Células-tronco, o tira-teima

Agora em março, o Supremo Tribunal Federal deve julgar um Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a liberação – limitadíssima – do uso de embriões humanos em pesquisas com células-tronco.

Acho que já fiz uma quantidade razoável de “rants” por aqui quanto à estultice intrínseca da idéia de que um óvulo fertilizado deveria ter qualquer tipo de “direito”. Uma outra postagem minha sobre bioética é esta qui.

Destaco, apenas, dois pontos: primeiro, que a Adin foi proposta, em 2005, pelo então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, um católico fervoroso. E depois dizem que foram os petistas que inventaram o aparelhamento do Estado. O tempora, o mores…

Segundo, a corajosa resistência do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao avanço da onda obscurantista. Este é um típico caso do ministro ser um homem público de estatura muito mais elevada – e de vértebras muito mais firmes – que o presidente a que serve.

Por fim, deixo aqui links para três documentos interessantes sobre o assunto, os dois primeiros extraídos dos anais do Conselho Presidencial de Bioética dos EUA. Um deles é um relatório, Monitoring Stem Cell Research, que resume os pontos do debate. O outro é o depoimento do geneticista John Opitz perante esse mesmo conselho, que traz uma descrição fantástica do desenvolvimento embrionário. Em último lugar, um ótimo reductio ad absurdum do verniz de “verdade científica incontestável” que a igreja católica tenta dar a seus dogmas nesta questão.

Discussão - 2 comentários

  1. Celso Renato disse:

    O que vou escrever pode ser simplista ao extremo. Mas eu entendo que, quando, em poucas horas, o futuro das pesquisas com células tronco no país estiver sendo decidido, no fundo a votação será sobre se a população pobre do país terá ou não acesso aos benefícios dessas pesquisas. Caso tratamentos com essas células nunca possam ser desenvolvidos aqui, serão, uma hora ou outra, na Europa, Canadá, Austrália, Japão, EUA, ou qualquer outro país do chamado mundo desenvolvido. Aí, um doente que eventualmente possa ser curado por esses tratamentos e tiver os meios financeiros para fazê-lo fora do país, fará. Católico ou não. Um pobre, não. A Igreja Católica quer forçar o Estado a proibir as pesquisas por força de lei porque sabe que é FRACA. Se tais tratamentos estiverem disponíveis, ela pode dizer a seus fiéis, "não faça", e eles farão. Da mesma maneira que dizem 'não transe", "não use camisinha" e os católicos usam. Se pudessem, pribiriam o sexo. É melhor não dar idéia.

  2. Moc disse:

    Não creio que desejam proibir o sexo, mas apenas deixar claro que o sexo existe somente para produzir mais católicos. Às dúzias, de preferência, e não ligue se dois terços morrerem de fome: afinal, irão todos para o céu.

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