Os Tomates da Discórdia

Uma guerra de tomates costuma acontecer na Espanha toda última quarta feira de agosto. Desde 1940, durante a festa, os moradores da cidade de Buñol atiram tomates uns sobre os outros, pintando uns aos outros e as fachadas das casas da cidade com o vermelho da polpa do tomate. Durante a festa, a população desta pequena vila mediterânea quadriplica e participam da Tomatina em torno de 38 000 pessoas, dentre moradores da cidade e turistas de todas as regiões do mundo. A origem do festival vem de uma brincadeira de crianças, quando algumas crianças usaram seus almoços para guerrear na praça da cidade. [Fonte: Wikipedia]

Bom seria se os tomates, armas na guerra de Buñol, fossem usados também para todas as outras: ganharia aquele que ficasse menos sujo, não custa sonhar. Por enquanto, só podemos levá-los em conta como munição para a festa espanhola.

E talvez para alguns críticos do empreendimento científico.

De fato, não é raro que ouçamos críticas à Ciência que parecem ter sido redigidas após um episódio do Globo Repórter: “Semana passada o tomate fazia mal, esta semana o tomate faz bem, semana que vem ele fará mal e na seguinte fará bem novamente“. E concluem de forma tosca que em consequência disso não se pode confiar na Ciência ou nos cientistas, afinal eles não têm certeza de nada“.

Espero não cometer injustiças ao culpar os Jornalistas por essa situação, tão sedentos que são por manchetes do tipo “Alimento X faz mal/bem, dizem cientistas” esquecem-se de explicar claramente a metodologia empregada, a dificuldade de diferenciar-se casualidade e causalidade numa pesquisa assim e de como sempre se está sujeito a erros e interferências externas.

Daí, cria-se a caricatura da Ciência como arcabouço da Verdade Absoluta. E quando percebe-se que o buraco é mais em baixo, o Critíco da Ciência não conclui que a caricatura é falsa e que as verdades científicas são temporárias mas imprescindíveis para iluminar a ignorância que temos da realidade, ele simplesmente julga todo o esforço científico perda de tempo.

Em essência, o Crítico não pode demonstrar a validade de sua própria visão de mundo, e se utiliza da depreciação da Ciência (atacando a caricatura que se formou) como ferramenta para empurrar aos outros suas tolices. E não são poucos os que ficam encantados pela bela canção de obscurantismo travestido de pluralidade. Afinal, propõem eles, se a Ciência não pode ter certeza nem se Tomates fazem bem ou mal à saúde, deve-se também ensinar outros tipos de conhecimento e dar a chance às pessoas de escolherem no que querem acreditar.

Não deve ser portanto surpresa ver tantos apoiando que se ensine a Mitologia criacionista em escolas públicas mundo afora como alternativa à Teoria da Evolução. Só fico me perguntando por que ninguém ainda propôs ensinar-se Astrologia como alternativa à Astronomia, ou os quatro elementos de Aristóteles como alternativa ao Modelo Padrão.

Talvez seja só questão de tempo, já que enquanto os Tomates (ou a gordura Trans, ou o consumo de Alcool) continuarem sendo usados como armas para o Discurso obscurantista podemos esperar de tudo.

LHC e os viciados no fim do mundo

O mais potente acelerador de partículas já construido deverá entrar em funcionamento na primeira metade de Julho (depois de diversos atrasos). Com o nome de LHC, (Grande Colisor de Hádrons, da sigla em inglês), o experimento localizado no CERN (Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, da singla antiga em Francês, agora Organização Européia para a Pesquisa Nuclear), o maior laboratório de pesquisa em física de partículas situado em Genebra, na fronteira entre Fraça e Suiça.

O Acelerador está instalado num túnel circular de 27 quilômetros de circunferência a uma profundidade média de 100 metros e fará colidir prótons com energia de até 7 TeV cada, o que poderá trazer um maior entendimento da estrutura mais fundamental da matéria. Entre outras coisas, espera-se que o LHC traga respostas sobre a existência do Bóson de Higgs e das partículas Supersimétricas.

Enfim, é um empreendimento fantástico que pode decidir o futuro do Modelo Padrão, da Física de Partículas, sem falar dos empregos dos Físicos de Partículas.

Entretanto, como ainda não nos livramos das amarras da Idade Média, existem aqueles que se borram de medo do LHC e inclusive tentam barrar as operações com um processo na justiça dos EUA (Não me perguntem em que mundo bizarro um experimento europeu deva dar satisfações à justiça americana). Afirmam que o acelerador poderia criar Buracos Negros em miniatura que engoliriam o planeta. Seria isso possível?

Sim e Não.

Sim, para a possibilidade de criação de Buracos Negros em miniatura. Isso não é certo, já que não se sabe se as energias envolvidas seriam suficientes. Entretanto seria fabuloso que pudessem ser criados, para termos, finalmente, confirmação experimental direta da Radiação Hawking.

E Não, para a possibilidade de que esse micro Buraco Negro pudesse engolir a Terra, já que “evaporaria” rapidamente.

Além disso, as energias envolvidas no experimento do CERN são absurdamente menores que as envolvidas nas colisões entre os Raios Cósmicos e os átomos da atmosfera terrestre, e podemos ter certeza que ainda nenhum buraco-negro-em-miniatura-destruidor-de-planetas se formou, não é?

Então, enquanto esperamos o LHC ficar pronto e rimos desses viciados no fim do mundo, tenhamos um pouco de diversão. Para aqueles que acham que físicos não se divertem, ou não têm hobbies, conheçam Les Horribles CERNettes, a primeira e única banda de rock de altas energias, formada por funcionárias do CERN:

Acompanhem a Letra:

You say you love me but you never beep me
You always promise but you never date me
I try to fax but it’s busy, always
I try the network but you crash the gateways
You never spend your nights with me
You don’t go out with other girls either
You only love your collider
I fill your screen with hearts and roses
I fill your mail file with lovely phrases
They all come back: “invalid user”
You never let me into your computer
You never spend your nights with me
You don’t go out with other girls either
You prefer your collider
I gave you a golden ring to show you my love
You went to stick it in a printed circuit
To fix a voltage leak in your collector
You plug my feelings into your detector
You never spend your nights with me
You don’t go out with other girls either
You prefer your collider
You only love your collider
Your collider.

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1. O Quase-Físico escreveu um post hilário sobre o LHC no ano passado, eu não poderia deixar de linkar.

2. Encontrei o Vídeo acima através do blog “Os Meus Apontadores“.

3. A bagunça entre a sigla e o nome oficial do CERN é culpa do Heisenberg, como sempre…

Esta Linha Não Cruzarás!

Quando desenvolveu sua Teoria da Evolução, Charles Darwin introduziu o conceito de Seleção Natural como o principal motor do surgimento e sucessão dos seres vivos, apesar disso não considerava que este fosse o único mecanismo. Já Wallace, contemporâneo de Darwin e “quase-co-criador” independente da Teoria da Evolução, era um “hiperselecionista”: a Seleção Natural era o único mecanismo diretor da evolução dos seres vivos.

Ora, naquela época já era um desafio explicar a origem do intelecto humano. Por vias das Seleção Natural inclusive. Isso não era um problema para Darwin, já que para ele poderiam existir outros processos ainda não conhecidos que resolvessem o problema. Para Wallace, por outro lado, o intelecto humano gerava um problema sério. Por sua incapacidade de explicá-lo através da Seleção Natural e por sua postura hiperselecionista, acabou obrigado a postular um intervenção divina sobre o ser humano para responder pelo surgimento de nosso intelecto.

Ainda hoje, podemos perceber alguma hesitação ao tratar do ser humano, da mente humana e de sua origem e desenvolvimento. Por mais que saibamos do funcionamento (agora muito melhor que à epoca de Darwin) da Evolução e da origens das espécies, inclusive do homem, a mente ainda parece ser um tabu para a maioria das pessoas.

Muitos postulam, assim como Wallace (mas por motivos diferentes), algum tipo de característica sobrenatural exclusiva do ser humano e que seria concedida por um ser superior: a alma. Nossos sentimentos e raciocínio diferenciados dos demais animais seriam devido a esta alma.

Os católicos e outros grupos religiosos moderados, que tipicamente aceitam a Teoria da Evolução, impõem que Deus (ou ser equivalente) tenha intervindo diretamente com seu sopro de vida e inserido a alma no momento do surgimento do Homo sapiens sapiens, ou mesmo em algum ancestral. Isto, obviamente, é uma atitude anticientífica e não soluciona a questão.

De outro lado, no meio científico, há aqueles que simplesmente repudiam qualquer tentativa de abordagem simples da mente. Preferem nenhuma resposta, ou uma resposta complexa e inverificável, a qualquer esboço de resposta simples.

Enquanto Psicólogos Behavioristas utilizam a Teoria Behaviorista para descrever e analizar algumas facetas do comportamento dos seres humanos e outros animais evitando focar nos processos mentais precipitadamente, o que poderia causar a inclusão de elementos inveríficáveis, Psicólogos de outras escolas a consideram simplista demais para abordar a mente humana, ignoram-na (apesar de alguns de seus méritos), preferindo postular mecanismos fantásticos, que até são boas explicações eventualmente, mas completamente inverificáveis.

Cientistas Sociais têm ataques histéricos quando neurocientistas tentam encontrar origens genéticas e na arquitetura do cérebro para comportamentos violentos, preferindo uma origem únicamente social. Algo como uma atualização do mito do Bom Selvagem.

Quando são encontrados genes que controlariam, ou ao menos influenciariam, Generosidade, Felicidade e outros sentimentos vemos ondas de acusações de “Reducionismo“. Seja lá o que isso for.

Ao mesmo tempo em que deseja-se as respostas para A Vida, O Universo e tudo mais (que por acaso é 42) parece existir algum tipo de preconceito pelas respostas simples, mesmo que possam estar corretas.

Seria isso algum resquício do pensamento mágico (wishful thinking) religioso que espera respostas grandiosas (Deus, Thor, Shiva, Chacras, Milagres e tudo mais) para perguntas gradiosas? Ou é algum medo de que as perguntas não sejam, elas mesmas, tão grandiosas assim, e os mistérios não tão misteriosos?

O que faz com que, quando tratamos de problemas científicos fundamentais, encontremos uma placa escrita “Esta Linha Não Cruzarás” com o subtítulo “A não ser com uma resposta complexa e que seja satisfatória ao ego humano“?

Dez Mandamentos, por Bertrand Russell

1. Não tenha certeza absoluta de nada.

2. Não considere que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.

3. Nunca tente desencorajar o pensamento, pois com certeza você terá sucesso.

4. Quando você encontrar oposição, mesmo que seja de seu marido ou de suas crianças, esforce-se para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.

5. Não tenha respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.

6. Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões irão suprimir você.

7. Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.

8. Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se você valoriza a inteligência como deveria, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.

9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.

10. Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.

11 Anos sem Carl Sagan

O vídeo acima traz um trecho (narrado pelo próprio) de seu livro Pálido Ponto Azul, um dos melhores livros de divulgação científica que já li. Um livro que mostra o lugar do ser humano no planeta e no cosmos, destruindo nossas fantasias de grandeza mas exaltando nossos feitos passados, presentes e futuros. Leitura obrigatória.

We succeeded in taking that picture [from deep space], and if you look at it, you see a dot. That’s here. That’s home. That’s us. On it everyone you love, everyone you know, everyone you ever heard of, every human being who ever was, lived out their lives. The aggregate of our joy and suffering, thousands of confident religions, ideologies, and economic doctrines, every hunter and forager, every hero and coward, every creator and destroyer of civilization, every king and peasant, every young couple in love, every mother and father, hopeful child, inventor and explorer, every teacher of morals, every corrupt politician, every “superstar,” every “supreme leader,” every saint and sinner in the history of our species lived there — on a mote of dust suspended in a sunbeam.

The Earth is a very small stage in a vast cosmic arena. Think of the rivers of blood spilled by all those generals and emperors, so that, in glory and triumph, they could become the momentary masters of a fraction of a dot. Think of the endless cruelties visited by the inhabitants of one corner of this pixel on the scarcely distinguishable inhabitants of some other corner, how frequent their misunderstandings, how eager they are to kill one another, how fervent their hatreds. Our posturings, our imagined self-importance, the delusion that we have some privileged position in the Universe, are challenged by this point of pale light.

Our planet is a lonely speck in the great enveloping cosmic dark. In our obscurity, in all this vastness, there is no hint that help will come from elsewhere to save us from ourselves. The Earth is the only world known so far to harbor life. There is nowhere else, at least in the near future, to which our species could migrate. Visit, yes. Settle, not yet. Like it or not, for the moment the Earth is where we make our stand. It has been said that astronomy is a humbling and character building experience. There is perhaps no better demonstration of the folly of human conceits than this distant image of our tiny world. To me, it underscores our responsibility to deal more kindly with one another, and to preserve and cherish the pale blue dot, the only home we’ve ever known.

Ciência precisa de fé?

Um artigo do G1 me chamou a atenção hoje: ‘Ciência é uma questão de fé’, defende pesquisador.

Partindo de diversas afirmações banais (”Quando físicos sondam um nível mais profundo da estrutura subatômica ou astrônomos ampliam o alcance de seus instrumentos, eles esperam encontrar uma nova e coesa ordem matemática.”) e até pelo já batido princípio antrópico, o autor passa pelos seguintes trechos, que achei especialmente falsos:

É óbvio, portanto, que religião e ciência fundamentam-se na fé, a saber, na crença da existência de algo externo ao Universo, como um Deus ou um conjunto de leis inexplicados, talvez até uma enorme formação de Universos invisíveis também. Por esse motivo, tanto a religião monoteísta quanto a ciência ortodoxa não são capazes de apresentar uma explicação completa da existência física.

Não, não é nada óbvio. Há uma diferença FUNDAMENTAL entre a fé em um deus que regula e intervem no mundo e a “fé” de um cientista na imutabilidade e universalidade das leis físicas: NENHUM cientista espera que as leis físicas sejam conscientes de si, dotadas de vontade, e de qualquer forma estejam preocupadas com o destino dos seres humanos! A “fé” de um cientista nas leis físicas é no máximo uma hipótese de trabalho devida à observação de um universo homogênio e isotrópico.

Esse fracasso compartilhado não é novidade, já que, antes de mais nada, a própria idéia de lei da física é teológica, fato que faz muitos cientistas torcerem o nariz. Isaac Newton teve primeiramente a idéia de leis absolutas, universais, perfeitas e imutáveis a partir da doutrina cristã de que Deus criou o mundo e o organizou de forma racional. Os cristãos imaginam Deus como o sustentáculo da ordem natural de além do universo, enquanto os físicos pensam em suas leis como ocupantes de um reino abstrato transcendente de relações matemáticas perfeitas. 

Que Isaac Newton tenha considerado suas leis um reflexo da perfeição do deus cristão não é novidade. Entretanto, se alguém ainda considera que as leis físicas possam ser consideradas como criadas por algum deus, gostaria de saber dessa pessoa qual divindade bizarra pensou que seria uma boa idéia a incerteza e a superposição de estados quânticos.

E apresente-me o Físico que acha que as leis ocupam “um reino abstrato transcendente de relações matemáticas perfeitas”. Talvez esse físico não conheça as inúmeras vezes em que deve-se realizar aproximações nos modelos, usar métodos de regularização e renormalização, etc. O autor parece considerar como exemplo de ciência um Positivismo bizarro que duvido que alguém ainda defenda atualmente. 

E assim como os cristãos afirmam que a existência do mundo depende totalmente de Deus, embora o oposto não seja verdade, da mesma forma os físicos crêem em semelhante assimetria: o Universo é regido por leis eternas (ou meta-leis), mas as leis são completamente resistentes e não afetadas pelo que acontece no Universo.

Novamente: a universalidade e imutabilidade das leis físicas é apenas um hipótese de trabalho sustentada pela evidência empírica, não há nada que impede que as leis físicas mudem no tempo, mas ainda não há nenhum evidência inequívoca disto. Isso nem de longe se assemelha à fé em um deus.

Não posso me estender muito nisso. Para terminar: Eu preciso ter FÉ na Teoria Eletromagnética e na Física de Semicondutores (e em sua universalidade e imutabilidade) para que meu telefone celular funcione?

Então como alguém pode igualar a fé numa divindade com a “fé” nas leis físicas? Desde quando um cristão, por exemplo, considera a existência de Deus como algo passível de verificação, modificação e aprimoramento? 

Os “Limites” da Ciência

Os “Limites” da Ciência.

Acho engraçado o modo como os religiosos e alguns filósofos, ditos espiritualistas ou metafísicos, pedem condições de igualdade com a ciência. Dizem que a ciência não pode se considerar “o único bastião da realidade” ou da verdade e que precisa reconhecer seus limites. Recomendações louváveis, mas que são anacrônicas ou dirigidas ao destinatário errado. Hoje, definir a ciência como um repositório de verdades, representações precisas da realidade e que não admite seus limites não passa de cientificismo. Essa concepção fomentada em relação à ciência é mais positivista que científica e foi abandonada como postura filosófica da ciência desde o início do século passado É curioso notar que o positivismo tem tantos pontos em comum com as religiões que Comte se utilizou dele para fundar a sua própria. Portanto, não há nenhum problema para a ciência admitir que não é “o único bastião da realidade” e que tem seus limites. Isso não lhe afeta, a verdade não é um conceito que lhe faça falta; aliás, até lhe atrapalha. Agora, será que os religiosos e filósofos metafísicos estarão dispostos a agir da mesma forma? Desejarão ou mesmo poderão abandonar a convicção que os mantêm de que são “o único bastião da realidade”, que são “o caminho, a verdade e a vida” e que seu método de conhecimento é ilimitado, já que provém de fonte onisciente? Poderia qualquer uma dessas religiões ou metafísicas de massa renunciar à pregação da verdade? Eles exigem que a ciência admita o que eles mesmos nunca tiveram a intenção de admitir. E nunca terão, pois quando abrirem mão de possuir a verdade revelada diretamente da divindade, não poderão mais segurar seus fiéis. Então, falam das limitações da ciência como se houvesse um conhecimento menos limitado que o dela; aquele que defendem, logicamente.

Também apelam para que sejamos céticos quanto ao que é dito cientifico. Tudo bem, nada demais; ser cético já é uma recomendação recorrente e útil para todo bom cientista ou livre pensador. O ceticismo não precisa ser incorporado à ciência, ele já é a base metodológica dela. Dizer para um cientista ser cético é o mesmo que dizer a um profissional que faça bem o seu trabalho. Chega a ser algo pouco educado para se falar. Logo, não haverá qualquer resistência de nossa parte em assumir uma postura cética, não temos nada a perder com isso, só a ganhar. Contudo, enquanto exortam para que sejamos cético em relação a ciência; eles se sentem no direito inalienável de usar o recurso da fé quando e onde bem quiserem. Querem que a lógica e a evidência pautem nossos pensamentos, mas quando esses requisitos não lhes favorece, acham perfeitamente legítimo recorrer aos seus dogmas e fechar o assunto como questão de crença e sentimento religioso.

Sim, os religiosos e metafísicos desejam um dialogo com os céticos, mas tem que ser nos termos deles; onde o debate seria um jogo de cartas marcadas que só privilegiaria o discurso deles. Qualquer outra forma de debate equilibrado eles desqualificam como “um desrespeito à dimensão espiritual do conhecimento religioso” ou “incapacidade de transcender até o conhecimento metafísico”. Seja lá o que isso signifique. Bom, não importando que eles não façam da parte deles, faremos da nossa. Vamos apresentar os “limites” do conhecimento científico Algo que, por sinal, sempre me preocupo em fazer ao início de minhas palestras sobre “aumento do aquecimento global”. E o faço bem ao gosto de nossos “críticos”, chamando de modo irônico nossas limitações de “pecados”.

Comecemos por fazer essa apresentação usando as palavras do físico Richard Feynman.

“O conhecimento científico pode ser descrito como um grupo de asserções com graus variáveis de incerteza; algumas mais prováveis que outras, mas nenhuma absolutamente certa”.

Feynman está honestamente apontando o aspecto incerto do conhecimento científico; mas, lembrando o filme “Seven”, esse é um dos sete pecados capitais que a escolástica lhe imputa. A escolástica é uma modalidade de pensamento cristão surgida na Idade Média, que tenta conciliar a racionalidade platônica e aristotélica com a concepção cristã de contato direto com a verdade revelada. Por extensão de sentido, passou a designar qualquer filosofia elaborada em função de uma doutrina religiosa; cujos seguidores perpetuam uma doutrina acrítica, ortodoxa, tradicionalista e dogmática. Vamos então conhecer esses setes pecados capitais cometidos por nosso detetive segundo a concepção escolástica

O conhecimento científico é verdadeiro? Não, mas também não é falso. Pretende ser plausível, o máximo que for capaz. Não se apresenta como verdade, se expressa por probabilidades. Portando, seu primeiro pecado capital é a probabilidade.

O conhecimento científico é indubitável? Não, mas também não é duvidoso. Prima por ser dubitável, sendo inseparável da dúvida, que não o deixa se estagnar no dogmatismo. Portando, seu segundo pecado capital é a dúvida.

O conhecimento científico é perfeito? Não, mas também não é malfeito. Por ser imperfeito, é plenamente perfectível e, por ser uma obra aberta e inacabada, está sempre pronto para reformular-se. Portando, seu terceiro pecado capital é a imperfeição.

O conhecimento científico é definitivo? Não, mas também não é indeciso. O seu parecer é decisivo e não hesita, sabendo que seu risco de errar foi minimizado, dentro das circunstâncias, mas que não foi eliminado completamente. Portando, seu quarto pecado capital é a contingência.

O conhecimento científico é provado? Não, mas também não é inválido. Observação e experimentação fazem dele a representação da realidade mais provável criada até hoje. Mesmo assim, não pode fazer afirmações categóricas sobre ela. Portando, seu quinto pecado capital é a refutabilidade.

O conhecimento científico é descoberta? Não, mas também não é ilusório. Inventa modelos que tentam reproduzir, com êxito progressivo, o funcionamento da natureza; o que não evidencia serem descrições fiéis de como ela realmente é. Portando, seu sexto pecado capital é a invenção.

O conhecimento científico é certo? Não, mas também não é errado Tem um nível de incerteza que sempre está se esforçando por tornar o menor possível. Portando, seu sétimo pecado capital é a incerteza.

Agora, faço um desafio para que os defensores de outros métodos de conhecimento não científicos façam uma autocrítica tão profunda quanto a ciência é capaz de fazer. Ela não tem medos de suas limitações; aliás, sempre as enfrentou e analisou franca e metodologicamente. Esse é um de seus maiores méritos, o qual lhe dá a capacidade de reformular-se e lutar contra posições dogmáticas.

Cosme Aristides
(Filiado do PV-Niterói)
(Coordenador Adjunto do Espaço Verde Niterói)

Ubi Dubium
Ibi Libertas

PV: Palavra e Voz

Via Lista de Discussão STR

Guia da Prática Impostora, Lição 001: Os Princípios da Impostura

Seja bem vindo, caro leitor.

Esta é a primeira de muitas lições que trarão para mais perto do leigo, e do impostor iniciante, toda a glória, fama e fortura do mundo da impostura. A partir do momento em que por em prática as lições deste guia seus livros venderão mais, você será convidado para mais programas de TV e sua conta bancária será muito mais recheada. Seu sucesso como impostor depende totalmente disso.

As lições deste guia trazem o SEGREDO que todos os grandes impostores guardam a sete chaves.

Como todo bom livro deve primeiro introduzir devidamente o assunto, iniciaremos nossas lições mostrando os PRINCÍPIOS que todo impostor deve ter em mente no desenvolvimento de sua prática.

A idéia mais fundamental da impostura é a que segue:

Axioma Fundamental da Factualidade: Toda Impostura é Factual. Todo o Universo funciona exatamente como ela o descreve. Não é aproximativa, mas exata.

Parece um pouco forte? Pois é. Afirmações categóricas são sempre mais fáceis de serem confrontadas, então, como não queremos que os céticos chatos nos persigam, o Axioma acima pede o teorema:

Teorema da Pseudo-Factualidade: O número de afirmações factuais de uma impostura é inversamente proporcional ao número de dados que a contradigam.

Ou seja, quando confrontada com informações que a provam falsa, uma afirmação impostora deve passar imediatamente de Factual a Metafórica.

E é como base no Teorema acima que podemos postular o:

Princípio da Complitude e Não-Refutabilidade: Toda Impostura é Completa. Não há necessidade de modificação do Núcleo da teoria frente a novos dados e novos dados não são capazes de refutá-la. Todo novo dado pode ser torcido até ser encaixado na impostura.

Então não devemos temer novos fenômenos. O princípio acima nos garante que temos sempre meios de desvirtuar novos dados a nosso favor. Como o princípio acima segue do Teorema da Pseudo-Factualidade, modificações no caráter das afirmações (de factual a metafórico) não são consideradas modificações no núcleo da teoria, e assim podemos sempre argumentar que nossa impostura é válida por ser extremamente antiga ou por ter se mantido a mesma por tanto tempo, o que garante credibilidade do ponto de vista do leigo.

Além disso, como o princípio acima nos garante que qualquer dado pode ser explicado à luz da impostura, seguem as seguinte consequências:

(1) Oni-Aplicabilidade: Uma Impostura é aplicável a qualquer fenômeno e situação.

(2) Não-Contradição: Nenhuma Impostura entra em contradição com qualquer outra.

A consequência (1) nos mostra que para qualquer fenômeno há pelo menos UMA impostura que pode explicá-lo. Essa consequência é de fácil demonstração nos termos dos argumentos anteriores, deixamos então como exercício ao leitor.

Nos sobra então a consequência (2), que pode ser provada com base no seguinte argumento:

Sejam duas imposturas A e B. Suponha que A faça a afirmação A¹ sobre um fenômeno X. A Afirmação A¹ é a priori Factual, Completa e Não-Refutável. Tome agora uma afirmação B¹ de B também sobre X. B¹ também é a priori Factual, Completa e Não-Refutável. A¹ e B¹ seriam então necessariamente contraditórias, e umas delas deveria ser refutada pela outra, o que é absurdo. Entretanto, o Teorema da Pseudo-Factualidade nos garante que sempre podemos mudar o status de uma afirmação. Então, se fazemos A¹ e B¹ tal que sejam Metafóricas garantimos que elas não apresentarão contradição entre si, mantendo válido o Princípio da Complitude e Não-Refutabilidade. E portanto a consequência (2) está provada.

Segue então o:

Teorema da Complementaridade: Dado que toda Impostura é Oni-Aplicável e Não-Contraditória, todas as Imposturas são complementares entre si e aplicáveis simultaneamente a qualquer fenômeno.

Que é uma conclusão evidente do desenvolvimento que seguimos até aqui. Dado um fenômeno X qualquer e um conjunto de N imposturas, o Teorema acima nos garante que todas as N são aplicáveis simultaneamente a X.

O leitor perspicaz já deve ter percebido que chegamos a uma conclusão estranha. Se todas as imposturas são Completas, Não-Refutáveis, Oni-Aplicáveis, Não-Contraditórias e Complementares, então sempre podemos reduzí-las a uma única Impostura!

Princípio da Unificação das Imposturas: Dado um conjunto de N imposturas, é sempre possível, sem perda de generalidade, ignorar as características individuais em prol das características de seu comportamento unificado.

À primeira vista, o princípio acima parece prejudicar toda a prática impostora, não é? Pois o caso é exatamente o oposto. É uma consequência da Unificação das Imposturas o:

Teorema da Escolha: Não importa qual impostura escolhamos para exercer, há sempre uma chance não-nula de que ela seja bem sucedida devido às características do comportamento unificado. Assim como podemos substituir a prática de uma impostura por outra sem qualquer perda.

São as caracteristicas do comportamento unificado que tornam uma impostura bem sucedida, não suas caracteristicas individuais.

Podemos ainda identificar as características do comportamento unificado como sendo o Núcleo da impostura citado pelo Princípio da Complitude e Não-Refutabilidade. E vemos assim porque não podemos modificá-lo. Se o fizermos, perdemos a garantia de sucesso da impostura escolhida.

Neste guia apresentaremos essas características unificadas de forma clara e didática, facilitando a tarefa do aspirante a impostor que poderá escolher uma impostura entre as dezenas de exemplos que traremos ou mesmo criar sua própria.

Aproveitem as lições já publicadas e até a próxima.

O Grande Debate do Unicórnio

“Dou cem dólares se alguém puder demonstrar que não existe um unicórnio imaterial nesta sala.”

Quando eu disse isso aos meus alunos num curso sobre ciência e pseudociência, eles me olharam com descrença. Suspeito que a incredulidade não seja pela óbvia impossibilidade da tarefa, mas pelo fato do professor colocar uma nota de cem sua na mesa para provar uma posição. Assim começou o Grande Debate do Unicórnio, que durou várias semanas, até que a energia intelectual dos participantes tivesse sido exaurida. As primeiras tentativas de resolver o problema foram geradas por uma má compreensão da questão: um dos estudantes declarou que era muito simples: basta encher a sala com água, e o corpo do unicórnio deslocaria um certo volume de água, o que revelaria a presença ou demonstraria a ausência do animal (aparentemente, preocupações éticas sobre a possibilidade de afogar o unicórnio estavam fora da proposta). “Eu disse ‘imaterial’, não ‘invisível,’” lembrei. Como todos sabem, a água passa por corpos imateriais sem ser deslocada. “Oh!” As tentativas seguintes foram forjadas mais cuidadosamente.

Um esforço particularmente esperto — que claramente pegou o objetivo do exercício — foi: “Não há unicórnios imateriais nesta sala de aula, porque em nossa sala existe uma condição atmosférica, indetectável por qualquer dispositivo que temos atualmente, que faz com que unicórnios materiais se materializem, dessa forma tornando-os visíveis a olho nu”. Fala em me vencer no meu próprio jogo.Mas eu não ia deixar meus cem irem embora tão fácil. Eu respondi que a pessoa em questão obviamente não entendia os mistérios do Unicornismo, ou perceberia o quanto essa tentativa foi tola.

Uma aluna veio com uma solução filosoficamente mais desafiadora ao problema:

  • Fato 1: Imaterialidade é definido como ausência de matéria.
  • Fato 2: A matéria não pode ser criada nem destruída.
  • Conclusão 1: Algo imaterial não pode ser criado nem destruído.
  • Fato 3: O pensamento existe apenas como algo imaterial.
  • Fato 4: O pensamente existe apenas na própria mente.
  • Conclusão 2: Há algo imaterial que existe apenas na própria mente.
  • Conclusão 3: A presença de algo imaterial pode ser criada ou destruída apenas na própria mente.
  • Conclusão 4: A criação ou destruição de algo imaterial na própria mente é determinada pela crença.
  • Conclusão Final: Não há um unicórnio imaterial e invisível a não ser que se creia nisso dentro da própria mente.

Maldição! Queria que mais teólogos mostrassem um senso de raciocínio tão aguçado.

Ainda assim, não era bom o bastante, e pedi à turma que verificasse a prova apresentada e visse onde estavam as falhas. Em meia hora de discussão, vários problemas foram revelados.

Primeiro, a física moderna não sustenta mais que a matéria não pode ser criada nem destruída. De fato, de acordo com a mecânica quântica, esses processos acontecem o tempo todo. A razão pela qual normalmente não os detectamos é que são muito rápidos e se equilibram perfeitamente, assim não esperamos que uma cadeira subitamente apareça do nada ou desapareça. (Embora, pela teoria das supercordas, esse tipo de flutuação quântica pode ter sido responsável pela origem do Universo, que teria literalmente vido à existência de lugar nenhum. Assustador…)

Segundo, quem disse que o pensamento é imaterial? Alguns remanescentes cartesianos podem ainda pensar assim, mas no século 21 está se tornando mais aceitável considerar o pensamente como um aspecto de atividades bem físicas ocorrendo no cérebro. De fato, podemos medir quais partes do cérebro estão envolvidas em vários tipos de pensamentos e até sentimentos. Não quer dizer que tenhamos um entendimento total do que é o pensamento – longe disso. Mas as chances de que se mostre que são imateriais (no sentido de não depender da matéria) são muito reduzidas.

Mas observe que eu concordo plenamente com a conclusão: não há unicórnio imaterial a não ser que se acredite nisso na sua própria mente. Mas a única justificativa que eu (ou qualquer um, até onde eu saiba) posso dar para tal conclusão é a minha própria intuição.

A mesma aluna apresentou outro argumento, dessa vez baseado nas leis da física. Ela corretamente sustentou que um unicórnio imaterial não poderia ser afetado pelas leis da física, ou se aproveitar delas, por ser imaterial por definição. Assim, poderíamos imaginar o unicórnio como um ponto imaterial sem extensão, como um ponto euclidiano. Tal ponto imaterial não poderia “ficar” na sala porque a própria sala — junto com a Terra e o Sistema Solar — se move pelo espaço em alta velocidade. O cerne dessa demonstração depende na intuição do próprio Descartes do problema em que se meteu propondo um conceito dualístico do corpo humano: se a mente não é corpórea, como ela afeta o corpo?

Descartes “resolveu” o problema postulando que a glândula pineal era a sede da alma. Mas, como todos os filósofos depois dele perceberam, minimizar o tamanho do ponto de contato entre o material e o imaterial (a glândula pineal é a menor do sistema endócrino) não desfaz o paradoxo de uma entidade imaterial agindo sobre a matéria (ou vice versa). De fato, isso é o que torna fantasmas, ectoplasmas e experiências extracorpóreas tão difíceis de acreditar: se você está fora do corpo, como você se vê deitado na cama? Com que olhos? Que cérebro há para processar o sinal visual? E, dado que seu sentido de “si” depende de ter um cérebro funcionando, quem é você, quando você está fora do corpo?

Mas, claro, para salvar meu dinheirinho, só o que eu precisava responder era que — de novo — os mistérios do Unicornismo dizem não apenas que o unicórnio imaterial não é um ponto, mas que ele permanece na sala sem problema, é macho, tem um metro e meio de altura e é branco (como eu sei que ele é branco se ele é imaterial e invisível? Bem, a essa altura você deve saber: é um mistério do Unicornismo…).

Ao fim, meus alunos concordaram que não há maneira de demonstrar a inexistência do unicórnio fantasmal. Depois de garantir meus cem dólares, eu perguntei se apesar de tudo eles acreditavam na existência do unicórnio. A resposta foi unanimemente negativa. “Por quê?”, perguntei, fingindo surpresa. “Porque é tolice acreditar em uma coisa para o qual não há evidência,” foi a aturdida resposta geral. Alguns segundos depois, alguém perguntou: “Então qual é a diferença para a crença em Deus?” Mas a hora da aula havia terminado, e deixei-os discutindo teologia, com a satisfação de ter feito um bom trabalho.

Texto de Massimo Pigliucci, Via Godless Liberator

Um Dragão na Garagem

(…)

Um dragão que cospe fogo pelas ventas vive na minha garagem.

Suponhamos (estou seguindo uma abordagem de terapia de grupo proposta pelo psicólogo Richard Franklin) que eu lhe faça seriamente essa afirmação. Com certeza você iria querer verificá-la, ver por si mesmo. São inumeráveis as histórias de dragões no decorrer dos séculos, mas não há evidências reais. Que oportunidade!

– Mostre-me – você diz. Eu o levo até a minha garagem. Você olha para dentro e vê uma escada de mão, latas de tinta vazias, um velho triciclo, mas nada de dragão.
– Onde está o dragão? – você pergunta.
– Oh, está ali – respondo, acenando vagamente. – Esqueci de lhe dizer que é um dragão invisível.

Você propõe espalhar farinha no chão da garagem para tornar visíveis as pegadas do dragão.
– Boa idéia – digo eu –, mas esse dragão flutua no ar.

Então você quer usar um sensor infravermelho para detectar o fogo invisível.
– Boa idéia, mas o fogo invisível é também desprovido de calor.

Você quer borrifar o dragão com tinta para tomá-lo visível.
– Boa idéia, só que é um dragão incorpóreo e a tinta não vai aderir.

E assim por diante. Eu me oponho a todo teste físico que você propõe com uma explicação especial de por que não vai funcionar.

Ora, qual é a diferença entre um dragão invisível, incorpóreo, flutuante, que cospe fogo atérmico, e um dragão inexistente? Se não há como refutar a minha afirmação, se nenhum experimento concebível vale contra ela, o que significa dizer que o meu dragão existe? A sua incapacidade de invalidar a minha hipótese não é absolutamente a mesma coisa que provar a veracidade dela. Alegações que não podem ser testadas, afirmações imunes a refutações não possuem caráter verídico, seja qual for o valor que possam ter por nos inspirar ou estimular nosso sentimento de admiração. O que estou pedindo a você é tão-somente que, em face da ausência de evidências, acredite na minha palavra.

(…)

Trecho extraído do livro “O Mundo Assombrado por Demônios:
a ciência vista como uma vela no escuro”, de Carl Sagan

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