Blackmore sobre Sheldrake

Leitura recomendada: este artigo de Susan Blackmore sobre o trabalho de Rupert Sheldrake. Eu já bloguei sobre Sheldrake antes, a respeito de seu estudo com um papagaio supostamente telepático, e o artigo de Blackmore tem o grande mérito de, sendo curto e em tom coloquial, pôr o dedo na ferida de o que está errado com os tais “campos morfogenéticos” que encantam tanta gente.
Outra vantagem do artigo é que ele está cheio de links, inclusive um com uma análise da metodologia usada por Sheldrake para concluir que um cachorro tinha o “poder” de prever quando o dono decidia voltar para casa, correndo até o portão no exato instante, ou no instante aproximado, em que o dono, não importa onde estivesse, tomava a condução de volta.
Segundo Sheldrake, a forma correta de analisar os dados é fazer um gráfico do tempo que o cão passava na porta, e assim concluiu que ele passava mais tempo por lá a partir do instante em que o dono começava a voltar.
Soa impressionante. Mas eis avaliação cética:
“Parece que o padrão observado poderia surgir facilmente se Jaytee (o cão) fizer muito pouco logo depois de a dona sair de casa, mas depois começar a visitar o portão mais frequentemente, e por períodos maiores, quanto mais tempo ela ficasse fora (…) O resultado seria Jaytee estar na janela mais frequentemente quando ela estivesse voltando, já que a viagem de volta marca o período final do experiemento”.
Ou: o cão não é telepata. Ele só sente saudades.

Discussão - 1 comentário

  1. O comentário de Blackmore é bastante infeliz, porque ela simplesmente não testou o que disse. Muito pelo contrário, a análise indica que o cão ficava menos na janela quando a PRIMEIRA hora era excluída, o que torna o caso de Sheldrake ainda mais impressionante. Sheldrake diz:
    "Os comentários de Susan Blackmore foram feitos num artigo no Times Higher Education Supplement, o qual concluiu: "existem maneiras melhores de gastar o tempo em preciosas pesquisas do que ir atrás de algo que muitas pessoas desejam que seja verdade, mas quase certamente não é." Ela pensou que achou "problemas de projeto" em minhas experiências com Jaytee (Sheldrake 1999b), porque "Pam nunca esteve longe por menos de uma hora". (Nos experimentos de Wiseman Smith & Milton, Pam nunca esteve fora por menos de uma hora.)
    Isso é por que Blackmore pensou que existia um problema: "Sheldrake fez 12 experiências nas quais ele "bipava" Pam em tempos aleatórios para dizer que ela retornasse..... Quando Pam primeiro partia, Jaytee se acomodava e não se incomodava em ir à janela. Quanto mais tempo ela [Pam] estivesse fora, mais freqüentemente ele ia olhar. Além disso a comparação é feita com o primeiro período, quando o cachorro raramente levantava." Mas qualquer um que olhar para os dados reais (Sheldrake, 1999b, Figure B.4) pode ver por si próprio que isso não é verdade. Em 5 das 12 experiências, Jaytee não se acomodou imediatamente quando Pam partiu. De fato ele foi à janela mais na primeira hora do que durante o resto da ausência de Pam, bem na hora dela retornar a caminho casa, ou quase para vir. Na luz dos comentários de Blackmore, eu tenho re-analisado os dados de todas as 12 experiências, excluindo à primeira hora. O percentual de tempo que Jaytee ficava na janela durante a ausência de Pam foi realmente menor quando a primeira hora foi excluída (3.1%) que quando incluída (3.7%). Por contraste, Jaytee esteve na janela 55.2% do tempo quando ela [Pam] estava a caminho de casa. Levando a objeção de Blackmore em conta, ela fortalece ao invés de enfraquecer a evidência para Jaytee saber quando sua dona estava voltando para casa, e aumenta a significância estatística da comparação. (Inclusive os primeiros 60 minutos de ausência do Pam na análise, pela amostra-combinada t teste, t=-5.72, p=0.0001; excluindo os primeiros 60 minutos, t=-5.99, p menor que 0.0001.).
    A alegação de Blackmore ilustra mais uma vez a necessidade de tratar o que os céticos dizem com ceticismo"
    (Journal of the Society for Psychical Research, 64, 126-128 - abril de 2000).
    E mais. Pra quem leu as pesquisas do autor, verifica-se que o comportamento antecipatório do cão tem relação estatisticamente significativa com o momento em que a dona toma ciência de retornar à casa, e não o simples fato dela estar vindo pra casa, o que é diferente.
    Abraços.
    André Luís.

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