Luz: Mais rápida que a dor de barriga!

Observar o céu noturno é como viajar no tempo. É observar o passado. Estrelas que estamos vendo neste instante talvez nem existam mais, simplesmente porque a Luz que emitem não chega instantaneamente até nós. Sua velocidade é absurdamente grande, é verdade. Tão grande que, para todos os efeitos cotidianos, ela parece infinita. Só que frente à imensidão do Cosmos até a Luz parece viajar lentamente.

Nem por isso os exatos 299.792.458 m/s da Velocidade da Luz no Vácuo deixam de ser impressionantes. “Espera, espera, exatos? Como assim?” Calma, que chegaremos lá.

Foi apenas no Século 17 (números romanos my ass) que a finitude da velocidade da Luz começou a ser estabelecida experimentalmente por observações astronômicas. Antes disso, tentativas experimentais locais esbarravam na dificuldade técnica. Os experimentos idealizados por Galileu, por exemplo, foram inconclusivos.

Em 1676, Ole Christensen Rømer, observando o movimento da lua Io de Júpiter, estimou a razão entre a velocidade da luz e a velocidade de translação da Terra como sendo de 9300. O valor aceito atualmente é de cerca de 10100.

Christian Huygens e Isaac Newton também fizeram algumas estimativas, mas a medida antiga mais surpreendente foi a de James Bradley, em 1728, ao analisar o fenômeno, de sua própria descoberta, da Aberração da Luz.

A Aberração da Luz é um fenômeno pelo qual a posição das estrelas parece modificar-se devido ao movimento da Terra. Um tanto análogo a quando as gotas de chuva parecem incindir obliquamente no parabrisas de um carro em movimento, mas perpendicularmente ao carro quando ele está parado.

Bradley mediu esse desvio para a Luz e pode estimar sua velocidade em 298.000 km/s!      

A primeira medição “terrestre” foi de Hippolyte Fizeau em 1849. Num experimento semelhante ao idealizado por Galileo, Fizeau obteve 313.000 km/s. O experimento foi mais tarde aprimorado por Leon Foucault (sim, sim, o mesmo do pêndulo) que em 1862 publicou sua estimativa de 298.000 km/s. 

Desde então, as medidas foram sendo mais e mais aprimoradas, como mostram os gráficos abaixo (tirados daqui):

medida_luz_1.gifmedida_luz_2.gif

Uma coisa estranha aparece no gráfico acima, não? As medidas param, por volta da primeira metade da década de 1980. Será que os Físicos desistiram de tentar medir de forma cada vez mais precisa a velocidade da Luz?

Acontece que em 1973, obteve-se uma medida para a velocidade da Luz no vácuo com valor de 299.792,457 km/s mais ou menos uma incerteza de 0,001 km/s. Apenas um metro de incerteza! Isso, somado à mudança constante na definição do metro, fazia parecer uma boa idéia redefinir o metro em função da Velocidade da Luz no vácuo.

Até 1983, utilizava-se para a definição do Metro e do Segundo determinadas medidas de propriedades atômicas, respectivamente, 1.650.763,73 comprimentos de onda da linha de
emissão vermelho-alaranjada do espectro do Criptônio 86 e 9.192.631,770
períodos da radiação correspondente à transição de dois estados
hiperfinos do nível fundamental do átomo de Césio 133. 

Em 1983, um metro passou a ser o espaço percorrido pela Luz em 1/299.792.458 de segundo. Com o segundo definido por propriedade atômicas.

E a Velocidade da Luz no vácuo passou a ser então, por definição, exatos 299.792.458 m/s.

Impressionante, por definição.

PS: A sugestão de título foi do Rafael. Reclamações com ele. =P

Discussão - 2 comentários

  1. Rafael [RNAm] disse:

    odiei o título!
    Mas adorei o post!
    Abração

  2. 299.792.458 parece numero de IP hein?
    E que titulo foi esse? auhauhuhahuahahu
    Outra coisa, adorei "Século 17 (números romanos my ass)" auhauhauh
    abraços cara!

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