O futebol não é uma ciência. Mesmo.
Fazer dois times de futebol se enfrentarem não é uma forma cientificamente válida de determinar qual o melhor, exceto se a diferença do placar for superior a quatro gols. E quem diz isso não é o Galvão Bueno, mas um grupo de cientistas da Nasa, em um “paper” sobre significância estatística previsto para sair no Journal of Applied Statistics, mas já disponível no Arxiv.
Outra conclusão interessante do mesmo artigo é que campeonatos no estilo “mata-mata” — onde times são eliminados na passagem de uma fase para a outra, culminando numa final — são péssimos para determinar qual o melhor time do torneio.
Os autores estimam que a chance de a melhor seleção realmente ganhar a Copa do Mundo, por exemplo, é de menos de 30%. Eis a matemática destruindo a pretensão brasileira de ligar o pentacampeonato mundial à mística de “melhor futebol do mundo” (fiz uma continha e determinei que a chance de a seleção brasileira ter sido a melhor em todas as copas que ganhou é de 0,17%; já a de ter sido a melhor em pelo menos uma das cinco é de 80%).
Enfim: para tornar o futebol cientificamente confiável, os autores sugerem esticar os jogos indefinidamente, até que a diferença de gols atinja a significância estatística. Mas eles mesmos reconhecem que a implementação dessa ideia é improvável — para dizer o mínimo.
Discussão - 8 comentários
Cientistas da NASA falando de futebol: OK!
Galvão Bueno falando de lançamento de foguetes: que eu não viva o bastante para ver isso!
Hehe!
Aqueles caras que ficam fazendo "estatística" de futebol deveriam dar uma lida no artigo citado por você.
Inté!
Outro dia resolvi fazer minhas próprias estatísticas de futebol. Montei uma planilha imensa, onde posso extrair coeficientes e perceber aumento e queda de desempenho e muito mais ao longo de um campeonato. Por fim, cheguei a uma conclusão: não há conclusão. O número de variáveis que influenciam (com relevância) o resultado é tão grande, que ser o melhor em campo não significa taça levantada. Fatores extra-campo, erros de arbitragem, lesões, empresários... tudo isso e mais uma pitada de paixão, faz com que esse esporte seja imprevisível.
Como cientista e amante do futebol, sempre acho legal ver artigos estatísticos sobre isso.
Deixo a dica do site do www.chancedegol.com.br , do Marcelo Leme de Arruda, um estatístico que dedicou sua vida acadêmica à rankings esportivos.
Cientistas da NASA falando de soccer?... Prefiro ver o Galvão falando de astronáutica...
O primeiro erro crasso da análise é supor que qualquer equipe esportiva esteja nas mesmas condições de eficiência em duas partidas (competições, disputas) diferentes.
Nem os Onibus Espaciais são exatamente iguais...
Oi, Joao! Os caras ate que levam isso em consideração, admitindo que só faz sentido falar em "melhor time" nas condições e no momento específico do jogo..,
Quais as chances do São José de Porto Alegre ganhar a Libertadores?
Só vejam o que acham deste post aqui sobre estatisticas de futebol: http://scienceblogs.com.br/rnam/2009/09/estatisticas_inuteis_do_futebo.php
Sejam bonzinhos, é só um biólogo escrevendo
Eu fiz uma tabela com as previsões dos comentaristas esportivos sobre os resultados das partidas. A média de acerto do resultado (quem ganha ou se empata) - sem considerar o placar - é de cerca de 40%, mais ou menos igual a de métodos estatísticos de previsão.
Como "controle" peguei duas pessoas que lideravam dois bolões em uma certa data e os meus palpites. A nossa média é de 50% de acerto.
Os dados não são diretamente comparáveis, já que as bases de jogos não são totalmente coincidentes.
http://spreadsheets.google.com/ccc?key=0Ap3350WTR-zncjNQY1pwQjlsdlByTUtmeEV0NGkxX2c&hl=en
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[]s,
Roberto Takata