Desta vez, Templeton acerta…

A Fundação Templeton, que dá um prêmio generoso em dinheiro para cientistas que digam coisas bonitinhas sobre religião, finalmente acertou no alvo: premiou um cosmólogo que também é padre.

Não tenho credenciais para discutir a impotância da obra científica do padre Michael Heller, mas a faceta dessa obra que chamou a atenção do prêmio diz respeito à busca de uma “causa primeira” para o universo.

Mesmo imaginando por um instante que faça sentido falar em termos de uma “causa não causada”, sempre fico espantado em ver como as pessoas saltam rapidamente desse ponto para a conclusão de que a tal “causa” quer que as pessoas se reúnam todos os domingos para comer biscoito e evitem gozar quando estão procriando, mas que jamais evitem procriar quando estão gozando.

Enfim…

Uma curiosidade nesse caso é lembrar que, até algumas décadas atrás, não era de todo implausível esperar que sacerdotes católicos prestassem bons serviços às ciências. Em que pese a fulminante crítica de Peter Medawar à obra filosófica de Teilhard de Chardin (“há um argumento nela, só não consigo descobrir qual”), o jesuíta colheu alguns merecidos louros como paleontólogo.

(Certo, ele também esteve envolvido no caso do Homem de Piltdown, eu sei…).

Padres-cientistas já foram quase que um lugar-comum, por exemplo, na ficção científica. Dois casos clássicos são os do conto “A Estrela”, de Arthur C. Clarke, e “Um Caso de Consciência”, de James Blish.

Ambas as histórias, no entanto, lidam com o tema da tensão entre verdade e fé em escala cósmica; no mundo real, a tensão simplesmente se tornou grande demais e a ruptura veio, mas não por causa de descobertas na escala de estrelas e planetas, e sim em células e gametas.

Discussão - 2 comentários

  1. Daniel disse:

    A Templeton Foundation tem feito um certo estrago na área de Fundamentos de Mecânica Quântica (área que, por sinal, não vai lá muito bem, já que não é raro encontrar físicos dizendo besteiras a respeito do assunto) com seu suporte entusiástico a uma abordagem bizarra chamada "it from bit" (algo como "it" --- a coisa --- é feita de "bit" --- o bit da informação). Alguns físicos supostamente sérios, parecem estar entu$ia$mado$ com essa abordagem... notavelmente, Anton Zeilinger, que chegou a escrever um artigo quantum-místico que foi publicado na Nature (!). Aqui um link para uma crítica ao artigo de Zeilinger, escrita por físicos que tem a cabeça no lugar:http://math.rutgers.edu/~oldstein/papers/zei.pdf

  2. Daniel disse:

    Não percam a bizarra reportagem da revista "Isto é" sobre o tema deste post. A reportagem afirma que esse indivíduo literalmente provou a existência de Deus...por sinal, nota-se que a revista "Isto é" vive publicando reportagens místicas bizarras. A capa desta semana fala sobre terapia de vidas passadas...

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