E viva a Wikipedia! (em inglês)
Cortesia é uma coisa engraçada: começa sendo um gesto espontâneo de quem a oferece, algo inesperado que quem recebe tem, de certa forma, a obrigação de agradecer. De repente, vira (ou parece virar) direito adquirido.
Caso em tela: a pressão de fiéis islâmicos pela supressão das imagens de maomé do verbete correspondente na Wikipedia em inglês.
Uma das manifestações diz que “ninguém tem o direito de ofender milhões de muçulmanos”. Não vou nem entrar no mérito de se é verdade que “milhões de muçulmanos” se ofendem com a apresentação de ícones do profeta. O que realmente chama a atenção é o “ninguém tem o direito de ofender…”. Então, tá. O Alcorão diz que Jesus não foi crucificado, que foi um “laranja” quem morreu na cruz. Isso é, suponho, ofensivo para milhões de cristãos.
Como ninguém tem o direito de ofender milhões de {{insira aqui seu grupo demográfico preferido}}, concluímos que é preciso editar o Alcorão. Ou talvez queimar todos os exemplares.
Dizer que uma pessoa/grupo tem uma queixa legítima só porque algo a/o ofende pode ser algo que até começou com a melhor das intenções, como forma de coibir humilhações racistas e coisas do gênero, mas olha aonde o precedente nos trouxe.
“Ofender o próximo” deveria virar um direito humano.
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