Infográfico – #Dicas de divulgação de ciência

A verdade é que esse post é só mesmo para divulgar esse infográfico que eu traduzi/ adaptei daqui. Se você é novo no Twitter e pensa em divulgar ciência por lá, aqui estão algumas dicas.

Obrigada Ki-Youn Kim e Public Communication of Science and Technology pela autorização de reprodução do conteúdo.

A “legalização” da ciência

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. Essa semana é Tema Livre. Hoje quem escreve é Natália Coelho Ferreira, bióloga e co-fundadora da iniciativa de ONG chamada Draw Earth.

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Antes de começarmos a dissertar sobre o tema proposto, vamos refletir? Afinal, o que é ciência? Quando pesquisamos no site google, aparece uma lista de significados e aplicações que podem ser resumidos em uma palavra: Conhecimento. Desta forma, podemos dizer que a ciência é o conhecimento, saber, estar ciente, ter perícia e etc. Com isso, chamo a atenção para o tema com uma nova pergunta, o que seria a “legalização” da ciência? Quando falamos sobre “legalização” de algo nos referimos a liberação de alguma coisa com a aprovação da justiça, correto? Correto. Mas a ciência não é ilegal… ou é? Uma nova pergunta, a ciência abrange toda a população? Sim ou não, eis a questão.

Na visão popular o cientista é um ser ranzinza, arrogante e excêntrico que fica brincando de “Deus” dentro de um laboratório. Mas entenda, não é todo mundo que pensa assim, viu? Vemos a sabotagem de pesquisa por mau uso da ética profissional ou por simples ignorância, e quando digo ignorância quero dizer falta de conhecimento, falta de saber, falta da ciência. Essa falta de conhecimento por parte de uma população que se vê fadada ao “achismo”, sensacionalismo da mídia e o estereótipo formulado do ser cientista. Esse estereótipo muitas vezes são consolidados profissionais que retém o saber ao seu âmbito profissional e compartilham apenas com pessoas que possam entender do assunto. Estou mentindo? Com quantas pessoas você conversou por iniciativa própria uma conversa científica?

Não é muito fácil iniciar uma conversa de conteúdo científico com pessoas leigas, e talvez seja esse o ponto de desestímulo. Falar em uma linguagem acessível para a população, promover ações de integração. Porém, liberar a ciência para um público comum destoando do meio científico, evita especulações sobre a ciência e seus métodos. Afinal, que cientista não é posto em tabu sobre as experiências com animais? Já fui questionada sobre o assunto mesmo sem trabalhar com fauna, imagina quem trabalha? Além disso, a popularização da ciência evitaria pesquisas tendenciosas, embora sejam feitas em termos legais. Contudo, as consequência dessas pesquisas prejudicam tanto a conservação que se torna um crime contra a natureza, na qual ela cobra e quem responde não é só o “réu” da questão. O preço de um crime ambiental é tão incomensurável que não há dinheiro que o pague, “jeitinho” que se dê e fuga das consequências.

Então, pontuando o título: Liberte a ciência. O conhecimento não é objeto de posse de cientista e nem o cientista é o ser estereotipado que afirmam ser. Cientistas são todos que sabem sobre algo, ao mesmo tempo que não nutrem perícia de nada e tem curiosidade pelo todo. A ciência é do povo e os profissionais de cada ramo são os porta-vozes da área. Sendo então esses porta-vozes, temos que disseminar, não apenas para preencher currículo ou inflar o ego de profissionais. Devemos propagar a ciência para que ela seja acessível por todos, para manutenção do saber, para que ela possa ser aplicada e que principalmente, para que a ciência não seja perdida e nem os fatos corrompidos.

Assim, finalizo meu texto, meu discurso e argumento. A ciência é bem e pode ser maldição, depende de quem usa e para o que usa. Entretanto, ela é irrestringível e por isso, não pode ser limitada a segmentos. Cada cientista em sua área contribui para algo além dele. O saber promove a evolução, previne tragédias e expande o universo. Desta forma, temos que começar a pensar na ciência como um assunto mais holístico em que todos se inserem e tem sua função. Nós temos que libertar, legalizar e consolidar a ciência no seu significado mais profundo, o aprofundamento do conhecimento.

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Natália Coelho Ferreira, bióloga, mestranda em Ecologia de Sistemas na Universidade de Vila Velha.

Que a ciência esteja com você

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. Essa semana é Tema Livre. Hoje quem escreve é Arthur Filipe, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos da UFAL.

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Quando eu fiquei sabendo da blogagem coletiva de divulgação científica para comemorar os 10 anos do ScienceBlogs Brasil, logo pensei: “O que é que eu tô fazendo aqui fora da festa?”. Acontece que neste exato momento em que estou escrevendo este texto também estou desenvolvendo a minha dissertação do mestrado, e justamente por isso as coisas andam tão corridas que às vezes fica meio difícil dedicar o tempo que eu gostaria para a divulgação científica. Mas, de repente, um pensamento me veio: “Ei, e por que não fazer as duas coisas ao mesmo tempo?”; assim sendo, resolvi pôr as mãos na massa e escrever um texto para falar um pouco para vocês sobre o que eu ando aprontando na minha dissertação.

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Nada de moleza, caro Padawan: assim como Luke em seu treinamento Jedi, um cientista em formação também tem muitos desafios!

Recentemente, numa galáxia bem conhecida, um cientista chamado Lei Wang, da Universidade Nacional da Austrália, teve uma ideia genial: criar hologramas. Se você for um admirador de obras de ficção científica como eu, entenderá logo do que estou falando. Resumindo, hologramas são imagens tridimensionais formadas a partir de diferentes intensidades de luz, e esta inovação pode revolucionar desde mensagens que enviamos no celular até tecnologias utilizadas por astronautas no espaço. Se você está pensando que esta ideia parece ter nascido de um filme de ficção científica não está enganado: Lei Wang é fã de Star Wars desde criança.

Quando o cineasta George Lucas criou Star Wars, o seu objetivo principal era contar uma história que tivesse conceitos de mitologia antiga; além disso, Star Wars também apresenta conceitos influenciados pela ciência, como as tão conhecidas viagens mais rápidas do que a luz da nave Millenium Falcon. As viagens mais rápidas do que a luz se parecem com o conceito da velocidade de dobra no espaço-tempo, que ainda é uma especulação dos físicos e dos fãs de Star Trek (olá, leitor do futuro, aí já existem naves que viajam na velocidade de dobra no espaço-tempo?); contudo, George Lucas considerou viagens mais rápidas do que a luz como uma realidade bem plausível em seu universo. Quanto a viagens mais rápidas do que a luz ainda permanecemos no campo da especulação, mas já podemos ter bons pressentimentos sobre os hologramas, apesar das pesquisas nesta área ainda estarem em fase inicial.

“Me dá um help aqui na dissertação, orientador, você é minha única esperança!” XD

“Me dá um help aqui na dissertação, orientador, você é minha única esperança!” XD

Bom, mas afinal de contas, o que isso tudo tem a ver com a minha pesquisa do mestrado? Na verdade, tem tudo a ver! Se um cientista Jedi, como o que mencionamos acima, decide trabalhar com hologramas devido ao fato de se interessar muito por ficção científica, podemos nos perguntar: o que mais faz um cientista querer trabalhar com determinado ramo da ciência? Existem algumas pesquisas, por exemplo, que demonstram que muitas pessoas escolhem ser astronautas ou físicas teóricas por gostarem de filmes e séries sobre exploração espacial; mas existem muitos outros motivos que também podem explicar os interesses de pesquisa. E são esses motivos que eu quero descobrir na minha dissertação!

Trazendo essa discussão para dentro da Biologia (que é a minha área de atuação), a minha pergunta é sobre quais as razões que levam um pesquisador estudar uma determinada espécie, e não outra. Seria o seu status de ameaça na IUCN? Ou talvez seria o fato da espécie ser conhecida há mais tempo pelos pesquisadores? Será que variáveis biológicas, como os hábitos de vida ou os tipos de ambientes das espécies influenciam o esforço da pesquisa? Para responder a essas perguntas, os organismos-modelo do meu estudo são as espécies da Classe Amphibia, importantes indicadoras ambientais e de grande relevância comercial. Para encontrar as respostas, a minha pesquisa necessita simplesmente de um computador e ideias bem definidas em mente; e, no final das contas, será possível entender um pouco as motivações dos pesquisadores, e como isso afeta as espécies biológicas. Legal, né?

Eu ainda não sei o que influencia (ou deixa de influenciar) a pesquisa para os anfíbios, mas pelo que tudo indica, o Heavy Metal tem tudo para ser uma variável preditora: que o diga a espécie Dendropsophus ozzyi, batizada assim em homenagem ao cantor Ozzy Osbourne!

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Arthur Filipe da Silva,  biólogo formado na Universidade Federal de Alagoas, atualmente é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos dessa mesma universidade. É integrante do Laboratório de Ecologia Quantitativa e do Laboratório de Biologia Integrativa. Edita o blog Hipótese Nula, e adora coisas como ecologia, evolução, ciência livre, R, e, claro, café.

Perguntas que não acabam

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Fazer Ciência, minha vida de cientista. Hoje quem escreve é Gracielle Higino, doutoranda em Ecologia e Evolução na UFG.

Se você quiser participar saiba mais em: http://bit.ly/SBBr10anos

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Imagine como se sente uma criança que adora ciência ao ver na TV como os cientistas conseguiram fazer crescer algo com o formato de uma orelha humana nas costas de um rato. Talvez você tenha sido uma destas crianças, certo? Pois é, este foi o momento exato em que eu decidi que seria cientista. O engraçado é que eu não me interesso tanto assim por orelhas humanas, ou mesmo por ratos; eu sempre adorei Ecologia (lembro nitidamente da aula na primeira série em que aprendi sobre o ciclo da água e entendi por que chove). Só que esse episódio do rato não tinha a ver com minhas perguntas preferidas: foi ali que eu vi como a ciência pode alcançar feitos incríveis, e eu queria que todo mundo percebesse isso. Talvez isso as fizesse acreditar que qualquer pessoa pode conquistar coisas incríveis, com o método certo.

Foi assim que me tornei ecóloga teórica com uma grande paixão por divulgação científica. Hoje estou fazendo doutorado em Ecologia e Evolução e sempre me metendo em projetos paralelos de comunicação científica e ciência aberta. Eu me dedico bastante a estes projetos porque eu acredito que a ciência pode empoderar todos nós, e estou sempre tentando convencer meus colegas a embarcarem comigo nessas aventuras. Então eu vou contar aqui como é essa minha vida de cientista um pouco menos tradicional. Vamos lá?

Bom, pra começar, desde 2014 sou pós-graduanda (com um intervalo aí no meio de pesquisa independente). Isso quer dizer que eu faço parte de uma categoria de trabalhadores que quase ninguém entende muito bem como funciona. Nossos direitos, deveres e verbas passeiam entre o Ministério da Educação e o da Ciência e Tecnologia. A gente assiste a aulas, apresenta trabalhos, faz matrícula, paga meia entrada no cinema. A gente também dá aulas, tem contrato de dedicação exclusiva, produz a maior parte do conhecimento e desenvolvimento tecnológico do país. Porém, não temos férias, aposentadoria, adicional de insalubridade, e só recentemente conseguimos licença maternidade.

Isso também significa que eu estou naquela janela da vida em que eu tenho que explorar todo o meu potencial, tentar botar pra funcionar todos os meus planos A, B e C pra ter como me sustentar depois do doutorado sem depender de concurso ou bolsas de pós-doc (cada vez mais raras). E também é nesta fase que eu tenho que desenvolver a cientista que eu quero ser nos próximos anos, e isso, definitivamente, não inclui somente a minha tese.

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Por isso a minha rotina inclui, por exemplo, um clube de revisão de preprints, porque quero exercitar a capacidade de analisar criticamente os artigos, sabendo identificar o que eles têm de bom e no que podem melhorar. Sem contar o benefício ENORME pra ciência que é a revisão de preprints, né, mores? Os preprints são artigos científicos completos que seus autores consideram prontos, mas que precisam de discussão e maturação antes da submissão à publicação em uma revista. Às vezes a revisão pela qual esse artigo passa enquanto é um preprint já adianta bastante o processo de publicação, fazendo toda a pesquisa andar mais rápido.

Minha rotina também tem uma parte significativa dedicada à divulgação científica de alguma forma. Ano passado, toda sexta-feira à tarde eu escrevia algum texto, lia artigos sobre o assunto, atualizava a página do LEQ ou do TheMetaLand (meus labs ❤) no Facebook, ou ajudava algum colega com suas tarefas relacionadas à DC. Este ano eu mudei esse dia da DC para as quartas, que eram os dias em que me reunia com o pessoal do Mozilla Open Leaders e trabalho no meu projeto aberto, o IGNITE. O Mozilla Open Leaders é um programa de treinamento de líderes de projetos abertos, aqueles em que tudo é transparente e a liderança é descentralizada, do jeitinho que eu gostaria que funcionasse o meu futuro laboratório. O MOL me ajudou a pensar de um jeito diferente na divulgação científica, na minha carreira e na minha pesquisa. Também foi durante o MOL que eu aprendi ferramentas de gerenciamento de projetos que eu estou aplicando na minha tese com um plano de auto-mentoria.

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No meio disso tudo eu estudo como as espécies se organizam no espaço, do ponto de vista continental, e por quê. Quero entender o que tem nos locais em que as espécies estão que fazem elas estarem lá, ou o que tem nos locais onde elas não estão que fazem elas não estarem lá. Outro dia eu encontrei um texto (que infelizmente eu não sei quem escreveu) que descreve exatamente o que eu faço no meu dia-a-dia:

“[…] eu faço mundos que não são reais em computadores. Nestes mundos não-reais, eu faço muitos, muitos animais não-reais e faço eles brigarem muitas, e muitas, e muitas vezes. Então eu vejo quais animais brigaram mais. É muito legal.”

Esta é parte da minha pesquisa. Só que nos meus mundos não-reais, estas brigas geram agrupamentos de espécies ou buracos sem espécies. Uma espécie empurra a outra mais pro cantinho, ou uma faz a outra sumir, todo esse tipo de coisa.

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Quando eu era criança, lá naquela época em que eu vi o ratinho com a orelha nas costas, eu queria crescer e ter um emprego em que eu pudesse responder perguntas, e sabia que este seria um trabalho infinito, porque as respostas de vez em quando acabam, mas as perguntas não. E esta é a minha vida de cientista hoje: respondendo perguntas que nunca acabam.

gracielleGracielle Higino, doutoranda em Ecologia e Evolução na UFG, escreve no blog Hipótese Nula e toca o projeto IGNITE de treinamento em divulgação científica.

Minha vida de matemático e lógico

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Fazer Ciência, minha vida de cientista. Hoje quem escreve é Walter Carnielli, professor Titular do Departamento de  Filosofia da Unicamp.

Se você quiser participar saiba mais em: http://bit.ly/SBBr10anos

 

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Em novembro de 1023. Zach Weber, professor de Filosofia da Universidade de Otago, Nova Zelândia, entrevistou-me para a publicação “The Reasoner” (Volume 7, Número 11, November 2013, ISSN 1757-0522 www.thereasoner.org, “Features: Interview with Walter Carnielli”)

Penso que as perguntas do Zach Weber foram muito bem colocadas (talvez as respostas nem tanto). Mas acredito que valha a pena rever algumas respostas, com novos detalhes, para a iniciativa “Fazer ciência, minha vida de cientista”.

Esta não é a entrevista na íntegra, apenas uma revisitação elaborada de algumas partes menos técnicas.

The Reasoner, ZW: Como começou sua  carreira em  matemática e lógica?

WAC: No início do ensino médio, eu tive um jovem professor que estava fazendo seu doutorado em lógica. Um dia chovia pesadamente e apenas algumas crianças vieram para a aula. Eu pedi que ele nos explicasse em duas frases o que era uma “tese de doutorado”. Ele explicou seu trabalho em indução matemática, com alguns exemplos. Eu não acho que o outros estudantes estavam prestando atenção, mas eu achei surpreendente como alguém poderia dominar o infinito, provando coisas que eu pensava  que levaria uma eternidade, apenas com alguns passos! Eu pedi mais, e ele e o professor de física me deram alguns problemas combinatórios para resolver. Nós já havíamos  tido aulas sobre lógica, envolvendo tabelas de verdade elementares- tabelas de verdade, argumentos simples e afins – e eu achei muito impressionante como combinatória e lógica tinham métodos semelhantes. Isso influenciou bastante minha carreira, e o que investigo ainda hoje.

Na verdade, essa espanto positivo já era  reflexo de algo muito interessante que havia na casa dos meus pais, quando eu era menino: havia dois lindos guarda-roupas antigos num quarto, um em frente ao outro, cada um com um grande espelho de cristal. Quando alguém se colocava no meio, via-se. uma imagem refletida na outra, indefinidamente, até o “infinito”… Nunca vi uma melhor imagem do infinito do que essa. A ciência não sabe se o universo é finito ou não. Não há representações óbvias do infinito. Mas dois bons espelhos paralelos dão uma ótima ideia. Qualquer um pode tentar!

De repente, na aula chuvosa de matemática, tudo fez sentido. O jogo dos espelhos encontrava uma formulação matemática na indução aritmética. Decidi estudar isso e as coisas ligadas a isso para sempre!

Também tínhamos nos bons tempos do Colégio Culto à Ciência em Campinas, muita geometria e desenho geométrico resolvendo problemas com linhas, planos, triângulos, etc. A principal dica – isso levou anos para eu entender – era  sempre “suponha o problema resolvido, e a partir daí resolva-o”. Funcionava  em muitos casos, não sempre, mas eu estava sempre intrigado: como você pode supor um problema resolvido e, em seguida, resolvê-lo? E se fosse em princípio não solucionável? O professor não sabia porquê isso funcionava, Mais tarde, muito mais tarde, eu conheci o método analítico de Pappus de Alexandria (290 – 350), que inspirou Newton e Descartes entre outros. Parece misterioso, ligado de alguma forma à auto-referência a ao infinito, que apenas mentes mais elevadas poderiam realmente entender. Eu decidi, muito imodestamente como costuma ser a juventude (felizmente), estar mais perto das mentes mais elevadas estudando matemática.

The Reasoner, ZW: Grande parte da sua pesquisa tem sido em lógica paraconsistente. Como você vê a relação entre a lógica clássica e a lógica não-clássica?

WAC: Eu acho que a expressão “lógica clássica” não é mais do que uma “façon de parler“. A lógica formal ou simbólica como um todo é apenas um modelo matemático da linguagem natural e do raciocínio, quer incorpore ou não quaisquer ferramentas ou teorias que carregam o rótulo “não clássico”. Não há rivalidade entre “lógica clássica” e “lógicas não clássicas”. O que é – impropriamente – chamado por muitas pessoas “lógica clássica ” é simplesmente uma coleção de princípios e leis herdados de Aristóteles. Mas a lógica aristotélica e lógica moderna, na tradição de Frege, Russell, Whitehead, Wittgenstein, etc., não coincidem. Uma diferença substancial, entre outras, é que a lógica aristotélica e a lógica moderna diferem fortemente na questão da importação existencial. Acho que nós podemos nos referir à lógica tradicional como uma contrapartida da lógica moderna, e a lógica contemporânea é melhor vista como lógica universal.

The Reasoner, ZW : Então tudo é apenas “lógica”, se visto de uma perspectiva suficientemente alta?

WAC: Se há alguma coisa que mereça o nome “lógica clássica”, é a lógica considerada adequada para as necessidades da maioria da matemática. A matemática, pelo menos em sua prática, não envolve o passado ou tempos futuros, nem hermenêutica, nem raciocínio contra factual, advérbios, modalidades, adjetivos, graus, etc. Outras áreas não tão imunes a perspectivas e interpretações filosóficas, podem exigir distinções mais sutis – e esse é o ponto  onde surgem as chamadas “lógicas não clássicas”.

Mas depois de tudo, as lógicas “não-clássicas” acabam se revelando aplicáveis à matemática. É um ponto de vista filosófico que justifica a matemática intuicionista e construtiva, a chamada matemática inconsistente, as teorias de conjunto paraconsistentes, as teorias de conjuntos difusos, etc.

No limite, novos objetos matemáticos beneficiam-se quando a distinção clássica/ não clássica é deixada para trás: é bem conhecido que existem “topoi” (na teoria. dos  topos) que não verificam a lei do terceiro excluído, e o matemático que entende essa visão contemporânea não se sente desconcertado.

The Reasoner, ZW : Eu posso ver esse ponto de vista refletido em alguns de seus trabalhos. Você pode nos falar sobre as Lógicas da Inconsistência Formal (LFIs)?

WAC: Eu trabalhei, com colegas como Marcelo Coniglio e estudantes de doutorado à época como o agora professor João Marcos  na formalização da distinção entre consistência e não-contradição, o que levou às LFIs. Em termos sintáticos, isso é feito simplesmente adicionando as noções meta-teóricas de consistência e inconsistência no nível da linguagem objeto, adicionando à linguagem novos conectivos com o significado pretendido de “é consistente” e “é inconsistente”, e alguns axiomas relacionando as noções de consistência e inconsistência com a negação e a contradição.

Um conceito mais amplo de paraconsistência surge daí, o qual incorpora vários outros: apenas uma contradição sobre um assunto consistente leva à explosão. Uma contradição sobre algo que não temos certeza se se comporta de forma consistente, não causa qualquer explosão dedutiva. Isso torna a lógica paraconsistente completamente livre de quaisquer suposições metafísicas como objetos contraditórios reais existentes no mundo, ou de qualquer influência de Hegel. Não é contrário a Aristóteles, quando levamos a sério seu famoso comentário sobre acreditar em contradições no Livro Γ da Metafísica: nós podemos dizer as palavras, mas não podemos realmente acreditar no que estamos dizendo.

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Walter Carnielli  é Professor Titular do Departamento de  Filosofia da Unicamp. Membro e ex-diretor do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp. Sua pesquisa atual envolve as relações entre lógica,  probabilidade e racionalidade. Ganhador da Medalha Telesio-Galilei e Prêmio Jabuti.

Ascensão e queda da ciência brasileira

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Ciência e Política. Hoje quem escreve é Luciano Queiroz, cientista, biólogo, divulgar de ciência no Dragões de Garagem e pré-candidato a deputado estadual pelo PT/SP.

Se você quiser participar saiba mais em: http://bit.ly/SBBr10anos

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“O número de mestres e doutores formados no Brasil aumentou mais de cinco vezes (401%) desde 1996”, é assim que começa a matéria do jornalista Herton Escobar do dia 05 de julho de 2016. Esse número nos diz muito e devemos analisar com calma.

Quero demonstrar que o aumento no número de cientistas indica a ascensão da ciência brasileira em um primeiro momento e, como isso está se tornando um fardo, contribuindo para queda.

A maior parte da ciência brasileira é feita dentro das universidades públicas. Bolsas de mestrado e doutorado, projetos de pesquisa e investimento em infraestrutura são responsabilidades de dois ministérios Educação (MEC) e Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Os orçamentos de ambos os ministérios cresceram nesse mesmo período e podemos dizer que o aumento no número de mestres e doutores formados é um reflexo desse aumento. Outro indicativo da ascensão da ciência brasileira foi o aumento no número de publicações em revistas científicas. Aumento esse muito discutido nos últimos anos por ser apenas em quantidade e não em qualidade (dados mais detalhados aqui e aqui).

Esse crescimento foi contínuo até 2013 quando começou a diminuir, vieram eleições, crise econômica e golpe parlamentar. Desde então, a maioria das notícias que lemos sobre ciência e tecnologia contêm palavras como “cortes”, “contingenciamento”, “perda de recursos”, “desmonte”, etc. E, acompanhando os gráficos do orçamento, inicia-se a queda da ciência brasileira.

Pretendo não me aprofundar muito nos sucessivos cortes – iniciados ainda no governo Dilma, aproveitando para fazer aqui minha autocrítica como petista – porque já dedicamos muito esforço para apontá-los à sociedade. Algo que já está ficando cansativo até para mim. Temos que avançar na discussão, temos que pensar soluções práticas e agir.

A primeira coisa que devemos fazer é entender as consequências da nossa queda. E vale uma observação, na ciência, assim como em outras áreas, os efeitos são sentidos à médio e longo prazo.

Mesmo com os cortes, grupos de pesquisa ainda tinham projetos aprovados, recursos disponíveis e a maioria dos alunos possuíam suas bolsas de pesquisa. Vamos dizer que essa era a gordura que tínhamos para queimar, só que ela está acabando.

As universidades públicas brasileiras estão em uma situação gravíssima, depois de termos experimentado a maior expansão do ensino superior público com o REUNI, construção de centenas de universidade e institutos federais em todo o Brasil e aumento no número de vagas de professores (entende-se: cientista, pesquisador, docente, administrador, adicione mais uma função a sua escolha) e alunos. O efeito dos cortes, somado a emenda constitucional do teto de gastos (PEC do Fim do Mundo), está começando a ser sentido com maior intensidade.

Diversas universidades estão tendo que cortar despesas com serviços de manutenção. A Universidade Federal do ABC (UFABC), como aponta matéria do G1, reduziu os contratos realizados com empresas terceirizadas para segurança e zeladoria, além de desligar os elevadores. Mas não só as universidades federais estão passando por isso, a UERJ está em situação muito mais complicada há mais tempo. Só para ficarmos em alguns exemplos.

Talvez você não saiba, mas os alunos de pós-graduação são a principal mão de obra da ciência no mundo. Estamos passando pelo processo de formação científica, realizamos nossos estudos que normalmente compõem um projeto maior do orientador. As publicações com pequenas ou grandes descobertas, patentes e ideias são frutos dos trabalhos realizados pelos alunos sob supervisão do orientador (mentor científico).

Com os cortes, o interesse dos alunos pela carreira científica tende a diminuir, mesmo porque os incentivos (bolsa de estudos, colocação no mercado) também diminuíram. Resumindo, o número de alunos saindo da pós-graduação está maior do que os que entram. E para onde eles estão indo? Alguns conseguem ocupando vagas em universidades públicas e privadas, apesar da diminuição da oferta dessas vagas, outros vão para docência no Ensino Básico ou, na pior das hipóteses, mudam de profissão. Mas quero focar em um destino que tem me preocupado um pouco mais.

Esse destino já foi apontado pelo Cláudio Ângelo no texto “Quem matou a ciência brasileira?” como a Opção Bolívar (eu inventei esse nome). Citando o Cláudio Ângelo, “é fazer o que Simon Bolívar recomendou no fim da vida que se fizesse na América: emigrar”. Outros têm dito que o melhor caminho para o cientista brasileiro é o aeroporto. E é aqui que o aumento no número de mestres e doutores se tornou um fardo.

Isso me preocupa porque fizemos um investimento grande (recursos) e longo (tempo), foram mais de 10 anos formando cientistas, enviando vários deles para o exterior a fim de se especializar e retornarem para o Brasil. Deixar que essa massa crítica vá embora é lamentável, não podemos forçá-los a ficar, mas mostra como a política influencia diretamente na vida do cientistas e, consequentemente, na sociedade como um todo que não terá o conhecimento daquele cientista a sua disposição. Além de perdemos o investimento financeiro, perdemos a pessoa.

E de onde vem a solução? Seria muito bom se tivesse uma resposta simples e direta para isso, mas não tenho. A única solução a médio e longo prazo que vejo é o nosso envolvimento do política. Todos esses eventos de cortes e contingenciamentos acontecerem e nós cientistas não conseguimos responder a altura, ficamos esperando por um “logo melhora” e acreditamos em promessas furadas. No fundo, espero que tudo isso sirva, e estou trabalhando nesse sentido, para que comecemos a criar uma identidade coletiva a partir dessa massa disforme de pessoas.

A política faz parte das nossas vidas e por mais que o tempo seja curto, que tenhamos reuniões longas e burocráticas, que o prazo para entrega do relatório esteja chegando, que os experimentos não estão dando certo… nós devemos participar da política. Nossa ausência está cobrando caro.

Talvez a queda da ciência brasileira seja apenas um declínio momentâneo e logo voltamos a crescer, mas temos muito trabalho pela frente. Li uma frase ontem que resumiu bem meu sentimento, “Nenhum país terá futuro melhor se não construí-lo no presente”. A ciência faz parte desse país, desse futuro e presente.

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Luciano Queiroz é cientista, biólogo, divulgar de ciência no Dragões de Garagem e pré-candidato a deputado estadual pelo PT/SP.

Ciência e política: duas coisas inseparáveis

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Ciência e Política. Hoje quem escreve é Eduardo Sato, autor do blog Torta de Maçã Primordial.

Se você quiser participar saiba mais em: http://bit.ly/SBBr10anos

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Provavelmente muitos não enxerguem quanto ciência e política estão atreladas e quanto uma afeta a outra, minha hipótese é que a ciência como forma crítica de interpretar o mundo não é ensinada nas escolas de maneira proposital, como diria Darcy Ribeiro: “A crise educacional do Brasil da qual tanto se fala, não é uma crise, é um projeto” [1].

Talvez parte do problema seja o fato das pessoas não entenderem o que um cientista faz, ou mesmo o que é ciência de modo geral. Mas não se engane, isto não quer dizer de forma alguma que a população brasileira não tem interesse por ciência: uma enquete realizada em 2015 pelo Centro de Gestão em Estudos Estratégicos (CGCE) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) mostra que 61% dos entrevistados se declararam interessados ou muito interessados pelo tema, porém 87% não soube informar o nome de um instituto de pesquisa científica brasileiro e 94% não conhece o nome de um cientista brasileiro [2].

Quando a (falta de) ciência afeta a política

            Existem dois pontos onde a falta de ciência é bastante problemática: na percepção da população sobre algumas decisões políticas e nas próprias tomadas de decisão dos políticos em questões que envolvem ciência.

Um caso onde o primeiro ponto ficou bastante claro para mim aconteceu em 2016, quando Michel Temer assumiu a presidência e montou sua equipe de ministros sem ao menos uma mulher [3]. Na época, houve uma grande polêmica sobre este fato, como um claro exemplo de machismo, pois a probabilidade de isto acontecer ao acaso era muito baixa. Eu (que ainda não tinha nenhum envolvimento com divulgação científica) concordei com o argumento e supus que ninguém havia calculado esta probabilidade por preguiça, então eu fiz um modelinho simples, fiz o calculo e publiquei a imagem a seguir no Facebook.

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            Figura 1: Probabilidade de uma equipe com 23 pessoas escolhida ao acaso contenha um número m de mulheres, dado o pré-requisito de que todos sejam brasileiros, acima de 25 anos e possuam ensino superior completo [4].

            Acompanhando os comentários, percebi que a grande maioria das pessoas nunca tinha visto um teste de hipótese nula! Isto foi um choque para mim, pois no mundo das ciências exatas esta ferramenta é usada de forma bastante corriqueira, por que não ensinamos isto nas escolas? Outro choque para mim, foi o fato de muitos não entenderem o que é uma distribuição binomial (esta inclusive é parte do currículo do ensino médio) fora do contexto bobo de lançamento de vários moedas para determinar o número de caras e coroas.

Refletindo um pouco sobre este caso, comecei a pensar como a estatística e diversas outras ciências não são ensinadas nas escolas como ferramentas para interpretar o mundo, mas sim como coisas para se decorar para a prova. Em especial, a estatística é apresentada como argumento em diversos meios de comunicação, mas me respondam estimados leitores, vocês aprenderam no ensino médio, o que significa por exemplo, a “margem de erro de 2% para mais ou para menos” que tanto se fala nas pesquisas eleitorais?

Outro problema que podemos apontar no aspecto de percepção política é que posições políticas são tratadas por muitos como uma crença, ou como uma parte da suas personalidades e não como algo baseado em evidências: um estudo realizado pela University of Southern Carolina indica que pessoas tem mais resistência a mudar de opinião sobre questões politicas quando apresentadas a contra-argumentos em relação a opiniões sobre questões não políticas [5].

Isto vai completamente contra o espírito do método científico, onde se o mundo não corresponde as previsões do nosso modelo devemos descartar completamente nossas hipóteses. Então fica a pergunta: se a população tivesse um letramento científico “ideal”, teríamos um reflexo disso nas visões políticas?

Com isso podemos pensar no segundo ponto: as tomadas de decisões políticas. Segundo uma tese de doutorado defendida na London School of Economics, cientistas costumam ter pouca voz no processo de formulação de políticas públicas na área ambiental [6]. Possivelmente esta conclusão possa ser generalizada para as demais áreas de ciência, onde dificilmente cientistas são consultados em questões técnicas e prevalecem as opiniões dos seres políticos.

Um exemplo na cidade de São Paulo é a lei municipal 13.440 de 2002 (com redação alterada pela lei municipal 16.644 de 2017) que proíbe o uso de celulares em postos de gasolina [7], com a justificativa de que celulares poderiam produzir faíscas que levariam a acidentes devido a presença de materiais inflamáveis.  Quão absurda é a existência de uma lei assim?

Sabem o que produz faíscas? Carros. Como será que o redator dessa lei acha que funciona o sistema de ignição de um carro? Será que deveríamos todos empurrar nossos carros para fora do posto antes de ligá-los? Aliás, as máquinas utilizadas na cobrança de cartões de débito/crédito são celulares disfarçados… elas também são proibidas? Não é preciso um físico ou um engenheiro eletricista para perceber a ineficácia desta lei, mas se apenas um deles tivesse sido consultado, esta lei nunca existiria.

E não só nas leis está o problema da falta de voz dos cientistas nas pautas que envolvem ciência, pois estes mesmos políticos que não confiam em ciência, decidem os orçamentos da ciência, através dos repasses para agências de fomento, universidades, laboratórios nacionais e demais centros de pesquisas públicos.

Não é à toa que ao primeiro sinal de crise financeira tenhamos cortes enormes nos investimentos em ciência e tecnologia como os que acontecem atualmente e motivam diversas marchas pela ciência por todo o país.

Divulgação científica como parte da solução

            Com o apresentado fica claro que o letramento científico não é o único fator para mudar as políticas públicas, mas talvez parte da solução seja mudar a percepção pública de ciência. Cientistas por muito tempo se dedicaram e ainda se dedicam exclusivamente à ciência sem se importar em explicar à população (que financia as pesquisas) qual a importância do seu trabalho, ou mesmo qual é o trabalho de um cientista.

Está mais do que na hora dos cientistas saírem das suas torres de marfim e criarem um canal de dialogo aberto com a sociedade. Parte importante dessa comunicação já existe através dos meios de divulgação científica, mas o que temos ainda é pouco.

Neste contexto quero parabenizar o ScienceBlogs Brasil, pelos dez anos nessa jornada de levar ciência de forma acessível a população e por servir como inspiração para o surgimento de diversos outros canais de divulgação científica no Brasil, onde incluo nós do Blogs de Ciência da Unicamp. Nós temos um papel de extrema importância nessa mediação entre ciência e sociedade e precisamos não só continuar este trabalho mas também incentivar novas iniciativas que ampliem esta comunicação! Continuemos escrevendo, pois como já concluímos os blogs não morreram!

eduardosato

 

Eduardo Sato é doutorando em física pela Unicamp, autor do blog Torta de Maçã Primordial e membro da equipe do Blogs de Ciência da Unicamp.

 

 

[1] Ribeiro, D. Sobre o óbvio. Em: Ensaios insólitos. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.

[2] Moraes B,  Caires L, Fontes H. Pesquisa revela que brasileiro gosta de ciência, mas sabe pouco sobre ela. Jornal da Unicamp. Campinas: 2017, Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/09/25/pesquisa-revela-que-brasileiro-gosta-de-ciencia-mas-sabe-pouco-sobre-ela

[3] Arbex T, Bilenky T. Ministério de Temer deve ser o primeiro sem mulheres desde Geisel. Folha de São Paulo, São Paulo: 2016, Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1770420-ministeriado-de-temer-deve-ser-o-primeiro-sem-mulheres-desde-geisel.shtml

[4] Sato, EA. Meus dois centavos sobre a falta de representatividade dos ministros de Temer. Facebook, Campinas: 2016, Disponível em: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=999783896742911&set=a.255352981186010.71761.100001339318044&type=3&theater

[5] Kaplan JT, Gimbel SI, Harris H. Neural Correlates of maintaing one’s political beliefs in the face of counterevidence. Sci. Rep. 6, 39589; doi: 10.1038/srep39589 (2016). Disponível em: https://www.nature.com/articles/srep39589

[6] Donadelli FMM, Reaping the seeds of discord: advocacy coalitions and changes in brazilian enviromental regulation. London School of Economics, PhD thesis, London: 2017, Disponível em: https://www.researchgate.net/project/PhD-Thesis-5

[7] Nunes R. Lei Nº 16.644, de 9 de maio de 2017. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/sp/s/sao-paulo/lei-ordinaria/2017/1664/16644/lei-ordinaria-n-16644-2017-altera-a-redacao-dos-arts-1-e-2-da-lei-municipal-n-13440-de-14-de-outubro-de-2002-e-da-outras-providencias

 

E você, também é de ler?

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Os blogs morreram? Hoje quem escreve é Maria Leticia Bonatelli do Blog Ciência Informativa.

Se você quiser participar acesse: http://bit.ly/SBBr10anos

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O que você faz para atingir o seu público alvo? Você conhece as pessoas que consomem o produto que você oferece? Existe uma fórmula ideal para uma divulgação científica que realmente contemple TODOS?

Bom, essas são perguntas que passam (ou deveriam passar) pela cabeça de qualquer pessoa que produz conteúdo. Aqui eu vou falar de nós, divulgadores científicos. Como muitos de vocês, eu tenho um passado na pós-graduação (mestrado e doutorado) e sempre tive interesse em compartilhar o meu conhecimento com o público que, muitas vezes, não tem acesso ao que é discutido na academia.

Foi então que em meados de 2014, eu e um grupo de colegas iniciamos um projeto de divulgação científica chamado Ciência Informativa. O projeto incluía a criação de um blog de divulgação, no qual textos abordando diferentes tópicos da ciência seriam publicados semanalmente e, além disso, o mesmo espaço seria oferecido para que QUALQUER pesquisador ou aluno pudesse publicar textos de divulgação científica sobre a sua pesquisa.

E se você observar a data de criação do blog – 2014 – vai ver que não foi exatamente no auge dos blogs. Outras mídias – vlogs, podcasts – estavam surgindo e ganhando muita, ou até mais, atenção que os blogs. Eu já ouvi de colegas da área que deveria mudar de mídia, que eu precisava ir para o Youtube e que os blogs já eram.

Mas, calma lá. Se pensarmos nas três perguntas iniciais que fiz, existe uma mídia que contemple todos? Um conteúdo que seja acessado por muitos públicos distintos? Crianças, jovens e adultos? E você, qual o produto que você mais consome na hora de se informar? Vlogs, podcasts ou blogs?

Particularmente, eu sou uma pessoa que gosta de ler para me manter informada. Consumo outros tipos de produtos também, mas de longe prefiro ler artigos e análises. E, então, será que não é assim com as outras pessoas também? Será que diferentes conteúdos não podem ser produzidos para contemplar diferentes públicos?

Um artigo publicado pela revista Nature em janeiro deste ano leva o título “Why science blogging still matters” e levanta diferentes pontos sobre a importância e as dificuldades da blogagem – se você ainda não leu, recomendo. Segundo o artigo, blogar pode ser um desafio por conta da disponibilidade de tempo (ainda mais se você também é pesquisador) e ainda por competir com outras mídias que acabam diluindo o impacto dos posts produzidos. Mas ainda assim, pode ser uma interessante forma de networking e, claro, de disseminação do conhecimento científico – seja entre pares ou não.

Nesses quase 4 anos de blogagem – o Ciência Informativa assopra velinhas em setembro de 2018 – nós vimos muitas mudanças acontecerem no mundo da internet. De fato, é difícil dizer qual será a nova mídia do momento ou qual app que usaremos daqui a seis meses. A mudança parece ser a única constante do mundo em que vivemos. E o blog, assim como as outras mídias, tem que se adaptar a essa realidade.

Se você me pergunta: o Ciência Informativa atinge números de visualizações de Youtube? Minha resposta é não. Nosso crescimento é mais lento e orgânico. Conquistamos nosso público ao longo desses anos, assim como os nossos colaboradores: cerca de 10% do conteúdo do blog foi escrito por pesquisadores e alunos que utilizaram a plataforma para realizar divulgação científica.

Sabemos sobre o que o nosso público mais se interessa: textos sobre meio ambiente são os mais acessados. Textos sobre linguagem e comportamento, que são tópicos com conteúdo mais escasso na internet, também são muito acessados. Além disso, sabemos que o nosso público chega aos nossos textos, muitas vezes, por meio de pesquisa nos buscadores online – utilize as palavras “Rio Doce História” no Google e você poderá ver o feature snippet do Ciência (Imagem abaixo).

rio doce historia

Tentar conhecer o seu público talvez seja uma das coisas mais importantes que você pode fazer para aprimorar o conteúdo que produz. Nós sempre tentamos aprimorar o conteúdo e o formato do texto, assim como diversificar os assuntos abordados. Como muito de vocês, nós também aprendemos fazendo. E essa também não seria uma função importante do blog? Capacitar pessoas para fazer divulgação científica?

Então se a ideia era responder se os blogs morreram, a minha resposta é um sonoro não. Diferentes conteúdos contemplam diferentes públicos e está tudo bem ser assim. No mundo da divulgação científica, você está aberto à experimentação e pode procurar qual mídia se encaixa mais. Claro que sempre há a necessidade de pensar em formas de melhorar o conteudo do seu blog, vlog, podcast ou outros, mas assim como eu prefiro ler, outras pessoas também irão preferir. E você, também é de ler?

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Maria Letícia Bonatelli do blog Ciência Informativa

Blogs de Ciência da Unicamp – Ainda estamos aqui

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Os blogs morreram? Quem escreve hoje é a Erica Mariosa Moreira Carneiro, do Blogs de Ciência da Unicamp.

Se você quiser participar acesse: http://bit.ly/SBBr10anos

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It’s Alive” – Frankenstein (1931)

 

O prognóstico de morte dos blogs já foi anunciado por diversas vezes na mídia, contudo muitas iniciativas continuam insistindo nessa plataforma e conseguindo resultados interessantes e promissores! Tais como  nos seguintes casos, Science Blogs – que está comemorando 10 anos com essa blogagem coletiva -, Ciência Informativa, Gene Repórter, Blogs da Ciência, Mural Científico e nós, do Blogs de Ciência da Unicamp, que desde 2015 promovemos divulgação científica escrita e produzida por pesquisadores, docentes e alunos da Unicamp.

Os blogs surgiram, de acordo com Malini (2008) e Paquet (2002), há mais de duas décadas. O objetivo principal era ser um espaço virtual para, por meio de textos, expressar ideias, informar e opinar sobre assuntos variados. Diferentemente das comunicações em massa, como televisão e rádio, os blogs ganharam notoriedade devido à possibilidade de liberdade de expressão e interação com os leitores.

O nome “blog” vem de web-log, ou diário de rede e foi usado inicialmente pelo norte americano Jorn Barger para se referir ao seu jornal online Robot Wisdom que, na época, tinha a intenção de ser uma ferramenta que indicava páginas através de links, de acordo com a importância que o próprio autor do conteúdo as atribuia.

Com a evolução da tecnologia, do acesso e da maior disponibilidade de ferramentas, os blogs foram sofrendo mudanças. Primeiramente em seu tamanho, depois ao agregar funções, como inclusão de imagens, áudios, vídeos, etc. O Blogs de Ciência da Unicamp surgiu em 2015 em meio a essas mudanças, com o propósito de ser um portal de blogs de divulgação científica com conteúdo exclusivo e inédito produzidos por cientistas. Atualmente o projeto conta com 31 blogs ativos e 25 em fase de construção.

Dos anos noventa até os dias de hoje muita tecnologia “nasceu” e “morreu” e outras se reinventaram para se manterem competitivas. Neste contexto, arautos do apocalipse sugeriram por diversas vezes como “os blogs perderam sua força”, já que  “as pessoas não lêem mais”.

OS BLOGS PERDERAM SUA FORÇA:

Enquanto surgiam iniciativas de blogs no Brasil, o mundo da tecnologia apresentava novos formatos de comunicação que chamavam a atenção dos blogueiros e de seu público, sendo assim, muitos blogs foram abandonados ou migraram para outras plataformas.

Esse fenômeno motivou um extenso debate no canal de Blogs Gene Repórter, do divulgador científico Roberto Takata, com o título “Há uma crise nos blogues brazucas de ciências?”, rendendo 7 postagens de 2013 à 2015. Dentre as diversas colaborações, Takata destaca que mesmo sem ter dados precisos, é possível perceber a diminuição das postagens em canais que acompanha. Percepção essa que se concretiza com a pesquisas a seguir:

  • Realizada em 2015 pela agência Grumft e divulgada pela Agência Adnews conclui-se que a blogosfera brasileira possuía 200 milhões de blogs ativos.
  • Em 2017 a empresa BigData Corp atualizou os dados da blogosfera brasileira, constatando que existem mais de 5,5 milhões de blogs no Brasil. Sendo que mais de 90% dos blogs aliam a sua exposição a redes sociais e outras plataformas, 48,53% utilizam Facebook, 48,21% o Youtube e 33,97% Twitter.

Com uma redução de 97% de blogs ativos no Brasil em dois anos de atuação é possível admitir que os blogs de fato perderam sua força, principalmente quando comparados a iniciativas de divulgação científica em outras plataformas, como o YouTube que possui uma audiência de 95% da população online brasileira – de acordo com os dados fornecidos pelo Youtube Insights 2017.

AS PESSOAS NÃO LÊEM MAIS:

Guimarães (2018) comenta que a última pesquisa sobre análise de comportamento de leitura foi aplicada em 2015, pelo Ibope Inteligência sob encomenda do Instituto Pró-Livro para o projeto Retratos da Leitura no Brasil[1], verificou-se que 56% da população brasileira é leitora, contudo o brasileiro lê poucos livros, uma média de 4 livros por ano, sendo que 2 dos livros não são terminados.

Entretanto, nessa análise precisamos também considerar o leitor virtual, ou seja, aquele que utiliza de blogs, e-books e redes sociais para ler. De acordo com o Instituto Reuters de Oxford[2] em 2016, 91% dos brasileiros usam a internet para se informar, sendo 72% desses, leitores de notícias.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE[3] em sua última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, em seu suplemento de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) referente a 2016, concluiu que 64,7% da população brasileira está conectada a internet, desse montante, 71% usam a internet para educação e aprendizado e 68,6% para comunicação com outras pessoas. A partir dessas pesquisas, observa-se que o público leitor mantém-se “vivo” e utilizando cada vez mais o meio digital.

E o Blogs de Ciência da Unicamp, como se insere nesta discussão? Será que tem visto diferença, em seu público, desde seu lançamento nestes 2 anos e meio?

O BLOGS DE CIÊNCIA DA UNICAMP

Como o próprio nome já sugere, essa plataforma de blogs realiza divulgação científica a partir do conteúdo gerado pela Unicamp, sendo que as estratégias de divulgação de conteúdo para a sociedade acontece apenas de forma orgânica[4], em quatro redes sociais oficiais e quatro redes sociais em fase de teste.

Publicando ao menos uma postagem inédita ao dia direcionada ao seu público de interesse previamente identificado, realiza-se também sugestões de pauta para veículos de mídia, entre outras estratégias.

O projeto acaba de realizar sua 9a Integração com futuros blogueiros/cientistas da Unicamp. Desde o início do projeto, foram integrados 382 pesquisadores, dentre os quais 97 continuam ativos e 25 ainda estão em fase de desenvolvimento e preparação de seus blogs. A maioria dos participantes é formada por pós-graduandos (35% de doutorandos e 6% de pós doutorandos para 24% de docentes e) e mulheres (55%).

A administração do projeto é realizada por uma equipe de voluntários, divididos de acordo com suas atribuições e expertises pessoais, sendo 2 docentes, 1 doutor, 4 doutorandos, 1 mestre, 1 mestrando e 2 graduandos, desses são 7 mulheres e 4 homens.

Os resultados do projeto são medidos através dos analytics (oferecidos pelas mídias sociais, google e piwik). De 2015 até 2 de julho de 2018, segundo dados apresentados pelo Google Analytics, tivemos 75.851 leitores nas postagens do portal, destes 66% são de novos visitantes e 33% de visitantes que retornaram, 59,87% são mulheres e 40,13% são homens.

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Figura 1 – Visualizações no portal principal coletadas no Google Analytics

O Blogs de Ciência da Unicamp teve um aumento expressivo de leitores ao longo de 2 anos e meio de atuação, principalmente se considerarmos que não houve nenhum tipo de investimento financeiro em divulgação no projeto. Isso mostra que, apesar de novas tecnologias surgirem todos os dias, e a comunicação estar sempre se renovando, este tipo de mídia continua tendo um público cativo e crescente, que procura, se interessa e divulga seu conteúdo.

Talvez as iniciativas de divulgação científica que optem por esse formato não atinjam milhões de seguidores e algumas classes sociais rapidamente, como faz o YouTube, por exemplo. Contudo a função da divulgação científica escrita, o Blogs de Ciência da Unicamp tem se realizado satisfatoriamente.

É fundamental acrescentar que a dinâmica de acesso e o consumo do conteúdo escrito é diferente do conteúdo em vídeo ou áudio. Tal suporte não deve ser descartado por mera justificativa de procura de aumento de audiência, tendo seu nicho específico e, muitas vezes, complementar a outras plataformas e produções. É importante que conteúdos escritos de divulgação científica continuem sendo disponibilizados, já que a relação do leitor com o texto é diferente daquele que assiste com o vídeo. O ideal seria que os formatos se combinassem de forma complementar, com uma introdução mais simples em vídeo e seu aprofundamento por meio de um conteúdo textual.

Também é preciso dizer que o blog é uma opção acessível ao cientista que opta por realizar divulgação científica independente dos canais de comunicação de seus institutos e universidades, pois esse tipo de plataforma não exige uma  infraestrutura cara, como câmeras, editor de vídeo ou áudio, por exemplo. Também se destaca a relativa independência do divulgador científico, que usa a escrita como meio, em função de outras plataformas exigirem mais pessoas envolvidas (e com qualificações diferentes) na produção de conteúdo e/ou maior desenvoltura do divulgador – o que pode gerar um dispêndio de tempo e custo maior também. Contudo, embora a escrita seja um modo de divulgação mais individualizado, não torna simples ou fácil ao pesquisador. O futuro divulgador científico deve se esforçar em utilizar uma linguagem acessível por qualquer público que possa vir a seguir o seu canal, sempre primando pela qualidade da informação.

Quanto a pergunta inicial desta postagem…

NÃO, OS BLOGS NÃO MORRERAM!

Mas a divulgação científica, independente do formato escolhido, ainda precisa de um maior reconhecimento, investimento e engajamento para continuar se desenvolvendo. Há muito chão pela frente! Que tal caminharmos juntos?

 Agradecimento especial a toda a equipe Blogs de Ciência da Unicamp que participa, escreve e contribui voluntariamente para que o projeto se mantenha vivo e operante.

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Erica Mariosa Moreira Carneiro – Administradora do Blogs de Ciência da Unicamp. Graduação em Comunicação Social em Relações Públicas – PUCCampinas. Pós Graduação em Jornalismo Científico – Labjor/Unicamp. Mestranda em Divulgação Científica e Cultural – Labjor/Unicamp. Experiência em Divulgação em Mídias Sociais com Práticas Não Onerosas.

Colaborações: André Garcia, Ana de Medeiros Arnt e Cássio Riedo

BIBLIOGRAFIA

FRANKENSTEIN: The movie. Direção de James Whale e Produção de Carl Laemmle Jr. Estados Unidos: James Whale, 1931. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=J8KHc3ipm-0>. Acesso em: 03. jul. 2018.

MALINI, F. Por uma genealogia da Blogosfera: considerações históricas (1997 a 2001), 2008. Disponível em: <http://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/lcvt/article/view/35> Acesso em: 28 mar. 2017.

PAQUET, S. Personal knowledge publishing and its uses in research. 2002. Disponível em : <http://radio.weblogs.com/0110772/stories/2002/10/03/ personal Know ledgePublishingAndItsUsesInResearch.html>. Acesso em: 25 mar. 2017.

GUIMARÃES, P. Retratos da Leitura – Perfil do Leitor. 2017. Disponível em: <https://www.institutoguimaraes.com.br/single-post/2017/07/27/Retratos-da-Leitura-%E2%80%93-Perfil-do-Leitor>. Acesso em: 03 jul. 2018.

SANTOS, I. Manuel Castells: um país educado com internet progride; um país sem educação usa a internet para fazer estupidez. 2017. Disponível em: <https://www.fronteiras.com/entrevistas/manuel-castells-um-pais-educado-com-internet-progride>. Acesso em: 03 jul. 2018.

[1] Foram entrevistadas 5.012 pessoas de 5 anos ou mais, alfabetizadas, ou não, e foram considerados leitores aqueles que leram algum livro nos três meses anteriores à entrevista.

[2] Pesquisa Completa: https://www.poder360.com.br/wp-content/uploads/2016/12/Pesquisa-instituto-Reuters.pdf

[3] pesquisa completa: https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet2015/default.shtm

[4] Divulgação feita com estratégias de comunicação sem a geração de custo para o projeto.

Blogar ou não blogar? Eis a questão!

Esse post é parte da Blogagem Coletiva de comemoração aos 10 anos do ScienceBlogs Brasil. O tema dessa semana é Os blogs morreram? Hoje quem escreve é a Lais Moreira Granato coordenadora do Blog Descascando a Ciência.

Se você quiser participar acesse: http://bit.ly/SBBr10anos

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Eu como blogueira, fico irritada quando leio algum post ou ouço alguém falar que os blogs morreram. Isso não é verdade!!

Segundo o Google Trends, a procura por “como iniciar um blog” vem crescendo nos últimos anos. Cada vez mais, cresce o número de empresas que fazem uso do velho “blog” como uma forma de atualização de seus clientes sobre assuntos relacionados ao produto que é comercializado. Ou até mesmo como uma maneira de aproximação, já que um blog é bem mais dinâmico que um site, por exemplo.

Além das empresas, cientistas têm feito uso dos blogs como uma nova forma de divulgar os resultados de suas pesquisas e atrair a atenção da sociedade para a ciência. Prova disso é o número crescente de novos blogs vinculados a rede de blogs da UNICAMP, que foi criada em 2015 e como o Science Blogs Brasil que está completando 10 anos!

O que aconteceu nos últimos anos, é que com o surgimento de novas tecnologias, novas tendências também surgiram, e por isso foi preciso atualização!

Hoje em dia “a cara” dos blogs mudou! Hoje os blogs utilizam vídeos e outras ferramentas multimídias para incrementar seus textos e fazem uso das redes sociais para que consigam alcançar um maior número de pessoas. A criação de conteúdo não é mais apenas sobre palavras. A criação de conteúdo utiliza as palavras para criar uma história e essa “história” é mais do que apenas uma narrativa, como era no início dos blogs. Ela representa fortemente sentimentos, opiniões e pontos de vista que permitem que o escritor se conecte fortemente com o leitor.

Hoje os blogs são uma ferramenta de comunicação, a voz de uma marca, que integra textos, imagens, vídeos e o mais importante: emoção!

Eis que os Blogs não morreram! Na realidade, eles se tornaram muito mais efetivos com o passar do tempo. O importante é a qualidade do conteúdo que se deseja transmitir. Coisas boas sempre geram interesse!!

Vamos blogar!

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Charge de Luiza Carvalho (https://dialogoscciencia.com/2013/07/24/a-divulgacao-cientifica-e-a-minha-formacao-no-bacharelado-de-ciencias-biologicas-da-ufmg/

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Laís Moreira Granato, bióloga, mestre em Agricultura e Doutora em Genética e Biologia Molecular. Atualmente pós-doutoranda no Centro de Citricultura “Sylvio Moreira”/IAC e coordenadora do Blog Descascando a Ciência.