normal”.
No artigo, os pesquisadores concluem que o próximo passo da pesquisa é comparar os ecos de luz em volta do remanescente para fazer uma reconstituição em 3D da explosão.
A mesma equipe de pesquisadores divulgou 30 de maio na revista Science os resultados dessa mesma técnica com outro remanescente de supernova da Via Láctea, a Cassiopéia A. Analisando os ecos de luz em imagens do telescópio infravermelho Spitzer, eles mostraram que a Cassipéia A foi uma supernova do tipo II.
Discussão - 4 comentários
Oi Igor
Fiquei super interessada naquela gravura lá no topo. Você tem alguma informação sobre ela, tipo autor e data? Imagino que tenha saído no artigo da nature, mas não tenho acesso. Thanks, Luciana
Oi Luciana,
Procurei o crédito da imagem na hora de publicar e não achei. Agora, procurando de novo, encontrei, escondido em um arquivo em pdf na página do press release:
http://www.mpia.de/IRSPACE/Tycho_release/index.html
É uma ilustração do livro “Astronomie Populaire”, de Camille Flammarion (Paris, 1884).
Legal, Igor, obrigada. Fico pensando: ninguém teve a idéia de fazer calendários e agendas comemorativas do ano internacional da astronomia? Eu pelo menos não vi nada até agora. E ficaria tão bacana, tem imagens ótimas, tanto as antigas quanto as novas. Abs, Luciana
eu uma estrela andando bem devagar branca parecia um disco voador sem luzes atras como a dos cometas se eu tivesse uma camera para filmar e tirar fotos eu podia mostra a voces iam ficar bolados