Buck Rogers, 80 anos

O ano é rico em efemérides — os bicentenários de Edgar Allan Poe e Charles Darwin (nenhuma teoria da conspiração surgiu ainda em torno dessa coincidência?), os 150 de A Origem das Espécies — mas a notícia de que o orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia foi cortado em 18% me fez lembrar de uma outra que estava passando despercebida: em 7 de janeiro de 1929, foi publicada a primeira tirinha de Buck Rogers
Hoje o velho Buck está praticamente esquecido, mas seu impacto na cultura ocidental não pode ser subestimado: foi o primeiro produto de mass media a transformar conceitos científicos em entretenimento (os pulps de ficção científica, em comparação, eram mais coisa de subcultura nerd: uma uadiência fiel, mas pequena). Para o bem e para o mal, as aventuras de Rogers no século 25 definiram os conceitos de “ciência” e “progresso científico” para a consciência coletiva do século passado.
E o que isso tem a ver com o corte no MCT? Bom, diz a lenda que um dos primeiros astronautas do programa espacial americano teria proferido as imortais palavras “No bucks, no Buck Rogers” ou, “sem dinheiro, não há avanço científico e tecnológico”.
O fato de o orçamento com o corte ter sido preparado por um senador do PT faz meu reacionário interior desconfiar de que o plano seja exatamente esse, acabar com essa ferramenta insidiosa do capital, a ciência, e realizar uma visão de utopia esquerdista à la Pol Pot, um delírio de multidões miseráveis solidárias vivendo de frutos, raízes e de amor ao próximo, enquanto criancinhas morrem alergremente de tétano e verminose. 
Mas, claro, meu reacionário interior é um maluco, melhor mantido sob forte sedação. Ele nunca está certo. Espero.

Discussão - 2 comentários

  1. Paula disse:

    Poxa...
    Nunca tinha ouvido falar em Buck Rogers. Mas é isso aí. Em tempos de crise, a melhor solução é desenvolvimento de Ciência e novas tecnologias (afinal elas custam caro, mas dão muito retorno financeiro). Só não contaram isso pro nosso legislativo...

  2. josephine disse:

    Havia um seriado que eu assistia na TV Guaíba (POA/RS) que mostrava este personagem, em uma feira de quadrinhos vi uma história dele. Era rival de Flash Gordon mas enquanto flash viajava para outro planeta mas no mesmo tempo, Buck Rogers ia parar no Futuro da Terra e depois viajava para outros mundos.
    Os mais jovens não devem ter lembrança deste personagem pois não foi muito difundido e o seriado dele começava bem mas na segunda temporada era muito bobas as histórias para um personagem como o dele que criticava no que a sociedade tinha se tornado. Só ficava naquela da Tenente e da Princesa Ardala(?) brigando por ele. Mas teve um episódio que deixa o que pensar. Um planeta onde todos usavam mascaras pois o governo dizia que na guerra armas quimicas tinham deixados os rostos deformados mas um casal de jovens resolve tirar as mascaras e descobrem que os rostos não tem nada de deformados, o rapaz é morto e a jovem foge e é perseguida. ...dai Buck descobre que o governo implementou um programa de melhoria genetica que deu errado e toda a população ficou com o mesmo rosto , todos os homens eram iguais e todas as mulheres tinham a mesma aparencia. com isso a diferença e a individualidade deixavam de existir, e que ninguém sabia mais quem era. então com as mascaras voltava a individualidade. Nesta atualidade onde se faz plastica para se ter os lábios da fulana o nariz da sicrana dá o que pensar, nisto ele foi visionário.

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