Arqueoficção

lascaux300.jpgComo vocês podem ver pelo post acima, estou precisando MUITO me animar, então resolvi relembrar glórias passadas. Como coincidentemente elas são on-topic, ei-las aqui. Provavelmente o pessoal que visita o ScienceBlogs não conhece um pequeno conto de arqueoficção científica (vocês já vão entender) que eu publiquei na seção Futures, da revista Nature, alguns anos atrás. Apreciaria os comentários de todos a respeito, seja do ponto de vista científico, seja do literário. Aqui vai. O conto original e seu PDF podem ser encontrados neste link.
————-
Gathering of the clans – Get in touch with your past
You could see the pavilions for miles around in the bright summer morning. Only a little less conspicuous was the line of people moving slowly towards two signposts. “Got your marker ready? This way, please,” said one. “First time? Come and shed your blood,” informed the other. And above them, a bigger signpost shouted in fake-Celtic letters: “Welcome to the 5th GATHERING OF THE CLANS!”
The enthusiasm was almost palpable — or was it the smell of sweat? — except for a tiny segment of the line where a group of friends was arguing. They seemed to be having a hard time convincing one of them that yes, despite the evidence, this was going to be cool.
“Don’t be such a baby, Pat. It’ll be fun.”
“And I still say it’s gonna be ludicrous. And I hate needles. Do you really think they’ll use a different one for every single person in this crowd?”
“You sound like a sissy. It’s just a drop, for goodness sake! You know how efficient those sequencers are nowadays. They read the bases, tell you who was your great-great-great-grandpa of a couple of thousand years ago and that’s it — you’re free to drink mead and get the chicks.”
“Yeah, Pat, what’s wrong with that? After all, we’re just connecting with our past, buddy. Thought you appreciated that.”
“Look, I’m as likely to engage in hero-worship as anyone. It’s the impersonality of it that bothers me. There was certainly a point in us claiming descent from Hengist and Horsa. Those guys at least had a story — they cut Finn and his gang to pieces and conquered Britain. Been there, done that. People can connect with that kind of stuff. But now you’re asking me to worship a DNA sequence. No sir — I’d rather go drink mead with old Hengist in Valhalla.”
Soon they were right in front of the gates, where a stout fellow in white was grinning at Pat — everyone, of course, had made sure he was the first to get in.
“Alright, mate, what’s it gonna be? Mt? Y? Autosomal markers?”
Pat sighed. “Whatever. Surprise me.”
Very carefully, his thumb was pierced. Ten seconds later, a robotic voice that seemed to be suffering from a dreadful case of personality emulation (of the irritatingly happy sort) announced: “Congratulations! Your mtDNA has been assigned to the V haplogroup, fairly common in western and northern Europe, where it originated right after the Last Glacial Maximum! Your people were probably among the earliest and greatest artists the human race has known, creating those fine murals of extinct megafauna in Altamira and Lascaux. Way to go!”
“Thrilling,” growled Pat. “Can I go now?”
“Hang on a sec,” said the gatekeeper, “you need your totem!” He gave Pat a little plastic horse that looked like a poor imitation of the ones from Lascaux. Pat sighed still louder, grabbed the horse and moved on.
“Hey, what’s wrong with Marvin there?” asked the gatekeeper.
“Oh, the usual thing. Don’t talk to him about life,” answered his friends, laughing.
The Gathering seemed to confirm Pat’s worst fears. In one corner, somebody dressed as a Mongol warrior was calling “all Star-Cluster kids under ten” to learn how to shoot with a composite bow, just like Grandpa Genghis. A few yards away, some French families were being instructed in the minutiae of cannibalism among the Tupinambá tribes of Brazil — it turned out a young chief from that nation had married the daughter of a Norman trader in the sixteenth century. Elsewhere, a rabbi was always ready in case you found out your chromosomes were Jewish and wanted an impromptu bar mitzvah.
Pat wandered miserably until he spotted a girl with long black hair who also seemed to be walking alone. Predictably, he was happy to inflict on her (Vera was the name, and she was from the Basque Country in Spain) all the talk about how ridiculous the whole Gathering concept was. Vera seemed to dig his grumpy-old-man charm, but didn’t quite agree.
“I think everyone is aware of that stuff,” she said. “But think of it for a second. Isn’t it wonderful that all these different people are learning about a past that seems plain legend but is written in our blood? Besides, look at the scale of it. We used to think in terms of two or three generations at most. Now you can look back thousands of years and still recognize yourself.”
Pat was still unconvinced. “I see what you mean. But I don’t know quite how to feel about it. You see, I…Whoa!”
They had wandered to the very heart of the Gathering and were right in front of an awesome panel. Picture the largest family tree you have ever seen, hundreds of feet across. There was a huge ‘YOU ARE HERE’ on the right side, and all the lineages of men (well, of women, actually, because it was an mtDNA family tree) ramified from ‘EVE’ on the left, crowned with their achievements, from the Internet to, yes, the horses of Lascaux.
“Well, I don’t think you can argue with that,” muttered Pat.
“I guess you can’t,” smiled Vera.
“You didn’t tell me what your clan was,” he asked.
“Oh,” said Vera, “here it is.” She showed him a plastic horse.
It was only his imagination, but he could almost see Vera in a different guise altogether. She was clad warmly in fur, and in ochre the most fantastic designs graced her white skin. She raised a torch and, for a split second, all the beasts of the Ice Age danced in the rock roof. There was only one thing to do: he kissed the apparition.
“You don’t think that counts as incest, do you?” joked Pat. She laughed.

Exército de um homem só

Rápida nota pessoal, mas on-topic, antes de voltarmos a posts mais suculentos: neste momento eu sou a única pessoa que restou na editoria de Ciência e Saúde do G1. Meu chefe (e um de meus melhores amigos) acaba de ser demitido.
Sabe aquela crise do jornalismo científico mundial? Aquela que está quase deixando todo mundo out of business? Pois é. A água acaba de bater por aqui…
São Marcus Brody, orai por nós!

Rohan e Gondor

runasvarangianas.jpg“Sveinn e Ulfr ergueram esta pedra em memória de Halfdan e em memória de Gunnar, seus irmãos. Eles encontraram seu fim no Oriente.” Bem-vindos à história sangrenta e romântica da Guarda Varangiana, os vikings que viraram os guerreiros mais fiéis do Império Bizantino. Esse epitáfio aqui ao lado, ao que tudo indica, foi criado por dois deles depois que voltaram para seu lar, a Suécia.
A Guarda Varangiana é um dos fenômenos mais esquisitos e fascinantes da história medieval. O crescimento populacional e a tradição guerreira na Escandinávia fizeram com que mercenários de fala germânica se espalhassem pela Europa Oriental, pelo Egeu e até pelo Cáucaso a partir do século X. Um batalhão deles se tornou a guarda pessoal dos imperadores bizantinos, uma unidade de elite que manteve sua identidade étnica, apesar de ter se cristianizado.
Isso explica uma descoberta completamente maluca: inscrições rúnicas em plena catedral (hoje mesquita) de Santa Sofia, em Istambul. A inscrição — hoje ilegível, fora, curiosamente, o nome Halfdan, de novo — está abaixo.
runashagiasofia.jpg
Não resisti à referência tolkieniana no título. A Guarda Varangiana tinha com Bizâncio uma relação muito parecida com a de Rohan e Gondor: uma cultura guerreira mais “primitiva” aliada a um império antigo e sofisticado. Ademais, as runas que aparecem em O Hobbit (não as de O Senhor dos Anéis, é bom lembrar) são versões das que se vê na inscrição que abre este post.

É ou não é escrita?

ResearchBlogging.orgOs caracteres nos sinetes abaixo, usados pela misteriosa civilização do vale do Indo por volta de 2000 a.C., são inegavelmente estilosos. Mas são uma forma de escrita? Uma pesquisa recente na revista “Science” usou análises estatísticas para tentar dar uma resposta objetiva a esse dilema. (Veja a imagem em tamanho grande clicando aqui.)
indo500.jpg
Com essa abordagem, você provavelmente não vai se surpreender se eu disser que o primeiro autor do estudo é do Departamento de Ciência da Computação e Engenharia da Universidade de Washington. (Ainda menos surpreendente é o fato de ele se chamar Rajesh Rao). Para enfrentar o mistério dos antigos sinais da Índia e do Paquistão, Rao e seus colegas avaliaram a entropia condicional da sequência de sinais — em outras palavras, o grau de aleatoriedade do aparecimento de um sinal dada a presença de um sinal anterior na “linha de código”.
A lógica por trás disso é simples, explicam eles. Em sistemas simbólicos não-linguísticos, o mais comum é que os sinais sigam ou uma sequência aleatória ou uma ordem sequencial rígida demais. Sistemas simbólicos de natureza linguística ficam entre esses dois extremos, apresentando uma combinação delicada entre ordem e caos — do contrário, em qualquer língua humana, não dá para seguir a sintaxe correta e ainda assim dizer o que se quer dizer.
Com isso na cabeça, os pesquisadores computaram a entropia condicional em cinco tipos de sistemas linguísticos escritos (sumério, tâmil antigo, sânscrito do Rig Veda e inglês) e sistemas não-linguísticos (sequências de DNA humano e de aminoácidos em proteínas bacterianas), além de avaliar também a linguagem de programação computacional Fortran. Isso feito, compararam esses valores de entropia condicional ao valor prevalente numa antologia de “textos” do vale do Indo.
E aconteceu o que esperar-se-ia que acontecesse caso os sinais de 2000 a.C. fossem mesmo uma forma de escrita: entropia condicional compatível com a da linguagem humana. Para ser mais específico, e aí a coisa começa a ficar interessante, a aparente escrita do Indo bate com o sumério e com o tâmil antigo nos níveis de entropia condicional.
Rebu do rébus
Primeiro, isso pode indicar que, como o sumério, trata-se de um sistema logossilábico, no qual os sinais podem corresponder a palavras inteiras, ou então funcionar como rébus. (O rébus é um jeito gambiarra de usar palavras não-relacionadas, cujo som é parecido, para representar outra mais abstrata, combinando-as. Por exemplo, desenhar uma mão e uma vaca para expressar o adjetivo “mão-de-vaca”. As escritas primitivas faziam isso direto.)
Adendo pós-post: o grande Roberto Takata, nos comentários abaixo, deu um exemplo bem melhor de rébus que o meu: desenhar um sol e um dado para expressar o conceito de “sol-dado”. (Pegou? Pegou?)
Em segundo lugar, a semelhança com o tâmil intriga porque ele pertence ao grupo das línguas dravidianas, hoje faladas no sul da Índia, mas aparentemente presentes em todo o subcontinente indiano antes da chegada dos indo-europeus (falantes de idiomas distantemente aparentados ao nosso) séculos depois. As línguas dravidianas seriam as línguas originais dos indianos e paquistaneses do vale do Indo.
Para ir além dessas indicações, só mesmo achando um jeito de decifrar a escrita, o que não vai ser fácil. Mas pelo menos o trabalho indica que não é perda de tempo fazer a tentativa.
———
Rao, R., Yadav, N., Vahia, M., Joglekar, H., Adhikari, R., & Mahadevan, I. (2009). Entropic Evidence for Linguistic Structure in the Indus Script Science, 324 (5931), 1165-1165 DOI: 10.1126/science.1170391

Leão-marsupial: numa caverna perto de você

ResearchBlogging.orgthylacoleoconcepto.jpgAs cores e os desenhos na pelagem de um bicho extinto em geral são especulação pura — a não ser que pessoas que o viram ao vivo no passado tenham resolvido retratar a fera em sua arte. Segundo um artigo na revista arqueológica “Antiquity”, esse pode ter sido o caso do rapaz aqui ao lado — Thylacoleo carnifex, o leão-marsupial-australiano. Esqueça essas pintinhas esbranquiçadas da concepção artística: o mais provável é que ele tenha tido listras pelo corpo.
Um hipercarnívoro com incisivos afiadíssimos e dentes carnassiais que limpariam a carne do seu braço com ridícula facilidade, o T. carnifex sumiu do planeta há cerca de 30 mil anos, vários milênios após a chegada dos seres humanos modernos à Austrália. (Talvez seja mais adequado chamá-lo de “leopardo-marsupial”, a julgar pelas suas dimensões relativamente mais esguias — pesava uns 100 kg quando vivo — e por suas aparentes adaptações para subir em árvores.)
Os primeiros aborígines australianos já eram artistas talentosos, tendo deixado abundantes pinturas rupestres. Numa visita a abrigos da região de Kimberley, no oeste da Austrália, Kim Akerman e Tim Willing viram e fotografaram um grande painel na rocha que, para eles, provavelmente representa o bichão. Eles repassaram as imagens a três paleontólogos que estudaram fósseis da espécie, os quais concordaram com a identificação. Veja abaixo a imagem original, pintada com ocre, e a silhueta dela, redesenhada digitalmente.
thylacoleopintura.jpg
thylacoleoutline.jpg
Seria até possível argumentar que a pintura representa não a fera do Pleistoceno, mas um marsupial caçador mais modesto, o tilacino ou lobo-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus), que foi extinto no começo do século XX. (Confira uma das últimas fotos de tilacinos abaixo.) Mas, segundo a dupla, alguns detalhes importantes da imagem vão contra essa ideia:
Thylacinus.jpg
1)Primeiro, o focinho do animal na pintura é curto e rombudo, ao contrário da fuça “cachorresca” do lobo-da-tasmânia;
2)As patas da frente são representadas como mais robustas e musculosas que as de trás, o que está de acordo com a anatomia óssea do leão-marsupial;
3)As garras aparecem em destaque, estendidas para a frente — e, tal como a maioria dos felinos (embora não fosse um), o T. carnifex tinha garras retráteis;
4)O dedo correspondente ao nosso dedão na pata traseira é maior que os demais, outro dado que parece casar com a anatomia dos fósseis. Especula-se que o bicho tivesse um “dedão opositor” que lhe facilitava escalar árvores.
Outros detalhes que simplesmente não se fossilizam e estão presentes na pintura são as orelhas triangulares e a cauda com um aparente “pompom” na ponta. Mas o mais curioso é que o animal, representado claramente como um macho, está com o focinho diante do que parece ser a cauda de um companheiro de espécie (cuja imagem teria se apagado). Seria uma cena de acasalamento? Se sim, é mais um exemplo da obsessão da arte paleolítica pela fertilidade…
————
Kim Akerman, & Tim Willing (2009). An ancient rock painting of a marsupial lion, Thylacoleo carnifex,
from the Kimberley, Western Australia Antiquity, 83 (319)

Megafauna brasileira: difícil de caçar ou dura de de mastigar?

O registro fóssil e arqueológico da América do Sul, e em especial o brasileiro, abriga um enigma capaz de deixar qualquer um atônito. Os primeiros seres humanos a botarem os pés aqui conviveram por ao menos um milênio (e provavelmente por bem mais tempo) com mastodontes, preguiças gigantes, cavalos, ursos, lhamas. O Cerrado de 10 mil anos atrás era o Serengeti 2.0. Essa montanha de proteína animal não está mais entre nós, mas não existe NENHUMA evidência firme de que os primeiros brasileiros tenham se aproveitado desse banquete móvel. NENHUM indício de caça à megafauna. Alguém pode me explicar o porquê?
mastodonte500.jpg
Esse velho mistério me veio à cabeça novamente depois de entrevistar o paleontólogo Leonardo Santos Avilla, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), sobre seu interessante trabalho com os mastodontes de Araxá (MG). Ele me contou que tomografias feitas no que sobrou de um desses primos extintos dos elefantes revelaram um corpo estranho que pode ser uma ponta de lança. A ferida cicatrizou, o que significa que o paquiderme (também conhecido como gonfotério) não morreu daquilo.
A identificação ainda não é definitiva, mas seria o PRIMEIRO caso indiscutível de ataque de seres humanos aos monstros do Pleistoceno no Brasil. Isso quer dizer que a gente tem dados mais seguros sobre LARVAS DE BESOURO comendo mastodontes (a vértebra acima é um indício da ação desses carniceiros nas carcaças) do que sobre gente comendo mastodontes.
Para colocar tudo isso em contexto, é bom lembrar que existem alguns dados sobre o uso da megafauna como recurso alimentar e matéria-prima em Monte Verde, no Chile, há 12.500 anos (de novo, são mastodontes) e um ou outro exemplo na Argentina e nos países andinos. De resto, a América do Sul conta com pouquíssimos indícios de que os primeiros habitantes do continente (também conhecidos como paleoíndios) tenham caçado esses grandes mamíferos.
Clovis? Que Clovis?
A coisa é ainda mais estranha porque, na América do Norte, a chamada cultura Clovis (aparentemente a mais antiga, e certamente a mais bem conhecida, dessa fase inicial do povoamento) parece ter subsistido quase exclusivamente à base de picanha de mamute. A famosa ponta de lança Clovis, lindamente trabalhada e com uma ranhura especial para ser presa ao cabo de madeira, parece ser uma tecnologia especialmente projetada para a caça de grandes mamíferos (e muitas foram encontradas em meio às costelas de proboscídeos).
E por aqui… bem, por aqui existe só um punhado de pontas de lança paleoíndias. A imensa maioria dos artefatos é bem tosca, de feitura “expedita”, como se diz (lindo jeito técnico de indicar que o troço foi feito nas coxas). Mais importante ainda, os padrões de subsistência em lugares como Lagoa Santa (MG), mais famoso centro de ocupação paleoíndia do Brasil, mostram foco bem maior na coleta e na captura de animais pequenos, como tatus, preás e lagartos. Quem diabos ia preferir teiú no espeto a um filezão de preguiça gigante?
Acho difícil que os paleoíndios brazucas simplesmente não tivessem habilidade técnica para produzir sua própria versão de Clovis. Será que lhes parecia mais vantajoso investir numa estratégia do tipo “menos riscos, retornos mais seguros”, dedicando-se a caças menores? Finalmente, há até quem sugira a existência de alguma forma de tabu alimentar (totêmico? Religioso? Higiênico?) em relação às grandes feras. (Foi o que Walter Neves, bioantropólogo da USP, sugeriu-me certa vez.)
É claro que novos achados, como os do próprio Avilla, podem modificar esse quadro, embora eu duvide. Será que estamos falando só de um problema de tafonomia, ou seja, de preservação dos restos caçados, que teriam sumido ou se decomposto? Tá, mas para o continente inteiro? Improvável. Se alguém tiver uma luz por aí, pelamordeDeus me avise — ou um escreva um paper.
——
PS – Pois é, depois de um hiato vergonhoso, estou de volta. Pra valer, espero.

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM