Adeus, 2010!


DA FELICIDADE
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
(Mário Quintana)

Do desenvolvimento de uma vacina para o H1N1 até as experiências envolvendo o Grande Colisor de Hadrons no CERN (apresentado a nós in loco pelo professor Dulcídio), passando por bactérias sob holofotes, pode-se dizer que 2010 foi um ano agitado no mundo científico. No meio disso tudo, algo que achei particularmente interessante foi a demonstração de efeitos quânticos em um objeto visível (um ressonador super-resfriado que “vibrou” e “não vibrou” ao mesmo tempo!!), cujos resultados foram publicados em abril por pesquisadores dos Estados Unidos. No entanto, nem tudo são flores…. Cabe lembrar que 2010 também foi marcado pelo incêndio de proporções escandalosas (no sentido real e no figurado também) ocorrido no Instituto Butantã, cujas perdas foram inestimáveis. Além disso, o ano termina com uma proposta de corte de R$ 610 milhões no orçamento de 2011 para a ciência e tecnologia do Brasil, o que não deixa de causar certa apreensão. E se essas coisas causam desânimo, não se pode deixar de ter a esperança renovada ao ler a conclusão de artigo científico mais sensacional do ano, cuja pesquisa foi elaborada por uma turminha com idade entre 8 e 10 anos e publicada em uma revista de alto impacto pela qualidade de seu conteúdo científico (mais detalhes aqui e aqui): “Science is cool and fun because you get to do stuff that no one has ever done before” (Ciência é legal e divertida porque você faz coisas que ninguém nunca fez antes).
Imaginávamos, nos primeiros dias de 2010, que essas e outras coisas aconteceriam no decorrer do ano? Muitas delas, certamente que não (inclusive a posição que no fim das contas coube ao Grêmio no Brasileirão, admito….). Nessas horas vemos que um ano-novo de verdade é muito mais que um evento cronológico, é algo que construímos a cada dia dos 365 que temos. Como já escreveu Drummond (“Jornal do Brasil”, Dezembro/1997), “(..) não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependido pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano-novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo (…) É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”
Encerrando esse post do mesmo jeito que comecei – no embalo das palavras do meu querido Mário Quintana -, desejo a você, leitor, que encontre seus óculos na ponta do nariz nesse ano de 2011… Até lá …

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