Macacos no computador

Fiquei surpreso ao ver que a Wikipedia tem um verbete sobre o Teorema dos Infinitos Macacos Datilógrafos. Bem, talvez não devesse: a Wikipedia tem de tudo.
O teorema diz que um número infinito de macacos deve ser capaz de criar todo o acervo literário mundial em um instante ou,  ao contrário, que um único macaco poderia fazer o mesmo — num tempo infinito. Trata-se, na verdade, de uma constatação muito básica sobre probabilidades: tudo que é possível acaba acontecendo, desde que se espere o basante.
“Esperar o bastante” é a chave: no caso de macacos datilografando ao acaso, a demora até se conseguir um texto inteligível de algumas centenas de páginas  é maior que a idade do Universo.
Mas Seth Lloyd (já citei esse cientista aqui outro dia) sugere uma analogia diferente: que tal se botássemos macacos para digitar num computador, em vez de datilografar numa máquina?
Os primatas acabariam dando instruções à máquina, que tentaria executá-las; boa parte das instruções faria algumas das máquinas travar (digamos que cada macaco tem seu próprio laptop), outras gerariam outputs malucos, mas uma pequena fração produziria pequenos programas espertos. E se os laptos estivessem ligados em rede? Talvez alguns desses programas aprendessem a explorar a conectividade e…
Macacos em máquinas de escrever já foram usados como metáfora por criacionsitas que se achavam muito espertinhos. Mas chimpanzés no computador podem muito bem nos dizer algo sobre a seleção natural. A mim, ao menos, uma Chita com Pentium faz mais sentido que um velho barbudo no céu.

Discussão - 4 comentários

  1. Igor Santos disse:

    "Mas não é o mesmo que ?"
    Quão raso pode ser o pensamento de alguém até que seja necessário inifitos indivíduos daquele para se escrever uma obra de Shakespeare?
    Num podcast de Ricky Gervais, um dos participantes naõ aceitava essa hipótese, contra-argumentando que "onde conseguiríamos tantos macacos?"...

  2. Igor Santos disse:

    *“Mas não é o mesmo que (inserir argumento parecido com o do furacão no ferro-velho)?”
    Coloquei maior-que e menor-que ao invés de parêntenses...

  3. cretinas disse:

    Talvez um furacão que dure alguns trilhões de anos, num ferro-velho com um número grande, mas não infinito, de peças?
    😉
    A melhor formulação foi a do Daniel Dennett: dê-me o caos e a eternidade, e eu lhe darei ordem.

  4. massacritica disse:

    Já pensei sobre esses macacos e suas máquinas de escrever. Qual seria o número mínimo de teclas para gerar um texto com alguma informação... pensei em 2. Tipo 0 e 1.
    010100011101010101010101
    🙂
    Aaah...
    Já fizeram o teste dos macacos.
    Eles falharam... hehe
    Veja
    http://www.humornaciencia.com.br/biologia/macacosshakespeare.htm
    ==

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