Livro: Variedades da Experiência Científica, Carl Sagan
Acabei de ler o mais recente livro de Carl Sagan. Bom, dizer isso é um tanto estranho já que é o segundo livro póstumo do autor, o primeiro foi Bilhões e Bilhões, e diferentemente deste, que já estava praticamente pronto quando da morte de Sagan, Variedades não foi exatamente escrito por ele, e muito menos idealizado, mas consiste na transcrição de sua participação nas Palestras Gifford de 1985, palestras que têm como tema a “Teologia Natural”.
Essas transcrições foram editadas pela viúva e colaboradora de Sagan em vários de seus livros, Ann Druyan, que também escreve a introdução deste livro.
É sempre bom ler Carl Sagan. Entrentanto, não estamos exatamente lendo Carl Sagan neste livro, mas sim ouvindo-o. E esse é um dos problemas: nem de longe este livro conta com a profundidade e precisão usuais de Sagan, que, como escreveu Druyan na introdução, revisaria cada rascunho vinte vezes em busca de problemas de clareza ou estilo que pudessem prejudicar a leitura e o entendimento.
Para aqueles que já leram outros livros de Sagan, não há nada de muito novo aqui. As criticas usuais à religião e às crenças irracionais estão lá, o alerta às consequências de uma Guerra Nuclear estão lá, e por aí vai. Entretanto, vale muito como uma introdução à descrença e neste contexto é muito mais eficiente que outros livros recentes de ateus famosos, como Richard Dawkins, que assumem uma abordagem mais agressiva. Podemos dizer que, como li certa vez, este livro de Sagan é um “Deus, um delírio” com Vaselina.




Renan é doutorando em Física. Atualmente estuda as partículas elementares chamadas de neutrinos, especialmente aqueles de altas energias produzidos em objetos astrofísicos. Gosta do que faz apesar de não ser tão bom nisso quanto acha necessário.
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