E eu teria conseguido se não fossem por aqueles garotos intrometidos e esse cachorro idiota!  

Nobel 2011, Melões e Balões

O Prêmio Nobel de Física em 2011 foi dividido entre Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess, pela descoberta da aceleração da expansão do Universo.

A expansão do Universo já era algo consolidado no meio científico, mas a descoberta de que essa expansão ocorre de forma acelerada, gerou surpresa entre os cosmólogos, no final da década de 90.

Marcou também o começo das pesquisas sobre Energia Escura, já que é necessária a sua existência para poder explicar essa aceleração da expansão, em contrapartida o que seria naturalmente esperado, a redução da velocidade de expansão, devido a atração gravitacional.

Alguns anos mais tarde, e em um Universo um pouco maior, estamos aqui vendo o reconhecimento ao trabalho desses três cientistas e seus colaboradores.

Segundo o Guia do Mochileiro das Galáxias a Wikipédia:

Melão (Cucumis melo L.) é uma fruta provavelmente nativa do Oriente Médio. Existem inúmeras variedades cultivadas em regiões semi-áridas de todo o mundo, todas apresentando frutos mais ou menos esféricos, com casca espessa e polpa carnosa e suculenta, com muitas sementes achatadas no centro. A cor e a textura da casca, bem como a cor e o sabor de sua polpa, variam de acordo com o cultivar.

A abundância de água em seu interior e o sabor suave tornam o melão uma fruta muito apreciada na forma de refrescos. Suas sementes, tostadas e salgadas, também podem ser consumidas.

Segundo algumas fontes, alternativas, um melão é constituído de cerca de 90% de água.

Para mim, não restam dúvidas, um melão é algo redondo, e cheio de água.

Mas, vejam só, no estranho Universo em que vivemos, algo que se chama melão pode não ser necessariamente um melão, e coisas redondas cheias de água também podem não ser necessariamente melões.

A ocorrência simultânea desses dois eventos é rara e potencialmente perigosa, mas ao mesmo tempo interessante, e você pode conferir no vídeo abaixo:

Como diz a Wikipedia o Guia do Mochileiro das Galáxias, o Universo é muito grande, e muito estranho, e se algum dia alguém descobrir porque ele está aqui e pra que serve, ele se destruirá e alguma coisa ainda mais estranha tomará o seu lugar.

Por mais que o Guia esteja certo (e ele sempre está), eu ainda não estou convencido de que o Universo é de fato um melão.

Existe um modelo muito divertido para explicar como a expansão do universo acontece. Basicamente, você pega um balão, desenha bolinas nele, representando galaxias (pode ser mais prático comprar aqueles balões com desenhos de estrelas. =P) e então, encha o balão. Conforme o balão vai inflando, sua superfície vai se expandir, e como consequência, as suas “galaxias” vão se afastar uma das outras. Praticamente um Universo.

Alguns podem não acreditar, mas eu já fui criança. Entre uma e outra brincadeira, aprendi que poderia me divertir atacando meus amigos com projéteis feitos de fluídos envoltos com borracha. Também conhecido como balões de água.

Qualquer pessoa pode construir um balão de água, simplesmente substituindo o tradicional ar, por água. Trivial, trivial. No fim das contas, você terá algo redondo e cheio de água. Mas não será um melão.

Se você quiser usar o balão para demonstrar para alguém a expansão do Universo, sugiro seguir os ensinamentos da nossa amiga Mulher Melão (que aparentemente não é redonda, embora tenha cerca 70% de água). Encha seus balões com água, veja a expansão acontecer, e no fim, você terá um Universo, redondo, cheio de água, e uma arma fatal contra seus amigos.

Onde está sua rapidez da luz agora?!

Eis que há pouco mais de uma semana: bomba, bomba, neutrinos viajando mais rápido que a velocidade da luz! Eu não sou tão rápido, então a postagem sobre esse interessante assunto só está saindo hoje. Mas se ainda assim você não estava sabendo, é interessante dar uma lida em alguns desses links antes de continuar:

http://astropt.org/blog/2011/09/22/mais-rapido-que-a-luz-3 (em português)
http://theastronomist.fieldofscience.com/2011/09/superluminal-claims-require-super.html (em inglês)

A regra é clara. Se algo que sai de um lugar e chega a outro, demora menos tempo para percorrer essa distância do que a luz teria demorado, então é possível assumir que esse algo foi mais rápido que a luz.

Viu a rapidez daquele neutrino?

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagine então que não existem mais radares para fiscalizar a rapidez dos veículos nas estradas. Você, ao sair, define um lugar onde quer chegar. E então, alguém mede o tempo que você levou para percorrer a viagem e calcular sua rapidez. Você poderia andar acima do limite em alguns trechos, porém, abaixo em outros, e chegar ao fim de sua viagem sem ser multado.

Os neutrinos chegaram antes do que havia sido estipulado pela Polícia Rodoviária do Universo.

E pode isso, Arnaldo?

“A Física não permite.”

 

 

 

 

 

 

Bem, ainda não se sabe, na verdade.

Podem haver erros de medição,  pode ser que eles realmente tenham viajado com rapidez acima da rapidez da luz, ou ainda, pode ser que eles não tenham percorrido certo trecho do espaço… ou outra coisa… ou não…

Então quer dizer que não preciso jogar meu GPS fora?

Eu não sei usar mesmo…

 

 

 

 

 

 

 

Afirmações de que a relatividade está errada, de que Einstein estava errado, e outra nesse sentido foram ditas e escritas por aí. Na verdade, toda a Teoria Científica é válida dentro de um determinado modelo, seguindo determinados parâmetros.

Mesmo que as evidências sugiram que os neutrinos de fato viajaram a uma rapidez superior à luz, isso não significa que a Relatividade proposta por Einstein esteja errada, da mesma forma que a Mecânica de Newton não estava errada quando a Relatividade de Einstein foi proposta.

São apenas modelos diferente que, a sua maneira, podem ser usados para descrever a natureza que está a nossa volta.

O GPS é apenas um exemplo de aplicação prática do que propõe a Teoria da Relatividade. E a menos que você seja um padre querendo voar com balões, sabe que os GPS’s estão funcionando, e muito bem. Mas supondo que a Teoria não seja mais válida, a ponto de não poder mais incluir os efeitos relativísticos usados no funcionamento dos GPS’s, então teríamos que procurar uma outra Teoria para explicar como é que eles estão funcionando. Não é como viajar com balões, mas é ainda é muito emocionante.

Cientistas não são contra a mudança ou adaptação de modelos teóricos. Pelo contrário, ser cientista é estar disposto a mudar de opinião diante de novas evidências. Mesmo que alguns estejam trabalhando em teorias opostas para explicar o comportamento medido pela equipe do CERN, estão todos entusiasmados.

O tempo dirá qual das hipóteses permanecerá como mais aceitável, enquanto isso, pegue sua pipoca, acomode-se na cadeira, e assista a História acontecendo diante de seus olhos.

Welcome… welcome…

Na ultima Quinta-Feira (29 de Setembro de 2011), a Improbable Research realizou a 21ª Cerimônia de Premiação do IgNobel. Sátira do famoso e prestigiado Nobel, o IgNobel homenageia pesquisas curiosas, que fazem rir e depois pensar.

Além da entrega dos prêmios, a cerimônia também conta com momentos engraçados, como o sorteio para um encontro com um laureado do Nobel, ou o desafio 24/7, onde os cientistas e pesquisadores tem 24 segundos para descrever de forma completa e técnica suas pesquisas, e ainda explica-la de uma forma que qualquer um possa entender, em apenas sete palavras.

Destaque especial para a Miss Sweetie Poo, uma adorável garotinha requisitada quando alguém estoura o tempo disponível para discurso. Miss Sweetie Poo invade o palco gritando “Por favor, pare, estou entediada”.

Tudo intercalado com uma divertida Opera sobre Químicos em um Café.

A lista completa dos vencedores e as respectivas referências podem ser encontradas no site oficial: http://www.improbable.com/ig/winners/#ig2011.

A Cerimônia está disponível na Integra, no YouTube. (a partir do minuto 25, se você não quiser ver as pessoas chegando…)