Nunca é tarde para uma autocrítica

Em raríssimas ocasiões pude presenciar um momento como este. Uma diretora de revista escrever uma autocrítica tão brilhante da prática jornalística no que se refere à cobertura de descobertas científicas deve ter ocorrido umas, sei lá, zero vezes.

O fato é que a senhora Ruth de Aquino, em sua coluna na revista Época, foi direto ao ponto e apertou todas as feridas abertas do jornalismo de ciência. Se pondo no lugar de um leitor comum, sem intimidade como o processo de produção científica, Ruth apresentou todas as possíveis más interpretações que se pode ter dos resultados de pesquisas na forma como são apresentados pelo péssimo jornalismo de ciência brasileiro.

Esse jornalismo que divulga resultados iniciais ou parciais de forma engraçadinha como se a obtenção daquele dado fosse tudo o que a pesquisa pretendia. Ou ainda, divulga resultados de Ciência Básica de forma desdenhosa, insinuando desperdício de dinheiro, quando na verdade é a pesquisa básica que permite que as comodidades tecnológicas apareçam mais tarde.

A jornalista então “comete” tais erros (para ilustrar a confusão que o leigo faz) e ainda, para ser mais realista, pontua seu texto com os mais diversos clichés, como “Quanto tempo perdido” ou “Para provar o que todo ser humano já sabe”.

Um retrato perfeito do Caos que é o jornalismo de ciência no país. Só posso bater palmas para uma atitude tão ousada da senhora Ruth de Aquino por enfrentar de forma mordaz não só seus colegas jornalistas, em especial os de ciência, como todos na grande mídia.

O quê? Não foi de propósito? Ela acha mesmo aquilo? Putz… pára…

Bom, se ela precisar inventar uma desculpa para tapar a burrada que disse, ela pode usar o que eu escrevi acima.

Fica a dica.

Físico(a) de Sexta 12

Depois de mais de mês, volto com nossa charada semanal na nova casa.

Quem é o Físico da Semana e qual sua relação com a figura?

Resposta: Como assim ninguém respondeu? Ninguém sabia ou fui ignorado completamente? Vai saber.

A figura é um diagrama para Bárions de Spin 1/2 a partir das características de carga (Q) e estranheza (S) que faz parte do esquema de classificação proposto por Murray Gell-Mann para as partículas, então elementares, conhecidas no início da década de 1960.

Mais tarde, Gell-Mann inferiu a existência de três partículas ainda mais elementares, que chamou de Quarks, e cujas combinações seriam responsáveis pelas caracteristicas das partículas compostas que apareciam nos diagramas como o acima.

Viram? Moleza, não? =P

Que lugar legal esse Scienceblogs Brasil, não?

Eis que, finalmente, surge o Scienceblogs Brasil. Lugar bonito não? Eu gostei muito!

Como o Lablogatórios foi assimilado pela maligna Grande Mídia americana, há de se deixar claro as cláusulas dessa fusão. Estamos proibidos contratualmente de revelar a grande verdade por trás dos discos voadores, da Terra Oca, da influência Illuminati nas pesquisas do LHC e tampouco da comprovação da existência da alma através da Física Quântica.

A essas questões, somos obrigados a responder de maneira irônica e mal-educada. Reclamações serão devidamente ignoradas pelo SAC.

Agora que deixei isso claro, gostaria de saber de meus fiéis milhões meia dúzia de leitores, e até dos amigos Sciencebloggers, suas opiniões sinceras sobre o n-Dimensional.

Considero-me, e sem falsa modéstia, um dos blogueiros mais fracos, senão O mais fraco, deste grupo do SbB. Gostaria de saber o que posso melhorar parar essa nova encarnação do blog. Devo comentar mais novidades? Devo postar mais frequentemente? Devo fazer um curso de Ortografia e Gramática? Devo incluir imagens de filhotes fofinhos no banner?

E por favor, nada de complacência. Sejam sinceros!

Hoje é Dia de Falar como Físico!

Ora ora, senhores. Eis que chega o dia mais esperado do ano: o Dia de Falar como Físico! É o dia em que todos são convidados usar o mais refinado jargão científico em suas conversas. Os Físicos fazem isso o tempo todo! Ano passado escrevi algumas lições de vocabulário (básico, intermediário e avançado) para que você, leitor não-físico, pudesse participar. Eu gostaria de ter feito outras lições este ano, com mais antecedência, mas algumas barreiras de potencial me impediram e tunelar não eram uma opção.

Falar como Físico é utilizar expressões que possuem um significado preciso na Física para situações do dia-a-dia. Este ano, o QF escreveu sobre alguns casos que aconteceram com ele. Para um Físico, o sabor do suco do bandejão não é simplesmente incognoscível por parecer ser de várias coisas ao mesmo tempo. É antes um superposição de sabores. Num caso específico, e de fato surpreendente (leitores pelo feed vão ter problemas para ler a expressão abaixo):

Ou seja, um estado superposto que, a cada gole, tem a chance de colapsar para um ou outro sabor, desde que você não leia o cartaz do cardápio =P.

Hoje também é dia do número Pi. É claro que para aqueles que marcam a data como mm/dd/aaaa, o que faz o dia de hoje ser 3/14, ou seja, os primeiros três dígitos do número Pi. Imagino que os matemáticos tenham ficado bastante felizes em 1592 :D. Para nós que marcamos a data de uma maneira menos ilógica, infelizmente, não há um dia “exato” já que abril só tem 30 dias. Por outro lado poderemos comemorar o dia aproximado de Pi em 22 de julho já que 22/7 = 3.1428… Em todo caso, ouça abaixo a musica do Pi. Ela é bastante irracional…

Também se comemora o 130º aniversário de Albert Einstein. Mas ele não é lá tão importante, não é =P

E ninguém contou seus “causos” para o Dia de Falar como Físico, como sugeri aqui. Shame on you! Aqueles que tiverem algum para contar podem por nos comentários. Seria muito legal!

8 de março…

Eu poderia escrever parágrafos e parágrafos neste Dia Internacional da Mulher, seja exaltando mulheres cientistas seja lamentando a baixa quantidade delas na carreira acadêmica. Seria bonitinho mas bastante cliché. Então faço apenas a seguinte pergunta aos meus milhares meia dúzia de leitores (e espero não ser mal interpretado):

Por que não há uma Barbie Cientista?

Pode conferir, não há.

Midiotices: Oh noes! O Terra ataca novamente!

Sintam o drama da matéria do Terra sobre o satélite Kepler:

A viagem intergaláctica tem previsão de 3,5 anos até a chegada à região onde ficam as constelações de Cygnus (Cisne) e Lyra (Lira), que abriga 100 mil estrelas similares ao Sol. No local, a sonda determinará a existência dos exoplanetas através das mudanças de luz que suas estrelas refletem quando passarem entre elas e o observatório. Uma vez detectado um deles, seu estudo poderá ser contínuo pelos telescópios Hubble e Spitzer.

Não acredita? Screenshot neles (clique que ela cresce).

Essa MERECEU um WTF em Comic Sans. Juro.

Falar mal da parte de ciências do Terra já está virando rotina… Quem escreveu isso??? Sério, que bom que o Terra esconde o nome do redator da matéria. Se dependesse de mim, essa pessoa não encontrava emprego nem como atendente da C&A, menos ainda como Jornalista de ciência.

Principalmente quando a PRIMEIRA pergunta no FAQ sobre a missão Kepler, no site da NASA, traz:

How long will it take Kepler to get to its target stars in Cygnus?

The Kepler spacecraft is not traveling to the stars in Cygnus. It will orbit our own Sun, trailing behind Earth in its orbit, and stay pointed at Cygnus starfield for 3.5 years to watch for drops in brightness that happen when an orbiting planet crosses (transits) in front of the star. Cygnus was chosen because it has a very rich starfield and is in an area of sky where the Sun will not get in the way of the spacecraft’s view for its entire orbit.

Quase esqueci de traduzir:

Quanto tempo a Kepler vai demorar para chegar até as estrelas da constelação de Cisne?

A nave Kepler não está viajando para as estrelas em Cisne. Ela orbitará nosso próprio Sol, logo atrás da Terra em sua órbita, e ficará apontada para as estrelas de Cisne por 3,5 anos para observar quedas na luminosidade que acontecem quando um planeta cruza (transita) na frente de uma estrela.  A constelação de Cisne foi escolhida por que é muito rica em estrelas e está numa área do céu em que o Sol não atrapalhará a visão da nave em toda sua órbita.

Já posso falar como Físico?

Lá pela metade de fevereiro, me formei em Física e me matriculei no Mestrado. Pode parecer que é grande coisa, mas não é. Um aluno finaliza a graduação em Física conhecendo, quando muito, a física até os anos 40 (com exceção de assuntos tratados em iniciação científica e que podem ser bem recentes). Assim, é até difícil alguém pleitear o título de Físico tendo apenas uma graduação. Sem muito exagero, okok com um pouco de exagero, atualmente é necessário pelo menos uns 2 pós-doutorados para-começar-a-pensar-no-caso-de-talvez-cogitar-a-possibilidade de se auto-intitular Físico.

Alguns, entretanto, pensam que podem justificar qualquer coisa que digam através de uma suposta formação em Física, até afirmações completamente desconectadas dessa ciência.

Lembro de ter visto certa vez num programa de qualidade duvidosa, se não me engano daquele Gilberto Barros, um quadro sobre supostos fenômenos paranormais. Uma das convidadas para comentar o caso, e que apoiava o suposto fenômeno, se apresentou como formada em Física. Em determinado momento, o apresentador perguntou pela opinião da convidada, e em seguida, como se confirmando, o apresentador perguntou “essa é sua opinião como espírita/espiritualista/não-lembro-a-palavra-exata?”, ao que ela respondeu “É minha opinião como espírita/espiritualista/não-sei-o-que e como Física”.

Não preciso nem dizer que caí para trás gargalhando. Nem entro no mérito da existência ou não desses fenômenos, no que pessoalmente não acredito, mas simplesmente NADA na Física justifica qualquer afirmação de fenômeno paranormal!

Outros ainda tentam usar uma versão, bastante, pessoal da Física para justificar sua visão de mundo. E imediatamente me vem à mente o senhor Laércio B. Fonseca, figurinha carimbada no meu blog anterior:

Em seu site, o “professor” se descreve como sendo:

Formado em física pela Unicamp e especializado em astrofísica abandonou sua vida universitária para se dedicar totalmente a área espiritual.

Acho que ele não devia ter abandonado a vida acadêmica já que quase tudo que ele diz no vídeo acima está errado. Talvez ele tivesse aprendido algo mais se tivesse continuado. Ou talvez trouxa seja eu que ainda não aprendi a tirar dinheiro fácil com livrinhos místicos. Leiam os tópicos dos dvds da palestra “Física Quântica e Espiritualidade”. É um primor!

Nem a convidada do programa, nem o senhor Laércio, são Físicos, mas parecem, ou pretendem parecer, falar como tal. Falar cheio de jargão de Física e Matemática é fácil. Tão fácil que qualquer filósofo pós-moderno é capaz de fazer isso. E nem é lá preciso um grande cérebro para ser filósofo pós-moderno…

É tão fácil falar como Físico que há até um feriado internético só para isso! Pois é, caros leitores, chegou a hora de comemorar mais um Dia de Falar como Físico.

Dia 14 de março é o Dia de Falar como Físico

(E dia do Pi e aniversário de Einstein…)

No ano passado, eu fiz o cartaz abaixo com minha porca habilidade de edição de imagem (clique para aumentar):

Se algum leitor com mais talento puder fazer um cartaz para este ano, seria fantástico!

Para este ano proponho que quem queria participar da comemoração deixe aqui nos comentários, ou em seus blogs (deixando o link nos comentários, claro), alguma situação engraçada pela qual tenham passado devido ao uso de jargão da Física, seja por um Físico, um “Físico” ou um leigo. Caso não tenha nenhuma história sobre Física, serve também sobre cientistas de outra área.   Vamos democratizar a comemoração.

O Talk Like a Physicist é o blog oficial da comemoração, deem uma passadinha lá também!

Bônus: Vi essa tirinha do Calvin na porta de um professor hoje. Achei simplesmente fantástica de tão nonsense!

“Eu não pude lê-lo porque meus pais se esqueceram de pagar a conta da gravidade”

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