Mancada da Veja com índios, quilombolas e antropólogos

veja+veja.jpgA Veja precisa de mais veja

Semana braba esta viu! Primeiro descobri o plágio descarado da revista Época, depois a impossibilidade de comentar as reportagens da revista Time, e agora esta pérola da Veja.

Vi no Bule Voador e choquei. De cara se percebe uma reportagem descaradamente tendenciosa. Ataca índio, quilombola, o Lula, e os antropólogos. Índio e Lula tudo bem, porque estão acostumados (brincadeira), mas antropólogo não!

Aqui você pode ler a Veja (página 154)

Aqui uns trechos da carta da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), com o apoio da Sociedade Brasileira para o Pregresso da Ciência (SBPC) que é a entidade que representa os cientistas no Brasil:

Via Jornal da CIência

Subtítulos como “os novos canibais”, “macumbeiros de cocar”, “teatrinho na praia”, “made in Paraguai”, “os carambolas”, explicitam o desprezo e o preconceito com que foram tratadas tais pessoas. Enquanto nas criticas aos antropólogos raramente são mencionados nomes (possivelmente para não gerar demandas por direito de resposta), para os indígenas o tratamento ultrajante é na maioria das vezes individualizado e a pessoa agredida abertamente identificada. Algumas vezes até isto vem acompanhado de foto.
A linguagem utilizada é unicamente acusatória, servindo-se extensamente da chacota, da difamação e do desrespeito.

As diversas situações abordadas foram tratadas com extrema superficialidade, as descrições de fatos assim como a colocação de adjetivos ocorreram sempre de modo totalmente genérico e descontextualizado, sem qualquer indicação de fontes. Um dos antropólogos citado como supostamente endossando o ponto de vista dos autores da reportagem afirmou taxativamente que não concorda e jamais disse o que a revista lhe atribuiu, considerando a matéria “repugnante”. O outro, que foi presidente da Funai por 4 anos, critica duramente a matéria e destaca igualmente que a citação dele feita corresponde a “uma frase impronunciada” e de “sentido desvirtuante” de sua própria visão. Como comenta ironicamente o jornalista Luciano Martins Costa, na edição de 03-05-2010 do Observatório da Imprensa, “Veja acaba de inventar a reserva de frases manipuladas”.

(…)uma reportagem intitulada “Os Falsos Índios”, publicada em 29 de março de 2006, defendendo claramente os interesses das grandes mineradoras e empresas hidroelétricas em terras indígenas, inverteu de maneira grosseira as declarações do antropólogo (pg. 87). Apesar dos insistentes pedidos do antropólogo para retificação, sua carta de esclarecimento jamais foi publicada pela revista. O autor da entrevista não publicada e da reportagem era o Sr. Leonardo Coutinho, um dos autores da matéria divulgada na última semana pelo mesmo meio de comunicação.

E por aí vai.
 
A SBPC, e outras associações representantes de classes científicas, tem o dever de não só defender seus filiados mas também de discutir assuntos ligados aos seus ramos de especialização, tanto no nível da mídia, quanto politicamente e socialmente.

Bom, mas não preciso dizer que se deve ler estas revistas, principalmente a Veja, com os dois pés atrás.
Aliás, peço que leiam também este blog que vos escreve agora com os dois pés atrás (dois ou mais em caso de leitor não-humano, vai saber) porque não? Afinal é o pensamento crítico (característica que eu muito admiro da ciência) que permite a discussão saudável em qualquer âmbito.

Evolução da consciência e direito animal – o debate

consciencia animal.jpg

Primata admirando seu reflexo

Aconteceu em São Paulo, na Livraria Cultura, dia 3 de maio de 2010, a palestra “Evolução da consciência e direito animal”. Consciência por si só já é o assunto mais espinhoso e difícil de debater, afinal sobram, e por isso mesmo faltam, definições só pra poder começar a conversa. E misturar a isto “direito animal”, é a mesma coisa que juntar nitroglicerina e um moleque do interior em época de festa junina. “Será que explode?!”
Organizada pelo escritório de advocacia do advogado Rubens Naves [adendo -difícil chamar advogado de doutor. Para mim doutor é quem tem doutorado, mas parece que D. Pedro Segundo estipulou o tal título para bacharéis em direito e eles adoram jogar isto na nossa cara], teve a presença ilustre de Cesar Ades, psicólogo que trabalha com etologia ou comportamento animal e o cientista mais gente boa dos trópicos; Sidarta Ribeiro, famoso neurocientista que foi o braço direito do mais famoso Nicolelis; eu (Zé ninguém) e mais uma porção de pessoas interessantes, alguns amigos e outros nem tanto; e um grupo organizado de um instituto de proteção dos animais.
(veja o prospecto com mais sobre os participantes aqui)
Tudo começou com uma explicação de porque raios um “adEvogado” tem que se meter em assuntos de animais. Naves já avisou que o escritório tem atuado em algumas causas relativas a direitos animais, e citou outros casos emblemáticos como a farra do boi no Paraná e problemas de saúde pública, as sempre presentes zoonoses. Ou seja, o direito tem q estar atento ao assunto sim.
Chegou a hora do bom velhinho falar, Cesar Ades. Como sempre cativou todo mundo com seu jeito moleque e deslumbrado perante a natureza e o comportamento animal. Lembrou que os animais sempre nos acompanharam durante nossa evolução, e que a própria definição do que é ser humano vem mudando conforme vai se entendendo mais o animal. E ele deu aqui vários exemplos de o quanto animais podem se sobressair em relação a nós, com chimpanzés mais rápidos que estudantes universitários [nenhuma novidade aqui], e até corvos resolvendo problemas que uma criança de 5 anos não resolveria [confesso que mesmo este blogueiro não teria resolvido a parada].
Veio então Sidarta tentar buscar as diferenças entre animais humanos e não-humanos. Tamanho de cérebro? Não, golfinhos e baleias tem cérebros maiores e passarinhos com cérebros minúsculos fazem coisas incríveis.
Comunicação? Não também. Animais conversam entre sim das mais diversas e sofisticadas formas.
Capacidade de entender símbolos? Hum…não. Macacos e pássaros podem entender símbolos se forem acostumados a tal.
Então por que “coisificamos”, ou utilizamos os animais como coisas? Bom, isso foi vantajoso pois foi o que nos trouxe até aqui: evoluimos puxados à charrete e comendo um bom bife. E além do mais fazemos a mesma coisificação com os próprios homens, como em Auschwitz. Sidarta conclui que não estaríamos aqui sem nos utilizar de animais (e homens), e que o problema do direito animal toca também o direito humano.
Começa o quebra-pau
Foi então que esquentou. As perguntas começaram inocentes, mas o grupo de proteção animal ficou com uma comichão na cadeira, se remexendo e falando alto. Deu pra perceber o nervosismo antes mesmo de eu entender que aquele grupo estava junto e sob a mesma causa.
Algumas coisas desse grupo me irritaram:
Acusaram o Sidarta de ter usado de ironia na apresentação para sacanear os defensores de animais que ele supostamente sabia que estariam lá. – Não procede. Não houve cinismo e acho que esse pessoal foi com pedras na mão. A atitude deixou isso mais claro.
Não argumentaram, só atacaram. Um dos adEvogados do grupo de defensores usou o brilhante e inédito argumento “e se fosse você sendo torturado para pesquisa em lugar do rato”, o que eu acho bem infantil para um doutor em direito.
Aí a coisa descambou. O Sidarta disse que fato é que mata animais profissionalmente, apesar de não gostar disso e compensar o fato dando um fim maior ao que faz, e enfatizando que a sociedade como um todo, democraticamente, lhe deu este direito.
Perguntou até quem mais matava animais profissionalmente e eu tive que levantar a mão, né (veja aqui o porquê).
[Se bem que se pensarmos bem, profissão é o que se faz por necessidade, se comemos por necessidade, todo mundo que come algum animal está matando profissionalmente, mas esse não foi o ponto levantado]
Na saída da palestra o grupo, que descobri ser do Instituto Nina Rosa, distribuiu CDs com um documentário sobre experimentação animal, que eu prometo assistir e contar pra você.
E é isso, meu amigo. Peço mais serenidade neste tipo de debate.
E para não pensarem que sou tendencioso, afinal eu uso animais no laboratório, veja aqui um relato do debate de uma advogada (o único comentários que achei sobre o debate até agora, inclusive olhando no site do Instituto Nina Rosa).

Plágio da revista Época e mordaça da revista Time.

Compare aqui a imagem da revista Época:plagio epoca.png

E a reportagem da revista TIME:
plastico time.jpg

Desenho bem parecidinho, não? E não é só o desenho não. Se você leu a reportagem e o infográfico verá que o conteúdo foi todo kibado (copiado na cara dura sem citar referência).

O impressionante é que este post, que seria para chamar a atenção da Época (mais uma vez) e fazer da Time uma vítima, acabou virando contra o feiticeiro.
Na Época eu pude mandar um comentário pedindo explicações do ocorrido. Já na Time, o link Contact Us leva para a área de registro de assinantes. Ou seja, não posso comentar ou mesmo avisar que estão plagiando o conteúdo da revista se eu não for assinante!

Azar o deles.

Ainda bem que a internet transmitiu grande parte da responsabilidade da informação ao leitor, que deve estar sempre alerta e preparado. É o preço da liberdade, a eterna vigilância. Melhor assim.

Greve na USP matará meus animais?!

greve11.jpgNão que a culpa seja dos funcionários da USP, que por um lado foram apunhalados pelas costas (até onde sei aboliram o RH do Instituto de Biociências e eles perderam plano de carreira e outras confusões), mas o que meus ratos tem a ver com isso eu não sei.
Contarei a história e você será o juiz.
camundongo sem pelo.jpgVou eu para a USP cuidar de meus ratinhos como faço duas vezes toda semana. Na verdade são camundongos pelados sem sistema imune, mas não entremos em detalhes agora.
Como eles não tem sistema imune, a água e a comida tem que ser esterilizadas, o que é feito numa mega panela de pressão chamada autoclave.
A autoclave do laboratório onde crio os bichinhos está quebrada a meses, já que o funcionário não tem tempo de consertar – erro 1. Então estou usando a autoclave geral, que só pode ser operada pelos funcionários do andar – erro 2.
Para minha agradável surpresa, tais funcionários estão em greve e não podem esterilizar a água dos meus ratos – erro fatal!
É aí que o pug torce o rabo: Eu vou passar o fim de semana do dia das mães inteiro sem saber como conseguir água para meus filhotes da próxima vez.
Calcule cada coisa com que os pesquisadores tem que se preocupar, além da pesquisa, é claro.
PS: Conte você também seu caso aqui nos comentários ou no twitter usando a tag #divãdapós

Os três erros da ciência

isaac newton e laplace.jpg

Newton (esq.) e Laplace (dir.)

“Graças a três erros – A ciência foi promovida nos últimos séculos, em parte porque com ela e mediante ela se esperava compreender melhor a bondade e a sabedoria divina – o motivo principal na alma dos grandes ingleses (como Newton) -, em parte porque se acreditava na absoluta utilidade do conhecimento, sobretudo na íntima ligação de moral, saber e felicidade – o motivo principal na alma dos grandes franceses (como Voltaire) -, em parte porque na ciência pensava-se ter e amar algo desinteressado, inócuo, bastante a si mesmo, verdadeiramente inocente, no qual os impulsos maus dos homens não teriam participação – o motivo principal na alma de Espinosa, que, como homem do conhecimento, sentia-se divino:- graças a três erros, portanto.”

– F. Nietzsche, A Gaia Ciência

Trocando em miúdos (mesmo que tenha ficado bem claro e direto, mas repito para confirmar se eu mesmo entendi direito):
Na época de Newton, esperava-se com a ciência desvendar o ‘pensamento de Deus’; já na época de Voltaire esperava-se da ciência uma base sólida para pautar melhor a moral e a felicidade; e na de Espinosa a ciência poderia achar algo puro, intocado pelo homem.
Do “erro de Newton” queria falar algo que me veio à mente. Seu quase contemporâneo, Laplace, que foi também um grande gênio, não se preocupava muito com o pensamento de Deus não. Veja esta historinha fantástica de Laplace (via Wikipedia):

Laplace foi ao estado para implorar para Napoleão aceitar uma cópia de seu trabalho, que havia escutado que o livro não continha menção a Deus; Napoleão, que era fã de propor perguntas desconcertantes, recebeu-o com o comentário, “M. Laplace, me disseram que você escreveu este grande livro sobre o sistema do universo e jamais sequer mencionou seu Criador.”
Laplace levantou-se e respondeu rispidamente, “Eu não precisei fazer tal suposição”.
Napoleão, que apreciou a resposta, a contou a Lagrange, que exclamou, “Ah! essa é uma bela suposição; ela explica muitas coisas”, ao que Laplace então declarou: “Esta hipótese, Majestade, realmente explica tudo, mas não permite predizer nada. Como um estudioso, eu devo fornecer a você trabalhos que permitam predições”. Laplace, então, definiu a ciência como uma ferramenta de predição.

Adoro essa resposta.

Genoma do câncer é a melhor abordagem?

mapa cancer.jpg

Mapa da Nature com os programas integrados de genoma do câncer

O câncer é uma doença causada por mutações no DNA, certo? Só que as mutações podem ser várias e em diversos genes diferentes em cada caso. Como saber quais genes que geraram um tipo de câncer?
Simples, é só pegar uma amostra do tumor e outra de tecido normal do mesmo paciente, e seqüenciar os dois. Comparando tumor e tecido normal você vai saber quais genes sofreram mutação nesta pessoa. Teríamos assim o genoma de um tumor.
E se juntássemos vários casos do mesmo tipo de tumor e seqüenciássemos, poderíamos achar as mutações mais comuns para aquele tipo de tumor e descobrir novos tratamentos específicos pra cada.
Simples mas não fácil. E nada barato. Seqüenciamento é uma coisa bem cara, e leva certo tempo.
Por isso até hoje temos apenas 75 genomas de câncer publicados, e nem todos completos.
Outro problema é que esses genomas todos q vêm sendo feitos, desde o humano até as bactérias, passando até pelo ornitorrinco, não têm gerado impactos diretos na qualidade de vida humana. Quem trabalha com evolução molecular adora genomas, mas em medicina, para encontrar um tratamento diretamente e totalmente derivado desses seqüenciamentos está meio difícil.
E com tumores vai ser mais difícil, pois alguns genes mutados iniciam o processo, deixando a célula mais vulnerável a erros e novas mutações. Como saber se essas últimas mutações são tão importantes quanto as primeiras? E existe mesmo um padrão nelas se comparadas com outros tumores?
Resumindo, ter o genoma é simples, mas analisá-lo e tirar um tratamento disso é que complica. Afinal, a quantidade de genomas seqüenciados para dar mais confiança, em alguns casos, deve ser de mil ou mais! Isso é muito esforço e muito dinheiro. Além disso, estes resultados são apenas números num computador. Testes funcionais, em células e animais, devem ser conduzidos para confirmar o papel das dicas dadas pelos seqüenciamentos.
Pior é que agora muita pesquisa boa está se voltando ao metabolismo do tumor, não só ao seu DNA. Se esta proposta começar a gerar mais resultados aí que eu quero ver.
Fato é que esta abordagem de seqüenciamento em larga escala não é um consenso. Sim, por mais incrível que pareça existem cientistas bons que não gostam de sequenciamento de genoma. Eles acham que outras abordagens têm melhor custo-benefício.
Enquanto isto eu só espero que o Brasil tenha dinheiro suficiente para pelo menos usar a tecnologia e os tratamentos que JÁ existem e não chegam a todos.

Pombas de mochila

pomba mochila gps.JPGVejam se não é a coisa mais fôfa! Ou pelo menos o mais próximo de fôfo que um bicho nojento como uma pomba pode ser.
Uma pomba de mochila e fazendo pose!

Mas pra que raios pesquisadores puseram mochilas em pombas? É que as mochilas levam um aparelinho de GPS, e assim eles podem rastrear a dinâmica das pombas enquanto elas voam em bandos.

Isso tudo pra responder perguntas intrigantes (mesmo que pra gente pareçam inúteis): porquê um bando de pombos muda de direção de repente? E porquê ele de repente pára e pousa ao mesmo tempo no mesmo lugar? Ou mesmo sem motivo aparente ele levanta vôo?

Esse estudo mostrou que existe uma hierarquia, e os integrantes do bando seguem o mestre. Mas essa dinâmica é complexa, com trocas de liderança durante o vôo e etc.

Mostrou também que os pombos que seguem não fazem isso por reflexo, mas ponderam e escollhem seguir o lider do momento. Isso porque a resposta na mudança de direção não é tão rápida como se fosse por reflexo, parece que rola uma pensadinha antes de mudar.

Outra coisa que essa sim me intrigou: Os animais menos graduados no grupo ficam sempre pra trás e a direita do líder, e parece que isto tem a ver com o cérebro dos pombos que, parecido com o nosso, tem o lado direito responsável pelas relações sociais. Como o lado direito do cérebro “vê” pelo olho esquerdo (também trocado como o nosso), os pombos menos ranqueados preferem ver os chefes como olho que está mais atento a sinais sociais. Que loucura!

Vi no Science Now

ResearchBlogging.org

Nagy M, Akos Z, Biro D, & Vicsek T (2010). Hierarchical group dynamics in pigeon flocks. Nature, 464 (7290), 890-3 PMID: 20376149

Mal-humorados são mais inteligentes

al bundy.jpgO ícone do mal-humor Al Bundy dizendo “Arrumem um cérebro, iNdiotas”

Olha, não tô com saco pra escrever. Tudo dá errado, estou cercado de idiotas e o mundo é uma droga!

Escrevo para aliviar a tensão, e não para ensinar esta turba ignóbil que me lê.
Só informo que descobriram que o mau-humor deixa as pessoas mais inteligentes, melhorando a capacidade de julgar os outros (entre mais ou menos idiotas) , e também aumentando a memória, o que os tornaria mais prudentes (nunca confie nos idiotas).

Por outro lado, as florzinhas felizes seriam mais criativas. RÁ, que lindinhos (idiotas).

“Nossa pesquisa sugere que a tristeza melhora as estratégias para processar a informação em situações difíceis”, é o que diz Joseph Forgas, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney.
 
Forgas ressaltou que as pessoas com um estado de ânimo mais decaído possuem maior capacidade de argumentar suas opiniões por escrito, pelo que concluiu que “não é bom estar sempre de bom humor”.

Ah e o que esse cara sabe? Primeiro que esta última frase eu não entendi: “pelo que concluiu que não é bom estar sempre de bom humor”. Acabou de falar que é bom pra tudo e conclui que não é bom? Má escrita essa frase hein.

Segundo que a notícia eu vi na Folha e na Veja, que compraram da EFE + Reuters, citando um programa de rádio da BBC, citando a revista Australasian Science que não é uma revista científica, como foi dito, mas sim uma revista SOBRE ciência, o que é bem diferente.

Ou seja, mais um telefone sem-fio jornalístico, o que me deixa muito fulo da vida. -Aliás, parabéns para os jornalistas neste seu dia. Fica aqui esta homenagem.

E para o azar das frutinhas felizes que se acham mais criativas que as pessoas que carregam suas nuvens negras sobre a cabeça, saibam que se os mau-humorados forem loucos eles também podem ser mais criativos:

Isto porque uma proteína ligada ao desenvolvimento do cérebro, quando tem uma alteração, aumenta o risco de esquizofrenia. Mas em algumas pessoas ela pode estar aumentando a criatividade! (veja aqui)

Prefiro ser um mal-humorado louco, então.

Donos de gatos são mais educados

Thumbnail image for gato inteligente.jpg
ResearchBlogging.orgA gente tem uma tendência bem comum de separar tudo em duas categorias pra classificar as pessoas, como se tudo pudesse ser dividido em duas posições ou gostos quase sempre antagônicos: desde os clássicos como bons ou maus, pecadores ou santos, vinho ou cerveja e homens ou ratos; até os mais contemporâneos, como corinthian ou os outros, Jonh Lennon ou Paul Mccartney, coca ou pepsi, etc.

Vou focar em uma dessas dualidades bem intuitívas: quem ama cães ou ama gatos.
Normalmente esse povo não se mistura mesmo. Não estou dizendo que não tenha quem goste dos dois, mas gostar não é amar. Quem AMA um geralemente não AMA o outro.
Talvez isto tenha a ver com a personalidade das espécies e dos donos.

Mas é agora que o pug torce o rabo: Em uma pesquisa no Reino Unido, donos de gatos são mais educados que donos de cães!

Calma, por que esta frase pode ter várias interpretações. Mas eu já explico.

Não é que os donos dos totós comem de boca aberta ou enfiam o dedo no nariz em público. Nem é o fato de largarem montículos de esterco por onde passam com suas crias (se bem que isto é um fato, mas não quer dizer que se gatos gostassem de coleiras seus donos não fariam o mesmo).

É simplesmente que os donos de gatos têm maior grau de escolaridade que os donos de cães. E isso também não quer dizer que eles seja mais inteligentes! Q.I. não é diretamente ligado a escolaridade, lembre-se sempre disso.

gata-comendo-cacto.jpgUma das explicações é que quem faz faculdade ou pós-graudação tem menos tempo de cuidar de coisas que demandam comida, carinho e cuidado, tais como cães, samambaias e namoradas.
Já gatos vivem por si só, e na falta de comida comem cactos. Hábito este que já demonstra o quanto que esses bichanos durões comedores de espinhos exigem de carinho: ZERO!
Não que não gostem, mas não PRECISAM dele como os totós (e as namoradas).

Só uma coisinha, pra não deixar os donos de bichanos tão excitados consigo mesmos: Gatos são menos inteligentes que cães segundo um estudo que mostrou que mesmo depois de ver a comida ligada a uma cordinha eles não conseguiam entender qual cordinha puxar para ganhar a comida. Os cães fazem isso. Se bem que eles se saem melhor que chimpanzés em alguns casos, então tudo isso de inteligência é muito relativo.

Bom, voltando às dualidades, fico na categoria dos que gostam de uma ‘impossível’ terceira opção: kuat, vodka, George e tenho um gerbil.

Fonte: Telegraph

Murray JK, Browne WJ, Roberts MA, Whitmarsh A, & Gruffydd-Jones TJ (2010). Number and ownership profiles of cats and dogs in the UK. The Veterinary record, 166 (6), 163-8 PMID: 20139379

Para saber sobre a domesticação (ou não) dos gatos veja no ótimo blog Sinantrópica

PS 1: Quando eu escrevo “a gente” ou “nós” estou usando do estilo para me posicionar mais próximo do leitor. Além disso estou considerando que estou sendo lido por outro ser humano, o que, é claro, pode não ser totalmente verdade (sim, eu sou um ser humano para quem tinha dúvidas). Mas se for humano o suficiente para entender o bom e velho português, tão maltratado por mim, já me vale.

PS 2: Eu não copiei o começo do texto de onde tirei a imagem do topo do post. Isso foi só uma prova de que Campos Mórficos existem ou da minha total falta de criatividade.

Faça a NASA pagar um pau com materiais da sua própria cozinha!

Da BBC Brasil

O cientista amador britânico Robert Harrison tirou fotografias da curvatura da Terra que impressionaram até os técnicos da Nasa (agência espacial americana).
Harrison usou uma câmera barata, que lançou ao céu dentro de uma caixa de isopor amarrada a um balão. Um dispositivo eletrônico ajudou o entusiasta de astronomia a localizar a câmera.
Com a altitude, o balão estourou e Harrison recuperou a câmera e as fotos.
Ele disse que o projeto custou o equivalente a US$ 700.

Muito bacana! quando eu tiver 700 pilas sobrando eu vou fazer isso também! O problema é encontrar a câmera de novo. Principalmente se ela cair na Coréia do Norte. Ou na Rocinha, Em ambas seria a mesma dificuldade para recuperar.
Tá aí. Mandar um dispositivo pra Coréia do Norte e ver o que existe lá, seria um experimento científico e tanto, sendo lá mais inacessível que uma fossa abissal.
O problema é o risco do dispositivo ocidental caindo lá gerar uma guerra nuclear.
Se bem que “aparelho OCIDENTAL” nada, a câmera seria chinesa mesmo!
E agora que caí em mim: a China proibiu o Google lá, mesmo sendo todos os servidores da Google produzidos lá.
Ah o mundo globalizado.
PS. desculpem o brainstorm.

Agradeço a amiga Ana esta graça indicada