Bill Gates faz mais bem que a Igreja Católica

O fundador da Microsoft, Bill Gates, um agnóstico e provável ateu, anunciou sua aposentadora do mundo dos negócios para dedicar-se à Fundação Bill e Melinda Gates, criada originalmente com uma dotação de US$ 126 milhões e que hoje conta com um capital, para aplicação em projetos filantrópicos, de quase US$ 40 bilhões. Tem cerca de 500 funcionários, ou seja, um nível de eficiência de US$ 80.000.000/funcionário. A fundação segue padrões internacionais de transparência na aplicação de seus fundos.
Já o Óbolo de Pedro, um fundo formado por doações de caridade feitas diretamente ao papa por fiéis católicos, somou US$ 102 milhões em 2006, o que foi saudado como um acréscimo surpreendente. A Igreja Católica tem cerca de 400.000 sacerdotes ordenados, o que dá uma eficiência de uS$ 255/funcionário. Não segue nenhum padrão de transparência conhecido (nem é preciso lembrar do Banco Ambrosiano: tente pedir ao padre da sua paróquia para ver um balanço detalhado).
A comparação entre o Óbolo de Pedro e a dotação da Fundação Bill e Melinda Gates pode parecer injusta, já que a Igreja Católica recebe doações de forma descentralizada, muitas destinadas a dioceses específicas, e mantém uma organização internacional de caridade, a Caritas Internationalis, mas tente você descobrir quanto dinheiro isso tudo mobiliza. Desejo-lhe muito boa sorte.
Mas vamos fazer umas estimativas: a renda per capita anual dos EUA é US$ 44 mil; a do Burundi, US$ 100. A renda per capita média mundial deve estar entre esses dois valores. Tirando a média geométrica, dá uns US$ 2000. Já que há um bilhão de católicos no mundo, a renda global do catolicismo deve ser US$ 2.000 bilhões, ou US$ 2 trilhões (uau! isso empata com o PIB da Itália). Supondo que 10% dos católicos paguem o dízimo (10% da renda pessoal), a arrecadação global anual da Santa Madre Igreja deve ser de uns US$ 20 bilhões. Criada em 2000, a Fundação Gates acumulou uma dotação de US$ 40 bilhões até agora, ou US$ 5 bilhões ao ano. Por 500 funcionários, dá US$ 10 milhões/funcionário/ano. Já os US$ 20 bilhões anuais dos católicos, divididos por 400.000 padres, dá US$ 50.000/padre/ano. Ainda fica abaixo do nível de eficiência da fundação do casal Gates.
(Seria melhor medir eficiência por número de pessoas antendidas satisfatoriamente, mas essa estimativa fica para outra postagem.)
Numa nota paralela, a hieraquia católica nos EUA desembolsou US$ 1 bilhão para cobrir os danos do abuso sexual cometido por padres. Da onde se conclui que, (a) eles tinham o dinheiro e (b) o tal do dinheiro não estava sendo usado para socorrer os necessitados (a menos que se enquadrem bispos ameaçados de ir para xilindró por cumplicidade com pedófilos na categoria “necessitado”).

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