O que a CNBB, a Universal, os espírias têm a ver com isso?

Alguém podia explicar ao idiota aqui por que o Supremo Tribunal Federal de um país que adota o princípio da separação entre igreja(s) e Estado se dá ao trabalho de ouvir lideranças religiosas sobre uma questão  jurídico-bioética como o “status” legal de fetos anencéfalos?
Digo, se esse papo de laicidade fosse a sério, a opinião religiosa enquanto opinião religiosa, deveria ser estritamente irrelevante. Ou vamos começar a ouvir muçulmanos sobre a legalidade da minissaia, testemunhas de jeová sobre transfusões de sangue, hindus sobre o comércio de carne bovina, judeus ortodoxos sobre o mercado de salsichas?
De resto, sugiro um experimento mental para quem acha que é possível haver “vida humana” em um corpo sem cérebro: comece a tirar outros órgãos, e veja onde isso pára. Sem rim? É humano, claro. Sem fígado? Idem. Pulmão? Não é essencial. Coração? É só uma bomba hidráulica. Espinha? Nada.
No fim, vamos ter de concluir que qualquer pedaço de tecido — seja, digamos, um pé amputado ligado a um circulador/oxigenador de sangue, ou uma raiz de cabelo em cultura — é um ser humano portador de direitos. 
O pênis de John Bobbit deveria tirar título de eleitor.

Discussão - 3 comentários

  1. Débora disse:

    Eles são uma parte da sociedade civil organizada e por isso ganham o direito de ser ouvidos, por exemplo, a Associação de Médicos Espíritas tem até o título para permitir que seja dada uma opinião sobre o assunto.
    Mas isso não justifica o fato de que o Supremo Tribunal Federal está virando piada.
    Achei interessante quando vi a matéria sobre o caso no Bom dia Brasil, porque no bloco seguinte veio uma matéria sobre inseminação artificial que divulgava uma lista de espera para a inseminação em um dos únicos hospitais públicos que faz o procedimento.
    O que uma coisa tem a ver com a outra?
    É que logo após a matéria a repórter anunciou alguns países onde a inseminação é proibida, ou seja, Noruega, Suécia e por aí vai.
    Mesmos países onde o aborto é permitido, seja a criança com cérebro, sem cérebro, com o pé na testa ou etc.
    Então fiquei me perguntando, porque ao invés de discutirem o direito de uma mãe de abortar uma planta, não discutem esse incentivo absurdo ao crescimento populacional num país subdesenvolvido onde o número de crianças em adoção supera o número de não-mães que querem ser inseminadas artificalmente.

  2. cretinas disse:

    Oi, Debora!
    Concordo que todos setores organizados da sociedade têm o direito de expressar suas opiniões -- que me preocupa é a mistura de fóruns: a opinião de um bispo sobre reprodução humana não deveria ser tratada como relevante, a priori, para fora de sua igreja.
    Quanto à inseminação, acho que direitos reprodutivos deveriam ser uma via de mão dupla -- valerem tanto para quer não quer ter quanto para quem quer.

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