Especialização do conhecimento
“Vivemos uma época de especialização do conhecimento, causado pelo prodigioso desenvolvimento da ciência e da técnica, e da sua fragmentação em inumeráveis afluentes e compartimentos estanques. A especialização permite aprofundar a exploração e a experimentação, e é o motor do progresso; mas determina também, como consequência negativa, a eliminação daqueles denominadores comuns da cultura graças aos quais os homens e as mulheres podem coexistir, comunicar-se e se sentir de algum modo solidários.
“A especialização leva à incomunicabilidade social, à fragmentação do conjunto de seres humanos em guetos culturais de técnicos e especialistas, aos quais a linguagem, alguns códigos e a informação progressivamente setorizada relegam naquele particularismo contra o qual nos alertava o antiquíssimo adágio: não é necessário se concentrar tanto no ramo nem na folha, a ponto de esquecer que eles fazem parte de uma árvore, e esta de um bosque. O sentido do pertencimento, que conserva unido o corpo social e o impede de se desintegrar em uma miríade de particularismos solipsistas, depende, em boa medida, de que se tenha uma consciência precisa da existência do bosque. E o solipsismo – de povos ou indivíduos – gera paranóias e delírios, as deformações da realidade que sempre dão origem ao ódio, às guerras e aos genocídios. A ciência e a técnica não podem mais cumprir aquela função cultural integradora em nosso tempo, precisamente pela infinita riqueza de conhecimentos e da rapidez de sua evolução que levou à especialização e ao uso de vocábulos herméticos.”
Em defesa do romance, Mario Vargas Llosa, em Piauí, edição de outubro de 2009.
Foto: maduroman
O outro cardápio da mandioca
Matéria publicada na Unesp Ciência de outubro de 2009.
Nossa mais tradicional raiz comestível não é só farinha ou petisco de bar. Estudos mostram as oportunidades e vantagens econômicas e ecológicas do etanol produzido a partir dela
Até o início de 2010, o Brasil vai começar a produzir etanol a partir de sua mais popular e original raiz comestível – a mandioca, também conhecida como aipim ou macaxeira. Duas usinas estão em fase final de montagem: uma em Botucatu, no interior paulista, e outra em Porto Nacional, no Tocantins. Elas fazem parte de um projeto de transferência tecnológica da Unesp cujo objetivo é oferecer a pequenos agricultores, principalmente das regiões Norte e Nordeste, um modelo de negócio sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental.
Não será a primeira vez que o país vai produzir etanol da mandioca. Nos anos 1970, época do Pró-Álcool, chegaram a ser implantadas nove usinas. Elas não vingaram por pelo menos duas razões. De um lado, houve problemas na articulação com os produtores do tubérculo. De outro, o grande sucesso industrial da cana-de-açúcar acabou por inviabilizar o negócio. É por isso que, desta vez, o foco no pequeno produtor está no cerne do projeto, segundo Cláudio Cabello, vice-diretor do Centro de Raízes e Amidos Tropicais (Cerat), do câmpus Lageado da Unesp em Botucatu.
Por ironia, essa planta originária da Amazônia, largamente difundida pelo continente e profundamente ligada com a cultura popular brasileira, já é usada para a produção de álcool na China, na Indonésia e nas Filipinas, onde sua principal finalidade é a adição à gasolina. Aqui, porém, o produto é mais atraente não como fonte de energia, mas como insumo para os mercados cosmético, farmacêutico, de bebidas e de tintas e vernizes.
O etanol é o segundo insumo mais usado pela indústria depois da água. E esses mercados demandam um álcool mais puro, como o da mandioca, o da batata-doce ou o do milho. Por isso eles são mais caros que o da cana-de-açúcar, que contém mais impurezas. “Nós temos um produto de melhor qualidade. Mas ao mesmo tempo sabemos que não podemos competir com os níveis espetaculares de eficiência do eixo da (rodovia) Castelo Branco”, afirma Cabello, referindo-se ao polo sucroalcooleiro do centro-oeste paulista.
Arquitetura do invisível
Matéria publicada na Unesp Ciência de outubro de 2009.
A rotina dos nanocientistas é desvendar as entranhas da matéria. Eles modificam sua estrutura em busca de novas propriedades e assim conseguem resolver problemas tecnológicos da indústria
De posse de microscópios de altíssima resolução, Elson Longo e sua equipe enxergam as entranhas da matéria até o seu mais básico nível de organização. Eles veem como os cristais se estruturam, as moléculas se arranjam, os átomos se empilham. No melhor estilo “voyeur científico”, desvendam o invisível em belíssimas imagens (como a que abre esta reportagem e a que foi mostrada no Click! da 1ª edição da Unesp Ciência).
A tarefa de desnudar assim a matéria não é só indiscrição de nanocientista. É a primeira parte de uma rotina centrada na busca por novas propriedades, como cor, dureza, condutividade elétrica e fotoluminescência. Essas características têm grande potencial industrial e estão intimamente relacionadas à estrutura tridimensional da matéria, visível apenas numa escala nanométrica, que é um milhão de vezes menor que um milímetro (um fio de cabelo, por exemplo, pode ter entre 50 mil e 100 mil nanômetros de espessura).
“Conhecendo a estrutura dos materiais, podemos alterá-la e ver como as propriedades mudam”, explica Longo, coordenador do Centro Multidisciplinar de Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), formado por laboratórios da Unesp em Araraquara, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da USP e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
Para alterar a estrutura da matéria, os nanocientistas dedicam-se a sintetizar substâncias quimicamente já conhecidas, à procura de arranjos moleculares diferenciados. Um exemplo é o titanato de bário. Quando sintetizado em determinadas condições de temperatura e pressão, esse sólido, com grande potencial na fabricação de memórias de computador, adquire fotoluminescência – a capacidade de absorver e emitir luz. Materiais fotoluminescentes encontram vasta aplicação industrial: da medicina diagnóstica à prospecção de petróleo.
“Nós brincamos com a arquitetura dos materiais”, diz Diogo Paschoalini Volanti, doutorando do Instituto de Química da Unesp em Araraquara, que conduz a parte experimental de sua tese no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec) da UFSCar. Ele é o responsável pela criação de uma engenhoca da qual toda a equipe se orgulha e que deu origem à maior parte dos 53 artigos científicos publicados pelo grupo só em 2009. “É a combinação de um micro-ondas com uma panela de pressão”, diverte-se Longo.
Os adoçantes na balança
Matéria publicada na Unesp Ciência de setembro de 2009.
Em junho passado o governo da Venezuela proibiu a venda da Coca-Cola Zero no país, alegando que componentes da fórmula do refrigerante seriam prejudiciais à saúde. Assim, sem mais detalhes. Como a versão com açúcar da bebida não sofreu restrições, supõe-se que a decisão deve ter sido motivada por suspeitas que rondam os adoçantes artificiais. Anti-imperialismo norte-americano à parte, resolvemos perguntar a especialistas da Unesp: Adoçantes são realmente seguros? Afinal, por que o rótulo desses produtos traz em letras miúdas: “Consumir preferencialmente sob orientação de nutricionista ou médico”?
“Os adoçantes estão sendo usados de forma inadequada”, alerta Aureluce Demonte, do Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, câmpus de Araraquara. Segundo ela, a preocupação exacerbada dos brasileiros com a estética corporal, a mesma que faz do país o campeão mundial de cirurgias plásticas, leva ao consumo excessivo de adoçantes por pessoas cujo perfil passa longe daquele para o qual são indicados – diabéticos ou pessoas em dieta de restrição calórica.
Substituir a sacarose (açúcar comum) pelos edulcorantes dietéticos pode ser contraproducente, pondera Norka Beatriz Barrueto, do Laboratório de Nutrição e Dietética do Instituto de Biociências, em Botucatu. Ao restringir o consumo de calorias desse modo, sem orientação profissional, tende-se a compensar a falta com alimentos ricos em carboidratos e lipídeos. Além disso, lembra, alguns produtos diet trazem teores de gordura mais altos que os dos convencionais, como chocolates, sorvetes, biscoitos e preparados em pó para sobremesas (flans).
Cancerígeno?
A dúvida ressurge de tempos em tempos com os principais suspeitos do mercado: sacarina sódica, ciclamato de sódio e aspartame. Estudos com animais e doses extremamente altas já mostraram, de fato, tal associação. Mas a endocrinologista Célia Regina Nogueira, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina em Botucatu, interpreta essas evidências de outra forma. “Esses estudos nos falam de tolerância. E mostram que os efeitos nocivos só aparecem com quantidades altíssimas que ninguém jamais conseguiria ingerir diariamente (centenas de envelopes ou de latas de refrigerante diet).”
As pesquisas que avaliam efeitos de longo prazo são mais complicadas e controversas, principalmente em relação ao aspartame, já associado a tumores de cabeça, linfomas e leucemias em animais adultos expostos a baixas doses da substância (compatíveis com o consumo humano) desde a fase intrauterina. Estudos epidemiológicos são ainda mais difíceis de executar. Primeiro porque é necessário acompanhar muitas pessoas por décadas. Além disso, “o câncer tem causas multifatoriais e a resposta individual é muito variável”, explica Aureluce. Para ela, a precaução é necessária, já que ninguém sabe o que pode acontecer depois de 40 ou 50 anos de uso contínuo – e excessivo – desses produtos.
Doçura salgada
Em meio a essas dúvidas, uma coisa é certa: melhor moderar o consumo de sacarina e ciclamato, assim como se deve maneirar o sal – um dos principais vilões da hipertensão. “Esses produtos são fonte de sódio”, explica Célia Regina. Um cafezinho com adoçante não ameaça ninguém, mas é preciso considerar o que está presente nos demais produtos. “O limite diário recomendado de ingestão de sódio é 2 g.
É fácil ultrapassá-lo”, diz Aureluce. Além disso, é possível encontrar o mineral adicionado ao aspartame e à estévia, para realçar o sabor doce e disfarçar o resíduo amargo do produto, explica.
A maior preocupação dos especialistas, porém, é com os refrigerantes zero e diet, já que muitas pessoas os consomem em grande quantidade. Por isso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) atualizou, em 2008, a tabela de teores máximos dos edulcorantes dietéticos usados em alimentos e bebidas industrializadas. Redução de 50% na sacarina e 75% no ciclamato. As novas regras valem a partir de março de 2011.
Crises de enxaqueca
O aspartame, contraindicado para portadores de fenilcetonúria, deve ser evitado também por quem sofre de enxaqueca, segundo Norka, porque parece ajudar a deflagrar as crises. Unanimidade entre as especialistas, gestantes e crianças não devem consumir nenhum tipo de adoçante. Em relação a adolescentes e adultos saudáveis que querem evitar o ganho de peso, elas ressaltam que melhor é partir primeiro para a atividade física.
Para quem tem de cortar a sacarose da dieta, como diabéticos e obesos, os adoçantes mais indicados por médicos e nutricionistas são frutose e estévia, e, mais recentemente, sucralose, que praticamente não é absorvida pelo organismo. O problema é que eles são pouco usados pela indústria de alimentos, que ainda prefere a combinação de aspartame, ciclamato, sacarina e acessulfame de potássio – este último mal conhecido pelos consumidores, mas presente em diversos produtos.
Aureluce critica a publicidade desses produtos, que induz ao consumo excessivo, sem restrições, sob o manto do estilo de vida saudável. “A propaganda do cigarro fazia algo parecido”, provoca.
Ruth Künzli e as origens do homem
Matéria publicada na Unesp Ciência de setembro de 2009.
Com um grande fragmento de cerâmica nas mãos, o fazendeiro Luiz Alvim procurava por um geólogo na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp em Presidente Prudente. Sua propriedade em Itororó do Paranapanema, distante 26 km da cidade, fora duramente afetada pelas chuvas que castigaram o Sudeste e o Sul do Brasil em meados de 1983 – sob influência do fenômeno El Niño. No oeste paulista, a grande cheia do rio Paraná, ainda hoje lembrada, inundou também cidades às margens de seus afluentes, entre eles o Paranapanema. Além de invadir casas e terras agrícolas, as águas revolveram sedimentos do passado, trazendo à tona relíquias que abriram um novo capítulo na arqueologia brasileira.
Era fim de tarde e o geólogo não estava. “Se é por conta desse material aí, pode falar comigo”, disse a antropóloga Ruth Künzli ao fazendeiro, com o peculiar tom decidido pelo qual ela se destacou na universidade, na região e entre os colegas de profissão.
No dia seguinte, ela e alguns colegas da faculdade foram até a propriedade dele. Lá se depararam com uma enorme quantidade de cerâmicas indígenas à flor do solo, antes cobertas pela camada de terra que a inundação recente havia levado – vestígios de um grande grupo de índios tupi-guarani que habitara a região havia aproximadamente mil anos. O sítio arqueológico Alvim foi o primeiro de muitos outros identificados por Ruth e colegas na região de Presidente Prudente, local que, por sua riqueza hidrográfica, foi um grande polo de atração humana desde tempos imemoriais.
Pouso na lua
A lua é, no fim das contas, um bom lugar para o homem. Um sexto da gravidade deve ser muito divertido, e quando Armstrong e Aldrin se lançaram à sua animada dancinha, como duas crianças felizes, não foi apenas um momento de triunfo, mas também de alegria. A lua, em compensação, é um lugar ruim para bandeiras. A nossa parecia dura e esquisita, tentando flutuar na brisa que não sopra. (Deve haver uma lição aí, em algum lugar.) É claro que faz parte da tradição dos exploradores fincar uma bandeira no solo, porém, enquanto assistíamos com reverência, admiração e orgulho, percebemos que nossos dois amigos eram homens universais, e não de uma só pátria, e deviam ter se equipado de acordo. À maneira de todos os grandes rios e mares, a lua pertence a todos e a ninguém. Ainda traz o segredo da loucura, ainda controla as marés que banham as praias de todo o mundo, ainda vigia os amantes que se beijam por toda parte, debaixo de bandeira nenhuma, somente do céu. É uma pena que, em nosso momento de triunfo, não tenhamos renegado a famosa cena de Iwo Jima e, em vez disso, plantado um emblema comum a todos: um lenço branco e frouxo, talvez, símbolo do resfriado normal que, como a lua, afeta a todos nós.
E. B. White, revista The New Yorker, 26.07.1969 (via revista Serrote número 2)
Lançamento da revista Unesp Ciência
A Unesp está lançando sua revista mensal de divulgação científica, a Unesp Ciência (ainda sem site, aguardem), na noite da próxima quarta-feira, na Barra Funda, em Sampa – clique no convite acima para ampliar.
Por uma dessas felizes coincidências, dois sciencebloggers estão na equipe da revista: eu e o Igor Zolnerkevic, junto com a Giovana Girardi, o Pablo Nogueira, o Ricardo Miura – todos capitaneados pelo Maurício Tuffani. No número de estreia, temos também as colaborações de Reinaldo José Lopes e Ricardo Bonalume.
Na cerimônia haverá ainda a apresentação do Piap, o grupo de percussão do Instituto de Artes da Unesp, que, como conta um dos artigos desta edição, é super bacana e forma os talentos da principais orquestras brasileiras.
Ou seja, imperdível. Só não vai rolar prosecco, porque leis estaduais não permitem bebidas alcoólicas na universidade, lamento 🙂
Quem puder, compareça. E ajudem a divulgar.
Manuscritos do Mar Morto
24 de julho (sexta-feira), Toronto – Combinamos de ir à exposição dos Manuscritos do Mar Morto, no Royal Ontario Museum (ROM). Me pareceu uma coincidência imperdível, ainda mais por estar a poucas quadras do apartamento. Combinamos às quatro da tarde, mas cheguei um pouco mais cedo, pensando em algo para comer. Havia uma senhora fila, porque às sextas neste horário o preço da entrada cai pela metade.
No fim, coube todo mundo. Mas percorrer o caminho da exposição exigiu um bocado de atenção para acompanhar textos, fotos, peças e vídeos ao longo dela, e ao mesmo tempo não se perder um do outro, esbarrar em alguém ou lhe tampar a visão.
O conteúdo era bacana, pelo menos para os leigos na matéria como eu (lembrei do Reinaldo, que acho que ia gosta e fazer um post bem melhor do que este). Mas se houvesse um pouco mais de espaço e tempo (com o aperto a gente acaba seguindo o fluxo e passando mais rápido pelas coisas), talvez o fim da exposição causasse mais sensação do que acabou causando. Lá estavam cerca de uns dez (dos mais de 200) manuscritos de 2 mil anos. Na verdade, fragmentos deles, bem pequenos, carcomidos e super frágeis, os coitados.
A melhor parte do programa, entretanto, rolou do lado de fora do ROM, na calçada oposta à entrada do museu. Lá estava este pessoal.
Judeus, eles eram da Coalização contra o Apartheid Israelense e protestavam pacificamente contra o que classificam como crime cometido por Israel. Alegam que os artefatos foram ilegalmente removidos do território palestino. Além disso, criticavam o ROM e o governo canadense por serem coniventes com o confisco, desrespeitando uma convenção de 1954 da Unesco, da qual o Canadá é signatário, sobre proteção do patrimônio cultural em situações de conflito armado.
Conversei rapidamente com a Jude (esq.), que me chamou a atenção para o fato de não ser mencionado, em nenhum momento da exposição, que as cavernas onde foram encontrados os manuscritos nos anos 50 ficam na Palestina. Isso também não aparece nos textos, bacaninhas até, publicados na revista do ROM que eu acabei comprando.
Para quem se interessar pela polêmica aqui está um texto do Robert Fisk no Independent (que eles estavam distribuindo no local), com muito mais detalhes e toda a aquela delicadeza própria do Robert Fisk. (Tenho de concordar com ele que é bem forçada a intenção dos curadores de associar os manuscritos a uma unidade entre as três grandes religiões).
Mas a melhor parte do espetáculo mesmo estava exatamente do outro lado da rua. Dá uma olhada no figura:
Com uma bandeira do Canadá amarrada nas costas, disse-me que nada tem contra palestinos e judeus, assim como os canadenses também não. E a maior prova disso, segundo ele, era Toronto, onde a imigração muçulmana é, de fato, bem perceptível em lenços nas cabeças de mulheres (alguns deles lindos, por sinal).
Ele também disse ser contra o fundamentalismo de ambas as partes, mas afirmou que é preciso combater a Global Jihad. E me mandou “googar” o termo mais tarde. Só acabei fazendo isso agora. E aí está: http://globaljihad.net/ (para meu espanto).
Reconheceu, porém, ser um manifestante solitário. Indagado sobre o que fazia da vida, contou ser escritor – e que devia na verdade estar escrevendo seu livro naquele momento. Sobre o que é o livro?, pergunto. “Psychic”, ele diz. Faço cara de quem não entendeu. “Psychic, psychoanalysis, the brain, things like that.” Sabendo que eu era jornalista, preferiu não revelar o nome.