Pokémon Acadêmico nº1

 

Ao som da Evolução Estelar

 

Imagem de Betelgeuse retirada do APOD: http://apod.nasa.gov/apod/ap100106.html

Uma história sobre chás

Do alto da montanha ainda era possível ver os últimos raios de sol. Mas na casinha que ficava em sua base, já era possível ver a iluminação interior através das janelas.

Um jovem bate na porta.
Um velho abre a porta.

– O que procura, meu jovem?
– Todos os velhos precisam falar dessa maneira?
– Sim, está no Regulamento dos Velhos Sábios da Montanha. Eu sou um profissional regulamentado. O que deseja, meu jovem?
– Bem, me disseram que o senhor sabe fazer desver.
– Desver?
– O que foi visto, não pode ser desvisto. Mas o que foi visto nem sempre é bom. Quero desver.
– Eu lamento, mas como você mesmo disse, o que foi visto não pode ser desvisto.
– E dessentir?
– Dessentir?
– O que eu vi me fez sentir, será que posso dessentir?
– Humm. Eu imagino que seja possível dessentir, mas será necessário um tratamento.
– Que tratamento?
– O tempo! Entre, vou lhe preparar um chá.

O chá dos velhos sábios de montanhas foi eleito por uma importante revista do ramo culinário como a mais nova melhor bebida da semana. Desde então, redes do ramo alimentício passaram a servir para seus clientes o chá, que por questões de registro de patente e direitos autorais, não poderia ser chamado de “chá do velho sábio da montanha”. As redes então utilizaram uma técnica mais milenar que qualquer sábio da montanha. Mudaram o nome do chá. Se uma rede se localizava em uma praia, chamavam de “chá do velho sábio da praia”, se estava localizada em um campo, chamavam de “chá do velho sábio do campo”, se fosse em uma rua qualquer, chamavam de “chá do velho sábio de uma rua qualquer”. Em Porto Alegre, os publicitários acharam melhor chamar somente de “chá”.

Os velhos sábios das montanhas, por outro lado, mudaram a fórmula do Chá.

– Garotas? – perguntou o velho.
– Não. Só chá já está bom. – respondeu o jovem.
– Quero saber se seu problemas é com garotas.
– E por qual outro motivo alguém procuraria um velho sábio da montanha?
– Bem, já vieram até mim por dinheiro…
– Dinheiro para ter garotas – interrompeu o jovem.
– Por saúde…
– Saúde para ter garotas – interrompeu o jovem.
– Pelo chá…
– Para oferecer para as garotas…
– Certo. Parece que você será um bom velho sábio quando envelhecer. – Concluiu o velho.
– Não quero envelhecer, só quero dessentir.
– O tempo, já lhe disse.
– Velho, se eu quisesse esperar até isso passar, não teria vindo até aqui pedir sua ajuda.
– Jovens… Quem falou em esperar? Eu falei em tempo. O tempo vai fazer com que você deixe de sentir.
– Não te entendo.

O grande problema que uma pessoa que não é um velho sábio da montanha tem, quando fala com um velho sábio da montanha, é entender a linguagem codificada. O grande problema que um velho sábio da montanha tem, quando fala com outro velho sábio da montanha, é entender a linguagem codificada. Muitos problemas foram criados por conta disso, sendo o maior deles, de acordo com uma revista especializada, a grande crise da receita de chá do velho sábio da montanha.

– Quando falei em tempo, não estava falando sobre esperar até o tempo curar seus sentimentos. Não precisa ser um velho sábio da montanha para dizer isso.
– Mas e então?
– Quando eu falei sobre tempo, falei sobre voltar no tempo…
– Eu posso voltar no tempo? – perguntou o jovem.
– É claro, basta beber aquele chá, mas saiba que essa é uma decisão que…..

Antes que o velho pudesse terminar a frase, o jovem já havia terminado o chá.

Algum tempo se passou desde então, e do alto da montanha ainda era possível ver os últimos raios de sol. Mas na casinha que ficava em sua base, já era possível ver a iluminação interior através das janelas.

O jovem bate na porta.
O velho abre a porta.

Ao cair da Noite

 

Nightfall
Quietly crept in and changed us all

Nightfall – Blind Guardian

Oficialmente, essa é a primeira postagem do Blog. Gosto de fazer postagens iniciais nos meus blogs, é como um cartão de apresentação, ou uma espécie de boas vindas tanto para aqueles que possivelmente venham a acompanhar as postagens, quanto para as próprias postagens futuras.
Então, Bem vindos a Magrathea; hora atual: anoitecer.
Espero escrever com frequencia, tratando sobre Ciência e pseudociência, sobre o cotidiano, sobre ficção científica e quem sabe publicar aqui algumas histórias interessantes…

A noite vem chegando, e temos um longo caminho para percorrer.