Um banco público para estimular a inovação no Brasil

O Brasil é um grande exportador de commodities, a ponto de já ter sido chamado de celeiro do mundo. No entanto, o mesmo não pode ser dito quando consideramos ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Obviamente, há setores que são exceção. Mas, num panorama geral, o que vemos é uma grande aversão do setor privado ao risco associado a investimentos em CT&I. A maioria das iniciativas nesse sentido ainda é realizada dentro dos muros das universidades. Além disso, há toda a burocracia e morosidade nacionais quando a questão envolve desenvolvimento tecnológico e patentes.
As empresas estão erradas em temer investimentos de risco? Ora, uma empresa visa prioritariamente o lucro. É por isso que o desenvolvimento estratégico do país passa pela criação de soluções que tornem investimentos em CT&I mais atraentes. Confesso que, quando soube que Aloizio Mercadante seria o novo Ministro de Ciência e Tecnologia, fiquei com um pé um pouco atrás. Porém, vejo com bons olhos uma novidade apresentada em Brasília na semana que passou: a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), uma agência de fomento ligada ao MCT, recebeu carta patente do Banco Central para se transformar em um banco público de fomento à inovação, nos moldes do BNDES. Isso ocorrerá em até 3 anos, e tornará possível uma maior liberdade na captação de recursos que aquela existente hoje, atrelada ao FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Essa mudança se traduz em ampliação de incentivos fiscais para inovação, criação de fundos setoriais, e um estímulo ao desenvolvimento de tecnologia de ponta no setor privado brasileiro. Sejamos exportadores de commodities, sim. Mas sem esquecer que o PIB de um país também está diretamente ligado ao acúmulo de conhecimento passível de ser aplicado em processos produtivos. E a detenção desse conhecimento não só é estratégica, como também pode significar uma maior soberania nacional.

Química e risadas em 140 caracteres

Estranhou o título?
Sim, é possível aliar química e risadas em 140 caracteres! E também física, matemática, biologia, informática …..
Ivan Baroni, Luiz Fernando Giolo e Paulo Pourrat são os responsáveis pelo perfil @PiadasNerds no microblog Twitter. Lá é possível encontrar piadinhas rápidas, hilárias, nerds. Eu sigo. E me divirto!
O perfil fez tanto sucesso (hoje tem mais de 82 mil seguidores!), que transformar a iniciativa em livro seria uma questão de tempo. Nesse glorioso primeiro de abril de 2011, as melhores livrarias do país passaram a comercializar o livro Piadas Nerds, o qual está organizado por capítulos (Matemática, Ciências Humanas, Química, Física, Biologia, Informática, Cultura Nerd e Séries). Cada capítulo tem uma breve apresentação, escrita por convidados muito especiais: Marcos Castro, Carol Zoccoli, adivinhem…. eu (hehehe), Dulcídio Braz Jr., Átila Iamarino, Henrique Fedorowicz e Fernando Caruso, com apresentação geral de Luis Brudna e ilustrações de Carlos Ruas.
Adorei participar, e me diverti demais escrevendo a apresentação do capítulo de química. Aí vai um trecho dela (se quiser ler tudo, amigo, compre o livro – custa menos de vinte mangos):

“Alguns dizem que para identificar um químico, é só reparar no indefectível jaleco sujo, manchado e furado. Outros afirmam que basta você observar se ele lava as mãos ANTES de ir ao banheiro. Bem, uma coisa é certa, o químico sempre tem programa para a sexta à noite: terminar aquele experimento importantíssimo no laboratório. No fundo, o químico é um ser incompreendido pela sociedade. Se, para o resto do mundo, o que está naquela folha que o químico chacoalha por aí cheio de orgulho são só umas linhas completamente sem sentido, para ele são o resultado da análise daquele experimento importantíssimo, que gerou sinais capazes de desnudar aos poucos a estrutura de qualquer molécula mais tímida, despi-la completamente e… conduzir ao êxtase! É, talvez seja muito tempo no laboratório, mesmo….
E como sobreviver a tanto tempo no laboratório sem perder completamente a sanidade? Ora, apelando para muito bom-humor. O humor químico é assim: vê trocadilhos em tudo. Às vezes, nem precisa do trocadilho… Convenhamos que quando você descobre que pode chamar o 4-(prop-1-en-1-il)fenol simplesmente de anol, a piadinha infame torna-se inevitável. É nesse espírito e para nosso deleite que a turma do Piadas Nerds reuniu neste capítulo o melhor do humor químico expresso em 140 caracteres – e é com muito orgulho que apresento-o ao caro leitor (é nox mano!).”

O lançamento oficial do livro acontecerá em Sampa, dia 16 de abril, às 16h na livraria Cultura (Loja Record) e em Campinas, dia 18 28 de abril, às 19h na FNAC do shopping Dom Pedro.

A celebração de 2011

[continuação do post anterior]

A primeira aula de um curso de química no colégio sempre começa a partir de um apanhado histórico geral. A influência dos egípcios, o papel dos alquimistas, etc etc. E ironicamente, uma pergunta que eu nunca tive curiosidade de fazer durante meus tempos de colégio foi: “- mas desde QUANDO se sabe tudo isso sobre a estrutura dos átomos, sobre o que define a natureza da matéria e suas transformações?” Sim, porque quando estamos na escola estudando sobre estrutura atômica, dá a sensação de que aquele conhecimento nasceu com a humanidade.
Na verdade, faz só 100 anos que sabemos que o átomo se constitui em um núcleo positivo muito pequeno, rodeado por um grande espaço que contém elétrons de carga negativa. É curioso pensar que certos eventos, como os primeiros testes com aeroplanos motorizados ou a transmissão dos primeiros sinais de rádio através do Atlântico, são anteriores a essa descoberta. Ainda deve haver pelo mundo senhores centenários que nasceram naquele ano de 1911! Minha bisavó, por exemplo (que tive a sorte de conhecer e com a qual convivi até ano passado), nasceu só 3 anos depois. (Adendo 10 abril 2011: cabe mencionar também que tenho uma avó que nasceu só 5 anos depois de 1911, e ainda está viva e lúcida – sou ou não sou uma privilegiada?)
E por que isso é tão relevante? Ora, imagine um mundo onde não se sabe que o átomo é composto por núcleo e eletrosfera. Está percebendo a ausência de algumas coisas? Não? Pense melhor. A obtenção de novas substâncias está diretamente relacionada à capacidade do ser humano em controlar a forma como os átomos se conectam uns com os outros. E isso passa pelo entendimento de como a eletrosfera é. E então? Chegou a alguma conclusão de como seria esse mundo? Bem, tire da sua rotineira existência um monte de coisas, que vão de uma simples embalagem de pasta de dente até a aspirina que você toma. E não esqueça de tirar também algumas dezenas de anos da sua expectativa de vida, caro leitor.

Para alguns, química é a ciência que estuda a matéria e suas transformações (embora também possa ser um bairro em Barra do Piraí, RJ). Para outros, é uma ferramenta usada pelo ser humano para reinventar seu próprio mundo. Algo dessa importância precisa ser celebrado. E esse ano foi escolhido pela UNESCO justamente para isso: celebrar a química! Celebremos, pois, o Ano Internacional da Química. Tim-tim!
P.S.1: Cabe salientar que a grande inspiração para definir 2011 como o Ano Internacional da Química foi o centenário da entrega do prêmio Nobel de Química à incomparável doutora Marie Curie.
P.S.2: Se você quiser saber o que está sendo feito no Brasil e no mundo para celebrar o Ano Internacional da Química, vale passar aqui e aqui.

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