Nós, o asteroide
Esse é o título da reportagem de capa da última edição da revista “Unesp Ciência”, assinada pelo escriba que vos fala. Ficaria um bocado feliz se pudessem dar uma olhada no material (totalmente de grátis, aqui, em PDF), primorosamente editado por Giovana Girardi e seus asseclas. Como vocês provavelmente vão notar pelo texto, o tema — a aparente extinção em massa que está em curso, causada pela ação humana — me toca muito de perto.
Entretanto, por uma questão metodológica, acabou ficando de fora da reportagem um pedaço da tragédia que tem tudo a ver com a temática deste blog. A gente decidiu iniciar nossa “contagem de corpos” a partir do ano convencional de 1500, para marcar o estrago que a expansão europeia causou nos ecossistemas do resto do mundo desde então. Mas o registro arqueológico revela que nenhum povo precisa de caravelas para produzir um ecocídio dos grandes.
Esse registro é mais claro nas ilhas oceânicas do planeta, a maior parte delas colonizada por seres humanos há poucos milhares de anos, após o fim da Era do Gelo. Como muita gente sabe, ecossistemas insulares são especialmente frágeis porque o isolamento tende a produzir neles, ao mesmo tempo, espécies endêmicas (que só existem ali e em nenhum outro lugar) e que evoluíram sobre baixa pressão relativa de competidores e predadores.
Resultado: é comum que elas sejam relativamente lerdas, de reprodução vagarosa e sem grandes defesas naturais. Por isso, agricultores primitivos ou mesmo caçadores-coletores da Idade da Pedra são capazes de verdadeiras hecatombes quando encontram esse tipo de criatura.
Coxinha
Nossos principais exemplos vêm dos oceanos Índico e Pacífico. Quando navegadores vindos da Indonésia botaram os pés pela primeira vez em Madagáscar, a ilha estava povoada por lêmures do tamanho de gorilas e aves gigantes que botavam ovos do tamanho de bolas de futebol.
Na Nova Zelândia, não apenas uma, mas várias espécies de aves gigantes, os moas, tinham ocupado os nichos ecológicos que nós normalmente associamos a mamíferos de grande porte. Os maoris, polinésios que chegaram às terras neozelandesas, tinham tanta facilidade para abater os moas que, em muitos sítios arqueológicos, parece que apenas as coxas dos bichos foram devoradas — o resto foi simplesmente queimado. E o timing foi de vendaval: os maoris chegaram por volta do ano 1000 da Era Cristã, tendo conseguido extinguir os bichos em poucos séculos.
Portanto, a Sexta Extinção já se desenrola faz alguns milhares de anos. E não dá para saber quando — e se — deixaremos de bancar os carrascos planetários. Quem quiser mais detalhes, com requintes de crueldade, pode conferir esta coluna, feita nos meus idos tempos de G1. Bom requiém pra vocês.
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Encouraçados fofuchos: longer, bigger and uncut
Termina o mistério dos encouraçados fofuchos, como sabe quem leu a “Folha” de hoje. Mas, como o jornal impresso é (cada vez mais) cruel com o espaço disponível, eis abaixo a versão “do diretor”, sem cortes, da reportagem sobre uma nova espécie de parente gigante e extinto dos tatus achada em terras potiguares. Ah, e Takata, NÃO é um gliptodonte 😉 Espero que gostem!
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Chamar o Pachyarmatherium brasiliense de supertatu não passa de licença poética, por mais que o bicho pareça se encaixar na descrição. Na verdade, a criatura de 100 kg é um parente relativamente distante dos tatus atuais. A espécie, recém-descoberta por paleontólogos em meio ao material arquivado num museu de Natal (RN), traz novas pistas sobre como era a fauna de gigantes do Brasil pré-histórico.
“O material foi coletado nos anos 1960 e levado para o Museu Câmara Cascudo. Parte ficou na área de exposições, parte no acervo técnico, mas ninguém se interessou por trabalhar com aquilo durante muito tempo”, contou à Folha Kleberson Porpino, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Porpino assina a descrição da nova espécie de “supertatu” junto com Lílian Bergqvist, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e Juan Fernicola, do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia.
Em artigo na revista científica “Journal of Vertebrate Paleontology”, o trio se debruça sobre fragmentos relativamente escassos do bicho, como pedaços da carapaça, vértebras e ossos dos membros, para tentar reconstruir o P. brasiliense. Embora o gênero Pachyarmatherium já fosse conhecido a partir de fósseis da Flórida, detalhes do casco do bicho brasileiro indicam que se trata mesmo de uma espécie “nova”.
Lego
E são justamente as unidades que formam a carapaça, os chamados osteodermas (“ossos dérmicos”, explica Porpino), que ajudam a dar uma pista sobre o comportamento e o “álbum de família” da espécie.
Por um lado, os animais de hoje, como o tatu-galinha, possuem osteodermas diferenciados em certas regiões de sua couraça, formando as chamadas bandas de articulação, que dão flexibilidade à armadura. O exemplo extremo disso é o tatu-bola, cujo truque de se dobrar sobre si mesmo é famoso.
Já os chamados gliptodontes (mais avantajados entre os parentes extintos dos tatus, podendo alcançar o tamanho de um Fusca) não possuem essas bandas de articulação, o que dá a esses bichos a aparência de um pequeno tanque de guerra.
O P. brasiliense, diz Porpino, provavelmente estava entre esses dois extremos. “Não chegava a ser uma faixa flexível, mas havia uma região com algum grau de articulação, mais parecida com uma dobradiça”, afirma o paleontólogo. Embora não chegasse perto do tamanho monstruoso de alguns gliptodontes, a espécie do Rio Grande do Norte claramente era mais avantajada do que o maior tatu vivo hoje, o tatu-canastra (Priodontes maximus), cujos maiores exemplares nem chegam aos 50 kg.
Se o trio conseguiu entender a biomecânica da armadura do bicho, coisas como seus hábitos alimentares ou locomoção são mais misteriosos por pura falta de dados. O crânio (com os dentes, claro) não foi preservado. “Os gliptodontes aparentemente eram herbívoros [muitos tatus atuais são basicamente comedores de insetos]. No caso do P. brasiliense é difícil afirmar alguma coisa. Do mesmo modo, ele parece ter sido um animal fossorial [de hábitos cavadores], mas não dá para ter certeza”, afirma Porpino.
Sumiço
Da mesma maneira, a falta de uma datação precisa do material das cavernas onde o bicho foi achado, em Baraúna (RN), impede que se aponte a idade da criatura. Mas os fósseis associados com ele parecem sugerir o finzinho do Pleistoceno (a Era do Gelo), entre 40 mil e 10 mil anos atrás.
A fauna nordestina incluía então criaturas muito maiores, como preguiças do tamanho de elefantes africanos, o dente-de-sabre Smilodon populator e até primos extintos dos próprios elefantes, os mastodontes. No Brasil, são escassas as pistas que poderiam explicar o sumiço dessa fauna de gigantes, embora bichos parecidos na América do Norte tenham sido alvo de caça por parte dos primeiros seres humanos que invadiram o continente, vindos da Ásia.
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E mais, uma vez, meu profundo obrigado à bela paleoarte de Felipe Alves Elias, que recriou o bichão!
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Encouraçados fofuchos
O bicho da esquerda, em vida (e lá se vão mais de 10 mil anos), pesava 100 kg. O de cá, um tatu-canastra (Priodontes maximus) moderno, normalmente um bicho portentoso, vira fichinha perto dele. Explico o elo entre a dupla em reportagem na Folha desta segunda. Não percam!
E, enquanto isso, apreciem o trabalho primoroso do paleoartista e paleontólogo Felipe Alves Elias, que recriou o bicho extinto a nosso pedido.
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Fim da megafauna: sai um mistério, entra outro
O sumiço de dezenas de gêneros de grandes mamíferos americanos (e de TODOS os bichos com mais de uma tonelada) do nosso continente provavelmente é o maior dos mistérios do fim do Pleistoceno, a Era do Gelo. Uma pesquisa recente parecia ter dado um jeito no mistério — mas só parecia. O estudo deixa em aberto tantas perguntas quanto as que responde, ou até mais.
Que fezes, diria você. E, sim, fezes aqui é a palavra apropriada, porque a equipe capitaneada por Jacquelyn L. Gill, da Universidade de Wisconsin em Madison, conseguiu refinar a linha do tempo da megafauna da América do Norte — formada por mamutes, mastodontes, preguiças gigantes e outros bichões — usando um fungo especializado em crescer no cocô de grandes herbívoros.
Trata-se do Sporormiella, cuja presença e abundância tem uma excelente correlação com a presença de megafauna. Estudando sedimentos anteriormente, os cientistas já tinham se dado conta de que os esporos do fungo estavam por toda parte na América do Norte da Era do Gelo, tomam chá de sumiço com a chegada do Holoceno (a nossa era geológica, já tristemente quase sem megafauna nas Américas) e retornam quando os europeus reintroduzem grandes rebanhos de herbívoros avantajados, na era colonial.
Árvores e meteoritos
Ora, esporos do fungo, junto com pólen, carvão e outros indicadores ambientais, tendem a ficar depositados no leito de lagos de maneira regular, formando um registro temporal bem sequenciado do ambiente circundante. Gill e companhia usaram dados do lago Appleman, em Indiana (EUA), e de vários outros sítios dos EUA, para mostrar duas coisas.
O declínio populacional da bicharada graúda começou cedo, há pouco menos de 15 mil anos, e não há 13 mil, como se achava; e uma transformação ambiental intrigante — o surgimento de grandes matas que misturavam árvores de regiões temperadas e boreais no lugar de uma espécie de estepe — veio depois, e não antes, do começo do fim da megafauna.
De cara, isso desmonta três ideias: a de que a mudança na vegetação teria deixado os bichos sem comida, levando-os a sumir; a de que um suposto meteorito teria caído há 13 mil anos e alterado o ambiente, desencadeando a extinção; e a de que os caçadores de grandes mamíferos da cultura Clovis, que também aparecem nessa época, teriam rapidamente exterminado os monstrengos na base da lança.
OK, mas o que acabou com a megafauna, então? Realmente há a coincidência de uma fase quente com o início do declínio abrupto de população, mas fica difícil imaginar que a mudança climática levasse ao extermínio sem alterar o habitat. Uma possibilidade é a chegada mais antiga de humanos caçadores — de fato, eles aparecem em Monte Verde, no Chile, antes da cultura Clovis, o que significa que estavam na América do Norte muito antes ainda. Mas há pouquíssimos indícios deles, sugerindo uma população pequena e pouco especializada em caça. Será que poderiam mesmo ter feito tanto estrago e não deixar rastros?
A única conclusão firme é a de que a extinção da megafauna foi bem mais gradual do que se imaginava. Sinceramente, esse negócio está começando a ficar irritante.
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Gill, J., Williams, J., Jackson, S., Lininger, K., & Robinson, G. (2009). Pleistocene Megafaunal Collapse, Novel Plant Communities, and Enhanced Fire Regimes in North America Science, 326 (5956), 1100-1103 DOI: 10.1126/science.1179504
Johnson, C. (2009). Megafaunal Decline and Fall Science, 326 (5956), 1072-1073 DOI: 10.1126/science.1182770
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Leão-marsupial: numa caverna perto de você
As cores e os desenhos na pelagem de um bicho extinto em geral são especulação pura — a não ser que pessoas que o viram ao vivo no passado tenham resolvido retratar a fera em sua arte. Segundo um artigo na revista arqueológica “Antiquity”, esse pode ter sido o caso do rapaz aqui ao lado — Thylacoleo carnifex, o leão-marsupial-australiano. Esqueça essas pintinhas esbranquiçadas da concepção artística: o mais provável é que ele tenha tido listras pelo corpo.
Um hipercarnívoro com incisivos afiadíssimos e dentes carnassiais que limpariam a carne do seu braço com ridícula facilidade, o T. carnifex sumiu do planeta há cerca de 30 mil anos, vários milênios após a chegada dos seres humanos modernos à Austrália. (Talvez seja mais adequado chamá-lo de “leopardo-marsupial”, a julgar pelas suas dimensões relativamente mais esguias — pesava uns 100 kg quando vivo — e por suas aparentes adaptações para subir em árvores.)
Os primeiros aborígines australianos já eram artistas talentosos, tendo deixado abundantes pinturas rupestres. Numa visita a abrigos da região de Kimberley, no oeste da Austrália, Kim Akerman e Tim Willing viram e fotografaram um grande painel na rocha que, para eles, provavelmente representa o bichão. Eles repassaram as imagens a três paleontólogos que estudaram fósseis da espécie, os quais concordaram com a identificação. Veja abaixo a imagem original, pintada com ocre, e a silhueta dela, redesenhada digitalmente.
Seria até possível argumentar que a pintura representa não a fera do Pleistoceno, mas um marsupial caçador mais modesto, o tilacino ou lobo-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus), que foi extinto no começo do século XX. (Confira uma das últimas fotos de tilacinos abaixo.) Mas, segundo a dupla, alguns detalhes importantes da imagem vão contra essa ideia:
1)Primeiro, o focinho do animal na pintura é curto e rombudo, ao contrário da fuça “cachorresca” do lobo-da-tasmânia;
2)As patas da frente são representadas como mais robustas e musculosas que as de trás, o que está de acordo com a anatomia óssea do leão-marsupial;
3)As garras aparecem em destaque, estendidas para a frente — e, tal como a maioria dos felinos (embora não fosse um), o T. carnifex tinha garras retráteis;
4)O dedo correspondente ao nosso dedão na pata traseira é maior que os demais, outro dado que parece casar com a anatomia dos fósseis. Especula-se que o bicho tivesse um “dedão opositor” que lhe facilitava escalar árvores.
Outros detalhes que simplesmente não se fossilizam e estão presentes na pintura são as orelhas triangulares e a cauda com um aparente “pompom” na ponta. Mas o mais curioso é que o animal, representado claramente como um macho, está com o focinho diante do que parece ser a cauda de um companheiro de espécie (cuja imagem teria se apagado). Seria uma cena de acasalamento? Se sim, é mais um exemplo da obsessão da arte paleolítica pela fertilidade…
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Kim Akerman, & Tim Willing (2009). An ancient rock painting of a marsupial lion, Thylacoleo carnifex,
from the Kimberley, Western Australia Antiquity, 83 (319)
Megafauna brasileira: difícil de caçar ou dura de de mastigar?
O registro fóssil e arqueológico da América do Sul, e em especial o brasileiro, abriga um enigma capaz de deixar qualquer um atônito. Os primeiros seres humanos a botarem os pés aqui conviveram por ao menos um milênio (e provavelmente por bem mais tempo) com mastodontes, preguiças gigantes, cavalos, ursos, lhamas. O Cerrado de 10 mil anos atrás era o Serengeti 2.0. Essa montanha de proteína animal não está mais entre nós, mas não existe NENHUMA evidência firme de que os primeiros brasileiros tenham se aproveitado desse banquete móvel. NENHUM indício de caça à megafauna. Alguém pode me explicar o porquê?
Esse velho mistério me veio à cabeça novamente depois de entrevistar o paleontólogo Leonardo Santos Avilla, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), sobre seu interessante trabalho com os mastodontes de Araxá (MG). Ele me contou que tomografias feitas no que sobrou de um desses primos extintos dos elefantes revelaram um corpo estranho que pode ser uma ponta de lança. A ferida cicatrizou, o que significa que o paquiderme (também conhecido como gonfotério) não morreu daquilo.
A identificação ainda não é definitiva, mas seria o PRIMEIRO caso indiscutível de ataque de seres humanos aos monstros do Pleistoceno no Brasil. Isso quer dizer que a gente tem dados mais seguros sobre LARVAS DE BESOURO comendo mastodontes (a vértebra acima é um indício da ação desses carniceiros nas carcaças) do que sobre gente comendo mastodontes.
Para colocar tudo isso em contexto, é bom lembrar que existem alguns dados sobre o uso da megafauna como recurso alimentar e matéria-prima em Monte Verde, no Chile, há 12.500 anos (de novo, são mastodontes) e um ou outro exemplo na Argentina e nos países andinos. De resto, a América do Sul conta com pouquíssimos indícios de que os primeiros habitantes do continente (também conhecidos como paleoíndios) tenham caçado esses grandes mamíferos.
Clovis? Que Clovis?
A coisa é ainda mais estranha porque, na América do Norte, a chamada cultura Clovis (aparentemente a mais antiga, e certamente a mais bem conhecida, dessa fase inicial do povoamento) parece ter subsistido quase exclusivamente à base de picanha de mamute. A famosa ponta de lança Clovis, lindamente trabalhada e com uma ranhura especial para ser presa ao cabo de madeira, parece ser uma tecnologia especialmente projetada para a caça de grandes mamíferos (e muitas foram encontradas em meio às costelas de proboscídeos).
E por aqui… bem, por aqui existe só um punhado de pontas de lança paleoíndias. A imensa maioria dos artefatos é bem tosca, de feitura “expedita”, como se diz (lindo jeito técnico de indicar que o troço foi feito nas coxas). Mais importante ainda, os padrões de subsistência em lugares como Lagoa Santa (MG), mais famoso centro de ocupação paleoíndia do Brasil, mostram foco bem maior na coleta e na captura de animais pequenos, como tatus, preás e lagartos. Quem diabos ia preferir teiú no espeto a um filezão de preguiça gigante?
Acho difícil que os paleoíndios brazucas simplesmente não tivessem habilidade técnica para produzir sua própria versão de Clovis. Será que lhes parecia mais vantajoso investir numa estratégia do tipo “menos riscos, retornos mais seguros”, dedicando-se a caças menores? Finalmente, há até quem sugira a existência de alguma forma de tabu alimentar (totêmico? Religioso? Higiênico?) em relação às grandes feras. (Foi o que Walter Neves, bioantropólogo da USP, sugeriu-me certa vez.)
É claro que novos achados, como os do próprio Avilla, podem modificar esse quadro, embora eu duvide. Será que estamos falando só de um problema de tafonomia, ou seja, de preservação dos restos caçados, que teriam sumido ou se decomposto? Tá, mas para o continente inteiro? Improvável. Se alguém tiver uma luz por aí, pelamordeDeus me avise — ou um escreva um paper.
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PS – Pois é, depois de um hiato vergonhoso, estou de volta. Pra valer, espero.