Nobel da Folia

João Paulo do Rio Branco era o Secretário de Turismo do Estado da Guanabara em 1966. Uma das funções da Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara era organizar o Carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Uma das tarefas ao organizar o carnaval do Rio de Janeiro é selecionar as personalidades que receberão o convite oficial do Governo do Estado para fazer parte das festividades.

JB26011966

Jornal do Brasil – 26/01/1966

Em 1966 a lista de convites internacionais tinha nomes como Salvador Dalí, o 007 Sean Connery, as Princesas Ira von FürstenbergSoraya Esfandiary-Bakhtiari, as atrizes Ingrid Bergman e Gina Lollobrigida, e por último mas não menos importante, um cientista vencedor do prêmio Nobel de Física do ano anterior, Richard Feynman.

Pipocou na imprensa internacional rumores de uma epidemia de tifo no Rio e até o Itamaraty foi acionado para tranquilizar os turistas que viriam para o Carnaval. Não sei se funcionou, mas pelo menos nenhum dos convidados oficiais utilizou a epidemia como motivo para não vir ao Carnaval.

Jornal do Brasil - 02/02/1966

Jornal do Brasil – 02/02/1966

Salvador Dalí alegou compromissos profissionais. Soraya, problemas com a saúde da sua mãe. Ira, compromissos pessoais. Sean Connery e Ingrid Bergman não foram vistos no Rio. E a Gina Lollobrigida, filmando em Paris, ficou em cima do muro e deixou o pessoal do Tursimo da Guanabara esperando até o último dia, mas não apareceu.

Jornal do Brasil - 03/02/1966

Jornal do Brasil – 03/02/1966

É isso mesmo que você está lendo. Como quando você é uma criança, é seu aniversário, e você tem medo que ninguém venha na sua festinha. Ninguém veio.

Feynman veio. Não foi sua primeira vez no Brasil, nem no Carnaval do Rio. Ele já havia tocado frigideira em um bloco, e passou a se interessar bastante pelos instrumentos utilizados no samba. Notícias que corriam pela época falavam que um dos motivos que fizeram a sua primeira esposa pedir o divórcio foi o barulho da cuíca.

Jornal do Brasil - 04/02/1966

Jornal do Brasil – 04/02/1966

Richard e sua segunda esposa, Gweneth, seriam recebidos pelo Secretário Rio Branco e 200 passistas do Salgueiro, Mangueira, Portela e Império Serrano, ao som da Bateria da Mocidade, mas parece que as autoridades do aeroporto não permitiram. Participaram de ensaios, dos principais bailes e assistiram aos desfiles das escolas de samba.

Jornal do Brasil - 18/02/1966

Jornal do Brasil – 18/02/1966

Além da “imensa saudade dessa festa grandiosa” Feynman levou na bagagem um agogô com a inscrição O maior folião de 1966, presente da Associação das Escolas de Samba.

A seguir, IBAGENS INÉDITAS fotos que você talvez ainda não tenha visto do Carnaval em que por falta de celebridades, um físico virou a principal atração.

Ultima Hora - 19/02/1966

Ultima Hora – 19/02/1966

Ultima Hora - 19/02/1966

Ultima Hora – 19/02/1966

 

Jornal do Brasil - 24/02/1966

Jornal do Brasil – 24/02/1966

Ultima Hora - 23/02/1966

Ultima Hora – 23/02/1966

A propósito, João Paulo do Rio Branco deixou a Secretaria de Turismo antes do fim daquele ano. Feynman não achou que foi coincidência…

O post mais previsível do ano

 

Ou não.

 

A vingança é um prato que se come no espaço

Eu sei poucas palavras em alemão. Vergeltungswaffen, dizem, significa algo como arma de retaliação.

Vergeltungswaffen é o apelido carinhoso do foguete mais famoso da série Aggregat. O V2, ou A4, usado para ataques da Alemanha contra países Aliados durante a II Guerra Mundial.

Só entre Setembro de 1944 e Fevereiro de 1945 foram construídos 3300 foguetes, totalizando em 5200 as unidades produzidas. O V2 era um foguete de 12500 kg, 14 m de altura e 1,65 m de diâmetro. Utilizava etanol de batata e oxigênio liquido como combustível. Com um raio de ação de aproximadamente 340 km, conseguia alcançar até 5760 km/h.

Foguetes V2 preparados para um teste durante a II Guerra.

Com o fim da Guerra vem a Operação Paperclip, e vários nomes importantes da Alemanha durante a Guerra são levados para os Estados Unidos, entre eles, Wernher von Braun. Partes do V2 foram recuperadas e também levadas aos EUA.

A pesquisa americana com o V2 resultou em contribuições interessantes para a exploração espacial. O primeiro lançamento de um V2 pelos EUA foi em 15 de Março de 1946.

No dia 24 de Outubro de 1946 um foguete foi lançado com uma câmera. Atingiu 105 km de altitude registrando a primeira foto da Terra vista do espaço.

Primeira foto da Terra vista do espaço – 1946

Os primeiros animais chegaram ao espaço a bordo dos foguetes V2. As moscas, em 20 de Fevereiro de 1947 pra testar os efeitos da radiação, foram recuperadas com vida. O primeiro macaco chegou ao espaço em 14 de Junho de 1949, atingiu a altura de 134 km, mas problemas com o paraquedas causaram a destruição do foguete e a morte do animal.

Atualmente ainda existem cerca de 20 unidades do foguete V2 espalhadas por museus ao redor do mundo.

V2 no Museu da Força Aérea dos Estados Unidos da América

 

Inspire-se

Sábado, centenas de pessoas acompanharam o passeio da nave Endeavour pelas ruas de Los Angeles. No Domingo, Felix Baumgartner saltou em queda livre de uma cápsula na estratosfera, 39 km do solo.

As imagens dos dois eventos estão logo mais abaixo.

Por um mundo onde lutar por um sonho não é encarado como viver de uma ilusão. Boa Segunda pra você.

Foto: Divulgação

Foto: L.A. Times

Foto: L.A. Times

 

O nosso sinal wow

Jerry R. Ehman, em 15 de Agosto de 1977, detectou um intenso sinal vindo região da constelação de sagitário. Escreveu wow!, batizando aquilo que muitos acreditam ser uma comunicação extraterrestre.

Entre especulações sobre a origem natural ou artificial para o sinal, fato é que ele nunca se repetiu (ou nunca foi detectado outra vez), e talvez, nunca vamos conhecer realmente sua origem.

Em 21 de Setembro de 2012, durante o Simpósio Internacional de Arte Eletrônica, os artistas Nathaniel Stern e Scott Kildall apresentaram o Tweets in Space.

O conceito é simples. Durante meia hora, todos os tweets com a hashtag #tweetsinspace foram armazenados para serem enviados ao exoplaneta GJ667Cc, 22 anos luz distante da Terra, que possuí características favoráveis para a existência de vida.

 

As mensagens levarão 22 anos para chegar até Gliese 667 Cc. Se alguém de lá nos responder, só saberemos daqui 44 anos. Supondo que nossas transmissões (de dados, rádio e TV) tenham capacidade de chegar até lá sem se confundir com ruído, há alguns anos que um suposto habitante poderia nos detectar. Mas se existem seres vivos em GJ667Cc, é bastante provável que não tenham capacidade para nos ouvir, entender, e responder.

O Tweets in Space foi financiado pela internet, nasceu com uma proposta artística, e não científica. Uma arte de humanos, para humanos.

Mensagens com pedidos de ajuda, declarações informais de guerra espacial ou comida preferida. Paz, amor e ajuda, estão no topo da lista das palavras mais usadas. Enviar as mensagens do Twitter para o espaço não deve auxiliar em nada na busca de extraterrestres, mas nos ajuda a entender um pouco mais sobre esses tais de humanos.

No fim das contas, quando estamos conversando com uma civilização imaginária, quando compartilhamos nossos medos, desejos e dúvidas com seres distantes que provavelmente nem existam, estamos na verdade, conversando com nós mesmos.

Talvez, alguém no futuro vai encontrar essas mensagens, e escrever um wow! ao lado delas.

 

O primeiro passo para um grande passo

O pequeno passo de Neil Armstrong, na Lua em 20 de Julho de 1969, é resultado de vários passos do Programa Espacial da NASA, iniciado no final da década de 50.

Explorer 1

Realizando seu primeiro movimento naquilo que viria a ser chamada de corrida espacial, os EUA lançaram na noite de 31 de Janeiro de 1958 o Explorer 1, primeiro satélite americano a entrar em órbita.

A bordo da cápsula de pouco mais que dois metros de comprimento e quinze centímetros de diâmetro, um rádio transmissor, sensores de temperatura e colisão de micrometeoritos, e um detector de raios cósmicos.

Os dados da Explorer 1 (e posteriormente da Explorer 3) foram responsáveis pela descoberta de um cinturão de radiação que envolve a Terra, conhecido hoje em dia por Cinturão de Van Allen, em homenagem ao seu descobridor, James Van Allen, Físico responsável pela criação dos instrumentos científicos da Explorer 1.

Equipe do Explorer 1

William H. Pickering, James A. Van Allen e Wernher von Braun

 

 

 

 

 

 

 

Ironicamente, o mesmo Cinturão de Van Allen, descoberto pelo primeiro passo dos americanos no espaço, é usado hoje em dia pelos conspiradores das alunissagens para negar o mais importante passo dos americanos no espaço.