Por que no te calas?
E o bispo D. Cappio voltou a falar contra Lula e a transposição do Rio São Francisco. A transposição é o tipo de processo em que o público deveria buscar a opinião de engenheiros e cientistas – quanto à viabilidade técnica e impacto ambiental – e de políticos e das populações interessadas – quanto às relações de custo-benefício para os diversos grupos envolvidos ou atingidos pelo processo.
O que, exatamente, faz com que um bispo católico, enquanto bispo, se torne referência central nesse processo? Ainda mais, dado que o único argumento que ele parece ter é messiânico-populista.
O clero católico – principalmente quando enverga batina ou camisolão – reveste-se de uma aura de autoridade moral que parece resistir a toda e qualquer prova em contrário, seja atual ou histórica.
O uso político dessa aura, no entanto, nunca é mais que um tipo não muito velado de extorsão, que usa as superstições (reais ou supostas) da população como instrumento de chantagem sobre a liderança política. Contra uma ditadura, esse tipo de recurso pode até ser justificável; na democracia, é obsceno.
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