O que é mais sustentável: comprar CD ou baixar da net?

cd transporte ambiente.jpgPode não parecer uma grande questão da humanidade, afinal parece claro pra maioria que o CD comprado na loja é mais ambientalmente, e financeiramente, custoso que o baixado no conforto do computador de casa.

Mas é bom sempre trazer este tipo de questão aos nossos dias a beira do caos climático, como muitos pregam. E foi isto que este estudo para a Microsoft e a Dell fez.

Qual o custo ambiental de um CD?
Devemos contar claro o material, a produção em si, a embalagem, o transporte até a loja e o transporte até sua casa.
Destas etapas, qual você acha que é a mais cara? Produção? Errou, é o transporte. Tanto o para a loja como da loja para a usa casa

E o custo de baixar da internet?
Sim, isto também custa. Ou você acha que conexão banda larga dá em árvore? Então aqui temos os custos dos bancos de dados onde estão os arquivos (vai uma grana violenta para refrigerar milhares de computadores de serviços on-line que também não dão em árvore) e energia para manter seu computador ligado enquanto baixa o arquivo.

Mesmo assim, o CD na loja sai mais caro para o planeta. Claro que você pode reduzir este problema indo comprar CDs de bicicleta ou patinete (não motorizado, claro). Mas acho que em tempos pós-Napster nós e a indústria fonográfica teremos que optar por uma opção mais $barata$ e sustentável ao mesmo tempo.

E os artistas têm que ajudar também. O pessoal da Dave Mathews Band (muito bons por sinal), estão de cabeça nesta onda verde. Reduzindo suas próprias pegadas de carbono e estimulando os fãs a fazer o mesmo: reciclando latas nos shows ou se cadastrando no site da sua campanha So Much to Save e se comprometendo a ter uma atitude ecológica, os fãs pode baixar musicas da banda de graça. (via Bits o´carbon)

Livros X livros digitais
Mas e os livros, que estão para serem substituídos por livros digitais que podem baixar os textos
da internet? Quem ganha o selo verde: o tradicional de papel ou o digital?

A conta não é tão simples. Por analogia do CD podemos pensar que o digital é melhor. Mas como lembrou o blog Bits o´carbon, os livros normais são de baixo custo, duráveis e feitos de material renovável (e reciclável). Os caros digitais como o famoso Kindle, serão como celulares, estimulando a troca por um novo a cada lançamento. Gerando assim muito lixo.

Por isso fiquemos atentos a novas pesquisas para ponderar nossas escolhas conscientemente.

RNAm Expresso vol. 5 – Leituras interessantes!

090821085252_axolote226.jpgCientistas estudam anfíbio ‘monstro’ para tratar regeneração de membros: a gracinha que pode ser vista na foto ao lado, chamada Axolote, é capaz de regenerar até pedaços do CÉREBRO! Isso explica ter tanto dinheiro indo prás pesquisas com esse anfíbio, só o Departamento de Defesa dos EUA já doou 6 milhões de dólares para esses estudos. BBC Brasil
Sintomas mostram a hora de ir ao médico; veja lista criada por especialistas: lista elaborada pela Clínica Mayo (EUA) com dez sinais que indicam necessidade de cuidados médicos, comentada por especialistas contatados pela Folha Online.
Butantan começa a fazer vacina antigripe em outubro; conheça a fábrica por dentro: vejam esse ótimo infográfico mostrando como é a fábrica que produzirá as vacinas contra a Gripe Suína (H1N1; Gripe A) no Instituto Butantan. G1 Ciência e Saúde
Cientistas transplantam genoma em novo ‘passo’ rumo à criação de vida sintética: a equipe de cientistas comandada por Craig Venter (alguém aí lembra da Celera Genomics quando estavam sequenciando o genoma humano?) diz estar mais próxima de criar uma célula sintética! Eles anunciaram a criação de um novo tipo de bactéria a partir de um genoma modificado. UOL Ciência e Saúde
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Por hoje é só pessoal, bom sábado a todos!
Imagem: Jesús Chimal, pesquisador da Universidad Nacional Autónoma de México, um dos autores dos estudos envolvendo o Axolote

G. I. Joe: O que esses caras têm contra a ciência?!

Rachel Nichols g i joe sexy.jpg

Rachel Nichols, a Scarlet de G.I. JOE

Se você caiu aqui buscando imagens das protagonistas do filme, Rachel Nichols e Sienna Miller, saiba que infelizmente nem elas salvam o filme G. I. Joe. Cheio de clichês, aliás TODOS os clichês: monólogo do vilão; o clichê mexicano “eres mi hermano!?!?”; a caminhada em slow-motion no final; o bobão querendo ficar com a gata que se faz de difícil; e por aí vai.

g i joe erro snakeeyes.jpgComo o filme é ruim pra diabo, não vou ter medo de ficar avisando de spoilers. Como não tem história mesmo, você não estará perdendo nada.
Por isso digo que o filme é ruim, e não pelo que virá a seguir.
Afinal não sou BIOCHATO a ponto de censurar científicamente a obra de artistas (se é que estes enlatados americanos podem ser chamados de arte). E não sou eu que sou chato não.

Mas o filme que provocou primeiro. Só vou analisar a situação.
Bom, fica claro que o vilão de tudo é a ciência. E ela é a origem de todo o mal do filme. Por isso exijo direito de resposta

O que esses caras têm contra a ciência?!

A primeira bordoada foi quando uma das gostosas personagens que é um gênio intelectualóide está sendo xavecada pelo bobão que é guiado só por instintos (clichê).
Daí ela me lança a pérola, “emoções não são baseadas em ciência. Se puder provar ou quantificar alguma coisa que exista? Mas pra mim elas não existem.”(video com esta parte aqui)

o-doutor-gi-joe-560x749.jpg

COMO ASSIM?!?!?! Alguém fala pra ela estudar neurociência e psicologia, por favor!!! Ou ela acha que as emoções vêm de onde? Tem muita pesquisa científica seríssima em cima deste tema, descobrindo que sentimentos como amor, fome, decepção, sede e outras têm padrões bem definidos no cérebro. Podemos estudar as emoções sim.

Outra coisa – adivinhe quem é o vilão? O cientista, claro! Um maldito e deformado cientista. Um cara estranho que faz umas coisas que ninguém entende. E daí vem o poder dele. E ainda tem uma parte do filme em que ele lança outra pérola – “a ciência exige sacrifício”. Mas não sacrifício humano!!! Fora que o cara está fazendo tudo para os seus fins próprios pessoais.

Dizem que as pessoas temem o que não conhecem. Será que os cientistas ainda estão tão longe da realidade das pessoas assim? Ou será que o cinema só cansou de usar políticos, terroristas e extraterrestres como vilões?

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Sienna Miller, a Baronesa de G.I. Joe

Nanotecnologia – o açoite do mal

No filme
Tudo gira em torno de uma arma que nada mais é que um bando de nanorobôs comedores de metal controlados remotamente. Esta mesma tecnologia serve para controlar a mente de pessoas, torná-las mais fortes, mais ágeis, sem dor, e imunes a venenos.

Idéia nada original no cinema. Que me lembre isto existe desde Viagem Insólita, quando reduzem um piloto e sua nave a ponto de injetá-la em uma pessoa, permitindo tratamento direto de doenças (Coincidência – é com o mesmo Denis Quaid que é o general do filme GIJoe).

As nanomáquinas também aparecem no Exterminador do Futuro 2. Sim, aquilo não é metal líquido, mas sim nanorobôs que se comportam como flúido. (É isso mesmo ou estou misturando referências?)

Na realidade
As máquinas, por menores que estejam ficando, não chegaram e nem sei se chegarão ao tamanho sonhado do filme, o tamanho de uma célula, por exemplo. O problema é o circuito eletrônico, que entenderia o comando de um controle-remoto. Estes são difíceis de serem tão miniaturisados.

Mas nanomáquinas já vem sendo utilizadas, não feitas de engrenagens de metal, mas sim de proteínas ou DNA. Hoje em dia é possível esculpir moléculas, e moldá-las para fazer um trabalho específico, e algo que faz um trabalho é a definição de máquina. Veja origamis e baús de DNA aqui.

Agora, nanorobôs controlarem a mente das pessoas eu achei meio pesado demais. O pessoal que está mais a frente deste movimento de interação cérebro-máquina, como o brazuca Miguel Nicolelis, têm uma expectativa de fazer próteses mecânicas funcionarem sob comando do cérebro em 10 anos. E são os otimistas. Ou seja, anos de esforço só para entender como o cérebro faz um braço se mover. Agora imaginem o tempo que levaria para entender o comportamento humano! E depois ainda aprender a controlá-lo!
É, isto não vai rolar tão cedo.

Uma coisa que aparece e é bacana é a roupa aceleradora, que é a mesma idéia do que uns japoneses estão fazendo. Desenvolvendo um traje, ou exoesqueleto, para ampliar as capacidade de nossos frágeis corpos, como aumentando a força ou mesmo ajudando paraplégicos a andar

Enfim, paro por aqui, porque o resto é o de sempre – Tiros, explosões e lock´n load

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Usain Bolt, o corredor QUASE perfeito

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Imagem e texto adaptados do artigo “Taller, heavier: the speedy evolution of the fastest people on the planet” do The Sydney Morning Herald

Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo. Será ele a máquina perfeita de corrida? Parece que ainda não.
Pesquisadores vêm observando o desenvolvimento dos atletas de corrida durante toda a história das competições. Suas medidas, como peso, altura e tamanho de membros, são dados que estão sendo analisados, e pela comparação dos atletas e suas marcas estão-se tirando conclusões interessantes.
Os corredores de velocidade estão cada vez mais altos e pesados. É fato que a população em geral vem crescendo. Cresceu 5cm em média desde 1900. Mas os corredores campeões cresceram 16,2cm neste mesmo tempo. Logo parece haver uma vantagem em ser alto nesta modalidade.
Mesmo nesta foto acima parece que podemos perceber algo diferente. Parece que todos os outros corredores já estão com os corpos esticados, enquanto Bolt parece ainda estar com uma sobra para se impulsionar ainda mais. Aí está: mais alto para aproveitar este impulso, e mais pesado, com mais força para se propelir. Assim ele economiza passos e ganha tempo.
O corredor perfeito
O professor de Ciência do Exercício, da University of South Australia considera Bolt um primor morfológico para correr. “Ele é perfeitamente projetado para passos longos e movimentos rápidos”, disse o dr. Norton. “A parte de baixo da sua perna com relação à de cima é bem longa. O comprimento da perna toda em relação ao corpo todo também é longa”.
Se Bolt tivesse potência compatível ao comprimento da sua perna “ele teria ido abaixo dos nove segundos”. E um homem de 2,13 metros de altura ainda vai correr abaixo dos nove algum dia.
Mas como achar ou “produzir” um campeão destes? Se já se sabe a altura, peso e comprimento de membros ideais, o que impede a produção destes atletas se utilizando técnicas de biotecnologia.
Evolução do mais rápido
Bem, a biotecnologia não está tão avançada neste sentido. Peso e altura são características complexas, que não dependem só de um ou poucos genes.
Mas de certo modo já existe uma seleção natural dessas características, já que muitos atletas acabam se casando entre si e se reproduzindo, o que pode levar a uma incidência maior das características dos atletas nos seus filhos. Mas isto nos leva a outra questão: filho de peixe, peixinho é?
Não necessariamente. Também há o caso do metabolismo ideal. Afinal, corredores rápidos se beneficiam de células que também são rápidas em gerar energia, ao contrario de maratonistas que se beneficiam mais por células lentas. E esta decisão se as células serão rápidas ou lentas acontece na fase de feto do desenvolvimento do indivíduo. Assim o ambiente, desde o feto, até o afinco nos treinos, é fundamental. Não depende só da genética.
Afinal, eu sou alto, poderia até ter as proporções ideais para ser uma máquina de corrida em velocidade. Mas sempre gostei mais de corridas de longa distância. E fora isso, adquiri uma tendência imensa de preferir assistir TV a correr, principalmente depois dos 17 anos. Assim não há genética que salve.
Mas Salve Usain Bolt! (Que na minha opinião ainda segurou bastante neste mundial só pra causar nos outros. Afinal, pra ser um atleta de elite hoje em dia não adianta ter proporções perfeitas, tem que ter muita cabeça também.)
Atualização (18/08/09): A leitora Tatiana mandou um link muito interessante do The Guardian que me lembrou de uma informação interessantíssima: a qual velocidade ele chegou? 44,72km/h entre os 60 e 80 ms!!! Existem áreas em que ele poderia ser multado por excesso de velocidade!!!
Ele deu 40 a 41 passos nos 100ms, enquanto seus concorrentes precisaram de 45 a 48
E realmente o aumento no record é muito maior do que vem sendo atingido nos outros anos desde o começo da marcação eletrônica de tempo. E alguns estatísticos haviam previsto esta marca de Bolt, seguindo as tendências, só para 2030! Claro, afinal o último record é de 1929.
Aguardemos agora o seu prometido 9.4s!
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A felicidade está na internet

amor internet.jpgDescobri duas coisas bem bizarras lendo este artigo da Science. Primeiro que existe uma revista científica chamada Journal of Happiness Studies, algo como Revista para Estudos da Felicidade (?!). Segundo que a internet, principalmente os blogs, pode ser um termômetro emocional do mundo!

A internet é o termômetro do humor do mundo

Como? Ora, no trabalho publicado nesta revista, os matemáticos Peter Dodds e Christopher Danforth analisaram sentenças de 2,4 milhões de blogs, que foram coletados pelo site www.wefeelfine.org. Este site faz buscas pelos blogs do mundo procurando por frases que começam com “I feel…” (eu me sinto…). Assim, com essas sentenças retiradas de blogs, eles analisaram as palavras presentes com diferentes pesos. Palavras alegres como “Love” e “triunphant” tinham um valor maior e palavras tristes como “disgusted” tinham um valor menor numa escala de 1 (miserable) a 9 (ecstatic). Assim os pesquisadores calcularam o índice médio de felicidade para cada texto baseados nos escores das palavras e nas suas freqüências.

Os pesquisadores escolheram este método por acharem que as pessoas são mais sinceras escrevendo espontaneamente do que respondendo questionários psicológicos. O que faz todo o sentido pra mim e justifica o trabalho.

Resultados: A blogsfera esta cada dia mais feliz! Desde 2005 a felicidade aumentou 4%. Dá até pra acompanhar a felicidade por datas especiais. Natal e dia dos namorados faz a felicidade na net subir pra 6,0, enquanto que datas pesadas como 11 de setembro ficam em tristes 5,7.

grafico felicidade.jpgO dia mais feliz desde 2005 foi 4 de Novembro, dia da eleição para presidente dos EUA, com um escore de 6,3. Esse índice foi bombado pela emoção dos bloggers que escreveram mais a palavra “proud” e menos as tristes “pain” e “guilty”. E recentemente a morte de Michael Jackson rendeu 3 dias de tristes 5,8 pontos de felicidade.

Além de datas específicas, podem-se medir diferenças entre sexo e idade. Homens e mulheres tiveram a mesma média de pontos (5,89 e 5,91 respectivamente), mas mulheres são mais extremas e usam palavras muito tristes ou muito alegres. Assim ficam na média, mas não escondem a sua exaltação.

Quanto a idade, adivinhem quem são os mais deprimidinhos? Os emos adolescentes, claro, com 5,5 na faixa e 13 a 14 anos. Também, escrevem muito mais palavras de revolta, como “sick”, “hate” e “stupid”, do que os bloggers com maior rodagem, nos seus 45 a 60 anos, e maior índice de felicidade também.

Músicas como termômetro

feliz ou triste.jpgFizeram este mesmo teste também usando letras de músicas dentro do site www.hotlyrics.net. Foram analisadas 230 mil letras de músicas quem mostraram uma realidade mais triste. Desde 1960 a felicidade nas musicas caiu 10%. A maior parte da queda se deu entre 1961 (6,7) e 1980 (6,2). Parece que se canta cada vez menos de amor para se cantar mais sobre ódio e dor.

A média de felicidade dentro de cada estilo de música não caiu com o tempo, mas o aparecimento de novos gêneros, como o punk e o metal, é que são os responsáveis pela queda do índice.
(Se for por causa do punk e do metal, acho a queda muito digna então.) 

Ah, e agora os pesquisadores querem usar o Twitter para coletar dados, e acompanhar as mudanças de humor em tempo real!

E pra que saber o humor do mundo?

Oras, podemos fazer relações em vários níveis, e responder perguntas como as sugeridas pela psicóloga Sonja Lyubomirsky: “Músicos com letras mais positivas vendem mais CDs?”, ou “Pessoas em países com blogueiros mais felizes vivem mais?”. Além disso poderíamos talvez avaliar governos diretamente pela felicidade do povo durante uma gestão, ou mesmo durante eventos como a crise econômica.

Só duas perguntas: será que este blog é mais triste ou mais alegre? E você leitor, fica mais triste ou feliz lendo este humilde RNAm?

Os pecados dos animais

Gatinhos vendo Padre Léo na TV.jpg

Gatinhos vendo padre
léo na TV

Por esses dias conheci um padre muito interessante por ser polêmico. Não conheci pessoalmente porque está morto. Mas ouvi uma homilia sua sobre o aborto.

O famoso padre Léo e o aborto

Famoso nos círculos católicos, bem de acordo com a renovação carismática dentro da igreja católica, causa polêmica dentro da própria igreja pelo estilo polêmico de pregar. Muito semelhante aos pastores a que nos acostumamos a ver na televisão hoje em dia. O movimento carismático gera esta semelhança com as igrejas neopentecostais ou mais conhecidas como evangélicas.
Mas não sei porque estou dando esta palestra sobre atualidade cristã. O fato é que no discurso sobre o aborto, dispensável dizer que contra o aborto, um dos argumentos usados pelo padre é muito mal colocado do ponto de vista biológico.

Animais: santos ou pecadores?

Para emocionar a audiência, o Pe. Léo cita alguns casos de sua humilde infância na roça: Quando um bezerro morre, sua mãe pára de dar leite. E a família dona da vaca, muito necessitada do leite para o próprio sustento, tem que enganar a pobre mamãe vaca, tirando o couro do filhote e o colocando por cima de outro bezerro. Assim a vaca sente o cheiro de seu filho e não pára de dar leite. Isto seria um sinal de amor da mãe pelo filho.
Ao fim de uma história ele sempre fala: E o homem quer legalizar o aborto.
Outro caso: uma cena que o chocou muito foi quando estava na roça e viu uma ovelha berrando e se contorcendo, esticando o pescoço e gemendo. Tudo por causa de um filhote morto aos seus pés. Esta cena quase o fez chorar junto com a pobre mãe.
E o homem quer legalizar o aborto.
Olhe, não faço apologia ao aborto neste texto, mas devo trazer um ponto importante nesta argumentação: ANIMAIS NÃO SÃO SANTOS.
padre leo e cachorro.jpgUso um exemplo bem conhecido. Cães e gatos: quando uma mãe tem uma ninhada, muito frequentemente a mãe simplesmente renega uma de suas crias, geralmente a mais fraquinha, fazendo com que, sem os cuidados necessários, morra à míngua.
Este é um só exemplo que invalida a estratégia de se usar os animais como ícones de pureza e sabedoria natural. Do mesmo jeito que vacas deixam de dar leite caso seus filhotes morram, elas os deixam morrer caso não fiquem de pé logo depois que nasçam.
E não pára por aí: leões praticam infanticídio; golfinhos estupram fêmeas; macacos seqüestram filhotes até mesmo de outras espécies, como cães, para fortalecerem seu bando; assassinato, pedofilia, incesto e por aí vai.
Usar um ou outro exemplo animal para ilustrar um ponto de vista pode ser muito bem usado no sentido alegórico e fabulesco. Mas neste caso de um dogma da igreja, onde estamos falando (ou tentando falar )de coisas nos seus sentidos mais absolutos, e num assunto tão delicado, devemos tomar cuidado.
Cada macaco no seu formigueiro
Não podemos nos espelhar nos animais pela diversidade comportamental dos mesmos. Caso contrário, por exemplo, poderíamos decidir acabar com as liberdades individuais, tornarmo-nos subservientes a um só rei, e tudo isto só para seguirmos o modelo ideal de uma sociedade natural: um formigueiro. Isto seria certo ou errado?
Ou estaria o padre, por alguma influência hinduísta repentina, querendo dizer que o exemplo das vacas serve porque são mais santas que os outros animais infanticidas? Ou estaria o demônio agindo também no mundo animal como age no mundo do Homo sapiens, os corrompendo e compelindo ao infanticídio?
Cada espécie é igualmente única. Sejamos nós mesmos a medida do homem. O próprio Homo sapiens tem que decidir o que é melhor para si.
Usemos as metáforas animais, não como um naturalista, mas como Esopo: transformando-os em caricaturas nossas.

Bônus:

Padre Léo On Drugs no Jô. Até chá de fita de vídeo ele tomou. Para depois ajudar na recuperação de dependentes.

Na parte 1 ele conta como descobriu que queria ser padre durante a chapação.
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Apresentação padrão de powerpoint

Substitua o “chicken” por trechos da sua tese e está pronto para um congresso científico!

Não seria engraçado se todas as apresentações, científicas ou não, não fossem todas iguais! Quem já foi a um congresso sabe.
Está na hora de mudar, não acham? Inovar de algum jeito.
Mas como?
Envie sugestões ou exemplos nos comentários.
Via @cardoso

Termodinamicorreto

Nem tudo dá certo;
Nem toda a ciência é boa;
Nem todo dado é inédito;
Nem toda pesquisa conta.
Publicar não torna artigo relevante
Nem jaleco torna burro inteligente.
Chega de conversinha. A isto há relatórios.
Chega de propagandas. A isto deixo a tese.
Chega de implorar migalhas. Deixo isto para os projetos
O real é o de punho próprio,
O que se anota e o que se escreve
Meu caderno de laboratório,
Que é risco e que é rasura,
Nada nele se apaga.
Bom seria se o fizesse.
Na verdade não. Melhor assim mesmo sem volta.
Termodinamicorreto, sempre rumo à entropia.
Termodinamicorreto, sem retorno ao pré-estado.
Sempre suando e dissipando
Todo tipo de energia.
Ah, e isto lembra mais falsidade:
Pôr ordem neste trabalho é sempre uma tendência
Quando na verdade o que havia era o caos,
Quase nunca uma providência.
Mas afinal, quem precisa estudar esta micro-história,
Pormenores de uma proveta?
Buscamos saber de heróis,
Vilões, amores, intriga.
Mas a micro-história de um protocolo não tem porque.
Ainda mais se é descoberta desvalida.
Aliás, existe descoberta sem valor?
Seria o mesmo caso da árvore caída,
Que cai sem ninguém ouvir?
Cai infinito distante.
Mas, se não lhe ouvem o barulho,
Pode mesmo o som existir?
Com esta falsa impressão, como ir adiante?
Nem tudo tem valor,
Nem tudo se justifica,
Só o que brilha é diamante.
Mas é a embromação que se multiplica
Me dê um artigo bom. Que mude esta ventura.
Que, elegante, mostre a coisa definitiva.
Ao lê-lo, que seja brilhante, como boa literatura.

Bronzeamento artificial dá câncer

UV bronzeamento.jpg

Associated Press – OMS passa a considerar cama de bronzeamento cancerígena

LONDRES – Especialistas internacionais em câncer levaram as camas de bronzeamento artificial e a radiação ultravioleta para categoria máxima de risco de câncer, colocando-as no mesmo nível do gás mostarda e do arsênico.

Há anos que os aparelhos de bronzeamento com lâmpadas e a radiação eram considerados “prováveis cancerígenos”. Agora, uma análise de 20 estudos conclui que o risco de câncer de pele aumenta 75% quando a pessoa começa a usar as camas de lâmpadas de bronzeamento antes dos 30 anos.

E não é brincadeira não. Só pra terem uma idéia, um dos meios de formar tumores em animais, com fins de pesquisa, é depilar os camundongos nas costas e ligar uma lâmpada de UV sobre a área pelada. E funciona bem.

bronzeamento artificial cancer.jpgAgora imaginem um primata, já sem pêlos, numa caixa cheia de lâmpadas UV. Qual a chance disto dar certo? 

Claro que as camas de bronzeamento são bem mais fracas que as usadas na indução de tumores, mas a questão é que não existem níveis seguros de UV.

É como gordura trans. Não tem um mínimo que você pode comer sem culpa. O mesmo com o cigarro.

Como uma luz gera um câncer?
É interessante que de tanto a gente ouvir falar que luz do sol dá câncer de pele, nem nos perguntamos algo que é muito estranho nisso tudo: como é que luz, pura e simples, pode gerar um tumor?

Já escrevi aqui antes sobre como exatamente uma luz pode iniciar um câncer. Recomendo fortemente a leitura:
Entendendo a ligação do Sol, do envelhecimento e do câncer.

E lembrem-se: a única coisa que pode ser usada sem moderação é a prudência. Nem a canja de galinha escapa.

Nós evoluímos na cozinha

macaco cozinha.jpgQual foi o truque inventado por nossos ancestrais a 1,8 milhões de anos que permitiu um dos maiores saltos na nossa evolução? Teria sido a faca ou a roda?

O primatólogo e antropólogo Richard Wranghan (talvez fosse melhor dizer um primatólogo especializado em antropologia, afinal humanos estão incluídos entre os primatas), acha que foi o ato de cozinhar alimentos que impulsionou tanto a nossa evolução neste momento.
“A forma de nossos corpos e o tamanho de nosso cérebro são produtos de uma dieta muito rica, que só pôde ser adquirida através do cozimento dos alimentos”, diz o primatólogo que lançou recentemente o livro “Catching Fire: How Cooking Made Us Human,” que trata justamente da importância do ato de cozinhar na nossa evolução.

O pesquisador baseia esta importância do cozimento ao observar chimpanzés selvagens na natureza, que segundo ele têm uma disponibilidade de alimentos parecida com a que nossos ancestrais tinham a 1,8 milhões, pouco antes do surgimento do Homo habilis, nosso primeiro ancestral Homo, ou seja, hominídeo (nenhuma relação com a opção sexual do espécime, por favor).

Menu bom pra macaco

comida macaco.jpg

Os pobres dos chimpanzés ficariam em êxtase se vissem um varejão cheio de frutas e verduras como os nossos hoje em dia. Na maioria das vezes o que ele encontram são frutos secos e de péssimo gosto, que eles precisam mastigar por horas. Alias é assim que nossos primos gastam a maior parte do tempo, procurando e mascando comida extremamente fibrosa.

E esse primatólogo sabe o que um chimpanzé come, afinal ele passou 40 anos estudando os bichos e até mesmo tentou por um tempo comer o mesmo que eles, para avaliar se seria possível manter um humano moderno com uma dieta de chimpanzé. Resultado: fome, muita fome. Até chegou a comer restos crus de macacos caçados por chimpanzés.

O interessante é que de duas espécies de macacos comidos pelo pesquisador e pelos chimpanzés, o pesquisador preferiu a carne de um determinado macaco por ser mais doce. E esse também é o predileto dos chimpanzés. Percebemos assim que nossos paladares têm algo em comum.

Mas e as fogueiras?

macaco fogueira.jpg

Essa estória é muito interessante, mas tem um probleminha. Se o cozimento foi tão importante, onde estão as fogueiras? A mais velha data de apenas 800mil anos.
Quanto a isto Wranghan não desanima. Segundo ele, realmente não há registro de fogueiras com 1,8 milhões de anos, mas as evidências biológicas são claras. Nossos dentes e nosso trato digestivo ficaram menores nessa época, e a única coisa que pode explicar este fato é a melhora na dieta. E que outro jeito de melhorá-la senão pelo cozimento?

E tem mais, segundo Wranghan, o próprio ato de se reunir perto do fogo nos diferenciou dos outros primatas. Afinal isto estreitou os laços sociais, forçando-nos a viver próximos ao fogo, agüentando os vizinhos chatos sendo mais tolerantes, e tudo que esta convivência forçada pôde trazer. Somos seres muito mais sociais que chimpanzés, por exemplo, talvez graças ao fogo e seus benefícios.

Bem, esta é uma idéia plausível, mas ainda não há dados suficientes para dizer quem realmente veio primeiro (paradoxo Tostines), se o cozimento nos deu energia para manter um cérebro grande, ou se um cérebro grande permitiu inventar o cozimento.

Cozinheiros forjando nossa evolução

Mas o futuro de nossa espécie esta nas suas mãos, cozinheiros de mão cheia. Afinal temos um problema sério hoje em dia de excesso de peso, obesos subnutridos e outros problemas relacionados ao nosso apetite voraz por calorias, vestígio dos tempos préhistóricos em que não havia essa fartura de alimento que há hoje.

Aliás quando vemos a dieta do Homo sapiens préhistórico, não é por coincidência que ela bate exatamente com a dieta ideal recomendada pela Organização Mundial de Saúde. Nosso corpo ainda está adaptado ao nosso ambiente ancestral.

Pensar na nossa alimentação levando em conta a nossa evolução, pode nos manter saudáveis ou nos forçar a mudar.

Ao leitor deixo uma informação final interessante. Para quem é requintado, de gosto apurado e que gosta de pratos finos, saiba que o maior salto evolutivo na história da cozinha foi o simples cozimento na fogueira, mais conhecido como churrasco. E pior, sem nenhum salzinho.


Leia entrevista com Richard Wranghan no The New York Times