Pouso na lua

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A lua é, no fim das contas, um bom lugar para o homem. Um sexto da gravidade deve ser muito divertido, e quando Armstrong e Aldrin se lançaram à sua animada dancinha, como duas crianças felizes, não foi apenas um momento de triunfo, mas também de alegria. A lua, em compensação, é um lugar ruim para bandeiras. A nossa parecia dura e esquisita, tentando flutuar na brisa que não sopra. (Deve haver uma lição aí, em algum lugar.) É claro que faz parte da tradição dos exploradores fincar uma bandeira no solo, porém, enquanto assistíamos com reverência, admiração e orgulho, percebemos que nossos dois amigos eram homens universais, e não de uma só pátria, e deviam ter se equipado de acordo. À maneira de todos os grandes rios e mares, a lua pertence a todos e a ninguém. Ainda traz o segredo da loucura, ainda controla as marés que banham as praias de todo o mundo, ainda vigia os amantes que se beijam por toda parte, debaixo de bandeira nenhuma, somente do céu. É uma pena que, em nosso momento de triunfo, não tenhamos renegado a famosa cena de Iwo Jima e, em vez disso, plantado um emblema comum a todos: um lenço branco e frouxo, talvez, símbolo do resfriado normal que, como a lua, afeta a todos nós.

E. B. White, revista The New Yorker, 26.07.1969 (via revista Serrote número 2)

Discussão - 3 comentários

  1. maria disse:

    também adorei esse texto.
    fiquei agora olhando a bandeira que você pôs: como é o sistema, tem uma vareta horizontal que funciona como um varalzinho? parece uma cortina de banheiro.

  2. Mori disse:

    Excelente...
    Kennedy propôs a Kruschev uma missão conjunta à Lua, o que Kruschev aceitou depois de relutar inicialmente. Foram feitas sugestões meio sérias meio a brincadeiras de um casal, de um americano e uma soviética (ou vice-versa) serem os primeiros a pisar por lá.
    Teria sido lindo, uma história toda diferente.
    Infelizmente, duas semanas depois de Kruschev sinalizar positivamente à proposta, Kennedy foi assassinado. Lyndon Johnson era completamente contrário à idéia.
    E nem falemos de Nixon.

  3. Muito bem observado, Maria.(A propósito, estava lendo um ótimo artigo na Serrote e no fim descobri que foi traduzido por você. O mundo é uma ervilha 🙂

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