Podcast Dispersando 5: Nobel, Ig Nobel e tudo que há no meio

Saiu mais um episódio do Dispersando, o podcast do Scienceblogs Brasil, com Fernanda Poletto (Bala Mágica), Igor Santos (42.) Karl (Ecce Medicus) e Rafael Soares (este que vos escreve).
Aprenda sobre sapos flutuantes, coletores de espirro de baleia, e um excitante acoplamento cruzado.
Dispersando 5

Tenha uma overdose de leitura científica com a abertura dos arquivos da Royal Society londrina!

Para certificar que estou vivo e esse post não foi programado antes de uma possível abdução/sequestro, achei legal repassar uma dica do Marco Evolutivo que chegou fresquinha no Gmail.

Para as comemorações da Open Access Week (a “Semana do acesso aberto”), que acontece entre 18 e 24 de Outubro, a Royal Society de Londres vai disponibilizar todo o seu conteúdo até o dia 30 de Novembro, quando completa 350 anos de existência.

sample_cover.jpg.gifA sociedade real londrina foi fundada em 1662 e seus arquivos contém material datado de 1665, quando foi publicada a edição inaugural do primeiro do periódico científico do mundo, o Philosophical Transactions!

Como exemplos dos artigos publicados nessa edição história, temos:

  • An Accompt of the Improvement of Optick Glasses: sobre progressos no desenvolvimento de óculos.

Phil. Trans. 1665 1:2-3; doi:10.1098/rstl.1665.0003

  • An Experimental History of Cold: “experimentos” feitos por Sir Robert Boyle para determinar caraterísticas do frio.

Phil. Trans. 1665 1:8-9; doi:10.1098/rstl.1665.0006

  • Of the New American Whale-Fishing about the Bermudas: da época em que caçar baleias era “elementar, meus caros”.
    Phil. Trans. 1665 1:11-13; doi:10.1098/rstl.1665.0009

Espero que tenham gostado da dica.

Quem se interessar sobre a progressão histórica da ciência não deve perder a chance de examinar em detalhe uma das maiores publicações especializadas da história!

Cientistas fora da universidade: existe vida lá fora. Mas e no Brasil?

embo 2010 logo.JPGEstive no almoço sobre carreiras do congresso EMBO Meeting (um dos motivos deste blog estar às traças). Foi ok, mas podia ter sido melhor. O tempo é curto, não se come, não se bebe, e o barulho das mesas complica a conversa. Mas o problema ficou só com o formato. Os convidados pareceram interessantes e interessados. Participei de três mesas de 35min de conversa com uma pessoa que fez doutorado em alguma área da ciência mas saiu da vida acadêmica.

Seguem aqui as áreas, os nomes e alguns comentários:

  • Política científica

Rochana Wickramasinghe, Royal Society Policy Centre. Basicamente ele liga grupos de cientistas ao governo em temas de interesse social. Como exemplo, o que ele está fazendo agora é colocar conceitos de neurociências na educação. Não para ensinar neuro aos alunos na escola, mas aplicar conceitos de neuro para melhorar o sistema de ensino. O papel do centro de política científica da Royal Society é juntar material de seus cientistas associados,  e monta um relatório de fácil entendimento para legisladores não-cientistas, além de manter contato com grandes personalidades do mundo político e científico.

  • Comunicação científica:

Rosina Malagrida i Escalas, Director, Science Communication, Barcelona Science Park.
Uma espécie de relações públicas(RP) de um grupo científico. O trabalho é bem de RP mesmo, mas exige um conhecimento de ciência para traduzir a produção da instituição para montar press-release e contatar a mídia. O papel principal desse tipo de RP é aumentar a visibilidade da instituição no seu contexto de interesse, usando a mídia, montando eventos, feiras e outras iniciativas. No caso de Rosina a instituição é mais local, dentro da Catalunia, assim é essa mídia e população que serão seu alvo. Claro que a posição de diretoria é interessante, pois ela pode utilizar mais a criatividade para inventar os projetos de divulgação, mas você vai começar escrevendo press-release e organizando eventos por um bom tempo pelo visto.

 

  • Pesquisa e desenvolvimento na indústria

Philippe Cronet, Chief Scientific Officer, Eurogentec S.A.
Sim, é possível fazer pesquisa na indústria (aquelas malditas capitalistas comedoras de criancinhas). E segundo Cronet, pesquisa na indústria é até mais livre que nas universidades por não haver a pressão de publicação ou prazos de bolsas e pós-graduação. O que ocorre é que os prazos são mais curtos na indústria, mas os objetivos são bem calculados e divididos por um time de diferentes áreas trabalhando juntos, o que pode trazer mais resultados e maior satisfação em vê-los atingidos mais rapidamente em comparação com os 3 ou 4 anos de uma pós. Assim, não há um projeto individual, e eventualmente seu chefe pode dizer “A concorrência já está fazendo isso, cancelem este projeto”. Mas calma, isto não quer dizer que você será demitido – só que vai trocar de projeto.

Muito empolgantes as carreiras em política científica e comunicação, mas percebi as imensas dificuldades para se seguir estas carreiras no Brasil, e ambas pelo mesmo motivo: falta de cultura científica que acaba levando à falta de estrutura.

Afinal, onde está a nossa Royal Society para patrocinar um escritório de política científica? A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ou a Academia Brasileira de Ciências (ABC) cumprem este papel? Quem deveria cumprir?

Lembro-me de um professor que durante a votação de células-tronco foi chamado para uma palestra na Câmara dos Deputados, e apenas UM (1) deputado apareceu, justamente o que o convidou para a palestra (pelo menos isso). E será que esta foi a única tentativa de explicar célula-tronco para nossos legisladores?

E o mesmo ocorre para a comunicação científica. No Brasil não há o costume de se contratar relações públicas nem mesmo em grandes empresas, quanto mais em institutos de pesquisa. Há iniciativas, mas muito fracas, e nenhuma estruturalmente robusta e duradoura. No jornalismo parece que estamos avançando – vide às agências de notícias de universidades e instituições de fomento – mas a comunicação científica vai além do jornalismo, e é neste ponto que não vejo iniciativas brasileiras.

Quanto à indústria, me espantou a quantidade de estudantes de doutorado ou pós-doutorado europeus que não tinham nenhum conhecido trabalhando na indústria. E eu, pobre criatura de um país em desenvolvimento, conheço pelo menos uma dezena de colegas que estão pesquisando ou em outras áreas em empresas ligadas a pesquisa.
Mas isso pode ser um problema meu de amostragem, já que estes colegas se formaram nas universidades mais bem conceituadas do Brasil, o que faz que sejam muito cobiçados por um mercado que é pequeno mas está crescendo, enquanto que talvez o mercado europeu esteja saturado.

Bom, segue o congresso. E mãe, to comendo direitinho, viu! [economizando DDI mode ON]

Para seguir o twitter do congresso: #EMBOmtg

Bônus:
Sugiro fortemente que você leia este relatório da Royal Society. Aliás o site é bem legal também.

Um biólogo metido a crítico na Bienal de Arte e Tecnologia

bienal arte tecnologia.JPG

Fui na Bienal Internacional de Arte e Tecnologia – Emoção Art.ficial, no Itaú Cultural na av. Paulista.

Há tempos eu não ia a uma exposição, e as pessoas que me invejam por não morarem na capital cultural do Brasil estavam me enchendo o saco para aproveitar mais a cidade.

Para saber sobre a exposição entre no site, porque mesmo na exposição não havia nada de texto. Nem um folhetinho. Em cada obra havia uma telinha com um esquema que não explicava quase nada dela, nem a tecnologia nem a arte por trás da coisa toda.

Primeiro a parte chata – ou de como um biólogo se mete a crítico crítico de arte

As primeiras obras me chatearam bastante (veja a lista de obras aqui). No começo só haviam obras “interativas”, como os Bion, uma obra bem bonita mas que de tecnológico só tem um sensor de proximidade que diminui a intensidade da luz de LED dentro dele. Bonitinho mas ordinário, ainda mais quando foi ver quem é o “cientista” no qual o artista Adam Brown se inspirou: um maluco chamado Wilhelm Reich que inventou uma “energia biológica primordial” chamada orgone. Era tão charlatão que morreu na cadeia preso por vender aparelhos que curavam de tudo com esta energia. Mais ou menos como o aparelho bio-quântico.

bion1.jpg

Além desse haviam as Hysterical Machines, que se movem inesperadamente com a presença de humanos, mas de forma nada orgânica como propõe o artista; e Prosthetic Head que é a cabeça do artista em 3D usando um programa de inteligência artificial já bem antigo para responder perguntas do visitante. 

Essas três obras me chatearam porque esperava coisas mais inovadoras. Essa história de interatividade é muito anos 90 pro meu gosto.

O prêmio “desperdício de oportunidade” vai para Silence Barrage:
“Robôs movem-se verticalmente ao longo de várias colunas, deixando rastros que são, na verdade, a representação dos disparos de neurônios de roedores, cultivados num recipiente de vidro localizado a milhares de quilômetros de distância. Paralelamente, sensores ao largo da instalação capturam os movimentos do público, que, por sua vez, também fazem os robôs se deslocarem.”
Legal… mas como assim? Os disparos dos neurônios? Ahn?!

Pois é, nada é explicado. Nem no site da exposição. Tem os neurônios lá nos EUA, em uma placa, e sabe-deus-como captam algo que faz umas coisas na obra. E ainda a câmera que devia filmar a cultura de célula lá nos EUA estava fora do ar.
Assim, cientistas que trabalham com células (como eu) e publico em geral não se empolgam nem um pouco. Tanto esforço por nada.

Mas a coisa ficou boa. Muito boa!

A coisa começou a melhorar com o Caracolomobile. Primeiro pelo nome muito legal, segundo que isto sim é um tipo de tecnologia que esta mais na moda e mais na ponta da interação homem-máquina. A obra é um ser de movimento e sons que responde aos estímulos recebidos por eletrodos na cabeça de uma pessoa (lembrem do Nicolelis). Alguns sinais são bem fáceis de entender, como quando se morde o chiclete ele solta sempre o mesmo ruído. Mas algumas reações da máquina não são tão decifráveis. Começa assim a vontade de entender a que a máquina está respondendo, ou seja, a tentar conversar com ela (e com você mesmo, já que ela esta respondendo às suas ondas cerebrais).

O Ballet Digitallique é bem legal. Um scanner marca sua silueta parado com os braços abertos. O computador projeta e dá movimento àquela imagem estática. E coloca movimento exatamente onde deve ter, dobrando as juntas de braços, pernas e tronco. Como o computador sabe o que deve se mexer, ou como se move uma pessoa baseando-se só numa imagem estática 2D? Me fez pensar no cérebro, que com padrões simples faz verdadeiras criações e interpretações usando regras simples, que até um computadorzinho pode fazer.

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Mas o mais legal para o biólogo aqui foi o Robotarium SP e o Evolved Virtual Creatures.
O Robotarium é um zoológico de robôs, onde cada um tem um temperamento, ou uma programação, e interagem entre si. Um é calmo e evita entrar em contato com outros, outro é agressivo e avança nos outros; outro só gira sem parar, e assim vai. Todos eles juntos acabam funcionando como um modelo de interação ecológica, em que cada indivíduo tem um comportamento simples, mas como um todo passam a tem um comportamento complexo.

E o Evolved Virtual Machines mostra como mudanças aleatórias + regras simples + tempo, podem sim gerar criaturas complexas e que parecem ter sido desenhadas. Se você entender esta obra você entendeu a mais importante lição de EVOLUÇÃO!

Só ainda não consegui decifrar se aqui a arte inspira a tecnologia ou a tecnologia inspira a arte.

Doutoradices…

Eu e o Rafael, hoje, via GTalk:

eu: vou clonar 2 enzimas e fazer o possível para conseguir os cristais

Rafael: vixi, mas cristalizar demora anos, nao?

eu: depende, de qualquer modo, a clonagem e expressão já me garantem; se o cristal não sair, paciência

Rafael: ah tah, era isso q tinham me dito… ninguem baseia um doc em cristalização de prot, pq é meio loteria

eu: se eu der sorte…

Rafael: como sorte nao é o forte de cientistas, melhor ter um plano B

eu: eu tenho B e até C, se tudo der errado consigo 2 papers hahahahahahahahahhahaa
se der 2 papers prá eu pegar os diplomas de mestre e de doutor já fico feliz… VDM

Rafael: vdm? é, eu vou sair no máximo com 3

eu: (vida de m#r%a)

Rafael: falta interação aqui no laboratório, pelo menos artigo um ja saiu

eu: ainda tenho 3 anos e muita coisa pode acontecer, pode vir mais colaboração, por exemplo, ou algumas coisas podem dar mais certo, sei lá… é muito cedo
mas o plano mínimo é esse que te falei agora… eu não devia dizer isso, mas não é possível que dê TUDO errado né

Rafael: tudo nao, mas comigo deu quase tudo errado hehehe… mas isso sou eu

eu: mas vc tem uma publicação, tá valendo… eu não tô nem perto ainda (por mais que minha chefe diga que estou)

Rafael: hahahah, que f$da essas historinhas

eu: ela fica pedindo “e o teu paper, escreveu? fica o dia inteiro no computador, deve ter escrito uns 3 já, cadê ele?” e eu respondo “profa. ainda estou terminando os experimentos que a senhora pediu”

Rafael: hahahaha

eu: aí diz “quero mandar o artigo em fevereiro/março/abril/maio/junho/julho/agosto quando eu sair da correria”, “a gente tem que mandar seu trabalho, tem que mandar, mandar, mandar”
e eu respondo “não tá prontooooooo”
hahahahah
o dia a dia é mais ou menos esse
daí ela viaja e na volta fala “cadê teu paper?”, daí eu respondo “sabe aquele experimento que a senhora pediu? fiz e não deu em nada”
“vamos mandar com esses resultados mesmo então, cadê o paper?”
“professora, ainda faltam os resultados, disso, disso e disso aqui…” hahahaha, é f#da

Rafael: hahahahaha
publica esse diálogo, tá muito engraçado…

Pois é, e esse diálogo engraçado pode ser resumido em uma imagem:

DoubleFacePalm.jpg

Tem coisa que só o doutorado faz por você…

Podcast do Scienceblogs Brasil: atacando outra mídia

radio_toaster_opt.jpgAqui está o link para o Dispersando, o podcast oficial do Scienceblogs Brasil.
Podcast, pra quem nunca ouviu a explicação que já é um clichê, nada mais é que um programa de rádio na internet. Você pode ouvir na hora ou baixar o arquivo para ouvir quando quiser.
Você pode se perguntar (ou não, mas eu me perguntei): Porque fazer um podcast se podem só escrever sobre qualquer assunto?
Além de ser mais dinâmico, o podcast possibilita a conversa informal, que pode ser bem mais interessante de acompanhar. E eu acho que as pessoas tem uma tendência a gostar de outras mídias mais “diretas”, ouvindo ou assistindo vídeos. Como os vídeos ainda não saem, saiu o som.
Já foram gravados 4 programas, dos quais já participei de 3. Já falamos sobre divulgação científica, o incêndio no Butantan, generalizações e o último sobre o humor na ciência.
Todos bem descontraidos e informativos.
Então, se quiser ouvir a bela voz deste que vos escreve, OUÇA O DISPERSANDO!!!

A doce vida na academia.

Não me contive, o quadrinho abaixo me fez rir por muito tempo por trazer à tona várias situações parecidas que já vivenciei em meus poucos anos de pesquisa.

Quem também está (ou esteve) na pós-graduação vai saber exatamente do que estou falando. Quem não souber e pensar em fazer parte desse meio, prepare-se para o que virá. A tradução do quadrinho está logo abaixo da imagem:

phd_rnam1.png

Professor: “Processe os dados usando o método X.”

Aluno: “Ahn, isso não vai funcionar, nós tentamos ano passado.”

Prof: “Verdade?”

Aluno: “É, lembra? Eu levei semanas nisso porque você insistiu que ia funcionar.”

Prof: “Humm…”

Aluno: “Devo tentar de novo?”

Prof: “Não,não. Isso seria um desperdício de esforço. Vou pedir para outro estudante fazer o que mandei.”

Aluno: “Eu… estou tranquilo em relação à isso, na verdade.”

Isso que é confiança, não acham?

E assim segue a maravilhosa vida acadêmica. Como diria o Átila, “podem entrar que a água da piscina está quentinha…”

Tem uma história parecida? Mande nos comentários!

Imagem: PHD Comics, do excelente Jorge Cham!

Dioxina: alguns esclarecimentos.

ResearchBlogging.orgPara não ter dúvida: dioxinas são tóxicas? Sim.

Afetam o desenvolvimento embrionário? Sim.

São produzidas quando aquecemos plásticos em microondas ou quando congelamos água em garrafas plásticas? Depende.

A utilização de plásticos próprios para aquecimento em microondas evita a formação desses compostos químicos, enquanto o congelamento de água nada tem a ver com a liberação de quaisquer substâncias tóxicas de recipientes plásticos.

Do começo: o que são as dioxinas?

1,4-dioxin-2D-skeletal.pngA dioxina na verdade é um composto orgânico de fórmula C4H4O2 que possui dois isômeros: 1,2-dioxina (ou o-dioxina) e a 1,4-dioxina
(ou p-dioxina, na imagem à direita). No entanto, a literatura científica utiliza o termo “dioxina” para se referir de
forma simplificada às dibenzodioxinas policloradas (PCDDs, imagem abaixo) como a
2,3,7,8-tetraclorodibenzodioxina (TCDD), a substância mais estudada por
seus efeitos tóxicos.PCDD_general_structure.pngParte dos problemas causados pela TCDD vem da sua interação com um receptor chamado AhR. O receptor afetado é translocado para o núcleo, onde é reconhecido por elementos chamados AhREs (por serem responsivos ao AhR) em vários genes diferentes. Essa atividade inicia diversas alterações transcricionais, de modo que os resultados das pesquisas envolvendo o AhR expandiram sua importância em múltiplos aspectos como o desenvolvimento embrionário, reprodução, imunidade inata e supressão tumoral.

Quem sentir falta de informações sobre os mecanismos, as duas referências que citei no final deste texto trazem revisões excelentes e atualíssimas sobre o tema, apesar de a química ser um pouco pesada.

Um caso famoso e recente.
Victor Yushchenko, candidato a
presidência da Ucrânia em 2004 ficou seriamente doente durante a corrida
presidencial no começo de Setembro. No diagnóstico, pancreatite aguda e
edemas relacionados a uma infecção viral e compostos químicos que não
são normalmente encontrados nos alimentos levaram o presidenciável a
afirmar que havia sido envenedado.

yushchenko.jpg

Yushchenko então reapareceu com o rosto
completamente desfigurado (foto abaixo) devido a cloracne ocasionada por
envenenamento por dioxina. A concentração de dioxina no sangue do
candidato encontrava-se 6000 vezes acima do normal. Apesar de polêmico, esse diagnóstico foi o mais aceito até então, e a premissa de envenenamento foi mantida.

E o microondas?

Existem várias mensagens na internet contra congelar água em garrafas de plástico ou cozinhar com plásticos no microondas. O caso da famosa mensagem que usa o Johns Hopkins como fonte de credulidade já foi desmentido pela instituição mais de uma vez.

As pesquisas atuais apontam que o congelamento de água não ocasiona a liberação de compostos químicos tóxicos de garrafas de plástico. No entanto, ao utilizar plásticos para cozimento no microondas é melhor seguir as recomendações do fabricante e certificar-se de que o recipiente plástico é próprio para este uso.

De qualquer modo, abaixo estão os símbolos que designam recipientes próprios para microondas e congelamento.

symbolfortableware.jpg

O departamento americano responsável pela segurança alimentar (FSIS) possui diretrizes eficazes para o cozimento de alimentos em microondas, mas como não encontrei nada parecido no Brasil, volto a recomendar: ao aquecer alimentos no microondas, utilize recipientes de vidro ou cerâmica apropriados.

Wells PG, Lee CJ, McCallum GP, Perstin J, & Harper PA (2010). Receptor- and reactive intermediate-mediated mechanisms of teratogenesis. Handbook of experimental pharmacology (196), 131-62 PMID: 20020262

FUJII-KURIYAMA, Y., & KAWAJIRI, K. (2010). Molecular mechanisms of the physiological functions of the aryl hydrocarbon (dioxin) receptor, a multifunctional regulator that senses and responds to environmental stimuli Proceedings of the Japan Academy, Series B, 86 (1), 40-53 DOI: 10.2183/pjab.86.40

Como um cientista vê o mundo

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Imagem de Abstruse Goose
Dica de @uoleo

Não que o modo do cientista ver o mundo seja melhor que o de outras pessoas, mas é um modo bem interessante, que aumenta a complexidade e variedade de pensamentos possíveis quando se vê uma imagem como a do coelhinho (e aumentar a diversidade sempre é bom). Claro que um filósofo, agricultor, dona de casa ou escritor terá também camadas de percepções, que provavelmente não serão equações, mas não deixam de ser complexas e diversas. Não me arrisco em dizer qual visão é melhor.
O pior é que não posso dizer que todos os cientistas veem o mundo assim. Aliás a maioria dos alunos de pós-graduação e alguns muitos professores-doutores parecem aplicar a visão científica apenas no trabalho. Sei que a última coisa que um bancário quer é pensar em trabalho quando acaba o expediente, mas o pensamento científico, e não o trabalho científico necessariamente, é algo que pode e deve ser aplicado no cotidiano.
Afinal pensamento crítico nunca é demais.

RNAm no Superpop. Será o fim do mundo?

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“Fim do mundo em 2012!? Que loucura! Nem eu acredito nisso!”


O RNAm, na pessoa de @Rafael_rnam, estará hoje (31/5/10) no programa Superpop, com Luciana Gimenez AO VIVO(!!!) às 22hs.
Falando sobre um assunto que é super-atual e super-a-nossa-praia: o fim do mundo em 2012!
Fomos contactados pela produção graças ao post de caça ao paraquedista. Esta blogagem coletiva do ScienceBlogs Brasil tinha como objetivo atrair pessoas desavisadas pela busca no Google. Como esse tema 2012 está tão em voga, escrevemos um título bem chamativo: O fim do mundo não será em 2012. Será em 2019
Este é um dos posts dos quais eu mais me orgulho, mas não fala nada da profecia maia!
Isso só prova que estagiários de televisão não leem, e que blogagens de caça a paraquedistas funcionam. E neste caso não foi um paraquedista, mas sim um zepelim hinderburguiano!
Agora é só tomar muito calmante e discutir os “argumentos” dos fatalistas lá no palco.