Magistérios separados: #FAIL

Alguém já disse que a Igreja Católica parou de queimar hereges na estaca não porque tenha concluído que isso é errado, mas porque os governos seculares pararam de deixar.
(Este, aliás, é o grande ponto polêmico da peça Santa Joana, de Bernard Shaw: o argumento do dramaturgo é de que Joana d’Arc não foi vítima de um erro judiciário coisa nenhuma: a inquisição era aquilo mesmo)
Exagero ou não, o chiste sobre hereges e estacas chama atenção para um fato importante: religiões em geral só se tornam tolerantes e defensoras da liberdade de consciência quando acuadas.
O judaísmo só parou com os apedrejamentos de dissidentes depois que os romanos passaram o trator por cima da Palestina; os cristãos só apagaram as fogueiras após as revoluções republicanas; e o islã hoje é o rei dos dois pesos e duas medidas, queixando-se de perseguição em parte do mundo e exercendo tirania irrestrita em outra parte.
O padrão agora chega à Rússia, onde a Igreja Ortodoxa, de volta ao papel de ópio do povo e amparo dos poderosos que exercia tão graciosamente durante o regime dos czares, sente-se forte o suficiente para cobrar o ensino do criacionsimo nas escolas.
Enfim, a ideia dos “magistérios não sobrepostos” de Stephen Jay Gould talvez até pudesse funcionar, mas — com o perdão do trocadilho involuntário — faltou mesmo combinar com os russos.

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