Ou será que estou errado?

O que eu faço na divulgação científica é tentar evitar uma ou outra baixa numa guerra perdida. Eu sei que não vou viver pra ver uma sociedade onde predomine uma cultura científica. Talvez ninguém, em qualquer tempo ou espaço, vá. E talvez, um dia, a extinção da nossa espécie acabe vindo justamente dessa falta de cultura científica.

Mas eu não deixo de achar espantoso como a falta de cultura científica, aliada com a falta de pensamento crítico, gera situações completamente irracionais.

Coisas como suicídios em massa em seitas e histerias coletivas, coisas como a proliferação de teorias conspiratórias, de lendas urbanas ou mitos populares… E coisas como invadir um importante instituto de pesquisas pra roubar animais e destruir tudo.

Uma das coisas que eu acho muito legal em Ciência, e que se une muito bem ao pensamento crítico, é aceitar e saber conviver com a ideia de que você pode estar errado.

Não somente na ação, mas também na repercussão (principalmente nos paratribuniais que se tornaram as redes sociais) nota-se que não há um puto sequer que se levanta, para, e pensa: “hey, e se por acaso eu estiver errado?”.

Não “errado” no sentido moral da coisa. Errado no sentido de: será que eu tenho conhecimento suficiente para fazer essa afirmação? Será que eu tenho evidências suficientemente boas para essa acusação? Será que isso que estou compartilhando na minha timeline é originado de uma fonte confiável? E se eu não estou bem informado, será que há uma forma de me informar melhor sobre isso e saber o que está acontecendo? Quando esse sujeito diz que eu posso estar enganado, será que ele pode estar certo? Será que ele possuí informações mais válidas que as minhas? Será que as evidências que ele apresenta são mais confiáveis que as minhas? POR MIL CARALHOS, SERÁ QUE ESTOU REALMENTE ERRADO?!?

Outra coisa legal da Ciência é a ideia da importância das perguntas. O Neil deGrasse Tyson falou disso no painel do Cosmos na ComicCon. O Guia do Mochileiro das Galáxias nos ensina o quanto uma pergunta pode nos impressionar mais que uma resposta.

Já dizia o Dwight, “antes de fazer alguma coisa eu me pergunto: um idiota faria isso? E se a resposta for sim, eu não faço”.

Tem muita gente fazendo coisas idiotas por aí. E talvez, um dia a extinção da nossa espécie acabe vindo justamente de uma ação idiota.

Apenas um cachorro em um experimento científico

Apenas um cachorro em um experimento científico