Prêmio Bê Neviani: o Carbono-14 apoia!

Com muito atraso, finalmente consegui colocar no ar minha adesão ao glorioso Prêmio Bê Neviani. Confiram, dispersem e divirtam-se!
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Porque não basta divulgar, tem que dispersar!

Depois do recente anúncio feito pela vetusta Biblioteca do Congresso (Library of Congress), comunicando que arquivará todas as mensagens públicas postadas no Twitter desde o início do serviço de microblog, não restam dúvidas de que esta mídia social veio para ficar.

Segundo os cofundadores Bizz Stone e Evan Williams, hoje o Twitter tem 105 milhões de usuários registrados, e 300 mil novos usuários ingressam no serviço a cada dia. Seu crescimento médio foi de 1.500% por ano, desde a fundação da "Twitter Inc" em março de 2006. O serviço atende a 19 bilhões de buscas por mês. Apenas comparando, o Google atende a 90 bilhões no mesmo período.

Não se pode negar – o Twitter é uma ferramenta 2.0 por excelência: seu conteúdo é gerado e compartilhado pelos próprios usuários. A dinâmica do microblog funda-se primordialmente na atuação dos tuiteiros, que seguindo e sendo seguidos, dispersam conteúdos virtuais.

A ação de tuiteiros que dispersam conteúdos relevantes no universo tuitiano merece destaque e deve ser aplaudida. Foi essa premissa que inspirou a criação do Prêmio Bê Neviani, reconhecendo a incrível capacidade de dispersão de tuítes com conteúdo diversificado, como cultura, ciência, tecnologia, notícias e muito mais, do perfil @Be_neviani.


Hoje, dia 22 de abril de 2010, estamos lançando o Prêmio Bê Neviani: porque não basta divulgar, tem que dispersar

Regulamento:

– O Prêmio Bê Neviani é aberto a todos os tuiteiros que tenham blogues de conteúdo informativo: ciências, cultura (literatura, cinema, artes, fotografia, música, etc), filosofia, notícias, dicas e assemelhados.

– Os blogues participantes da campanha tuitarão, no período de 23 de abril de 2010 a 23 de maio de 2010 links para seus posts, publicados em qualquer data e com qualquer temática, obrigatoriamente usando a hashtag #PremioBeNeviani e o encurtador de links Bit.ly.

– No período de vigência da campanha, os retuítes (RTs) que os links desses posts receberem serão computados para a apuração de dois ganhadores, um em cada uma das duas seguintes categorias:

Categoria 1: blogueiros – o vencedor será o blogueiro cujo post recebeu mais RTs. O prêmio dessa categoria será o livro "Criação Imperfeita", de Marcelo Gleiser.

Categoria 2: tuiteiros – o vencedor será o tuiteiro que deu RTs em qualquer dos tuítes postados durante a vigência da campanha. Essa categoria terá sua apuração por sorteio. O prêmio para essa categoria será o livro "Além de Darwin", de Reinaldo José Lopes.

O anúncio do prêmio será em 30 de maio de 2010, pelo Twitter.

Para participar, envie um tuíte para as administradoras @sibelefausto ou @dra_luluzita, ou então comente aqui, que entraremos em contato.

Abaixo, segue a relação dos blogues e tuiteiros participantes. À medida que mais blogueiros aderirem a essa campanha, essa listagem será atualizada.

Blog – Blogueiro-tuiteiro

100nexos @kenmori

Amiga Jane @lacybarca

Blog Bastos @bastoslab

CeticismoAberto @kenmori

Chapéu, Chicote e Carbono 14 @reinaldojlopes

Ciência na Mídia @ciencianamidia

Discutindo Ecologia @brenoalves e @luizbento

Dicas Caseiras para quem mora só @uoleo

Ecce Medicus @Karl_Ecce_Med

Efeito Azaron @efeitoazaron

Ideias de Fora @IdeiasdeFora

Joey Salgado… mas bem temperado @joeysalgado

Karapanã @alesscar

Maquiagem Baratinha @aninhaarantes

Meio de Cultura @samir_elian

Minha Literatura Agora @jamespenido

O Amigo de Wigner @LFelipeB

O divã de Einsten @aninhaarantes

O que todo mundo quer @desireelaa

Química Viva @quiprona

Quiprona @quiprona

Rabiscos @skrol

Tage des Glücks @nataliadorr

Tateando Amarras @eltonvalente

Terreno Baldio @lacybarca

Twiterrorismo @aninhaarantes

Uma Malla pelo Mundo @luciamalla

Uôleo @uoleo

Update: Mais adesões ao #PremioBeNeviani
Bala Mágica @balamagica
Ciência ao Natural @CienAoNatural
Diário de um Gordo @Edgard_
Psiquiatria e Sociedade @danielmbarros
The Strange Loop @josegallucci
Toda Cultura à Nossa Volta @fabiocequinel
Tuka Scaletti @TukaScaletti
XisXis @isisrnd

Isenção jornalística é o esculete da nonna

Aviso: as opiniões expressas neste post são de exclusiva responsabilidade da minha pessoa física e não representam a linha editorial do veículo para o qual trabalho. Peço desculpas aos leitores do blog pelo tema um tanto off-topic, mas estava entalado faz tempo com isso.
Fazer jornalismo científico é divertidíssimo, mas às vezes exige um estômago de leão para as histerias coletivas alheias. Comecei a cobrir ciência em 2001, meu último ano de faculdade, e passei seis anos acompanhando e reportando os estudos sobre mudanças climáticas nas principais revistas científicas do mundo. Em praticamente todos os trabalhos publicados, a mensagem era um bocado clara: as incertezas eram consideráveis, havia muita coisa ainda a compreender, mas a seriedade do aquecimento global provocado pelo homem era indiscutível. A mesma mensagem durante seis anos, gentil leitor. Dou um doce pra quem adivinhar quantas vezes esse tipo de notícia foi parar na primeira página nesse período. (Dica: dá pra contar nos dedos de uma mão.)
Então chegou 2007, o ano em que um novo relatório do IPCC, o painel climático da ONU, veio a público. Note bem: o IPCC não produz pesquisa original, apenas empacota dados alheios. O que o relatório do IPCC dizia era apenas o que a revisão da literatura deixava claro: o papel preponderante da humanidade nas mudanças climáticas, e a aparente seriedade do fenômeno.
E aqui começa a histeria coletiva, fase 1. Do ponto de vista da ciência, rigorosamente NADA havia mudado, mas a linguagem um pouco mais forte do que o usual no texto do IPCC fez com que, de repente, a mídia dorminhoca acordasse para o tema das mudanças climáticas. Inacreditavelmente, por um desses passes de mágica do Zeitgeist, do espírito do tempo, todo mundo resolveu falar do apocalipse climático.
Lembro que, na época, eu e meus colegas do jornalismo científico nos entreolhamos incrédulos. Será que todo mundo tinha passado a década sob efeito de tranquilizantes, menos a gente? Recordo ter perguntado a mais de um entrevistado se a overdose do tema não levaria a um anestesiamento do público, ou mesmo a uma reação futura que acabaria sendo contraproducente para a necessidade de agir contra o problema.
Cansaço besta
Batata: passados meros dois anos, o planeta estava tão cansado da cantilena sobre salvar o planeta que, desde o fim de 2009, estamos vivendo a era de ouro dos negacionistas do clima, o pessoal que não crê na existência do aquecimento global ou, pelo menos, nega que o homem tenha tido algo a ver com isso.
Note bem: quando se trata de ciência, mais uma vez, NADA mudou. Rigorosamente NADA. O chamado “Climagate”, como ficou conhecida a divulgação de e-mails roubados por hackers dos servidores da Universidade de East Anglia (Reino Unido), só mostrou, como bem disse nosso chefe supremo Carlos Hotta, que cientistas também são humanos. É claro que os climatologistas também se exasperam com as incertezas do seu trabalho; é claro que eles ironizam seus opositores e, às vezes, ficam doidos para cobri-los de sopapos; é claro que isso pode contaminar o processo de revisão por pares de artigos científicos. Se você achava que esse tipo de coisa não acontecia na ciência, é porque esposava uma visão higienizada e romântica de uma disciplina que é humana, demasiado humana.
E-mails mal educados à parte, o conteúdo do Climagate não muda a robustez dos dados sobre o aquecimento global causado, ao menos em boa parte, pela ação humana. Os cientistas negacionistas — muitos dos quais a soldo da indústria dos combustíveis fósseis — não têm nada nas mãos, por mais que balbuciem hipóteses sobre atividade solar e raios cósmicos. Mesmo assim, é impressionante como leigos negacionistas passaram a fazer muito, muito barulho. Supostamente, o jornalismo científico não cumpriu seu papel fundamental de “informar com isenção”, “ouvir os dois lados”, “publicar o contraditório”.

Bullshitando

A esse tipo de argumento eu digo: bullshit, negão. Titica de vaca. Isenção jornalística é o esculete da nonna. Em ciência, nem todas as opiniões nascem iguais. O meu dever não é abrir espaço para toda e qualquer opinião, mas sim para a que estiver apoiada pelos melhores fatos. Claro, há que se fazer com a máxima humildade possível, diante da natureza provisória dos dados, e da eterna possibilidade de que novas análises produzem uma reinterpretação radical deles.
Mas, enquanto isso não acontece, seria covardia, canalhice mesmo, fingir que o que dizem negacionistas e climatologistas tem peso igual. NÃO TEM. Nem no quesito teoria da conspiração os negacionistas conseguem dar uma bola dentro. É sempre a mesma ladainha sobre os “grandes interesses” de Al Gore e companhia, a suposta vontade de manter os paises em desenvolvimento sem chegar ao Primeiro Mundo.
É só parar pra pensar por 30 segundos pra perceber que o interesse de Gore de cobrar por palestras é infinitamente mais fraco do que o poderio da indústria de combustíveis fósseis. Quanto ao suposto complô dos países ricos, que tal prestar atenção na imensa choradeira de todos eles, em especial dos EUA, pra cortar emissões de carbono.
Isenção, “imparcialidade”, é covardia quando os fatos estão claros. Esse crime eu não quero que paire sobre a minha consciência. Se outros se sentem à vontade com ele, é de se lamentar.
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Eu e o Gordo

Demorou mas chegou rápido, como dizia um garçom que eu conheço. Pra quem ainda não viu, eis a íntegra do vídeo com a minha entrevista no Programa do Jô sobre o livro “Além de Darwin”. E a promoção continua: quem quiser a obra com autógrafo, dedicatória, descontão e frete grátis só precisa me escrever no endereço reinaldojoselopes@hotmail.com e perguntar como 😉

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Nós, o asteroide

cratera.jpgEsse é o título da reportagem de capa da última edição da revista “Unesp Ciência”, assinada pelo escriba que vos fala. Ficaria um bocado feliz se pudessem dar uma olhada no material (totalmente de grátis, aqui, em PDF), primorosamente editado por Giovana Girardi e seus asseclas. Como vocês provavelmente vão notar pelo texto, o tema — a aparente extinção em massa que está em curso, causada pela ação humana — me toca muito de perto.
Entretanto, por uma questão metodológica, acabou ficando de fora da reportagem um pedaço da tragédia que tem tudo a ver com a temática deste blog. A gente decidiu iniciar nossa “contagem de corpos” a partir do ano convencional de 1500, para marcar o estrago que a expansão europeia causou nos ecossistemas do resto do mundo desde então. Mas o registro arqueológico revela que nenhum povo precisa de caravelas para produzir um ecocídio dos grandes.
Esse registro é mais claro nas ilhas oceânicas do planeta, a maior parte delas colonizada por seres humanos há poucos milhares de anos, após o fim da Era do Gelo. Como muita gente sabe, ecossistemas insulares são especialmente frágeis porque o isolamento tende a produzir neles, ao mesmo tempo, espécies endêmicas (que só existem ali e em nenhum outro lugar) e que evoluíram sobre baixa pressão relativa de competidores e predadores.
Resultado: é comum que elas sejam relativamente lerdas, de reprodução vagarosa e sem grandes defesas naturais. Por isso, agricultores primitivos ou mesmo caçadores-coletores da Idade da Pedra são capazes de verdadeiras hecatombes quando encontram esse tipo de criatura.
Coxinha
Nossos principais exemplos vêm dos oceanos Índico e Pacífico. Quando navegadores vindos da Indonésia botaram os pés pela primeira vez em Madagáscar, a ilha estava povoada por lêmures do tamanho de gorilas e aves gigantes que botavam ovos do tamanho de bolas de futebol.
Na Nova Zelândia, não apenas uma, mas várias espécies de aves gigantes, os moas, tinham ocupado os nichos ecológicos que nós normalmente associamos a mamíferos de grande porte. Os maoris, polinésios que chegaram às terras neozelandesas, tinham tanta facilidade para abater os moas que, em muitos sítios arqueológicos, parece que apenas as coxas dos bichos foram devoradas — o resto foi simplesmente queimado. E o timing foi de vendaval: os maoris chegaram por volta do ano 1000 da Era Cristã, tendo conseguido extinguir os bichos em poucos séculos.
Portanto, a Sexta Extinção já se desenrola faz alguns milhares de anos. E não dá para saber quando — e se — deixaremos de bancar os carrascos planetários. Quem quiser mais detalhes, com requintes de crueldade, pode conferir esta coluna, feita nos meus idos tempos de G1. Bom requiém pra vocês.
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