Midiotices: Não… Só pode ser um complô!

Por que todo completo idiota resolveu se manifestar nesta semana? Influência dos astros? Achei isso na comunidade “Física” lá no Yogurt:

A Revista Veja desta semana estampa na capa uma matéria especial sobre o BIG-BANG e coloca que “a ciência está próxima de desvender a origem do universo”. Mas por que a burguesia se esforça tanto para nos fazer crer nesse tal Big Bang?

Luiz Bicalho

A “teoria” do big-bang foi formulada originalmente pelo padre e cosmólogo belga Georges Lemaître em 1927. Era uma tentativa de conciliar a explicação bíblica da origem do universo – “e Deus disse: faça-se a luz” – com uma explicação científica. Ela foi retomada por diversos físicos a partir da descoberta feita por Huble (1929) de que o universo estava em expansão.

A teoria permitia predizer a totalidade da matéria em relação à taxa de expansão geral do universo, à taxa de expansão de cada galáxia e também previa uma radiação resultante da explosão, a chamada “radiação de fundo”. Esta radiação foi descoberta em 1965.

Mas existiam problemas na teoria e eles foram se agravando. Para se manter as galáxias “resultantes” da explosão, deveria existir em cada galáxia mais matéria do que se observava. Então, postulou-se a existência de uma “matéria escura” que serviria para aumentar a gravidade dentro de cada galáxia e impedir que ela tivesse se dispersado. No início esta previsão era de que 5% da matéria do universo fosse de “matéria escura”.

O problema é que as medições se tornaram mais precisas e cada vez mais se necessitava de mais matéria escura para preencher o vazio das galáxias. E aí, em 1998, ocorre uma outra descoberta: o universo, as galáxias, afastam-se umas das outras em velocidade muito maior que previa a teoria do big-bang. Então, para ajustar o modelo, passaram a precisar de uma “energia escura” que repelisse as galáxias, mas que não repelisse as estrelas entre elas dentro das galáxias!

O resultado dos cálculos (utilizando a famosa fórmula de Einstein que E=mc²) é que, para tudo funcionar, segundo a teoria do big-bang, 75% do universo é composto por “energia escura” que não se pode detectar, 24% por “matéria escura” que também não pode ser detectada e somente 4% do universo por energia e matéria “normais”, que podem ser observadas. Tudo isso para a gravitação funcionar como funciona e admitir que existiu o big-bang. Todas as “provas” da existência da matéria ou energia escura remetem a medidas gravitacionais – ou seja, como se alguem quisesse provar que 2 mais 2 é quatro porque quatro é dois mais dois.

Alguém poderia perguntar com razão: então o universo não pode ser conhecido? Talvez a resposta mais simples seja a de que a teoria do big-bang deva ser contestada e comecemos a procurar outras teorias que possam explicar melhor o universo. Existem teorias alternativas e um astrônomo sueco (Hannes Olof Gösta Alfvén) propôs um deles, através da física de plasma. Uma de suas contribuições – ondas na coroa solar – foram comprovados recentemente por um satélite japonês. Apesar disso, mais de 95% das verbas de pesquisa disponíveis para astronomia giram em torno de comprovar o big-bang, a matéria e a energia escuras.

Recentemente, veio à luz uma carta de Einstein de 1954 em que ele destaca que “a religião é superstição infantil”. Mas, até hoje, é essa superstição iniciada pelo padre belga que dirige os investimentos na pesquisa astronômica. A que interesses isso serve? Certamente não aos interesses da humanidade!

Grifos especialmente tolos são meus, fora os erros históricos e conceituais. A fonte da Idiotice? Um site Marxista, óbvio! Eu fico aqui pensando onde está aquela Esquerda que defendia com unhas e dentes a Ciência contra as doideras religiosas da Direita?

Eu vendi óculos 3-D na cruz para ter que aguentar esse povo, só pode.

Midiotices: Resolveram me irritar esta semana!

Não bastasse a nojeira da matéria da Veja essa semana, um certo programa, Espaço Aberto, da Rede Globo resolveu fazer um programa sobre Física Quântica, e para explicá-la chamou o Amit Goswami

Sim, sim, eu espero vocês pararem de rir antes de continuar. Fiquem à vontade.

O problema é que esqueceram de avisar aos produtores do programa que NADA que esse homem fala tem QUALQUER relação com a Mecânica Quântica! NADA, NADA, NADAAAAAA!

Esse homem é um charlatão de marca maior. Aliás, não sei se o chamo de charlatão ou de louco. Não sei afinal se realmente acredita no monte de lixo que diz.

A matéria é Hilária de uma ponta a outra. O besteirol de sempre está presente mas vocês provavelmente não conseguirão assistir muito dele já que o risco de perda brusca de sanidade talvez faça seu cérebro desligar como forma de segurança.

Aos corajosos, cliquem aqui.

Midiotices: Morra, Jornalista, morra!

Normalmente eu não comento iniciativas de “divulgação científica” da Mídia Mainstream para não me estressar. Vou abrir uma exceção neste caso. A revista Veja publicou, em sua edição 2066 desta semana, uma matéria intitulada “40 perguntas sobre o Universo“. Eu completaria o título com “e 40 respostas mal escritas sobre isso” por que não me vem à cabeça nenhum caso de Divulgação tão preguiçoso e mal-feito nos últimos tempos. Bom, excluindo a seção de Ciência do Terra que é Hors Concours.

E olha que o “jornalista” responsável até que começou seguindo bem a apostila do Bom Senso e consultou nada menos que 15 especialistas! (Para essa seção de perguntas e para as outras matérias relacionadas).

Augusto Damineli, astrônomo | Eduardo Janot, astrônomo | Francisco Jablonski, astrônomo | Jaime da Rocha, astrônomo | José Monserrat Filho, especialista em direito espacial | Jorge Ernesto Horvath, astrofísico | Maria Assunção Silva Dias, meteorologista | Mikiya Muramatsu, físico | Oswaldo Duarte Miranda, astrônomo | Paulo Artaxo, geofísico | Petrônio Noronha de Souza, engenheiro aeroespacial | Victor Rivelles, físico | Walmir Cardoso, astrônomo | Yara Marangoni, geofísica

O leitor fará o favor de me apontar COMO é possível que com tantas fontes o BOSTA do jornalista me escreve a seguinte resposta para a pergunta “A matéria escura, que responde por 23% de tudo o que existe no universo, é realmente escura?”:

Não. O termo serve para indicar que essa matéria é incapaz de produzir energia – ou seja, de emitir radiação eletromagnética.

Grifo meu. Vem cá, que revisão foi essa que fizeram que deixam escapar tamanha nojeira? Por que duvido que alguma das fontes tenha dito uma doidera dessas! Isso é obra da cabeça do Jornalista, que acha que pode sair resumindo tudo que continua fazendo sentido! Divulgação Científica não funciona igual a notícias de Política e Economia!

Por favor, Veja. Se for fazer outra matéria sobre Ciência, pelo menos chamem um jornalista especializado para fazer a matéria, e não a estagiária!

Eu não quero nem ver a cagada que está nas outras matérias da mesma edição. Só de olhar o índice dá pra ver que até a “Partícula de Deus”, que já comentei aqui, entrou na jogada. Tenho MEDO, muito MEDO.

Um Cientista na minha vida: Carl Sagan

Como toda criança, sempre fui muito curioso. Procurava saber de tudo um pouco. Mas talvez um pouco diferentemente da maioria, buscava o conhecimento não pelo prazer de obtê-lo mas pela chance de poder em seguida repassá-lo.

Contar para o outros o que aprendia era o que me dava realmente satisfação. Será que eu tenho o gene da Divulgação ao invés do de Pesquisa?

Enfim, cresci sem muitas influências científicas e tentava aprender de tudo sem o menor critério. Isso me fez explorar o insólito terreno das mais variadas e MUCHO LOKAS idéias: ufologia, teorias conspiratórias e outras.

Acontecimentos pessoais me fizeram mudar para uma visão de mundo um pouco mais pé-no-chão, mas aquelas idéias MUCHO LOKAS ainda estavam categorizadas como “não-impossíveis” na minha mente.

E talvez por isso tenha escolhido uma carreira científica. Queria aprender algo que me ajudasse a explorar o quanto de verdade havia naquelas idéias. A conclusão é “praticamente nada”, mas isso é outra história (uma razão secundária foi a perspectiva de fama, fortuna e mulheres proporcionada pela carreira de Físico, que no fim também foi uma mentira propagada pela mídia, diga-se de passagem…).

Os livros de Carl Sagan foram extremamente importantes nessa mudança de mentalidade. Primeiro foi “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, em seguida “Pálido Ponto Azul” e “Bilhões e Bilhões”. Livros que primavam não só pela divulgação de Ciência, mas principalmente pela divulgação do PENSAMENTO Científico.

E é isso o que passei a considerar o mais importante na Divulgação Científica: mostrar não O QUE pensar mas COMO pensar. Quando se mostra o funcionamento da Ciência, seus métodos, as armadilhas que nossa mente nos prepara, os erros que cometemos sem perceber, tudo isso através de uma linguagem agradável, por vezes engraçada, e de fenômenos simples, temos uma divulgação muito mais eficiente que escrever livros e mais livros sobre temas extremamente complexos (como parece ser a idéia de divulgação de um certo cientista inglês…) que acabam alimentando ainda mais as MUCHO LOKICES que propagando o pensamento e o gosto pelas ciências.

Carl Sagan despertou em mim o prazer pela Divulgação Científica, e a vontade de seguir esta carreira. A Física continua sendo minha paixão, e contaminar outras pessoas com essa mesma paixão é a missão a qual me dedicarei.

Este artigo faz parte da Blogagem Coletiva proposta pelo Átila (do Rainha de Copas) e o Carlos (do Brontossauros em meu jardim)

Do Higgs e de quando a tradução caga tudo

Volta e meia vê-se a mídia em língua portuguesa fazendo referências ao Bóson de Higgs como a “Partícula de Deus“. Algumas pessoas MUCHO LOKAS em seguida podem concluir que os Físicos consideram a existência dessa partícula como prova da existência de um ser super-fodástico que se preocupa com se comemos porco aos sábados ou não ou algumas outras coisas MUCHO mais LOKAS ainda.

O equívoco é até certo ponto compreensível já que uma rápida pesquisa pode nos levar ao livro The God Particle: If the Universe is the Answer, What is the Question?” de Leon M. Lederman. O título do livro pode dar a noção de que Lederman pense que o Higgs seja algum tipo de chave para se entender, ou provar, a existência de alguma divindade.

O Livro trata, na verdade, da história da Física de Partículas Elementares de forma bem humorada, e o título vem do entusiasmo do autor (como afirma no prefácio das edições seguintes) com as perspectivas das futuras descobertas que seriam feitas no SSC (Superconducting Super Collider – acelerador de partículas que seria construido nos EUA). O colisor, no entanto, foi cancelado logo após o lançamento do livro, deixando o título fora de lugar. Desnecessário dizer que Lederman não pretendia imprimir qualquer conotação religiosa no título, apenas deixar claro (talvez claro demais) a importância que a Partícula teria para a Física de Partículas (importância que não é unânime deve-se dizer).

A Mídia, no entanto, comprou a idéia de que o Higgs teria importância quase religiosa e não perdeu tempo em fazer o termo God Particle praticamente onipresente nas reportagens sobre o assunto, não só causando problemas com o significado do “apelido” mas também com o exagero da importância desse Bóson. E a MERDA só aumentou com a tradução do termo para o português. No lugar de “A Partícula Deus” o nome que colou foi o “A Partícula de Deus”, simplesmente piorando o mal entendido.

Digamos que o ele seja encontrado e que a mídia noticie a descoberta da “Partícula de Deus”, qual não vai ser o tamanho do barulho religioso em torno disso? “Oh, os cientistas provaram a existência de deus. Toma essa ateu feioso”. Desfazer a confusão pode levar bastante tempo.

Mas pior será se o Higgs não for encontrado e a teoria em torno dele for abandonada. Por quê? Ora, “A Partícula de Deus” foi tão absorvida pelas camadas MUCHO LOKAS da sociedade que se for noticiada o abandono do Higgs serão imediatas as manifestações de como a “Ciência Materialista” (como se houvesse outra) está jogando deus para escanteio e blá blá blá, dificultando ainda mais a populariazação da Física.

As conseqüências acima podem até ser exageradas, mas mostram o quanto é importante que os Cientistas sejam bastante cuidadosos com suas metáforas (que podem se voltar contra eles facilmente), e que os Jornalistas evitem propagar termos que não são unanimidade entre os cientistas (NENHUM físico usa “Partícula de Deus” e mesmo assim as reportagens afirmam “o Bóson de Higgs, ou a Partícula de Deus como chamam os cientistas”) só para gerar manchetes atrativas.

Pipocas de Celular?

O leitor deve ser um dos quazilhões de pessoas que assistiram ao vídeo abaixo do YouTube em que três amigos usam seus celulares para estourar pipocas. Se você acreditou no vídeo, meus parabéns. Você é oficialmente um trouxa.

Wired traz uma matéria em que o Físico Louis Bloomfield comenta o Fenômeno. Não que fosse realmente necessário. Se as ondas emitidas pelos celulares transferissem energia o suficiente para estourar um caroço de pipoca em 20 segundos, imagine a quantidade de pessoas com queimaduras severas após telefonarem!

As pessoas deveriam pensar um pouco mas antes de aceitar toda besteira que assistem nos tubos. Se para cada besteira espalhada pela internet for necessário que um Físico se movimente para refutar, eles não vão fazer mais nada na vida.

Documentário sobre Richard Feynman

Tudo sobre o tocador de bongôs que de vez em quando brincava de Físico. Via Meus Apontadores.

A sequência está nos vídeos relacionados.

Sobre ScienceBlogs Brasil | Anuncie com ScienceBlogs Brasil | Política de Privacidade | Termos e Condições | Contato


ScienceBlogs por Seed Media Group. Group. ©2006-2011 Seed Media Group LLC. Todos direitos garantidos.


Páginas da Seed Media Group Seed Media Group | ScienceBlogs | SEEDMAGAZINE.COM