A nova corrida do ouro

 

A bordo do Nautilus, a fantástica máquina submersível criada por Julio Verne no livro Vinte mil léguas submarinas, o capitão Nemo relata ao professor Pierre Aronnax as riquezas que havia encontrado. No fundo do mar, diz, existem minas de zinco, ouro e prata cuja exploração seria possível. Ele mesmo só não se embrenhava nisso porque não precisava dos minérios, mas eles estavam ali, ao alcance de quem quisesse. Era a mente engenhosa de Verne, nos idos de 1870, mostrando-se mais uma vez capaz de antever avanços tecnológicos, como submarinos, arranha-céus e viagens espaciais.

No leito marinho de fato repousam diversos minerais valiosos, e o interesse por eles vem crescendo no mundo todo. Alguns até já são explorados no litoral de certos países, como é o caso dos diamantes na Namíbia, do ouro no Alasca (EUA), do calcário na França e da cassiterita (fonte de estanho) na Indonésia. E o tema “recursos minerais do mar” entrou na agenda estratégica de várias nações, tanto nas desenvolvidas como nas emergentes – Brasil inclusive.

Com a previsão de que muitos minerais em terra vão entrar em escassez nas próximas décadas, é certo que, cedo ou tarde, o mundo vai precisar das fontes marinhas. As iniciativas, porém, ainda são pontuais, tendo em conta a vastidão azul que recobre 71% da superfície do planeta. Com exceção de petróleo e gás, a exploração da maioria dos minerais marinhos precisa superar desafios científicos, tecnológicos e ambientais consideráveis, cuja complexidade aumenta quanto mais fundo ou longe da costa eles estiverem.

Por aqui, por exemplo, falta saber melhor a localização e o tamanho das jazidas, como a extração será feita em grande escala, a que custo e com quais impactos ao meio ambiente. As pesquisas, entretanto, já se encontram em estágio relativamente avançado, principalmente no que se refere a águas rasas.

Com uma extensão litorânea de fazer inveja a muitos países (7.491 km), o Brasil se lançou na pesquisa mineral marinha com certo atraso em relação até mesmo a outros emergentes como China, Índia e Rússia. Em compensação, avança com o fôlego turbinado pelos recentes avanços na exploração marítima de petróleo profundo.

Para encontrar as jazidas do pré-sal na Bacia de Santos, a Petrobras teve de fazer um extenso e detalhado escaneamento do fundo do oceano sob jurisdição nacional, gerando uma infinidade de dados sigilosos que só nos últimos anos começaram a ser compartilhados com outras instituições.

“O pré-sal foi muito positivo porque mostrou que há outros minérios no mar além do petróleo”, afirma Kaiser Gonçalves de Souza, chefe da divisão de geologia marinha da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), empresa do Ministério de Minas e Energia (MME). “Nós vivíamos de costas para o oceano”, diz o geólogo, que coordena projetos de pesquisa mineral marinha do governo, financiados com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), num total de R$ 18 milhões até o fim deste ano.

Continue lendo no pdf.

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM