Grandes personalidades da nanociência e nanotecnologia: Sumio Iijima
Dia nacional do voluntariado
O que você não sabia sobre o Edward Cullen da série Crepúsculo
Há uns dias atrás terminei de ler o livro Crepúsculo (Twilight), estimulada pela enxurrada de gente que já havia lido e a-ma-do. A historia é a seguinte: uma moça humana (Bella Swan) e um vampiro (Edward Cullen) se apaixonam e a partir daí começam os conflitos e as tensões, porque apesar de apaixonado, o vampiro tem sede pelo sangue da moça – o que é um perigo mortal para ela. Tudo bem que a autora criou um vampiro que é o cara perfeito, além de sex symbol bonitão… mas há algo que eu achei bizarro nele. Perdoe o spoiler quem ainda não leu o livro, mas sob a luz do sol ele brilha intensamente – o que justificaria sua preferência pela penumbra, já que ninguém gostaria de chamar tanta atenção, não é ? (tá, quase ninguém)
Puxa, vampiros no meu imaginário derretem, queimam ou evaporam sob a luz do sol. Mas simplesmente brilhar e mais nada? Doido. Para brilhar intensamente daquele jeito descrito no livro, só se a pele dele fosse feita de nanocristais como aqueles sintetizados pela equipe do professor Todd Krauss, da Universidade de Rochester (USA). Em geral os objetos absorvem a energia do sol e a reemitem como calor. Não é o caso dos tais nanocristais, que devido às suas características estruturais não deixam as partículas de luz ser transformadas em calor – elas batem no nanocristal e são logo refletidas como num espelho nanoscópico. Mas luz de que cor? A pergunta faz sentido porque, mudando o tamanho dos nanocristais, é possível mudar a cor da luz que eles emitem. E convenhamos, mais estranho que um vampiro brilhante é um vampiro brilhante e colorido. Tal fenômeno acontece porque mais de 70 % dos átomos que compõem um nanocristal estão na sua superfície (coisas que só a nanotecnologia faz por você). Essa característica faz com que os elétrons se afastem e se aproximem dos núcleos dos átomos de uma forma particular quando a luz bate neles, influenciando na energia da luz que é reemitida – e por consequencia, na sua cor (quanto mais azulada a luz, mais energética ela é, e quanto mais avermelhada, menos energética).
Peles feitas de nanocristais brilhantes não poderiam existir mesmo num mundo com vampiros porque não são moléculas orgânicas, mas sim materiais inorgânicos semi-condutores? Está bem…. não poderiam ser componentes da pele, mas poderiam ser componentes do que vai em cima dela (sejamos criativos!): já imaginou celebridades como a Britney Spears ou a Madonna vestindo uma roupitcha feita desses nanocristais e que brilha pra caramba sob os holofotes, tal qual um laser ambulante? (sim, é possível construir lasers com esses nanocristais na vida real…)
Imaginou? É, pode haver coisas mais bizarras que um vampiro que brilha sob o sol…
Você estava procurando informações sobre o livro Crepúsculo, seus principais personagens, Orkut, algum sex symbol ou as últimas da Britney ou da Madonna e acabou caindo aqui? Pois saiba que esse post faz parte da blogagem coletiva “Cientista também caça paraquedista“, do Science Blogs Brasil. Se gostou, volte sempre!!!
Proposta de marcos regulatórios para nanocosméticos no Brasil
Dúvida sobre a segurança das nanopartículas: Nature News
O estudo descreve o caso de sete mulheres com idades entre 18 e 47 anos que trabalharam em uma indústria chinesa e apresentaram granulomas (aglomerados de células do sistema imunológico que se formam quando o organismo não consegue remover um corpo estranho) na pleura (membrana que reveste o pulmão), sendo que duas delas morreram. Partículas de cerca de 30 nm foram encontradas no fluido e tecido pulmonar dessas mulheres. De acordo com o estudo, os sintomas foram causados pela inalação de fumaça produzida pelo aquecimento de um éster de poliacrilato (um tipo de plástico) a 75-100 °C. A sala onde elas trabalhavam não apresentava ventilação adequada ou tratamento do ar. Além disso, medidas de proteção individual – como o uso constante de máscara – não foram tomadas pelas mulheres.
Infelizmente não pude avaliar o conteúdo completo do artigo (se alguém tiver acesso a ele, por favor me envie), o que dificulta dar uma opinião crítica mais fundamentada a respeito. Porém, algumas coisas chamaram a minha atenção: 1) nanopartículas foram encontradas nos pulmões dessas mulheres, o que está de acordo com a opinião geral de que a via inalatória é uma das mais propícias para a contaminação de trabalhadores com materiais particulados (é só lembrar dos casos de silicose apresentados por mineradores); 2) em altas concentrações até água é tóxica, e é impressionante que os revisores do artigo tenham deixado passar algo tão básico da área médica; 3) sete é um número pequeno para tirar conclusões definitivas sobre a toxicidade de um material; 4) como o assunto nanotecnologia está na moda, causar polêmica sobre seus riscos é uma forma relativamente rápida de ganhar visibilidade.
É verdade que não sabemos todas as consequências do uso de nanomateriais em larga escala, por isso é necessário seguir o princípio da precaução, intensificar os estudos de nanotoxicologia e definir com urgência os marcos regulatórios de produção e consumo de nanopartículas para proteger a população (tanto os trabalhadores quanto os consumidores).
Trarei mais sobre marcos regulatórios para nanopartículas (e porque é complicado defini-los) no próximo post.
P.S.: Agradecimento ao L. Felipe A. por lembrar do Bala Mágica ao ler essa notícia 🙂
O espaço… a fronteira final.
Nano-kit de análises clínicas
(créditos: Bi e col., 2009 – Biosensors and Bioelectronics)
Anticorpos também foram ligados na superfície de nanopartículas magnéticas. Na presença de uma proteína no soro que só existe quando a pessoa tem câncer (é o que chamamos de biomarcador), o nanotubo e a nanopartícula magnética se juntam e reações químicas passam a acontecer nesse sanduíche nanotecnológico. O nanotubo e a nanopartícula magnética são capazes de se juntar porque os anticorpos de ambos se ligam nessa proteína biomarcadora
No estudo em questão, os autores usaram como proteína marcadora a alfa-fetoproteína (AFP), que corresponde à bolinha azul no esquema acima. Quando uma mistura de H2O2, azul de bromofenol (um tipo de corante) e luminol (aquele mesmo, do seriado CSI) é adicionada ao soro do paciente com câncer e, nessa mistura, os nanotubos e as nanopartículas magnéticas são adicionados também, ocorre luminescência devido à ação da enzima peroxidase na superfície do nanotubo, que quebra a H2O2. Os produtos da quebra da H2O2 reagem com o luminol e o azul de bromofenol emitindo luz, mas só na presença de metal – no caso, a nanopartícula magnética. Se o paciente não tem câncer, seu soro não terá a proteína biomarcadora. Sem proteína biomarcadora não ocorre ligação da nanopartícula magnética com o nanotubo que contém a peroxidase. Portanto, sem proteína marcadora no soro não há emissão de luz.
Esse sanduíche nanotecnológico conseguiu detectar quantidades de proteína marcadora de câncer no soro que outros testes padrão (como o ELISA) não conseguiram. Pequeno tamanho, grande sensibilidade!
Bi, S., Zhou, H., & Zhang, S. (2009). Multilayers enzyme-coated carbon nanotubes as biolabel for ultrasensitive chemiluminescence immunoassay of cancer biomarker Biosensors and Bioelectronics, 24 (10), 2961-2966 DOI: 10.1016/j.bios.2009.03.002
Grandes personalidades da nanociência e nanotecnologia: Gerd Binnnig e Heinrich Rohrer
Foi nesse ano que dois criativos funcionários da IBM, o suíço Heinrich Rohrer e o alemão Gerd Binning, desenvolveram uma técnica de microscopia eletrônica capaz de mostrar imagens na escala do átomo em uma superfície metálica ou semicondutora. A técnica foi batizada de microscopia eletrônica de tunelamento. Nessa técnica, uma ponta metálica de dimensões quase atômicas passa a uma distância muito próxima da superfície da amostra (como um scanner) de forma que ocorre o tunelamento de elétrons entre a ponta metálica e a amostra. A ponta metálica atua como aquela agulha dos aparelhos para escutar disco de vinil, subindo e descendo conforme a rugosidade da superfície. O resultado é uma imagem digital tridimensional da superfície, muito útil para detectar a presença de defeitos de superfície e para determinar o tamanho e conformação de moléculas e agregados ali presentes.
O primeiro microscópio desse tipo foi desenhado pelo cientista alemão Ernst Ruska. A invenção da técnica que permitiu que o mundo “visse” átomos na superfície de materiais e os manipulasse rendeu a Rohrer e Binning o prêmio Nobel de Física em 1986, e originou uma foto que se tornou lendária além dos muros da academia.
Yes, nós temos nanomedicamentos!
A parte externa desses cones tem alta afinidade pela água e a parte interna não. Por isso, moléculas que caibam dentro do cone e que tenham pouca afinidade pela água (como as gorduras) podem ficar protegidas do meio externo e ainda por cima podem ter sua solubilidade “aumentada”. Ao incorporar o peptídeo angiotensina-1-7 em ciclodextrinas, é como se ele ficasse dentro de uma caixinha protetora e chegasse intacto ao seu local de ação no organismo.