Sendo humano: religião

Tá, eu ia deixar o assunto de lado por um tempo, mas os fatos não permitem: a Nature está lançando nesta semana uma série de ensaios sobre a natureza humana, chamada Sendo Humano (“Being Human”) e o primero tema tratado não foi logo religião?
De autoria de Pascal Boyle, autor do livro de psicologia/antropologia Religion Expalined,   o artigo resume os argumentos a favor da idéia de que a religião é uma espécie de subproduto de poderes que o cérebro adquiriu ao longo da evolução, como a capacidade de interagir com amigos imaginários — algo útil, já que nos permite simular interações sociais antes que elas ocorram. 
Antes que alguém fique bravo com a comparação entre deus e amigos imaginários (“uma guerra religiosa é uma disputa para ver quem tem o amigo imaginário mais bacana”, já dizia a velha piada), Boyle reconhece que os fenômenos religiosos envolvem uma interação complexa entre várias áreas do cérebro, como a que gera apego ao grupo e a execução de comportamentos repetitivos e ritualizados.
A revista montou um site específico para a série Being Human, aqui. O texto de Boyle (espero que aberto também para não-assinantes) está aqui.

Discussão - 12 comentários

  1. Carlos Magno disse:

    Cretinas:
    Avancemos um pouco mais. O tal Pascal Boyola dizer que religião é o subproduto de poderes que o cérebro adquiriu, etc, etc., é realmente engraçado.
    Com certeza ele dirá que a psicologia é o super-produto da mente porque explica toda a psique, o soma, o id e todo o conteúdo do anima porque os simbolismos são a linguagem descoberta pela enteléquia. Ou seja, chegou à rebimboca da parafuseta!
    Afirmam os sábios e eruditos teólogos das ciências que a matéria sendo a totalidade do big bang fez surgir toda a maravilha do universo e passou a funcionar com leis mecânicas perfeitas, produzindo vida biológica unicamente num só planeta de uma só galáxia em detrimento de quiqüilhões de sistemas solares! E se tudo é matéria, logicamente o cérebro é também matéria.
    Por que raios o cérebro do homem-matéria iria desejar inventar Deus, o instinto, a imaginação, o pensamento, a emoção, a alma e o espírito que por princípios superiores são imateriais?
    Já sei, só pra sacanear ela mesma e os homens materialistas das ciências poder sacanear os religiosos! Não fosse isso a própria matéria morreria de tédio! Matei a charada!

  2. Répktil disse:

    Não sei de onde vc tirou a idéia de que SOMENTE na Terra existe vida. Esta *certeza* é apenas sua.
    O cérebro inveta deuses, pelo mesmo motivo que inventa unicórnios, duendes, fadas, papai-noel...
    A invenção de divindades serve muito bem para apaziguar a insegurança infantil (mantida em muitos adultos). Que desejam ardentemente serem os seres mais importantes do universo.

  3. Sorete disse:

    Olá Carlos.
    Parece-me que você já sabe as respostas pelas quais as ciências se empenham tanto para comprovar.
    Você se importaria em explicar detalhadamente para nós, céticos de mente estreita e fechada, quais seriam estas respostas e o que podemos fazer para comprova-las?

  4. cretinas disse:

    Oi, Magno!
    A idéia geral é a de que fenômenos estéticos em geral (a religião entre eles, mas as artes também) são uma espécie de "superestímulo" -- por exemplo, o cérebro humano evoluiu uma atração por cores fortes porque elas são um sinal de comida a floresta (pássaros, frutas), mas esse gosto por cores também torna a psiquê "vulnerável" à beleza das flores e às artes plásticas. Casos de superestímulo são registrados até mesmo em insetos, como nas mariposas, que se deixam "enfeitiçar" pela luz artificial.
    Essa teoria pode até estar errada (o próprio Boyle reconhece que ainda há muito a provar e confirmar), mas ao menos por enquanto parece que está no caminho certo. Comprovação (ou negação) virá com o tempo.

  5. Carlos Magno disse:

    Rekptil, Sorete e Cretinas:
    Ironia por ironia eu até poderia dizer que o religioso tem a chave de todo o saber do universo porque acredita em Deus.
    O cérebro não inventa duendes e fadas, eles existem na natureza. É extremamente arrogante por parte dos céticos achar que milhões de videntes mentem deslavadamente, ou são condicionados a dizer que viram tais seres quando não teriam visto.
    E por que o estudante de ciências também deveria acreditar em teorias quânticas, de supercordas, de atração e repulsão de átomos e ganhos ou perdas de cargas eletrônicas, se ninguém de fato viu um átomo e nem mesmo outras dimensões catalogadas cientificamente em onze? Teorias, ou realidades?
    Eu não disse que somente a Terra possui vida biológica inteligente, muito pelo contrário, acharia essa afirmação um irresponsável contra-senso.
    Quem diz é uma grande corrente de cientistas. Acham todo o universo muito interessante, espontâneo, natural, evolutivo em certos aspectos, involutivo noutros e com o dinâmico propósito de sempre transformar. Transformar para que, com que objetivo?
    E nos perguntamos sempre: O que é mesmo a vida? Qual o sentido da existência? Morremos e acaba tudo para nós? E por que há “privilégios” em seres e raças? Por que tem de ser assim tão cruel?
    Será que as ciências virão um dia nos responder?
    Sorete, não seria eu quem iria convencer a um cético daquilo que ele não deseja crer, ou mesmo saber.
    Quanto ao cérebro, Cretinas, concordo naturalmente com o seu desenvolvimento numa linha de sensibilidade. Entretanto, os postulados esotéricos ensinam que o cérebro produz seqüências de impulsos por efeitos e não por decorrências de causas. Ele é um órgão intermediário unicamente veiculador passivo das experiências da mente, sem volição ou autonomias, e a mente abrange e inclui dentre outras coisas, a psique, o instinto, o pensamento objetivo e o sensível.
    Tanto faz o cérebro veicular padrões externos de cores ou sensações como a externá-los de dentro para fora. Quem primeiro sente ou formula é a mente, e para padrões mais baixo ela faz uso das diversas nuances dos instintos. A mente é assim o princípio e a causa da manifestação humana na Terra, tendo sua origem na pré-existência da própria raça humana.
    Assim entendo. Abs.

  6. Sorete disse:

    Entendo seu pensamento "ainda não foi provado" complacente quanto centenas de idéias místicas/sobrenaturais/espirituais.
    Porém será que não seria presumível que estejamos cometendo um erro logístico ao considerar tanto verdadeiras quanto falsas certas idéias "incomprovadas" (ou incomprováveis)?
    Quero dizer que, quem afirma(ou nega) existir algo intrinsecamente invisível, por assim dizer, deve ser capaz de provar e comprovar mediante metodologia científica, o tal. O ônus da prova, entende?
    Se sábios e eruditos ocultistas detém o conhecimento, e sua veracidade está a prova, sua credibilidade aparente só tende a desaparecer na medida que se recusam a provar suas afirmações.
    Claro que o mesmo se aplica à qualquer cientista (o psicologo/antropólogo deste artigo por exemplo) a demonstrar que sua afirmação é verdadeira. Todos sabem disso. E esta é a essência da ciência, ir comprovando fatos e iluminando o mundo, em vez de apenas acreditar em algo como sendo falso ou verdadeiro só porque é imperceptível.
    E Teoria Das Cordas não é "Hipótese" Das Cordas. Métodos foram aplicados para chegar o mais próximo do fato apresentado. Pode estar errada, mas o método de comprovação é o importante, e não o resultado.

  7. Patola disse:

    O cérebro não inventa duendes e fadas, eles existem na natureza.
    Noooooooooooossa, agora chegou ao fundo do poço. Duendes e fadas? Unicórnios rosas invisíveis também, certo? Cara, você está lendo muito Harry Potter... Dica, dica: isso são estórias infantis para entreter crianças, não "realidade".
    Ops, esqueci. Pra quem não "acredita" na "Teoria do Evolucionismo" (sic - hahua) e acha que testemunhos são confiáveis, confirmação da realidade não deve ser uma grande preocupação. O que vem depois? "Duvidar" do Método Científico? Achar que essa coisa de ônus da prova é besteira? Considerar a Navalha de Occam uma inutilidade sem sentido?
    Lembrando que ceticismo, como muita coisa na vida, tem um limite razoável. Quando você começa a ser cético sobre o próprio ceticismo, você completa 360° e volta à credulidade. Por isso a expressão não é apenas "dúvida", é "dúvida razoável".
    Na verdade eu não duvido que você, Carlos Magno, tenha tido pouca educação formal, ou pior, tenha freqüentado um desses horripilantes colégios religiosos que incutem idéias distorcidas nos alunos. Por isso você manifesta ter tão pouco conhecimento de tópicos como filosofia da ciência, ciências cognitivas e biologia, necessários à discussão nesse blog. Convenhamos: seu contorcionismo mental faland do "Big-Bang" e do "homem-matéria", mesmo que você diga que são ironias, revelam uma profunda, talvez irredutível incapacidade de entender os elementos mais simples do simples naturalismo, que dirá desses tópicos.
    Se você assume que seus fantasmas e assombrações e cristais mágicos e poderes cósmicos existem, não os demonstra nunca e julga que o público desse blog vá realmente te levar a sério, sinceramente, está perdendo seu tempo. E quando o Carlos responde a você com seriedade e neutralidade, como se você não tivesse dito uma besteira medonha sem merecimento de resposta, é porque ele tenta aproveitar a parte útil de seu destacamento da realidade pra explicar princípios básicos das ciências, princípios esses que a maioria das pessoas não têm. Sob esse ponto de vista, suas irracionalidades são timidamente úteis.

  8. Carlos Magno disse:

    Sorete:
    A mente é tão misteriosa para o pragmatismo científico quanto é o verdadeiro sentido da vida.
    Não há ainda nesse estágio humano como demonstrar por metodologia a metafísica dos esotéricos. E as provas que se demonstram os céticos delas desdenham e não as aceitam.
    Muitas de suas declarações, há milênios, antes tão debochadas pelos céticos, hoje já são investigadas pelo cientificismo e aceitas no mínimo como possibilidades plausíveis. Vide a pulsação do universo, sua expansão e a contração, que eles chamavam de a "Respiração de Brahman."
    Diziam também que o universo enquanto se expande existe objetivamente, depois quando se contrai desaparece da objetividade, e a isso chamavam de "Manvantara".
    Como eles podiam conhecer essas coisas superiores sem intrumentos e tecnologia competente e disponível?
    Mas eles pouco estão se incomodando com a opinião dos céticos; estão é ocupados em cada vez mais avançar mentalmente.
    Os céticos e os pseudo céticos que vivem de repetições livrescas e excertos do google, ao invés de somente ridicularizar, deveriam procurar entender o que o esoterismo diz de verdades e o que mais têm a dizer.
    E há boas escolas das ciências esotéricas, é só procurar.
    Abs.

  9. Sorete disse:

    Realmente, assim como céticos não se interessam por esoterismo por parecer abobrinha filosófica, místicos não se interessam por, digamos, neuropsiquiatria ou psicologia social. Então certo aprofundamento nos estudos destas áreas, constatações comprovadas e testáveis em qualquer universidade local são ignoradas.
    É bastante complexo, eu mesmo admito, entender como processos fisioquímicos ocorrem no cérebro, e como ambiente, hereditariedade, e cultura influenciam no comportamento.
    Talvez isso não seja 100% comprovado, eu não acompanho em que estágio estão as pesquisas, mas sei que outros fatores "paranormais" foram descartados, ou reclassificados como variáveis de processos já explicados. Em psicologia tem tantos efeitos que explicam os comportamentos humanos, e perdoe-me o sarcasmo, mas nenhum deles envolve uma fumacinha branca interdimensional controlando a carne.
    Mas se tem, onde ela está? Como ocorre essa interação? Tem como medi-la? Como foi chegada esta conclusão?
    E o mais importante: por que as circunstâncias para que estas pessoas que conjecturaram tal hipótese não ocorrem nas centenas de experiências científicas ao redor do mundo que tentam comprovar ela.
    Eu leio sobre esoterismo aqui:
    http://www.sedentario.org/author/marcelo-del-debbio

  10. Carlos Magno disse:

    Sorete:
    Referindo-me ao que você exemplificou, místicos e esotéricos se interessam sim por neuropsiquiatria. O místico moderniza-se e atua com relevância em todas as áreas de nossas atividades. Por que não?
    Os compêndios da psicologia hoje existem porque dois pioneiros estudaram a fundo as religiões e o esoterismo. Freud foi iniciado no ocultismo.
    Incomum é você escutar o esotérico e o místico se desculpar por trabalhar nas áreas das ciências, por ser exatamente esotérico ou místico.
    Quanto ao cético aceitar o esoterismo... difícil pra cachorro!

  11. Alguns anos atrás foram feitas pesquisas que comparavam as experiências de quase morte com os efeitos colaterais de certos anestésicos. Descobriu-se que o cérebro produz a "experiência mistica" da luz no fim do tunel e etc..como uma derradeira tentativa de auto proteção...
    As coisas são de uma forma, a mente interpreta de diversas formas...algumas interpretações viram religiões, naquelas personalidades místicas que não suportam a dúvida.
    ps.Então é aqui que tu veio incomodar Carlos?quanto tempo tu vai durar dessa vez? nem se dê o trabalho de responder...ha,você ganhou o prêmio indigente comentarista de blog da semana...vou escrever sobre a tua "saga"...

  12. Carlos Magno disse:

    Narciso Niti,
    Dizer que o cérebro produz experiência mística é a rebimboca da parafuseta; é ignorar a mente.
    Mas quanto às interpretações que viram religiões, até posso concordar, porque nesse mundo há casos e malucos pra tudo.
    Um exemplo vivo é você que deseja ser meu inimigo gratuíto, caro dissoluto.

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