Dia de falar como um Físico: Vocabulário Intermediário

Já falamos do vocabulário de nível básico. Agora, vamos passar para uma lição mais difícil, mas não menos recompensadora. Esta segunda lição precisa de um conhecimento matemático um pouco mais elevado, mas não há problema nenhum em fingir saber do que se está falando. Todo físico faz isso.

O vocabulário de nível intermediário consiste em usar expressões bem definidas matematicamente em situações do dia-a-dia.

  • Aproximação de Primeria Ordem:

Ex.1: Você chama isso de café? Só se for numa primeira aproximação!

Ex.2: Numa a proximação de primeira ordem, você pode estar certo.

  • Tender a Zero/Infinito/Qualquer outro valor:

Ex.3: Gostaria que nossa distância tendesse a zero.

Ex.4: Minha probabilidade de reprovar está tendendo a 1.

  • Não-linear

Ex.5: Toda essa história é muito não-linear para minha cabeça.

  • Canônico

Ex.6: Uau, essa posição não é lá muito canônica!

  • Ordens de Grandeza

Ex.7: Você vai precisar de uma conta bancária várias ordens de grandeza maior para pegar aquela mulher.

  • N-ésima

Ex.8: Putz, já é a n-ésima vez que falo isso!

 

Treinem este segundo nível e voltem depois para que possamos treinar o nível avançado que nos fará mergulhar no verdadeiro mundo dos físicos. 

Aqueles que tiverem mais sugestões de nível intermediário estão convidados a postá-las nos comentários.

Dia de falar como um Físico: Vocabulário Básico

É fato que um Físico não utiliza o mesmo vocabulário usual dos pobres mortais. Durante o longo período em que vive na Torre de Marfim (vocês realmente achavam que era metáfora?), um Fìsico acaba desenvolvendo uma nova simbologia de comunicação. Procurarei, então, apresentar diversos desses códigos especiais, dividindo-os em três níveis diferentes. O nível Básico, tema deste primeiro post, aborda a substituição de palavras mais comuns por aquelas normalmente utilizadas pelo Físicos.

  • Fácil/Difícil → Trivial/Não Trivial

Ex.1: É extremamente trivial resolver essas equações diferenciais de n-ésima ordem não-lineares não-homogêneas acopladas.

Ex.2: Esta receita de água fervida não é trivial. 

  • Bonito/Legal/Bem-feito → Elegante

Ex.3: Ah, essa sua idéia é muito elegante.

  • Pequeno/Sem Importância → Desprezível

Ex.4: Minha vida está num nível de merda não-desprezível

Treinem este primeiro nível e voltem depois para que possamos treinar o nível intermediário que trará algumas complicações matemáticas ao vocabulário. 

Aqueles que tiverem mais sugestões de nível básico estão convidados a postá-las nos comentários.

Dia de falar como um Físico: Cartaz de Divulgação.

Agora que o Efeito Ázaron também está apoiando nosso movimento por esse novo feriado, preparei um pequeno cartaz meia-boca. Imprima-o e cole por todo lugar. Ajude-nos a divulgar esta data importantíssima.

Cartaz - Dia de Falar como um Físico

Atualização: o Quase-Físico, do Efeito Ázaron, criou uma comunidade no Orkut para nosso feriado. Entrem e divirtam-se conspiran… digo, planejando as comemorações.

Dia de falar como um Físico!

Para aqueles que não estão a par dos inúmeros feriados criados na interwebs (como o Dia de falar como Pirata,  o Dia de Fingir ser um Viajante do Tempo e o Dia da Toalha), venho informar-lhes que, daqui a cerca de um mês, acontecerá o Dia de falar como Físico.

Por que o dia 14 de Março foi escolhido? Bem, é o aniversário de Einstein e o dia internacional do número Π (Pi).

Então, no Dia 14 de Março, pare em frente ao prédio de Ciências Socias, Biológicas ou equivalente e comece a conversar com alguém usando algum físico-blabing incompreensível espalhando confusão intelectual pelo mundo.

Afinal, ninguém vai olhar para você de forma mais estranha do que já fazem, não é?

Esta Linha Não Cruzarás!

Quando desenvolveu sua Teoria da Evolução, Charles Darwin introduziu o conceito de Seleção Natural como o principal motor do surgimento e sucessão dos seres vivos, apesar disso não considerava que este fosse o único mecanismo. Já Wallace, contemporâneo de Darwin e “quase-co-criador” independente da Teoria da Evolução, era um “hiperselecionista”: a Seleção Natural era o único mecanismo diretor da evolução dos seres vivos.

Ora, naquela época já era um desafio explicar a origem do intelecto humano. Por vias das Seleção Natural inclusive. Isso não era um problema para Darwin, já que para ele poderiam existir outros processos ainda não conhecidos que resolvessem o problema. Para Wallace, por outro lado, o intelecto humano gerava um problema sério. Por sua incapacidade de explicá-lo através da Seleção Natural e por sua postura hiperselecionista, acabou obrigado a postular um intervenção divina sobre o ser humano para responder pelo surgimento de nosso intelecto.

Ainda hoje, podemos perceber alguma hesitação ao tratar do ser humano, da mente humana e de sua origem e desenvolvimento. Por mais que saibamos do funcionamento (agora muito melhor que à epoca de Darwin) da Evolução e da origens das espécies, inclusive do homem, a mente ainda parece ser um tabu para a maioria das pessoas.

Muitos postulam, assim como Wallace (mas por motivos diferentes), algum tipo de característica sobrenatural exclusiva do ser humano e que seria concedida por um ser superior: a alma. Nossos sentimentos e raciocínio diferenciados dos demais animais seriam devido a esta alma.

Os católicos e outros grupos religiosos moderados, que tipicamente aceitam a Teoria da Evolução, impõem que Deus (ou ser equivalente) tenha intervindo diretamente com seu sopro de vida e inserido a alma no momento do surgimento do Homo sapiens sapiens, ou mesmo em algum ancestral. Isto, obviamente, é uma atitude anticientífica e não soluciona a questão.

De outro lado, no meio científico, há aqueles que simplesmente repudiam qualquer tentativa de abordagem simples da mente. Preferem nenhuma resposta, ou uma resposta complexa e inverificável, a qualquer esboço de resposta simples.

Enquanto Psicólogos Behavioristas utilizam a Teoria Behaviorista para descrever e analizar algumas facetas do comportamento dos seres humanos e outros animais evitando focar nos processos mentais precipitadamente, o que poderia causar a inclusão de elementos inveríficáveis, Psicólogos de outras escolas a consideram simplista demais para abordar a mente humana, ignoram-na (apesar de alguns de seus méritos), preferindo postular mecanismos fantásticos, que até são boas explicações eventualmente, mas completamente inverificáveis.

Cientistas Sociais têm ataques histéricos quando neurocientistas tentam encontrar origens genéticas e na arquitetura do cérebro para comportamentos violentos, preferindo uma origem únicamente social. Algo como uma atualização do mito do Bom Selvagem.

Quando são encontrados genes que controlariam, ou ao menos influenciariam, Generosidade, Felicidade e outros sentimentos vemos ondas de acusações de “Reducionismo“. Seja lá o que isso for.

Ao mesmo tempo em que deseja-se as respostas para A Vida, O Universo e tudo mais (que por acaso é 42) parece existir algum tipo de preconceito pelas respostas simples, mesmo que possam estar corretas.

Seria isso algum resquício do pensamento mágico (wishful thinking) religioso que espera respostas grandiosas (Deus, Thor, Shiva, Chacras, Milagres e tudo mais) para perguntas gradiosas? Ou é algum medo de que as perguntas não sejam, elas mesmas, tão grandiosas assim, e os mistérios não tão misteriosos?

O que faz com que, quando tratamos de problemas científicos fundamentais, encontremos uma placa escrita “Esta Linha Não Cruzarás” com o subtítulo “A não ser com uma resposta complexa e que seja satisfatória ao ego humano“?

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