Micróbios fazem chover granizo, mais água na Lua e o espelho que cria luz do vácuo – destaques da semana

Micróbios fazem chover granizo
Pesquisadores encontraram bactérias bem no centro de pedras de granizo, sugerindo que esses micróbios foram semente a partir da qual as pedras de gelo cresceram e caíram. É mais uma evidência de que microorganismos seriam tão importantes para a precipitação de granizo, neve ou chuva, quanto as partículas a poeira e a fumaça que os cientistas atmosféricos tradicionalmente levam em conta em seus modelos do clima. A Sociedade Americana de Microbiologia dedicou uma sessão inteira ao tema em seu encontro anual, onde o estudo das pedras de granizo foi apresentado. A repórter Veronique Greenwood lembra no site 80beats que a ideia não é nova. Outro estudo realizado em 2008, por exemplo, analisou a população de bactérias de 19 quedas de neve em todo o mundo, descobrindo que os micróbios faziam com que os cristais de gelo crescessem em uma temperatura muito maior. Uma das espécies de bactéria induzia os cristais de gelo a crescer a -2∘C, em vez dos esperados -40 ∘C. Aliás, bactérias já são ingredientes de misturas usadas por resorts de ski em máquinas de fazer neve. Fazer neve ou chuva seria evolutivamente favorável às espécies, pois assim se dispersariam para novas regiões. (Fontes: 80beats, Physics Today News Picks. )


Mais água na Lua (será mesmo?)
Sondas espaciais confirmaram faz menos de 2 anos que há água em forma de gelo na superfície da Lua. Acredita-se que essa água chegou lá pelo impacto de asteroides e cometas. Mas um novo estudo sugere que ela pode ter vindo também do interior da Lua. Geoquímicos analisaram fragmentos microscópicos de lava endurecida encontrados no interior de cristais de olivina em meio a uma amostra de solo lunar trazida pela missão Apollo 17. Os cristais impediram que a água evaporasse durante o resfriamento da lava, permitindo assim saber qual era o conteúdo aquoso original dela. Surpresa: a concentração de água é de 20 a 100 vezes maior que a encontrada em outros estudos de rochas lunares, uma quantidade comparável a da lava da Terra. A descoberta contraria a teoria mais aceita para a formação da Lua, segundo a qual ela teria se formado há uns 4 bilhões de anos, a partir dos destroços da colisão da Terra com outro planeta de tamanho parecido ao de Marte. Os destroços teriam perdido seu conteúdo de água antes de se fundir para formar a Lua. A descoberta também contraria outro estudo, que por um método distinto concluiu que o interior da Lua é seco. (Fontes: NYT, BBC e Nasa; Imagem: foto microscópica de vidro vulcânico incluso em olivina da Lua, Crédito: Nasa)

Espelho cria partículas de luz do vácuo 
Imaginem um espelho se movendo quase à velocidade da luz. Os físicos prevêem que esse espelho geraria partículas de luz, ou fótons, um fenômeno conhecido como efeito Casimir dinâmico. Isso porque o vácuo não é de fato vazio, mas sim cheio de “campos quânticos”, cujos valores flutuam constantemente. Essas flutuações podem ser interpretadas em certos casos como o nascimento de pares de partículas elementares que desaparecem tão rapidamente quanto surgiram – são as chamadas partículas virtuais. Um espelho quase na velocidade da luz dá uma raquetada em alguns dos fótons virtuais, fornecendo a energia que eles precisam para se tornarem reais. É quase impossível acelerar um espelho normal para observar o efeito Casimir dinâmico. Um grupo de físicos, entretanto, conseguiu observar pela primeira vez o fenômeno, construindo uma aparelhagem que cria na prática a mesma perturbação no vácuo que um espelho viajando a 5% da velocidade da luz criaria. (Fontes: The ArXiV Blog, Ars Physica)


Censo dos filamentos da teia cósmica
Quando li a manchete no site da revista Cosmos “Estudante encontra massa faltante do universo”, logo pensei na minha ingenuidade, “descobriram uma quantidade de matéria normal que dispensa a  existência de matéria escura?” Não, não foi dessa vez. Como explica Ethan Siegel em seu blog, a porcentagem de matéria normal e a de matéria escura são determinadas por diversas observações independentes (flutuações da radiação cósmica de fundo, abundâncias esperadas dos elementos químicos mais leves, etc.) que, se estiverem erradas, levam todo o modelo do Big Bang por água abaixo. A “massa faltante” que a manchete se refere é parte da matéria normal do Universo que, de acordo com o modelo cosmológico, estaria em sua maior parte (90%) contida nos filamentos de gás e poeira entre os aglomerados de galáxias (como pode ser visto na imagem acima, um mapa do universo local também divulgado esta semana, cuja versão em 3D pode ser vista nos vídeos neste site). Ninguém até agora, porém, havia verificado a previsão. Um grupo de astrônomos australianos, incluindo a aluna de graduação Amelia Fraser-McKelvie, fez justamente isso mapeando as emissões de raios-X de 41 desses filamentos para estimar sua densidade e temperatura. (Fontes: Cosmos, Starts with a Bang; Crédito da imagem: T.H. Jarrett (IPAC/SSC))

E MAIS NOTÍCIAS:

*Cristais de olivina espiralando ao redor de uma estrela jovem (Nasa)

*Cachorros têm mais em comum com gatos do que gostariam, inclusive a maneira como usam a língua para beber, revelaram vídeos em raios-X (New Scientist)

*A melhor medida da “forma” do elétron até agora sugere que ele é perfeitamente esférico (como assim?
o elétron não é pontual? Mais sobre isso em um próximo post…) (Nature News, Uncertain Principles)

*Colisões de ions de chumbo no LHC criaram plasma de quark-gluons duas vezes mais quente que o produzido no RHIC (National Geographic News)

*Como calcular a idade de uma estrela por seu giro (mais sobre isso em um próximo post!) (Physics World)

E IMAGENS E VÍDEOS:

*Mais uma vez, o telescópio espacial Swift quebra recorde de erupção de raios gama mais antigo já vista. O universo tinha “apenas” 520 milhões de anos quando essa luz foi emitida:

*Campos elétricos e magnéticos criam estranhos padrões em um gás ionizado (plasma ) como este que aprece uma flor (via Physical Review Focus):

*A Sonata das Supernovas Ia (via Observations da SciAm):

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*Fotografias de impactos de  Alan Sailer (via Boing Boing):

*Imagens de Titã e Encedalus, luas de Saturno, tiradas pela sonda Cassini (via Universe Today):

*”Parque fotovoltaico” inaugurado na França, em Le Mées, fornecerá energia elétrica para 8 mil famílias (Fonte: The Guardian, via @carloshotta ):

*A Orquestra Tesla (via Physics World blog):

*Uma bela imagem de parte da Nebulosa da Tarantula, uma região formadora de estrelas na Grande Nuvem de Magalhães, obtida pelo telescópio ESO:

MAIS LEITURAS INTERESSANTES:
*Universos paralelos: a interpretação dos muitos mundos da mecânica quântica e o multiverso da inflação cosmológica são a mesma coisa? (The ArXiV Blog, Cosmic Variance)
*Sonda Voyager 1  a um passo das estrelas (CH Online)
*A física e a imortalidade da alma (SciAm )
*Jornada ao Centro da Terra (SciAm)
*Cáusticas nos olhos (Gurney Journey)
*Kurt Vonnegut transforma Cinderela em uma equação (Krulwich Wonders)
*As paixões de Marie Curie: uma delas foi a radioatividade; as outras são contadas em um livro peculiarmente ilustrado de Lauren Redniss (via BrainPickings)
*Aaarrr! A física da vela, para piratas (io9)

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