Filosofia experimental: raças humanas

A recente entrevista de Richard Lynn à revista Época, na qual o pesquisador argumenta para diferenças de capacidade intelectual média entre populações humanas, gerou diversos debates, aqui no “pedaço brasileiro” (lusófono?)  do ciberespaço sobre o conceito de “raça” dentro da espécie humana.
(Ah, sim: o trabalho de Lynn é polêmico e atrai críticas, não apenas do típico histrionsimo politicamente correto, mas também metodológicas)
O consenso atual entre os biólogos parece ser o de que não faz sentido falar em raças dentro da humanidade, e que o conceito que melhor se aplica é o de “etnia”, este com base cultural, e não genética — ao menos, é o que se depreende deste “stub” da Enciclopéia Britânica.
Mas, afinal, qual o conceito popular de raça? A dúvida me ocorre porque ando lendo algunstrabalhos de filosofia experimental, onde filósofos vão a campo para tentar determinar se as intuições humanas “puras” correspondem aos modelos conceituais da filosofia.
Isso é importante, por exemplo, no campo do Direito, onde as leis são escritas por juristas com conceitos filosóficos em mente, que podem não ter nada a ver com o que esta na cabeça da população  em geral – por exemplo, “Intencionalidade” tem um significado filosófico muito mais sofisticado que a noção popular “de propósito”, mas o pessoal no júri talvez não saiba disso.
Então: quando biólogos e antropólogos discutem a idéia de “raça” e concluem que se trata de uma enorme bobagem, será que estão falando da mesma coisa que o pessoal na rua, que leu a entrevista de Época e vai debater o asunto na mesa do bar? Essa distinção também pode ser útil no debate dos critérios para ações afirmativas.
Filosofia experimental geralmente toma a forma de estudos estatísticos feitos a partir de pesquisas de opinião onde se pede que “pessoas comuns” emitam juízos de valor sobre pequenos dilemas morais hipotéticos (exemplo: mesmo advertido de que havia bebido demais e que, se pegasse o carro, poderia acabar matando alguém, um homem diz: “não me importo com isso, só quero chegar logo em casa”; ele pega o carro e, estando bêbado, atropela e mata uma mulher; ele matou a mulher intencionalmente?).
Talvez fosse possível construir algo assim para testar a idéia de “raça”  encontrar os limites do conceito no imaginário (conceituário?) popular.

Discussão - 1 comentário

  1. Patola disse:

    Droga. Os livros do Lynn na Amazon estão caríssimos. Alguém sabe onde consegui-los mais baratos? E por que são tão caros? Um livro de 384 páginas por 120 dólares? Fala sério!

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