Os 10 assuntos científicos mais comentados de 2009

Recordar é viver (desde que não se fique apenas por essa relembrança). Então antes de prever o ano de 2010, relembremos o quase-findo 2009.

Aqui eu vou colar. Copiar e colar, na verdade. Saiu aqui na Scientific American os top 10 assuntos científicos do ano. Do LHC até a “estrela da morte”, vamos a eles:

top 10.png

  • Grande Colisor de Hádrons – Engasopou ano passado, mas esse ano foi! O colisor de partículas finalmente está em uso, e já bateu todos os recordes da sua categoria “colisor peso pesado”. E ele próprio já é uma previsão para 2010, afinal resultados vão começar a sair logo mais.
  • Influenza A H1N1 – “Craro Cróvis”, como esquecê-la. Nos fez prestar atenção na gripe comum, no nosso sistema de saúde nacional e mundial. Mostrou a fragilidade da informação rápida para o cidadão, onde o único meio de comunicação com informação, explicativa, ajustada e de confiança foi o blog colega Rainha Vermelha, mostrando a força e importância dos blogs de ciência nacionais. Este é outro assunto previsto para bombar em 2010, com a segunda leva do vírus que ninguém sabe como virá. Até o Obama já se vacinou.
  • Ardipithecus ramidus – chocante fóssil estudado por mais de 15 anos antes de ser publicado em edição especial da revista Science (imagino a politicagem ferrenha que deve ser pras revistas “comprarem” este tipo de trabalho que dá muito ibope). Simplesmente este fóssil tem colocado em cheque o que define um hominídeo (ou mesmo o que nos define). Belo presente de aniversário para os 200 anos de Darwin e 150 do seu livro
  • Cop15 esperança e fiasco – tanta preparação pra nada. Ou pelo menos para perceber a fragilidade do nosso sistema político frente a tomadas de decisão rápidas e embasadas em informação científica. Escrevi mais aqui.
  • Vacina contra a AIDS – um mega estudo na Tailândia vacinou 16 mil pessoas. Conclusão: não funciona muito bem. Mas abriu várias janelas de oportunidades para estudar a reação do vírus à vacinação.
  • Hubble tunado – Esse é um que não morre. 19 anos com corpinho de 12 e meio, e agora com novos aparatos, vai continuar em atividade por mais 5 a 10 anos. Isso que foi projetado pra durar só 5! “Conta o segredinho pra essa vida longa e tão lúcida.”
  • Epigenética de pai pra filho – no ano de Darwin descobrem que Lamark estava certo?! Então características adquiridas pelos pais podem passar para os filhos e netos! Pois é, mas sem alterar o DNA, só as travas que comandam a sua leitura. E sim, isso sim muda muita coisa!
  • Água na Lua – 40 anos após a Apolo 11 a Lua revela um novo segredo: água. Danadinha essa Lua, surpreendendo a gente mesmo com um seco Mar da Tranquilidade
  • O laser “Estrela da Morte” – sim é um monte de raios laser que se juntam num ponto só. Se você colocar hidrogênio lá, ele sofre fusão! E fusão é basicamente o q acontece no coração de uma estrela! Servirá para estudos astrofísicos, nucleares e energéticos.
  • Solução pra crise: grana pra ciência – O país está em recessão? O governo tem que soltar uma grana. Obama liberou quase 800 bilhões para salvar a economia, dos quais 21,5bi foram para pesquisa. Áreas de interesse como meios de transporte e energia foram favorecidas e podem fazer a diferença no futuro. O Brasil cortou investimentos nessa área e dizem que nem teve crise por aqui.
  • E vocês, o que acharam da lista? Alguma sugestão de alteração?

Já que a COP15 não resolveu, nos dê o poder para ajudar.

cop15 lula obama.jpgCOP15 chegando ao fim e chegam ao fim nossas esperanças de uma revolução política e econômica no assunto ambiental. Ações locais e algumas ações concretas foram firmadas, ok. Mas a revolução necessária para resolver o problema não foi nem esbarrada. Não que eu tivesse grandes expectativas quanto a isso, afinal perdi a minha ingenuidade há algum tempo. Mas esperava pelo menos uma abordagem maciça da mídia, que até tentou fazer a sua parte sim, não recrimino. Mas o cidadão continua blindado contra informação de profundidade. Falar na TV sobre clima não é suficiente. Este é um tema que requer uma base de conhecimentos que o cidadão não tem, e chegamos, como sempre, ao ponto crucial que é educação básica.

Então tudo bem, a COP15 não salvou o mundo. E o que um jovem doutorando empolgado e com um sentimento de obrigação social de melhorar o mundo pode fazer? NADA.

É isto que sentimos. Eu e mais vários jovens que iniciam sua vida produtiva agora. Bem neste momento em que entramos em maior contato com o mundo percebemos que quem comanda o mundo falhou, e nós ainda não temos o poder minimamente necessário para fazer a diferença. Para pelo menos sermos ouvidos.

Quem disser “Mas jovens descolados podem se unir e fazer grandes ações. A internet está aí como uma ferramenta de mobilização, de divulgação…” está muito enganado. Talvez a internet seja a pior das maldições dos nossos dias. Ela traz esta falsa idéia de mobilização e ação. Como se escrever um blog pudesse ser uma ação social válida. Como se clicar num banner para plantar uma árvore ou alimentar uma criança fosse resolver algum problema. E feito isto podemos dormir com a consciência tranqüila da boa ação feita. Com isso o cidadão lava as mãos.

Quem acha que isto é o suficiente não tem noção real do problema. E a noção real do problema é: NINGUÉM TEM NOÇÃO REAL DO PROBLEMA!

O problema climático depende da ciência, da política, da economia, da sociedade e da educação. Cada uma com seus nuances, metodologias e agentes.

E os agentes de poder atuantes hoje, falharam. O seu sistema é lento. Quando surge um resultado científico tão alarmante quanto o aquecimento global, deveria haver como este sistema se auto-regular a tempo. Ainda mais quando os estudos também já determinam metas a serem atingidas. Aliás, estes estudos que deveriam ser a parte difícil do problema. Mas a complexidade política, que deve levar em conta todas as outras áreas e suas complexidades individuais, parece um obstáculo intransponível.

Diante desta complexidade as pessoas travam, e não há como culpá-las. A coisa é difícil mesmo.

Mas ver jovens, melhor preparados que muitos agentes formadores de opinião ou tomadores de decisão, sempre a margem da discussão é doloroso.

Sabemos que um dia tomaremos o poder. Estes jovens serão os formadores de opinião e tomadores de decisão em alguns anos. (e eu estou sendo otimista aqui, afinal poderiam me perguntar “onde estão os jovens visionários das décadas passadas agora?” Eu não saberia dizer)

Mas a questão climática coloca uma coisa em perspectiva: Certos problemas, não só o climático, precisam ser corrigidos num tempo certo. É como comprar uma Harley-Davidson: Quando se é jovem e se tem energia, força e espírito de aventura para USAR uma moto destas, não temos o dinheiro para comprá-la. Quanto juntamos o dinheiro para tal, já estamos velhos demais para usá-la como se deve.
Talvez depois, quando a competência chegar ao poder, já seja tarde demais.

A neurose do aquecimento global e as consequências na mídia.

Com o andamento da COP-15, amplamente comentada por gente muito mais competente do que eu (vide DiscutindoEcologia, EcoDesenvolvimento, Rastro de Carbono, etc.), vou comentar algo que aconteceu hoje no Twitter.
Olhando uma notícia da Reuters.com indicada por Felipe Rocha, um estudante de graduação em Ecologia de Belo Horizonte, fiquei meio cabreiro.
A notícia: “Exclusive photos: Polar bear turns cannibal” (Tradução: ‘Fotos exclusivas: urso polar vira canibal’)
polar2.jpg

Sim, isso era um filhote, e não, a natureza não é fofa (imagem de Iain D. Williams, Reuters).


Como as fotos são de gosto duvidoso para quem não está acostumado à ‘falta de tato’ da mãe natureza, coloquei aqui a menos agressiva, quem tiver curiosidade, o link para a fonte está logo abaixo, onde tem uma foto bem mais “explícita”.
Gosto à parte, o que me irritou nessa notícia foi o fato de estar com as seguintes TAGs (marcadores para indexação): cannibal | climate change | cub | eat | exclusive photos | polar bear
Canibal? OK. Mudanças Climáticas? OK. Filhote? OK. Fotos exclusivas? OK. Urso polar? OK.
… peraí, MUDANÇAS CLIMÁTICAS?! Segundo QUEM, querida Reuters?!
Isso é uma coisa que me deixa fulo da vida. COP-15 em andamento, a crise do aquecimento global nunca esteve tão em evidência (e com razão, sou totalmente a favor de tudo no sentido de se ‘consertar’ os problemas atuais), e, de repente, TUDO é culpa de aquecimento global.
Ou, claro, de Satanás. Só que isso é outra história, o demônio da vez, nas próximas semanas, são as emissões de CO2.
Mas, como o pouco que lembro de Comportamento Animal da graduação já serve prá me lembrar sempre que ‘a natureza não é fofa’, desconfiei, e dei uma lida com calma em tudo que escreveram na Reuters. E, claro, já saí atrás de outras fontes de consulta.
E não é que na própria página em que estão as fotos do “urso polar canibal” catalogadas como ‘mudanças climáticas’, no SEGUNDO parágrafo, está escrito que um morador local (e líder da comunidade Inuit > esquimós) relatou que o fato de os ursos polares cometerem atos de canibalismo é algo recorrente, e não necessariamente um subproduto do aquecimento do planeta.
Snow_On_Snout_Polar_Bear-1600x1200-799243.jpgEncontrei outra notícia, no NationalPost, que trata justamente desse fato: não gente, os ursos polares não são uns coitados que começaram a comer seus filhotes por causa do derretimento das calotas polares. Algumas coisas ‘feias’ na natureza simplesmente acontecem, e pelos mais variados motivos.
Espero que esse episódio sirva de exemplo para que todos nós prestemos BASTANTE atenção em tudo o que lemos sobre ‘mudanças climáticas’ atualmente.
Aquecimento global é real, extremamente perigoso, e precisa ser encarado (e solucionado) o quanto antes, para o bem de todos os habitantes do planeta (humanos ou não).
No entanto, manipular fatos para aumentar os impactos do aquecimento global é tão errado quanto manipular fatos para negá-lo.
E, claro, torço prá que algo de real saia da COP-15. Apesar de ser pessimista em relação à reunião.
Notícia original > Reuters.com
Notícia do NationalPost
Quer saber mais sobre ursos polares? Sugiro o portal Polar Bears International, tem muita informação interessante.
E sim, este post está indexado como ‘mudanças climáticas’, coé, algum problema?

O fim do mundo não será em 2012. Será em 2019

profecia maia fim do mundo.jpgNada de fim do mundo Maia em 2012, ou na virada do século novamente. Nada de Nostradamus ou São Malaquias. Nada de borra de café, tarot ou Oráculo de Delphi. Nada de pólos da Terra se invertendo ou meteoros e planetas assassinos como o Hercólobus. Isso é coisa do passado. O novo futuro é 2019. Aqui o mundo como conhecemos irá acabar.
Em uma revelação feita a mim cheguei a este ano cabalístico. Mas o profeta não sou eu, sou apenas um mensageiro. Os verdadeiros profetas são os gurus científicos de nosso tempo.
Eu apenas percebi os padrões e o significado de suas previsões. Tudo se encaixa perfeitamente. Todos eles prevêem que suas idéias terão aplicação prática para daqui o mesmo tempo: 10 anos!

  • O guru criador de vidas Craig Venter, o paladino solitário da biologia atual, do alto de suas empresas ele vislumbra o futuro da biologia sintética: criar vida e editá-la como bem entender. Com seu cajado, em dez anos fará brotar combustível refinado de algas em biorreatores e que capturam o carbono do ar. Pode ser o fim dos problemas energéticos. Um admirável mundo novo.
  • Levanta-te e andaMiguel Nicolelis, o Antônio Conselheiro de Natal, traz consigo o conhecimento de terras estrangeiras para desenvolver a interação mente-máquina, e assim, permitir que membros paralisados possuam próteses que entendam os comandos do cérebro para se movimentar. É um milagre.
  • De 2019 não passarásGordon Moore, o verdadeiro profeta. Previu, com boa precisão, toda revolução tecnológica gerada pela computação ao nos dar a Lei. A Lei de Moore diz “a cada ano, a capacidade de processamento do microprocessador – o chip – irá dobrar, e também os preços despencarão. Palavra de Moore”. Dito e feito. Mas o limite chegará em 2019. Moore fez nova previsão: que em dez anos atingir-se-á o limite atômico da miniaturização. Mas nem tudo está perdido, pois poderemos desenvolver maneiras mais otimizadas e criativas de usar os miniprocessadores do futuro.

Pode não ser o fim, e os maias têm que estar errados para passarmos de 2012 e chegarmos lá em 2019. Mas uma coisa é certa: cada vez que damos um passo o mundo sai do lugar, e um novo mundo é o fim do mundo velho.
Paraquedistas1.jpg* Este texto faz parte da Blogagem Coletiva Caça-paraquedista (conheça mais sobre essa iniciativa aqui). Se você entrou aqui pelo Google, seja bem-vindo e aproveite para conhecer um pouco mais sobre o blog e ciência!
Blogagem coletiva Fim do Mundo
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O que é mais sustentável: comprar CD ou baixar da net?

cd transporte ambiente.jpgPode não parecer uma grande questão da humanidade, afinal parece claro pra maioria que o CD comprado na loja é mais ambientalmente, e financeiramente, custoso que o baixado no conforto do computador de casa.

Mas é bom sempre trazer este tipo de questão aos nossos dias a beira do caos climático, como muitos pregam. E foi isto que este estudo para a Microsoft e a Dell fez.

Qual o custo ambiental de um CD?
Devemos contar claro o material, a produção em si, a embalagem, o transporte até a loja e o transporte até sua casa.
Destas etapas, qual você acha que é a mais cara? Produção? Errou, é o transporte. Tanto o para a loja como da loja para a usa casa

E o custo de baixar da internet?
Sim, isto também custa. Ou você acha que conexão banda larga dá em árvore? Então aqui temos os custos dos bancos de dados onde estão os arquivos (vai uma grana violenta para refrigerar milhares de computadores de serviços on-line que também não dão em árvore) e energia para manter seu computador ligado enquanto baixa o arquivo.

Mesmo assim, o CD na loja sai mais caro para o planeta. Claro que você pode reduzir este problema indo comprar CDs de bicicleta ou patinete (não motorizado, claro). Mas acho que em tempos pós-Napster nós e a indústria fonográfica teremos que optar por uma opção mais $barata$ e sustentável ao mesmo tempo.

E os artistas têm que ajudar também. O pessoal da Dave Mathews Band (muito bons por sinal), estão de cabeça nesta onda verde. Reduzindo suas próprias pegadas de carbono e estimulando os fãs a fazer o mesmo: reciclando latas nos shows ou se cadastrando no site da sua campanha So Much to Save e se comprometendo a ter uma atitude ecológica, os fãs pode baixar musicas da banda de graça. (via Bits o´carbon)

Livros X livros digitais
Mas e os livros, que estão para serem substituídos por livros digitais que podem baixar os textos
da internet? Quem ganha o selo verde: o tradicional de papel ou o digital?

A conta não é tão simples. Por analogia do CD podemos pensar que o digital é melhor. Mas como lembrou o blog Bits o´carbon, os livros normais são de baixo custo, duráveis e feitos de material renovável (e reciclável). Os caros digitais como o famoso Kindle, serão como celulares, estimulando a troca por um novo a cada lançamento. Gerando assim muito lixo.

Por isso fiquemos atentos a novas pesquisas para ponderar nossas escolhas conscientemente.

RNAm Expresso vol. 1

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Café contra AlzheimerAgência Fapesp
Bancada Verde: substituindo reagentes de laboratório por outros menos agressivos – The Scientists
The New Journalism: considerações sobre as mudanças no jornalismo científico – NeuroLogica Blog
A Ciência é melhor que a pseudociência: excelente texto do Carl Sagan sobre as “vantagens” da Ciência – via Twitter pelo @kenmori (do 100Nexos) e @UNAbr (União Nacional dos Ateus)
Livro desmitifica o câncer, discute tratamentos e chances de cura (leia capítulo): já que há muitos leitores do blog que se interessam bastante pelo assunto (vide a briga de foice que virou o tópico sobre o bicarbonato, que até o dia de hoje tem 280 comentários), fica aqui a dica de um livro com conteúdo acessível a todos – FolhaOnline
National Geografic para crianças! Só em inglês… – National Geografic, via @clauchow
Testing Evolution’s Role in Finding a MateNYTimes
Concurso de vídeos científicos da revista The Scientist – Muito legais
Autoajuda ‘não beneficia pessoas com baixa autoestima’: antes de sair reproduzindo “O Segredo” e afins, tenha certeza do seu estado espírito, ou as coisas podem não sair como planejado… – BBC Brasil
Link tosco do dia:
Harmonize seu carro de acordo com seu signo: nunca mais compro carros sem consultar o horóscopo – Yahoo! Autos, via @flavioney

Gripe suína: informação, globalização e prejuízos

gripe suina economica.jpg
Na década de 70, o governo militar no Brasil escondeu da população um surto de meningite que estava acontecendo. Tudo para evitar o pânico. Decisão acertada? Claro que agora que estamos na era da informação, isto soa absurdo. A população tem o direito de saber o que está acontecendo sob seus narizes. Saber sobre a epidemia pode ser importante para evitar viagens para locais de risco, saber se podemos comer a carne do animal afetado, etc. Diminuindo assim os riscos.

Mas até que ponto a população sabe o que fazer com a informação? Informar dados não resulta diretamente em boas práticas por parte de quem não tem conhecimento mínimo em determinados assuntos. Digo educação científica básica, não necessariamente conhecimentos em epidemiologia ou infectologia.

Afinal começam as brincadeiras. Qualquer um gripado e se ouve “é a gripe suína”, mas brincadeiras a parte, a epidemia já mostra reflexos em áreas que nem imaginamos. As ações de companhias aéreas e redes hoteleiras já despencaram, enquanto ações de farmacêuticas produtoras de remédios antivirais dispararam.

Por causa destas reações em cadeia, muitas vezes imprevisíveis, que se deve tomar muito cuidado ao informar a população, incluindo aqui lavadeiras, marceneiros, políticos e empresários, que raras exceções, não têm conhecimento científico nenhum, e podem interpretar muito mal a real situação de uma epidemia como esta.

cofrinho.jpgE aqui vem o maior paradoxo deste sistema maluco que é o nosso mundo globalizado. Afinal, o setor que terá o maior prejuízo provavelmente será o de suinocultura, mas é justamente onde o dinheiro vai ser mais urgente para manter a produção, que é necessária, mas em condições adequadas de higiene, para evitar avanço desta e surgimento de outras doenças.

Afinal a doença se originou do contato humano excessivo com os animais, devido à má condição dos criadouros.

Claro que o peso cairá nos governos, que terão que incentivar o setor com linhas de crédito e coisas deste tipo, o que leva à famosa “estatização dos prejuízos” das empresas de setores centrais na economia. Nada que a crise mundial não tenha nos ensinado. Mas a contrapartida deve ser exigida pelo governo, liberando crédito com condições, algumas delas sendo a observação dos padrões higiênicos e ambientais exigidos por convenções internacionais. Certificando-se, assim, que nada disso ocorra novamente.

Feliz ou infelizmente, o problema de um mexicano (e seu porquinho) acaba sendo um problema para todo o mundo.

Mais informações no ScienceBlogs:
Rainha Vermelha
Brontossauros no meu Jardim
Ecce Medicus

MTV debate: Transgênicos

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Pois é, eu não sei quem ganhou o BBB9, estava vendo o Lobão tocar o programa de debate mais caótico da televisão brasileira.
VEJA AQUI
Lobão começa soltando uma pérola característica de sua sinceridade exacerbada: “O tema é complexo, como eu pude averiguar estudando… hoje a tarde pela internet.” Aprofundou, hein…
Claro que muita besteira foi falada. Greenpeace criticando cegamente sem dar uma alternativa prática de um lado, e o pesquisador sendo um tanto arrogante e intransigente do outro.
O que espantou foi o fato de quem se mostrou mais preparado para um debate foi o deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS). Não que ele soubesse mais sobre o assunto específico, mas mostrou que sabe conduzir o debate em si, conhece os argumentos a favor, contra, dos produtores e dos consumidores.
O problema não é o transgênico
Foi ele quem colocou que a questão de que não é a técnica de transgenia que está em questão, afinal a insulina é um dos exemplos de tecnologia transgênica, que hoje em dia é produzida por bactérias com gene da insulina humana, e ninguém questiona sua utilidade ou uso.
O problema é especificamente com o transgênico na agricultura e questões ambientais.
Outra bola dentro do deputado foi a constatação, mediante as críticas de que o transgênico por aguentar mais agrotóxico vai exigir mais aplicação do veneno, que o produtor sem transgênico não vai tratar a produção com água benta. Agrotóxico é um fato na agricultura em geral, e continuará sendo usado.
Bom, o papo não acabou e eu ainda não sei se o MTV Debate é o melhor formato de programa para este tipo de discussão. Nem pelo formato, mas pela figura do Lobão, que é divertido, mas muito caótico pra dar um mínimo de organização às idéias.
Minha opinião no caso? Transgênicos vieram pra ficar. Os de primeira geração, as famosas da Monsanto, não serão o padrão para sempre. Institutos públicos devem investir em parcerias privadas ou pesquisar firmemente na tecnologia, para a agricultura mundial não depender de patentes restritivas.
E pessoal da MTV, qualquer coisa o pessoal do ScienceBlogs está aqui às ordens, hein.

O alvo do aquecimento global


Um número me chamou a atenção numa das páginas da revista SEED de janeiro.
O número é 350.
Quanto ao aquecimento global, duas perguntas eram as mais importantes: está esquentando mesmo? E é culpa da humanidade? O IPCC respondeu que sim para as duas. Daí veio a pergunta que não quer calar: qual o nível de carbono ideal para manter o mundo do jeito que estamos acostumados?
A resposta parece ser 350 partes por milhão. Pelo menos é o que diz um trabalho científico do maior climatologista da atualidade, James Hansen. Baseado nisso foi criada uma organização para espalhar este dado, a “350.org”.
Afinal se este for mesmo o limite para mantermos o mundo como nos acostumamos a ele, é interessante que surja um lobby que batalhe por esta meta. A ciência só deu o alarme, as opções, e agora nos deu um alvo fixo. A batalha real será no campo político, econômico e moral.
Caso queira saber, o nosso nível de CO2 agora é de 385 ppm

Crise nas empresas de energia solar

Resumão Deu na Nature: painéis solares são feitos mais rápido do que podem ser vendidos.
E isso não é bom, porque as indústrias estão reduzindo a produção, fechando fábricas, e demitindo funcionários.
A empresa americana OptiSolar, que iria construir a maior planta de energia fotovoltaica do mundo, que produziria 550 megawatt teve sua construção adiada por falta de investidores.
Incentivos legais, fiscais e o pacote de ajuda à economia americana parecem que não vão conseguir ajudar diretamente o setor. Quem mais sofre são as empresas maiores, sendo que as menores no setor não prevêem problemas.
Mas com tanto hype na procura de alternativas energéticas, tendo a energia solar como uma das favoritas nos discursos ambientalistas, o que esta queda quer dizer?
Segundo o diretor do Instituto para Análise da Energia Solar da Universidade George Washington em Washington capital, o negócio solar tem crescido 40-50% por dez anos, e o que se está vendo é uma queda nessa aceleração.
Na Europa esta queda já era esperada, resultado de quatro anos de grande quantidade de subsídios que encorajaram muitos empreendedores, culminando na saturação do mercado. Sobram ofertas, falta demanda.
Mas a energia solar é uma possibilidade real? Pelo menos o mercado e os governos ainda parecem não saber como lidar com este possível elefante-branco.
E com relação à construção dos painéis solares? Já ouvi dizer que não são as coisas mais amigáveis ao ambiente. O leitor tem alguma informação quanto a isto?
Fonte:Not so sunny after all : Nature News