Química e risadas em 140 caracteres
Sim, é possível aliar química e risadas em 140 caracteres! E também física, matemática, biologia, informática …..
Ivan Baroni, Luiz Fernando Giolo e Paulo Pourrat são os responsáveis pelo perfil @PiadasNerds no microblog Twitter. Lá é possível encontrar piadinhas rápidas, hilárias, nerds. Eu sigo. E me divirto!
O perfil fez tanto sucesso (hoje tem mais de 82 mil seguidores!), que transformar a iniciativa em livro seria uma questão de tempo. Nesse glorioso primeiro de abril de 2011, as melhores livrarias do país passaram a comercializar o livro Piadas Nerds, o qual está organizado por capítulos (Matemática, Ciências Humanas, Química, Física, Biologia, Informática, Cultura Nerd e Séries). Cada capítulo tem uma breve apresentação, escrita por convidados muito especiais: Marcos Castro, Carol Zoccoli, adivinhem…. eu (hehehe), Dulcídio Braz Jr., Átila Iamarino, Henrique Fedorowicz e Fernando Caruso, com apresentação geral de Luis Brudna e ilustrações de Carlos Ruas.
Adorei participar, e me diverti demais escrevendo a apresentação do capítulo de química. Aí vai um trecho dela (se quiser ler tudo, amigo, compre o livro – custa menos de vinte mangos):
“Alguns dizem que para identificar um químico, é só reparar no indefectível jaleco sujo, manchado e furado. Outros afirmam que basta você observar se ele lava as mãos ANTES de ir ao banheiro. Bem, uma coisa é certa, o químico sempre tem programa para a sexta à noite: terminar aquele experimento importantíssimo no laboratório. No fundo, o químico é um ser incompreendido pela sociedade. Se, para o resto do mundo, o que está naquela folha que o químico chacoalha por aí cheio de orgulho são só umas linhas completamente sem sentido, para ele são o resultado da análise daquele experimento importantíssimo, que gerou sinais capazes de desnudar aos poucos a estrutura de qualquer molécula mais tímida, despi-la completamente e… conduzir ao êxtase! É, talvez seja muito tempo no laboratório, mesmo….
E como sobreviver a tanto tempo no laboratório sem perder completamente a sanidade? Ora, apelando para muito bom-humor. O humor químico é assim: vê trocadilhos em tudo. Às vezes, nem precisa do trocadilho… Convenhamos que quando você descobre que pode chamar o 4-(prop-1-en-1-il)fenol simplesmente de anol, a piadinha infame torna-se inevitável. É nesse espírito e para nosso deleite que a turma do Piadas Nerds reuniu neste capítulo o melhor do humor químico expresso em 140 caracteres – e é com muito orgulho que apresento-o ao caro leitor (é nox mano!).”
O lançamento oficial do livro acontecerá em Sampa, dia 16 de abril, às 16h na livraria Cultura (Loja Record) e em Campinas, dia 18 28 de abril, às 19h na FNAC do shopping Dom Pedro.
Sobre o IX Encontro da SBPMat e o ouro colonial
Redigido em 28/10/2010, a uns 10 000 pés de altitude
“No momento em que estou escrevendo essas linhas, caro leitor, estou saindo de um mergulho ao passado. Mais exatamente, à Vila Rica das Minas Gerais do séc. XVIII. Acabei de embarcar em um avião que partiu de Belo Horizonte, com destino a Porto Alegre. Nesses últimos dias, participei do IX Encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), que ocorreu em Ouro Preto/MG. Nunca tinha estado em Minas, e fiquei encantada com o que vi. As cidades são lindas, o povo é absurdamente amável e o estado todo guarda um valioso patrimônio histórico. Sem contar que o sotaque mineiro é delicioso de ouvir (como já mencionei no twitter, eu não tenho sotaque, quem tem sotaque são os outros….). No entanto, embora eu tenha mergulhado ao passado, a palavra que ressoou nos últimos dias nesse lugar foi inovação.
Como diria Kentaro Mori, quais seriam os nexos?
Quem já esteve em Ouro Preto há de concordar que é impossível não se maravilhar com as belezas locais. E também é impossível não se sentir arrasado ao tomar consciência do trabalho escravo envolvido na construção do que foi um dos grandes pólos econômicos do Brasil colonial. O ouro brasileiro sustentou Portugal, que por sua vez, financiou o desenvolvimento e crescimento da manufatura em larga escala na Inglaterra, e com isso, o advento da Revolução Industrial. E essa mudança na lógica socioeconômica foi fundamental para o estabelecimento do capitalismo moderno.
Neste nosso séc. XXI, como uma das consequências desse processo, estamos inseridos num mundo onde é preciso inovar para fazer a economia girar. Nesse contexto, a riqueza das nações é medida em grande parte pelo seu domínio de tecnologias estratégicas. É por isso que conhecimento é valor e quem inova sai na frente. Nesse contexto, a nanotecnologia é área portadora de futuro pelo seu grande potencial em soluções inovadoras nos campos da medicina, agronomia, computação, entre outros. Neste congresso (um dos maiores do país sobre pesquisa de materiais), não pude deixar de notar o alto número de trabalhos de nanociência e nanotecnologia envolvendo prata e carbono inorgânico. O crescente interesse científico e tecnológico por tais materiais pode ser um indicativo de que o Brasil não está perdendo o bonde da história. E por falar em história, é curioso pensar como o ouro brasileiro extraído há mais de 200 anos pelos escravos, indiretamente, acabou contribuindo para o estabelecimento da cultura da inovação que tomou conta do mundo. Inovar e sair na frente, meus caros compatriotas, não é só questão de estratégia, é uma dívida histórica.”
Alguns dias entre físicos no Rio
Antes de discorrer sobre a mesa-redonda, cabem parênteses sobre dois momentos prévios que achei marcantes. O primeiro foi a entrega do Prêmio CBPF de Física de 2010 ao prof. Vanderlei Bagnato durante a cerimônia de abertura da Escola. Os primeiros minutos da fala do professor não foram sobre o tema de seu trabalho (turbulências quânticas em condensados de bose-einstein), mas sim sobre a relevância da pesquisa científica para o crescimento e o desenvolvimento de um país. De acordo com o prof. Bagnato, uma nação competitiva é aquela que estimula a prática científica. Ouvi-lo foi emocionante. (UPDATE 02/08/2010: o vídeo pode ser conferido aqui). O segundo momento foi assistir à palestra do prof. Dulcídio para a turma do PROFCEM (Programa de Formação Continuada de Professores do Ensino Médio), onde ele demonstrou como o blog pode ser uma extensão da sala de aula com muito sucesso. Ouvir o prof. Dulcídio fez com que eu percebesse que a física pode mesmo ser pop – e que isso ocorre quando o estudante é estimulado a pensar.
Ambos os momentos, na minha concepção, estão relacionados a
Pê-esses…
P.S.1: Uma pena que o espaço aqui não tenha o tamanho das cerca de 2h de discussão, para poder transcrevê-la em detalhes… quando o vídeo da mesa-redonda estiver no ar, informarei o link. As impressões dos demais debatedores podem ser encontradas aqui (D.B.) e aqui (L.T.).
P.S.2: Merece destaque o fato de que o CBPF foi agraciado com o Prêmio José Reis de Divulgação Científica de 2006 (modalidade instituição), pelo “envolvimento e o interesse da instituição na divulgação de temas científicos para sensibilização da sociedade, (..) o histórico da instituição, [e] a qualidade e a penetração do material produzido.” Recebi gentilmente materiais interessantíssimos produzidos e/ou promovidos pelo CBPF nessa linha de divulgação, que merecem um post à parte.
P.S.3: Um bônus dessa viagem foi conhecer a redação da Ciência Hoje, rever o pessoal de lá que é bacaníssimo, e conhecer o físico e jornalista Cássio Leite Vieira (que talvez não saiba, mas me ensinou quase tudo que sei sobre textos de divulgação científica através de seu pequeno [grande] manual).
P.S.4: Ter convivido nesses poucos dias com pessoas cujo trabalho admiro, tais como o prof. Alberto Passos Guimarães Filho, não tem preço.
Blogs de ciência podem estimular o engajamento público em temas de C&T?
Antes do século XVII, não havia uma distinção clara entre ciência e filosofia. A partir do século XVII, alguns pensadores, como o italiano Galileu Galilei (1564-1642), o francês René Descartes (1596-1650) e o inglês Isaac Newton (1642-1727), quebraram paradigmas ao defender o uso da experimentação, do método, da matemática e a exclusão do misticismo para entender os fenômenos naturais. Não é a toa que os historiadores chamam esse período de Revolução Científica. Logicamente, o ambiente social daquela época propiciou tal revolução. Dentre os acontecimentos que favoreceram a Revolução Científica cabe destacar a invenção da prensa móvel pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468), que por si só já iniciou outra revolução, a da Imprensa. Eis a primeira reflexão: comunicação sempre foi uma peça-chave para o estabelecimento e a propagação da ciência.
O advento da imprensa tirou as amarras impostas por um conjunto de clérigos sobre o que é a Verdade, já que a produção de material escrito não era mais privilégio de alguns sacerdotes enclausurados em seus mosteiros. Estava dada a largada para a disseminação do livre-pensamento. Pelo menos na teoria e pelo menos para os “incluídos”, capazes de ler. Desde então, o número de alfabetizados aumentou, e o custo para adquirir livros, revistas, jornais, etc foi se tornando mais acessível. De lá para cá, a ciência evoluiu e, com ela, cresceram as esperanças de que as descobertas científicas contribuiriam para tornar o mundo um lugar melhor. Começou a surgir a noção de que era preciso “educar o povo” nas coisas de ciência, por meio da transmissão do conhecimento do especialista para o leigo, de forma verticalizada. No entanto, o acúmulo de informação não significa a compreensão dessa informação. E a informação fora de um contexto socioeconômico raramente desperta interesse público. Isso é particularmente importante no caso de assuntos científicos, porque a ciência gera muito mais perguntas que respostas, e jamais será capaz de oferecer uma Verdade, mas apenas modelos e aproximações. Essa ideia de transmissão verticalizada da informação passou a ser questionada, e estratégias dialógicas foram (e ainda são) propostas para substituí-la. Passou-se a falar em dar uma chance ao diálogo entre cientistas e leigos. E um diálogo é feito de perguntas e respostas. Eis a segunda reflexão: talvez a comunicação científica deva cada vez mais incluir as perguntas, e não só oferecer as respostas. A comunicação de ciência não pode mais ser uma via de mão única. Afinal, cabe à sociedade debater quais perguntas são mais importantes/urgentes, pois é esta sociedade quem sentirá as implicações dos avanços da C&T. Mais que informar sobre as últimas novidades dos periódicos científicos, a divulgação científica deve fomentar o exercício da cidadania.
Será que a internet, com seu efeito de rede e alto poder de disseminação de informações, pode fazer diferença nesse processo? Quais seriam as consequências disso e os desafios a serrem enfrentados, hoje e no futuro? Essas perguntas suscitaram mais reflexões, que reservo para o debate com os professores Dulcidio Braz Júnior (do blog Física na Veia!) e Leandro Tessler (IFGW/UNICAMP, do blog Cultura Científica), com moderação do professor Marcelo Knobel (IFGW/UNICAMP), nessa terça-feira (20/07), que ocorrerá às 18h30min no CBPF.
VIII Escola do CBPF/MCT está com as inscrições abertas!
Alguma informações a respeito da Escola, retiradas da mais recente comunicação por e-mail que recebi da equipe organizadora:
“A programação principal da Escola do CBPF terá 18 cursos voltados para estudantes de graduação e 9, para estudantes da pós, além de incluir outras atividades e palestras, abertas a todos e ao público em geral. “A Escola do CBPF é um evento voltado integralmente para a formação dos estudantes de Física e áreas afins, por isso enfatiza não apenas os temas consagrados ou de fronteira, mas também os aspectos mais peculiares da física e os tópicos que sejam de interesse ou tragam impacto para a sociedade”, afirma o coordenador do evento, Luiz Sampaio, que lembra ainda que, além dos cursos e atividades tradicionais, a Escola este ano traz uma variada programação satélite, “que enriquece e amplia o seu âmbito de ação”. Nesta programação, estão previstos a primeira edição do Programa de Formação Continuada de Professores de Ensino Médio em Física (PROFCEM), de 12 a 23 de julho, o Encontro Nacional dos Estudantes de Pós-graduação em Física (ENAF), de 2 a 4 de agosto, ambos no CBPF, no Rio de Janeiro, e a edição especial da Escola em Nanociência e Nanotecnologia, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.
Também sendo lançado nesta segunda, uma outra novidade é o Blog da VIII Escola do CBPF que vai acompanhar a preparação e a realização do evento (http://www.escoladocbpf.blogspot.com). “Este ano tivemos a preocupação de promover um maior envolvimento dos estudantes do CBPF e dos visitantes com as atividades da Escola, e por isso criamos um espaço que pudesse reflletir e reproduzir essa dinâmica”, explica Luiz Sampaio. O blog vai apresentar dados sobre o CBPF e sobre a programação principal da Escola e de cada evento satélite, além de muitos conteúdos pontuais e úteis aos alunos, como as notas de aula preparadas pelos professores, ou os posts e vídeos, que pretendem destacar o ambiente de ensino diferenciado do CBPF.”
Com a tradição de ser um dos principais eventos de Física do país, a VIII Escola do CBPF pretende reunir em julho, cerca de 500 estudantes na sede do instituto, no Rio. As inscrições para o evento ficam abertas até 10 de junho, para aqueles estudantes que pretendem pedir auxílio de participação, ou 30 de junho, para os demais.”
E então, achou bacana? Inscreva-se!
Nanotecnologia: um debate público
Mesa redonda sobre a Compreensão Pública da Ciência
Certamente, o bate-papo acabará envolvendo também uma discussão que já foi levantada no II EWCLiPo: o papel dos cientistas e dos jornalistas na divulgação de ciência. Espero representar bem os cientistas divulgadores de ciência por lá!