“Quanto tempo demora um mês pra passar? A vida inteira de um inseto, um embrião pra virar feto, a folha do calendário, o trabalho pra ganhar um salário… mas daqui a um mês, quando você voltar, a lua vai estar cheia, e no mesmo lugar…”
Biquini cavadão “Quanto tempo demora”
Independentemente de seu gosto pela banda, estilo musical ou por esta canção em específico a questão aqui é o tempo.
A quantidade de tempo percebida pelas pessoas é bem diferente daquela que geólogos e paleontólogos trabalham. Nesse meio é comum ouvir a expressão: “poucos milhares de anos…” Como assim, “poucos milhares?” você deve estar se perguntando; 100 anos já é muito, não?…
Vamos voltar um pouco: pense em sua infância. Um ano para cada aniversário, Natal, Páscoa entre outras festividades, não parecia muito tempo? Um mês sem aulas e você já não queria mais voltar… não é mesmo?
Bem, o que quero dizer é que mesmo ao longo de nossas vidas, a percepção de tempo muda. Já li em algum lugar que, pelo fato de aprendermos muitas coisas diferentes ao longo de um único dia, quando somos crianças, nossa noção de “dia” é expandida. Talvez por isso o ano levasse “mais tempo” para passar, apesar de contar os mesmos 365 dias. E, claro, para cada pessoa, que vive uma experiência diária diferente e percebe o mundo de forma diferente, a noção de tempo também muda.
Se para cada pessoa temos percepções diferentes de tempo, imagine agora o que acontece entre diferentes espécies. Um camundongo vive em torno de 2 anos. Acha pouco? Existe um inseto (efemérides) que, em sua fase adulta, vive somente um dia. Em 24 horas ele eclode de sua fase larval, tem sua adolescência pela manhã, torna-se um adulto a tarde, se reproduz e morre à noite.
Baseando–se no fato de que nós, mamíferos primatas, estamos acostumados com intervalos de tempo menores do que séculos, as amplitudes de tempo envolvidas, na concepção das outras espécies biológicas, são curtas – quando envolvem segundos, minutos e dias –, “normais” – quando de duração semelhante a nossa expectativa de vida – e longas – algumas espécies vivem centenas de anos. Porém, para a escala cósmica… as coisas mudam. Como diz a música, a lua permanece em sua mesma posição, com a passagem de um mês. Assim como a Terra e os demais planetas do sistema solar, seguindo sua órbita e girando em torno de seu próprio eixo. Mas será que foi sempre assim? Nos últimos 100 anos, sim. Mas, e nos últimos 3 bilhões de anos? Em relação à lua sabemos que ela está se afastando do nosso planeta… há 4,5 bilhões de anos atrás ela e o sistema solar simplesmente ainda não haviam se formado.

O registro contido nas rochas representa eventos de duração diferenciada. Pode ter ocorrido em poucos segundos ou mesmo ter levado séculos para se formar. Cabe aos Geólogos e Paleontólogos analisar os diferentes vestígios e tentar descobrir de que forma foram produzidos, e também tentar investigar qual o tempo envolvido em sua criação. Olhar para as rochas, estrelas e planetas é olhar para o passado. Os processos envolvidos em suas formações são muito complexos e escapam de nossas noções cotidianas. E é isso que mais me fascina! E você? o que te fascina?
O que mais me fascina é como o tempo foi capaz de gerar a incrível diversidade de espécies que existem no planeta!! <3 E imagine só quantas espécies diferentes já existiram e nós nem temos como saber, a não ser que tenham deixado registros fósseis!!
Com certeza a diversidade foi muito maior do que a que conhecemos! isso significa que temos muito a descobrir!
Estou em uma turma de Filosofia da Ciência aqui na Unicamp. Essa aula, especialmente mediada por Márcio Barreto, trata de outra percepção de tempo e de ciência a partir de Bergson.
Muito se gasta de tempo cronológico da aula para contemplar esses diferentes tempos. Ultimamente tenho estado maravilhada com essas ideias. Muitas delas difíceis de compreender e mais ainda aplicar.
Na sua opinião, com relação as efemérides e a vivencia do tempo, seria uma diferente percepção do tempo ou um tempo diferente mesmo?
Olá Andressa! Muito interessante seu comentário. Minha opinião pessoal e -talvez- não científica (pois não tenho dados para corroborar/falsear nada) é que deve-se tratar de uma percepção de tempo diferente (que as diferentes espécies tem); afinal, é a vida de cada um, não importando se são segundos ou anos.