Como quica uma nanobola?

Crédito: T. Dumitrică/Univ. of Minnesota

Nanobola quica se arremessada com velocidade abaixo de 900 m/s. Acima de 2 mil m/s, a bola gruda no chão. Crédito: T. Dumitrică/Univ. of Minnesota

Uma bola de basquete quica cada vez mais alto, quanto mais forte você a arremessar contra o chão. Mas uma bola microscópica, com um milhionésimo de milímetro de diâmetro, pode acabar grudada no chão se for arremessada forte demais.

Esse fenômeno é usado para aplicar, com um spray, uma camada de tinta protetora sobre ferramentas. As nanopartículas de tinta grudam na superfície da ferramenta sem espirrar, como aconteceria se as partículas de tinta fossem maiores. Para a técnica funcionar, essas nanobolas precisam ser arremessadas com uma velocidade maior que 2 mil m/s e ninguém sabia o por quê, até agora.

Simulações de computador mostraram que o que acontece é que as bolas feitas de apenas 30 mil átomos de silício batendo contra o chão a 900 m/s se comportam como bolas de basquete. Um pouco além dessa velocidade, porém, o choque com o chão provoca mudanças nas ligações químicas entre os átomos que fazem a bola perder energia para o ambiente. A uma velocidade de 2 mil m/s a perda de energia é tanta que as forças de atração do chão agarram a bola.

FONTES: reportagens de Kenneth Chang, do New York Times, e de Michael Schirber, do Physical Review Focus.

Duas vias para o Computador Quântico

Escrevi para a Folha de S. Paulo no começo do mês uma reportagem especial sobre em que pé estamos de construir um computador quântico. Me detive mais em uma das vias principais, baseada no spin de elétrons em pontos quânticos (ponto quântico é uma espécie de “curral” para elétrons em um material com propriedades elétricas semelhantes ao do silício, onde dá para deixar preso um único elétron; também é chamado de “átomo artificial”, porque um elétron preso no ponto quântico emite luz como um elétron isolado em um átomo).

Isso porque entrevistei Daniel Loss, um dos teóricos que desenvolveu a idéia de computador quântico com pontos quânticos, e Seigo Tarucha, o físico experimental que construiu os primeiros pontos quânticos em laboratório, durante um congresso internacional de spintrônica.

Quando perguntei ao Loss se havia alternativas aos pontos quânticos, ele respondeu que sim, havia uma outra abordagem baseada em íons presos por raios laser. Mas ele ironizou, afirmando que a outra abordagem não tinha chance de ser miniaturizada. “Como você põe um canhão laser dentro de um chip de computador?”, ele disse e nós rimos.

Bem, no dia seguinte, perguntei a Stuart Wolf, que havia dirigido um programa do governo norte-americano para promover a pesquisa em computação quântica nos EUA, o que ele achava disso. Meu queixo caiu quando Wolf disse que David Wineland e seus colaboradores já tinham colocado os tais canhões laser dentro de um chip…

Foi dai que corri atrás de entrevistar alguém que trabalhasse com armadilhas laser de íons. E para minha surpresa, descobri que um colega de graduação, Alessandro Villar, trabalhou ano passado na Universidade de Innsbruck (Áustria) no laboratório de Rainer Blatt, o principal “concorrente” de Wineland.

Para quem quiser saber mais sobre as armadilhas de íons, poder ler na Scientific American Brasil de setembro um artigo de Wineland, disponível online em inglês.

E para quem está com vontade de ir realmente a fundo na coisa, pode ler as perspectivas publicadas pela revista IEEE Spectrum sobre a computação com armadilhas de íons e com pontos quânticos.

Uma outra coisa que não ficou clara na reportagem para a Folha é que um computador de 10 mil qubits é algo muito além dos sonhos de muitos pesquisadores. “Quem te falou 10 mil qubits devia estar pensando em algo avançadíssimo…”, comentou Villar. Na verdade, tanto o Villar, como o Loss e o Tarucha disseram que com uns 100 qubits já daria para fazer coisas muito interessantes como as tais “simulações de sistemas quânticos”, que seriam simulações detalhadas do comportamento quântico de moléculas. As simulações atuais usam várias aproximações, algumas que são inerentes a própria natureza clássica do computador normal.

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