Nunca é tarde para uma autocrítica
Em raríssimas ocasiões pude presenciar um momento como este. Uma diretora de revista escrever uma autocrítica tão brilhante da prática jornalística no que se refere à cobertura de descobertas científicas deve ter ocorrido umas, sei lá, zero vezes.
O fato é que a senhora Ruth de Aquino, em sua coluna na revista Época, foi direto ao ponto e apertou todas as feridas abertas do jornalismo de ciência. Se pondo no lugar de um leitor comum, sem intimidade como o processo de produção científica, Ruth apresentou todas as possíveis más interpretações que se pode ter dos resultados de pesquisas na forma como são apresentados pelo péssimo jornalismo de ciência brasileiro.
Esse jornalismo que divulga resultados iniciais ou parciais de forma engraçadinha como se a obtenção daquele dado fosse tudo o que a pesquisa pretendia. Ou ainda, divulga resultados de Ciência Básica de forma desdenhosa, insinuando desperdício de dinheiro, quando na verdade é a pesquisa básica que permite que as comodidades tecnológicas apareçam mais tarde.
A jornalista então “comete” tais erros (para ilustrar a confusão que o leigo faz) e ainda, para ser mais realista, pontua seu texto com os mais diversos clichés, como “Quanto tempo perdido” ou “Para provar o que todo ser humano já sabe”.
Um retrato perfeito do Caos que é o jornalismo de ciência no país. Só posso bater palmas para uma atitude tão ousada da senhora Ruth de Aquino por enfrentar de forma mordaz não só seus colegas jornalistas, em especial os de ciência, como todos na grande mídia.
O quê? Não foi de propósito? Ela acha mesmo aquilo? Putz… pára…
Bom, se ela precisar inventar uma desculpa para tapar a burrada que disse, ela pode usar o que eu escrevi acima.
Fica a dica.
Discussão - 12 comentários
Renan, eu odeio vc!
Não posso mais usar essa veia...
=¦¤þ
S E N S A C I O N A L ! ! !
AAEEE!! Era isso que eu queria ler!!!
Putz...
Mandou benzaço, velho!
Muito bom mesmo!
Achei que eu era o único que criticava jornalistas científicos...na blogosfera científica isso é meio que um tabu. Será que isso vai mudar ?
@Luiz Bento Vai sim, o lablogatórios (opa, agora é scienceblogs, rsrsrs) chegou pra preencher um espaço que estava precisando mesmo ser preenchido.
Perfeito!
Uma das críticas à Aquino com mais esperteza ateh agora.
Aliás, ela deu um belo tiro no pé, não?
Mon dieu! Os pseudo-sociólogos estão voltando!
Tenente Kuhn!
Major Foucault!
Marechal Feyerabend!
Armados com suas "verdades auto-evidentes", eles dominarão o mundo e negarão que ele existe!
Alguém chame o Alan Sokal!
Putz, nada é superior à ironia.
Magistral seu post, acabou com a tão falada jornalista com um requinte único.
Mas acho que ela nem deva ler blogs de ciência.
Fica a dica
Quanta bosta. Uma autodefesa ridícula de quem quer generalizar a ciência, talvez como forma de justificar seu próprio besteirol patrocinado. A ciência pode ser usada sim para fins ridículos, e a jornalista Ruth está de parabéns pela visão. Ainda bem que existem cientistas que pensam como ela, barrando diversas dessas pesquisas inúteis dentro das próprias universidades.
E pensar que Mendel o "pai da genética" passou vários anos da vida plantando, colhendo e anotando a cor textura das ervilhas pra que hoje nós tivessemos a genética. É perda de tempo!