Pequenos Erros, Grandes Confusões
Abra qualquer livro didático de Ensino Fundamental, ou mesmo de Ensino Médio, e será grande a probabilidade de se encontrar uma imagem esquemática muito semelhante a esta:
O que ela quer dizer? Que a órbita, o caminho percorrido pela Terra, ao redor do Sol – linha preta – é elíptica e que o Sol não está no centro, mas sim em um dos focos da Elipse.
De fato, Órbita É elíptica e o Sol ESTÁ em um dos focos. Mas será que essa figura representa o que realmente se passa? Não exatamente. A excentricidade da órbita da Terra é muito pequena de forma que se assemelha muito a uma circunferência. Os focos ficam muito próximos uns dos outros e o Sol fica aproximadamente no centro da órbita.
O leitor pode considerar que tais divergências não possuem muita importância, afinal os fatos estão sendo apresentados apesar da representação não ser a mais correta. Eu poderia concordar com o leitor se as conseqüências parassem por aí. Mas não é isso que acontece.
Em primeiro lugar, cabe-se criticar o uso de linhas contínuas para a representar-se as órbitas. Pode parecer engraçado, mas não é raro que as crianças pensem que essas linhas estão realmente lá “segurando os planetas”, principalmente quando não são alertadas pelos professores que são linhas imaginárias.
Outra confusão é aquela relacionada à origem das estações do ano. Devido à utilização de diagramas semelhantes ao mostrado acima, os alunos (e MUITOS professores!) concluem que elas são conseqüência da variação da distância entre a Terra e o Sol no decorrer do ano (quando a Terra está mais perto Sol é Verão, e quando está mais longe é Inverno) quando na verdade é a inclinação do eixo de rotação da Terra que provoca a alternância das estações.
Mas talvez ainda mais importante que os dois erros anteriores seja a questão da escala dos corpos na figura. Os tamanhos relativos entre Terra e Sol são absurdamente diferentes da forma apresentada acima. Evidentemente que a criei nessas proporções para ressaltar o erro, mas, na melhor das hipóteses, o que o livro didático demonstrará é uma diferença um pouco maior entre eles.
Não espero que os esquemas mostrados nos livros estejam perfeitamente em escala, já que o espaço necessário para isso pode ser proibitivo. Por outro lado, espero que os livros tragam, ao menos, informações que comparem os tamanhos dos planetas e do Sol com objetos do cotidiano.
Assim, alunos e professores (é incrível o número de professores que se impressionam quando vêem um esquema em escala, feito de isopor por exemplo, comparando Terra e Sol) poderão ter melhor noção dos tamanhos e distâncias dos componentes do Sistema Solar, e, juntamente com esquemas mais precisos, também de seus movimentos.
Discussão - 2 comentários
É difícil passar esses parâmetros com precisão para as crianças.
Mas muitas vezes esse conceitos continuam sendo passados de forma errada até para crianças grandes, 11 ou 12 anos, que já tem total condição de absorvê-los.