As aventuras de Fernanda Balla (mágica) pelos quatro cantos do Rio de Janeiro
Uma Balla (mágica) pelo mundo
Relatos do ICAM 2009 – parte I
Frio, chuva, céu cinzento e ventania. Coisas de Porto Alegre nessa época do ano… Só que eu não estou em Porto Alegre, mas sim no Rio de Janeiro! O motivo? Participar da Conferência Internacional sobre Materiais Avançados (ICAM 2009), que está sendo organizada pela Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) com o apoio da International Union of Materials Research Societies (IUMRS). Essa é a primeira vez que o ICAM acontece na América do Sul. Além de reencontrar pessoas, trocar ideias e ver o que o pessoal da área está fazendo, nesse ano fiquei atenta sobre assuntos que poderiam interessar ao leitor desse blog. Por isso, dividi o post em dois, para não ficar muito cansativo.
A conferência começou no domingo, com a cerimônia de abertura. Nela estava presente o ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sérgio Resende. O ministro é cientista da área de materiais, coisa que eu não sabia. O que chamou a atenção é que sua palestra começou com a citação de um comentário que ele ouviu de um amigo certa vez: “- No Brasil, para todo o lugar que eu vá há um campo de futebol e todo mundo está jogando futebol”. Nas palavras de Sérgio Resende, isso contrasta fortemente com a ausência de uma cultura de ciência no nosso país, o que acaba fazendo com que poucas pessoas sejam atraídas por ela. O ministro citou os esforços do governo para mudar esse quadro, e comentou sobre o contexto histórico da ciência no Brasil.
Não é a toa que a ciência não está presente de forma incisiva na nossa cultura – o CNPq foi criado apenas em 1951, e não havia programas de pós-graduação no Brasil antes da década de 1960. Apenas entre 2003 e 2006 o setor industrial nacional acordou para o fato de que pesquisa, desenvolvimento e inovação podem ser fontes geradoras de lucro e que a parceria entre empresas e universidades pode ser bastante estratégica. Nesse mesmo período, a comunidade científica amadureceu. Tudo isso culminou no Plano de Ação 2007-2010 para Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo investimento governamental é da ordem de 26 bilhões de dólares. Dentre as prioridades do programa, está o estímulo a pesquisa e desenvolvimento em 13 áreas estratégicas, sendo duas delas a nanotecnologia e a saúde. Foram citados números que indicam um rápido crescimento e fortalecimento da comunidade científica nacional resultante desse investimento do governo. O ministro encerrou a palestra com um desejo: “- talvez um dia venham a existir mais laboratórios no Brasil do que campos de futebol”. Tomara….
(amanhã comentarei sobre alguns trabalhos de colegas que vi na conferência, especificamente sobre nanotecnologia na área da saúde – e uma ótima estratégia de marketing que funciona em todo o mundo para atrair estudantes para palestras)
Seremos imortais dentro de 20 anos. Hein?!
Ele diz que, teoricamente, a nanotecnologia poderá substituir qualquer orgão de nosso corpo com uma eficácia milhares de vezes melhores que a “original”.
“Dentro de 25 anos poderemos fazer um mergulho de quatro horas sem ao menos precisarmos de oxigênio”
“A nanotecnologia será capaz de aumentar tanto nossas capacidades mentais que poderemos escrever um livro inteiro em apenas alguns minutos”
“Também poderemos entrar em um modo de realidade virtual nunca visto antes, onde os sinais de nosso cérebro será desligado e iremos para onde quisermos. O sexo virtual será algo banal.”
“No nosso dia a dia, figuras holográficas aparecerão em nossos cérebros para nos explicar o que está acontecendo.”
A segunda chance
“- Tá bem, Fernanda, mas essas tais nanopartículas são tóxicas ou não?”
“- E esse negócio aí de nanotecnologia, serve pra quê, afinal?”
“- Mas…. com o que você trabalha, mesmo?”
Aos participantes da 5a semana acadêmica da Farmácia – IPA
Agradeço novamente o convite e a participação!
Abraços,
Fernanda
Uma mudança de paradigma bem-vinda: do tamanho à propriedade
Híbridos de nanodispositivos e sistemas biológicos existem?
Uptade 11/09/2009: o tema desse post acabou de sair na última Pesquisa FAPESP Online.
Misra, N., Martinez, J., Huang, S., Wang, Y., Stroeve, P., Grigoropoulos, C., & Noy, A. (2009). From the Cover: Bioelectronic silicon nanowire devices using functional membrane proteins Proceedings of the National Academy of Sciences, 106 (33), 13780-13784 DOI: 10.1073/pnas.0904850106