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Tiranossauro com penas – e não é 1º de Abril.

Um novo tiranossauróide basal com três dedos nas mãos foi descrito por Xu et al. em uma recente publicação da Nature.

Ilustração de reconstrução do Yutyrannus huali

Proveniente dos depósitos do Cretáceo Inferior (aprox. 125 milhões de anos atrás)  da Formação Yixian,  localizado na região de Liaoning Ocidental, China. O que mais chamou atenção desse novo dinossauro de 8m de comprimento Yutyrannus huali foi o fato de haver sido encontrado com “longas penas filamentosas”. E trazendo “evidência concreta da existência de dinossauros gigantescos com penas”. Isso nos ajuda a compreender melhor como foi o início da evolução das penas.


Até então, em dinossauros não avianos* a evidência fóssil de penas era limitada a animais de porte relativamente pequeno. O maior impacto que essa descoberta está no fato conclusivo de que as penas evoluíram ao longo do Período Cretáceo também em terópodes derivados de grande porte.

Quando fizerem o novo Jurassic Park, vão ter que fazer o Tiranossauro com cabelo de Punk Rock!

Como dizia o Dr. Grant: “Você nunca mais vai ver os dinossauros da mesma maneira novamente”.

*Dinossauros não avianos (English: non-avian dinosaurs): termo empregado para dinossauros não contidos na linhagem das Aves.

Leia mais sobre a nova descoberta aqui e aqui.

Bibliografia:

Xu X, Wang K, Zhang K, Ma Q, Xing L, Sullivan C, Hu D, Chenq S, Wang S (2012) A gigantic feathered dinosaur from the Lower Cretaceous of China. Nature 484, 92–95.

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Dinossauros invadem o interior paulista!!

Exposição sobre paleontologia é inaugurada em São Carlos e dino de 8 metros é a principal atração

Os dinossauros estão soltos e dessa vez, invadiram São Carlos!

Um esqueleto de 8 metros de um dinossauro carnívoro do período Cretáceo é a principal atração. Além dele, mais de 100 peças da coleção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão a mostra.

A exposição, intitulada “Paleoexpo: Dinossauros e outros seres pré-históricos” está sendo realizada na Biblioteca Comunitária da UFSCar, onde permanecerá em exibição até o dia 30 de maio.

Além de réplicas de esqueletos, a exposição conta com dezenas de lajes originais com pegadas de dinossauros e mamíferos pré-históricos. Todas elas com mais de 150 milhões de anos! Essas peças foram encontradas nos arredores dos municípios de Araraquara e São Carlos e integram parte dos projetos de pesquisa do Laboratório de Paleoecologia e Paleoicnologia da universidade.

Fora esse material, que faz parte da maior coleção icnológica ex situ do Brasil, podem ser apreciadas outras dezenas de fósseis autênticos, como ossos e ovos de dinossauros, diversos tipos de peixes pré-históricos, troncos fósseis, coprólitos e até mesmo um fragmento de âmbar com insetos aprisionados. Também está a mostra um dos pedaços do famoso meteorito Uruaçu e réplicas dos crânios dos temidos Tigre-dente-de-sabre, do Velociraptor e dos recém-descobertos e brasileiríssimos Caipirasuchus e crocodilo-tatu,

É uma verdadeira viagem no tempo!

A entrada é gratuita e as visitas podem ser realizadas das 8h às 22h. Elas são todas monitoradas por estudantes da universidade e pelo próprio organizador, o Prof. Marcelo Adorna Fernandes. Para maiores informações ou para agendar visitas em grupo, telefone para (16) 3351-8275.

O campus da UFSCar fica no km 235 da Rodovia Washington Luís, no município de São Carlos, SP.

Não só colecionadores de OSSOS! Parte II

Seguindo a postagem anterior e concretizando o prometido, venho falar dos primeiros organismos multicelulares, de corpo mole, que surgiram nos oceanos, e sua importância na construção da história e evolução.

Esses organismos fazem parte do que podemos chamar de biota de Ediacara. Ediacara foi uma região do sul da  Austrália e seu nome foi atribuído ao período em que esses fósseis ocorreram,  envolvendo cerca de 630 a 540 milhões de anos, no Éon Proterozóico.  Apesar de o período ser chamado de Ediacarano e eu estar falando de Ediacara, em outras regiões do mundo, tais quais Russia e China,  esses mesmos organismos foram encontrados na mesma  faixa de tempo.

O registro Ediacarano mostra evidência dos primeiros fósseis de organismos multicelulares com órgãos complexos já achados. Para a maioria dos pesquisadores da área, eles são considerados um grupo a parte, não tendo qualquer ligação com os organismos que viriam depois.

Reconstrução da biota de Ediacara

As formas registradas em rochas são vastas, incluindo anatomia discoidal, em forma de pena, outras semelhantes a medusas atuais, estruturas tubulares, e outras totalmente desconhecidas.

Registro de Dicknsonia, fóssil do Ediacariano

 
Cyclomedusa, Ediacara

Apesar de serem os primeiros metazoários (organismos com células diferenciadas), e terem dominado por um longo período de tempo, seu reinado teve fim no Proterozóico final e inicio do Camrbiano (primeiro período do Éon fanerozóico, datando cerca de 530 milhões de anos), com o surgimento de animais ainda mais complexos  – Como diria Darwin, numa competição, sobrevive aquele que é mais apto.

A vida então floresce

A explosão do Cambriano, é assim chamada, pelo surgimento abrupto de todos os filos animais que hoje existem. Nesse período, os animais já eram capazes de produzir conchas e eram mais parecidos com os animais de hoje.

Reconstrução do Cambriano

Os animais dessa época mostram formas, muitas vezes, bizarras. Entre os identificados, temos o anomalocaris, opabinia, allucigenia e wiwaxia. Esse grupo estranho não demonstra qualquer ligação com os outros filos que surgiram, levando-nos a crer que também foram extintos, como os organismos de Ediacara

O mais famoso registro fóssil desse perído foi encontrado numa região do Canadá conhecida como Burgess Shale, pelo paleontólogo Charles Walcott, em 1909. Além dos fósseis citados acima, outros invertebrados, trilobitas, esponjas, e a pikaia, o primeiro cordado que deu origem ao vertebrados, também foram encontrados na região.

Hallucigenia fóssil, Cambriano

 
Reconstrução artística do fóssil Hallucigenia

 
Opabinia, Cambriano

A explosão subta de organismos no Cambriano, sem evidências de ancestrais, foi a controvérsia que poderia ter sido a maior dor de cabeça de Darwin na teoria da Evolução. Apesar disso, há pesquisadores que defendem a idéia de um período anterior não preservado, no qual estaria a chave para este mistério.

O que sabemos sobre o começo da vida multicelular ainda pode ser meio obscuro. O que temos são evidencias químicas e traços biológicos preservados em rochas, ao contrários dos animais com esqueleto, que deixam vastos registros ósseos, e são melhor compreendidos. Sua origem e sua história ainda é motivo de discussões e controvérsias. Levantamos hipóteses, mas hipóteses não são sentenças. Cabe a nós, eternos estudantes, continuar descobrindo e constantemente acrescentar novos conhecimento à ciência.

Aguardem pelos próximos posts, e viajem pela paleontologia que não estuda somente ossos! 😀

Não só colecionadores de OSSOS! Parte I

O trabalho do paleontólogo é sem dúvidas excêntrico. Estamos sempre na ansiedade de encontrar algo novo, inédito. Quando esta façanha ocorre, nós cientistas somos capazes de mudar teorias, criar outras, e caminhar um passo a frente no conhecimento dos mistérios do Planeta.

Mas quando falo em paleontologia, “eu sou paleontólogo” sempre escuto de volta “ah você estuda dinossauros!!” Os dinossauros talvez tenham sido os animais mais incríveis que já habitaram o Planeta. Eles estão nos museus, nos desenhos, nos filmes, nos documentários e encantam tanto as crianças como os adultos. Sua imponência e o fato de não mais existirem no nosso presente, talvez sejam os atributos mais chamativos e mais fascinantes, levando algumas vezes as pessoas a descrerem de sua existência.

Mas não é pra falar de dinossauros que criei este post.

Eu sou paleontóloga, ou como meu orientador diz, estou no caminho de ser. Porém, eu não estudo plantas, não estudo dinossauros, não estudo mamíferos pré-históricos ou qualquer animal com ossos ou pele. Minha pesquisa está voltada ao estudo de construções sedimentares induzidas por cianobactérias. Isto não parece tão legal aos olhos da maioria, mas garanto que é uma vertente extremamente importante da paleontologia, como já apontado em posts anteriores. Através de outros exemplos, vou mostrar a você, caro leitor,  que não só de ossos se vive um paleontólogo!

Dividirei a temática “Não só colecionadores de OSSOS” em vários posts tratando das diferentes vertentes da paleontologia que não são conhecidos pelo público em geral, salvando-se os próprios paleontógos ou simpatizantes pela área. No próximo post, entrarei no assunto dos primeiros organismos de corpo mole que “surgiram” em uma Terra pretérita. É sensacional, aguardem! 

 

VIII Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados

Entre 27 a 31 de agosto deste ano se realizará em Recife (PE) O VIII Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados. Confira a programação e inscreva-se pelo site http://www.sbpv.com.br/

O evento acontecerá nas dependências do Centro de Tecnologia e Geociências da Universidade Federal de Pernambuco, localizado na Cidade Universitária. Fica a apenas 15 minutos da bela praia de Boa Viagem…

Prestigie!