Ketchup venenosos e planetas solitários, em uma galáxia muito, muito simétrica – destaques da semana

Veneno de cobra flui feito ketchup
Sempre imaginei que as presas de cobra injetassem veneno na gente do mesmo jeito que uma agulha de seringa médica injeta uma vacina. Isso é verdade para algumas espécies. A maioria das cobras venenosas, porém, não injetam seu veneno. Em vez disso, o veneno escorre por um sulco em suas presas (foto acima). Em
um novo estudo, físicos desvendaram a dinâmica desse processo. Eles descobriram que, assim como a ketchup, o veneno é um fluido chamado não-newtoniano: sua viscosidade diminui quanto mais rápido se mexe. É por isso que temos de chacoalhar ou espremer a embalagem de ketchup para o condimento sair, e é também por isso que o veneno da cobra não pinga antes da hora da picada. Quando a cobre morde sua presa, o veneno escorre para o interior da vítima, sempre pelo sulco, devido à diferença de tensão superficial do líquido dentro e fora do sulco. (Fonte: 80 Beats, ISNS; Imagem: Leo van Hemmem e Bruce Young)

Mundos Vagamundos
Vasculhando o espaço entre 50 milhões de estrelas perto do centro de nossa galáxia, um grupo de astrônomos observou dez planetas vagando livres, leves e soltos pelo espaço interestelar. Eles não viram os planetas diretamente, mas os detectaram por uma técnica chamada de micro-lente gravitacional. A massa de uma planeta  funciona como uma lente, distorcendo a luz de uma estrela distante que por acaso passe justamente atrás dele. Das centenas de eventos de microlente observados, dez duraram menos de dois dias, o implica que foram gerados por corpos com uma massa parecida com a de Júpiter. Por uma análise estatística, os astrônomos estimaram que esses planetas solitários podem ser até duas vezes mais comuns que os planetas orbitando estrelas. Seriam 400 bilhões deles só na Via Láctea. Sua existência já havia sido prevista por simulações computacionais do nascimento de sistemas planetários, nos quais a interação gravitacional entre os planetas em formação lançariam alguns deles – tanto rochosos, quanto gigantes gasosos – para fora do sistema. Seria possível a vida em um planeta solitário? Estudos recentes sugerem que sim, graças ao calor produzido pelo decaimento de isótopos radioativos e mantido por atmosferas espessas de gás hidrogênio. Imaginem só, se um desses planetas visitasse o nosso sistema solar. O que aconteceria??? (Fontes: Nasa, Chi Vó Non Pó, Nature, Physics World Imagem: concepção artística, NASA/JPL-Caltech)



Simetria Galáctica

Uma pena não podermos ver de longe nossa própria galáxia, a Via Láctea, como vemos as outras. Seria uma bela imagem, perfeitamente simétrica, sugere um achado recente. Ao analisarem dados sobre as emissões de rádio de hidrogênio e de monóxido de carbono de nuvens de gás da Via Láctea, astrônomos descobriram que um dos maiores braços de sua forma espiral, o braço Scutum-Centaurus, se estende por muito mais do que se imaginava. Isso significa que ele é tão grande quanto o braço do outro lado da galáxia, o braço de Perseus. Assim, metade da galáxia seria uma imagem espelhada da outra metade, com ambos os braços se estendendo a partir de extremos opostos do aglomerado de estrelas em forma de barra no centro galáctico. Por que só agora os astrônomos notaram uma estrutura gigantesca dessas com mais de 18 kiloparsecs de comprimento? A maioria dos estudos observa o plano da galáxia, enquanto essa extensão do braço Scutum-Centaurus se curva para fora, feito a borda de uma tampinha de garrafa. Os pesquisadores ainda precisarão de anos para mapear as nuvens de gás para ter certeza absoluta de que a estrutura é mesmo uma extensão gigante de um dos braços galácticos. A forma exata da espiral de nossa galáxia é uma questão polêmica entre os astrônomos, que discordam quanto ao número de braços , seus formatos e tamanhos.  (Fontes: Science News e The ArXiV Blog; Imagem: T. Dame, Robert Hurt)

Extinção em massa recalculada
Algumas estimativas prevêem a extinção de 18 a 35% de todas as espécies de seres vivos até 2050. Mas esse processo de extinção em massa pode ser na verdade cerca de 2 a 2,5 vezes mais lento, de acordo com um novo estudo de como as espécies desaparecem pela perda de seu hábitat – a principal causa da extinção. Isso significa que talvez possamos salvar mais espécies do que imaginávamos. Mesmo assim, não dá para sentir muito alívio, já que as taxas de extinção atuais continuariam de 100 a 1000 vezes maiores que as naturais. É impossível medir diretamente a perda de espécies, primeiro porque não conhecemos todas elas, segundo porque é muito difícil registrar a extinção da maioria que conhecemos. Em um dos métodos usados para estimar as taxas de extinção, os ecólogos assumem que o tamanho da área de hábitat que precisa ser destruída para extinguir uma certa espécie é igual a área mínima que precisariam vasculhar para encontrar pelo menos um indivíduo dessa espécie. No novo estudo, entretanto, os pesquisadores notaram que a perda de área necessária para remover o último indivíduo de uma espécie precisa ser muito maior, implicando que o método tradicional sobrestima as taxas de extinção. Eles também compararam seus cálculos usando um novo modelo com a distribuição de espécies de aves e árvores na América do Norte, demonstrando que o novo modelo fornece uma estimativa melhor. (Fontes: New Scientist, Ars Technica; Imagem: Nasa, tirada daqui)

Energia escura confirmada (mais uma vez)
Observações de quase 240 mil galáxias realizadas durante cinco anos pela eq
uipe de astrônomos do WiggleZ Dark Energy Survey confirmou que 70 a 75% da energia do universo não está na forma de matéria normal, radiação ou matéria escura. Essa forma desconhecida de energia descoberta pela observação de supernovas distantes em 1998, a chamada energia escura, age como uma espécie de anti-gravidade, constantemente acelerando a expansão do universo. A equipe do WiggleZ estudou aglomerados de galáxias a uma distância na qual os vemos como eram quando o universo tinha cerca de 7 bilhões de anos, mais ou menos a metade de sua idade atual. É nessa época que a anti-gravidade da energia escura começaria a superar a atração gravitacional entre as galáxias. Os cientistas confirmaram a ação da energia escura por dois métodos diferentes. Em um deles, observaram como as galáxias estão distribuídas no espaço. Medindo a distância entre elas e comparando com o valor esperado se essas distâncias fossem determinadas apenas pelas variações de densidade no início do universo, impressas na radiação cósmica de fundo, eles  determinaram a contribuição da energia escura para o afastamento das galáxias. No outro método, verificaram o quão rápido os aglomerados de galáxias crescem ao longo do tempo, à medida que mais e mais galáxias se atraem mutuamente pela gravidade, ao mesmo tempo que são repelidas pela energia escura. Ambas técnicas confirmam que a aceleração do universo devida a energia escura permanece constante ao longo do tempo. Não é a primeira vez que a energia escura é confirmada, e pelo jeito não será  a última. (Fontes: Nasa, BBC e Starts With a Bang; Imagem: Nasa/JPL-Caltech)

MAIS NOTÍCIAS:
*O “Dogma Central” da biologia parece que não é tão dogmático assim. Trechos idênticos de DNA, trancritos em cadeias de RNA editadas por alguma coisa que ninguém sabe, podem produzir proteinas bem diferentes.

*Em Saturno, uma tempestade do tamanho da Terra.

*Na Terra, relâmpagos gigantes disparados para cima.

*O planeta Gliese 581d, vizinho do famoso 581g (que talvez não exista), também pode ter água líquida, sugerem simulações.

*Os elétrons captados pelo observatório espacial de raios cósmicos PAMELA continuam apresentando sinais inconclusivos, mas tantalizantes, de matéria escura…

*Sentimos aqui em cima na crosta terrestre os efeitos da dinâmica do manto e do núcleo do planeta. Mas parece que o contrário também é verdadeiro! Parte do núcleo da Terra derrete embaixo de regiões sem muita atividade tectônica, como o Brasil, sugere estudo que saiu na Nature.  

VÍDEOS E IMAGENS SENSACIONAIS:

*Imagens de alta resolução dos jatos emitidos (muito provavelmente) por um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia:
 

*Para quem acha que pêndulos são chatos (mais informações aqui):

*Fotos da trilha de fumaça do ônibus espacial Endavour vista de balão lançado por estudantes (via G1):

*Um laço de tartan escocês foi o objeto da primeira foto colorida da História, tirada dia 17 de maio de 1861, pelo fotógrafo Thomas Sutton e por ninguém mais nem menos que o físico James Clark Maxwell  (via thedailywhat, betapixel e BBC):

E MAIS LEITURAS INTERESSANTES…

*Robert Krulwich não consegue parar de pensar na boca irreverente dos Platybelodons.

*Margareth da Silva Copertino alerta para as emissões do “carbono azul”, vindos da destruição de manguezais, restingas e outras vegetações da costa brasleira.

*Ray Villard reporta sobre físicos especulando sobre como uma civilização alienígena avançada seria capaz de criar pequenos buracos negros e usá-los para propelir espaçonaves (é sério)

*Daniel Ferrari conta como as formigas o ensinaram a fazer programas de computador. 

* Philip Ball explica como a complexidade de seres multicelulares como nós pode ser uma desvantagem e nos trazer sérios problemas a longo prazo.

* Phil McAndrew revela “segredos super óbvios” para os aspirantes a cartunistas, que servem para escritores e outros artistas em geral.

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